sexta-feira, 26 de setembro de 2003

Dois pesos, duas medidas

Pressionado para interceder junto a Fidel Castro em prol dos presos políticos, Lula acaba de declarar que "Não é boa política um chefe de Estado se meter em assuntos internos de outro país. Vou tratar dos interesses do Brasil. Não vou dar palpite em política interna de outro país".

Vamos ser puristas e deixar de lado as inúmeras vezes em que Lula emitiu opiniões sobre a política norteamericana contra o terror - mesmo quando poderíamos argumentar que o terror, desde os atentados de 11 de setembro, é assunto interno para os EUA. Fiquemos, pois, apenas com o exemplo da Colômbia.

A menos de uma semana atrás, Lula foi à Colômbia para "dizer ao companheiro Uribe que ele não precisa dos Estados Unidos". Sem contar naquela tentativa de colocar-se como mediador entre as FARC e a ONU - que deixou o presidente colombiano fulo da vida.

Este é o tipo de situação que demonstra bem a dualidade que vem permeando as atitudes do governo Lula.

Qualquer criança percebe que, do ponto de vista da política interna, este governo não está fazendo mais do que uma versão incompetente do governo FHC. No que respeita à política externa, porém, Lula e seus ministros têm apresentado uma conduta anti-americanista, sempre do agrado da esquerda nacional: criticam a politica bélica dos EUA, estendem a mão para as FARC e garantem apoio a Fidel Castro.

Basta ser medianamente inteligente para perceber o objetivo primeiro desta dicotomia discursiva: garantir, através de uma política externa afinada com o senso comum esquerdista, o apoio das diversas corrente do PT - evitando, assim, que as mesmas se revoltem contra a política interna.

O mais grave é que esta estratégia conta com os elementos essenciais para se tornar um grande sucesso: um governo que não se constrange em contradizer-se constantemente e uma massa de manobra que delira ante qualquer desaforo que se faça aos EUA.

segunda-feira, 15 de setembro de 2003

A quem serve o desarmamento civil?

A passeata da Globo parece ter sido um sucesso. Digo "parece" porque há muitas coisas a serem consideradas. Primeiro, que o Fantástico de ontem mostrou apenas uma única imagem de helicóptero, privilegiando os planos fechado. Mais do que a predileção do editor, esta opção parece ter sido a única forma de nos fazer acreditar que havia mesmo 40.000 pessoas lá.

Digamos, porém, que havia. Neste caso, deve-se considerar, ainda, a vocação do Rio para promoções e eventos de qualquer espécie. Abençoado com uma natureza privilegiada, o carioca vive na rua - daí a interromper o jogging, a praia ou a caminhada para " ver que ajuntamento de gente é aquele ali na esquina " é só um passo. Se o evento contar com participação de atores globais, então, nem se fala!

Deve-se considerar também aquela esperança, sempre acalentada pelos cariocas - e amplamente explorada nos dias que antecederam à passeata -, de aparecer na novela das oito.

Imbecilidades deste tipo podem nos custar caro

Todo este barulho em torno do desarmamento não responde a uma questão crucial: quem vai desarmar os marginais?

Fique claro que o desarmamento não vai fazer a polícia subir os morros e tomar as armas aos traficantes - que constituem o real problema dos cariocas. Se uma ação desta monta não é possível com a legislação vigente, não o será com novas leis.

O fato é que o propagado desarmamento teria efeito somente sobre o cidadão civil - que se tornaria totalmente indefeso ante uma criminalidade que o estado não consegue controlar.

Logo, devemos começar a nos perguntara a quem serve esta campanha de desarmamento. Devemos, principalmente, relevar as opiniões advindas de parentes de vítimas. Fragilizadas, sem condições de avaliar racionalmente a questão, estas pessoas estão sendo usadas para defender um projeto cujos objetivos se mantém obscuros.

sábado, 13 de setembro de 2003

Vaidade Perigosa

Do jeito que o governo Lula tem se mostrado ansioso por conquistar alguma projeção mundial - hoje apostando,

inclusive, na remota hipótese de que o Lula venha a ser contemplado com o Nobel da Paz- , provavelmente

vão oferecer asilo a Arafat.

Sugiro às pessoas sensatas que comecem a sondar amigos, parentes e conhecidos para realizarmos uma grande passeata

nacional de repúdio a esta iniciativa.

Não podemos permitir que, pela evidente insensatez do atual governo, nosso país se transforme em foco deste

conflito. E nem que a América Latina siga com a péssima fama de abrigar figuras políticas nada recomendáveis, como já ocorreu no caso dos nazistas.

quinta-feira, 11 de setembro de 2003

11 de setembro, dois anos depois.

Dois anos depois, o pior ataque de terrorista da história ocidental continua suscitando inúmeras discussões. E, por incrível que pareça, não falta quem busque "justificativas" para o ocorrido - uma postura pseudo-esclarecida que oculta, na verdade, um anti-americanismo ignorante.

Muitos falam que foi uma "resposta" à política externa dos EUA, sempre bedelhuda. Estes esquecem que, naquele momento,

os EUA estavam visivelmente numa política de voltar-se totalmente para si mesmos: estavam reintegrando suas tropas

aos território americano e negociando a desativação de muitas bases no exterior. Do que se conclui que se "resposta" houve, foi

uma "resposta" ante à "não ação" por parte dos EUA.

Daí se deprende que os EUA têm, como ocorre a todos os líderes, uma espada sobre sua cabeça: se agir, é mal visto..se não agir também é. Como dizia a máxima: é impossível agradar a gregos e troianos.

Por outro lado, não faltam aqueles que, no calor da dicussão, perguntam por qual motivo este ataque não teve por alvo uma potência européia. Esta é fácil de responder: desde o final da II Guerra Mundial a Europa permitiu que os EUA se tornassem a "polícia do mundo", reservando para si mesma um perfil mais "humanista". Tal atitude teve um motivo bem prático,

de ordem geopolítica: os EUA estão, estrategicamente, mais longe...em outro continente. A Europa está muito

próxima aos "flancos" orientais - e, para a visão da época, era muito mais suscetível a um ataque nuclear por parte

da Rússia.

Pensemos um pouco: será que países poderosos como a França, a Alemanha e a Inglaterra, após se recuperarem da II Guerra - o que ocorreu rapidamente - permitiriam que os EUA se tornassem uma potência se isto não servisse à Europa?

Logo, a resposta é simples: a Europa não foi o alvo de um atentado nas proporções do 11 de setembro porque vem sustentando, nas últimas cinco décadas, uma política de tolerância - política esta, viável apenas porque outro país assumiu a posição de "polícia".

Provavelmente foi isto o que Bush cobrou de Blair no dia 12 de setembro de 2001 - "hora de sair da maciota, amigo". Isto explica o fato de Blair, mesmo sob pena de acabar com sua carreira política, ter comprado a briga também.

Qualquer meio-entendedor sabe olhar para um quadro destes e perceber que se trata de "briga de cachorro grande"

- e que nós, não tínhamos - como não temos até agora - nada a ganhar emitindo opiniões oficiais sobre este tema.

Muito menos para fomentar um anti-americanismo hipócrita, que só serve como plataforma

eleitoral para convencer a sempre mal-informada massa de manobra.

Às vezes, a geografia é também destino.

Ser vizinhos dos EUA nos garantiu, logo após a proclamação de nossa independência, a defesa contra a Restauração - movimento dos países europeus para retomar suas colônias no continente americano.

Depois nos impôs uma série de dependências, é verdade.

Mas jamais devemos esquecer que a roda da história gira, por vezes, em velocidade vertiginosa.

O nosso "irmão do norte" é sim bastante bedelhudo e bélico. Mas não hesitaria em vir em nossa defesa, caso

precisássemos. O que, em virtude das naturais riquezas brasileiras - e da forma insidiosa como hoje trabalham, através de suas ONGS, algumas potenciais européias - é bastante tranqüilizador..

Aos que ainda não se renderam, resta fazer uma última pergunta: o que Bin Laden faria se tivesse o poder de Bush?

sexta-feira, 5 de setembro de 2003

A nau tem comandante!

O aviso do Lula me fez estremecer. Naus e comandantes não são, exatamente, uma referência de sucesso para este país. Apesar de ainda se discutir muito o caso, parece o Brasil deve sua descoberta à jocosa inépcia de um comandante - também ele inexperiente - a bordo de uma nau. Foi quase um vaticínio: quinhentos anos depois, lá estava ela - a nau! - pronta a naufragar. O que ninguém ainda parece ter entendido é que não basta ter comandante...é preciso saber onde está o leme