sexta-feira, 3 de dezembro de 2004

Carta ao arqueólogo do futuro.

Suposto e desconhecido arqueólogo,

Antes de mais nada , há uma primeira coisa que você deve saber sobre nós: no alvorecer do século XXI, tornou-se moda escrever para você.

Além de explicar o volume monstruoso de cartas e bilhetinhos que você tem encontrado junto aos escombros do que já fomos, esta estranha mania fornece algumas evidências a respeito da nossa civilização.

Denuncia, por exemplo, a nossa arrogância em pensar que seremos importantes o suficiente para que você procure desvendar o nosso passado. Mas demonstra, igualmente, a nossa crença na temporalidade de todas as coisas: ao que tudo indica, acreditamos que uma catástrofe terrível irá eliminar todo e qualquer registro de nossa cultura - de modo que você precisará de uma cartinha para entendê-la. A própria cartinha é, por outro lado, um testemunho de nossa credulidade: mesmo quando todos os bancos de dados forem consumidos pela tal catástrofe, a singela missiva sobreviverá.

Traçadas as linhas fundamentais que nos definem - a saber: arrogância, pessimismo e credulidade - resta lhe recomendar que rasgue toda e qualquer carta endereçada a você.

Em primeiríssimo lugar porque, longe de lhe fornecer informações corretas, elas pretendem divulgar um juízo de valor sobre a nossa civilização. De fato, não passam de um discurso construído demais, ideológico demais para servir-lhe de rumo.

Se quiser realmente saber quem fomos em toda a nossa complexidade, sugiro que você concentre todos os esforços para encontrar um exemplar de uma obra que fez muito sucesso entre nós. Presente em quase todas as residências, ela poderá lhe fornecer uma síntese segura e desinteressada a respeito do século XXI. Chama-se, "Guia de Programação da TV".

Estou certa de que, cedo ou tarde, você vai acabar se deparando com um.

domingo, 28 de novembro de 2004

Homos Esquerdus

Além da já conhecida lentidão evolucional, a espécie acima citada parece não sofrer grandes alterações relacionadas à mudanças de habitat.

Pois agora é a imprensa espanhola que está ameaçada de cerceamento a partir de uma suposta regulamentação profissional: a Izquierda Unida, com o apoio do PSOE, quer criar o Estatuto do Periodista Profesional.

Maiores detalhes podem ser obtidos no blog do meu amigo Carmelo Jordá.

As dúvidas do Blix.

Se eu fosse ex-chefe dos inspetores de armamentos da ONU no Iraque - e se tivesse batido pé, às vésperas da guerra, defendendo a não existência de armas químicas naquele país - certamente que colocaria em dúvida a descoberta do laboratório em Fallujah.

Pois é esta a postura de Hans Blix, ao se pronunciar sobre o caso em uma palestra na Universidade de Oxford.: "Vejamos o que foi encontrado lá", disse ele antes de afirmar que as conclusões eram precipitadas.

Ora bolas, Blix....encontraram matéria-prima para a fabricação de explosivos e toxinas, além de manuais explicando como fabricar explosivos e substâncias tóxicas, incluindo o antraz.

A única coisa que não encontraram foi a sua vergonha na cara...Esta ninguém mais sabe onde procurar.

Estamos de volta

Agora à bordo de uma máquina mais rápida - e do polêmico windows XP.

Agraceço as manifestações de solidariedade e comunico que a coisa vai ser retomada lentamente. Um dia antes de instalarem o micro novo, consegui uma fratura no pulso. Dá pra teclar...mas lentamente e sem abuso. Some-se a isso o trabalho que andava acumulando...e vocês podem imaginar o resto.

segunda-feira, 8 de novembro de 2004

Obituario

Comunicamos o falecimento do micro-computador desta que vos escreve (sem acentos ou cedilhas, posto que se encontra em teclado alheio e inospito). Ainda recuperando-se do choque, a Nariz Gelado Corporation comunica que voltara as atividades tao logo seja possivel.

Ate la contamos com a compreensao de todos.

quinta-feira, 4 de novembro de 2004

Medo?

A aparição de Bin Laden nos dias que antecederam à eleição está servindo de estímulo para que alguns transfiram a lógica brasileira para o cenário americano: "O medo venceu a esperança", dizem eles.

Sinto muito pessoas... o medo venceu na Espanha. Nos EUA venceu a autonomia ou , como querem os progressistas, a "auto-determinação dos povos".

quarta-feira, 3 de novembro de 2004

Elefante na Cabeça.

Tudo o que eu poderia dizer hoje, eu já havia dito naquele post de 05 de setembro.

Bush ganhou porque pautou seu discurso nos mitos fundacionais da nação: liberdade, democracia, divina providência e heroísmo. Eis do que são feitos os americanos.

terça-feira, 2 de novembro de 2004

Bom Dia

À despeito do alardeado empate técnico, todas as pesquisas realizadas nos últimos cinco meses sempre apresentaram - com maior ou menor diferença - Bush na frente. Empate técnico sim, mas nem uma única vez com Kerry à frente. O que significa que o dia de hoje será excelente.

O poder atômico do Brasil II

O brasileirinho médio acusa a Casa Branca de ser pouco diplomática. Mas não entende que esclarecer a questão atômica brasileira é estratégia diplomática fundamental para apertar o Irã.

O poder atômico do Brasil I

É natural que os americanos se preocupem com as atividades atômicas de um país cujo governo vive declarando amor à Cuba.

domingo, 31 de outubro de 2004

Cartão Vermelho

Nos próximos dias, assistiremos àquele já familiar coro orquestrado entre o PT e a imprensa.

Desta vez, o esforço será no sentido de mostrar que a perda de prefeituras importantes - como a de São Paulo e a de Porto Alegre - não sinaliza uma rejeição ao governo federal.

Fiquem certos de que foi exatamente isso, amigos. De fato, o PT injetou, nos últimos dois anos, uma enorme quantia de dinheiro em São Paulo - o maior colégio eleitoral do país. Se nem com todo este esforço foi possível garantir a vitória, já podemos vislumbrar as imensas dificuldades que se apresentarão para a almejada reeleição em 2006.

De minha parte, estou orgulhosa de meus conterrâneos gaúchos. Fica, agora, definitivamente garantido aquilo que já fora parcialmente conquistado com a eleição do governador Germano Rigotto: bandeiras de Cuba e do MST não serão mais vistas nas fachadas dos prédios governamentais do meu Rio Grande.

sábado, 30 de outubro de 2004

Ladeira abaixo

Durante a campanha para o segundo turno, os dois candidatos à prefeitura de Florianópolis só fizeram trocar farpas.

Eu nunca tinha visto uma campanha tão vulgar.

Respostas certeiras para velhas provocações.

Apoiar Bush é coisa de ignorante colonizado.

Mesmo? E você poderia, por favor, definir as qualidade de quem apoia Fidel Castro?

Bush mentiu sobre as armas de destruição em massa.

Todas aquelas covas repletas de cadáveres iraquianos provam que o próprio Saddam era uma arma de destruição em massa.

O 11 de setembro foi uma resposta da Al Qaeda para a postura de Bush em relação ao Oriente Médio. Segundo a CIA, o FBI e a Interpol, o 11 de setembro vinha sendo planejado há três anos.

Sadam não teve qualquer relação com o 11 de setembro, com a Al Qaeda ou com Bin Laden.

Sei, sei... E qual terá sido o teor do encontro entre Saddam e Bin Laden, no Hotel Rachid de Bagdá, em 1998?

Bush instiga, por interesses financeiros, o espírito bélico americano.

Não é interessante que Cuba deva sua independência a este espírito bélico? Tão pouco a Europa queixou-se desse espírito bélico em 1914. O mesmo vale para 1945. No Kuwait, em 1991, este espírito veio a calhar. E, neste exato momento, o Sudão está clamando por este mesmo espírito.

Bush é burro.

Você precisa se decidir: ou Bush é burro como você diz, ou é maquiavélico como afirma Michael Moore. Defender as duas coisas é incoerência.

Bush só invadiu o Iraque por causa do petróleo.

Disseram a mesma coisa sobre o Afeganistão. Mas a Union Oil Company of California já havia anunciado, durante o governo Clinton, seu planos para a construção de um oleoduto naquele país. E o fato concreto é que, dois anos após a queda do regime Talibã, os EUA não investiram em qualquer iniciativa para explorar o petróleo daquele país.

Bush está tolhendo as liberdade civis nos EUA.

Sei... e, em protesto, você resolveu apoiar ditaduras teocráticas, que reprimem, por exemplo, os direitos da mulher e dos gays?

Ser anti- Bush não significa ser pró-terror.

Em 1945, os franceses também pensavam que poderia haver neutralidade em relação ao nazismo.

terça-feira, 26 de outubro de 2004

Boleta

Não sei se é verdade, mas uma vez me disseram que na triagem de um pronto-socorro os pacientes drogados são os últimos a serem atendidos. Embora eu nunca tenha podido comprovar este fato, a posição sempre me pareceu justa. Acho perfeitamente lógico que uma vítima de atropelamento seja atendida antes de alguém que, por sua livre e espontânea vontade, brincou com a morte.

Além disso, sempre há o risco de a pessoa morrer simplesmente porque se entupiu de cocaína e whisky e a família acabar processando aqueles que tentaram salvar-lhe a vida. Logo, é mais garantido colocar o sujeito no fim da fila e, depois, alegar que não houve tempo para fazer mais nada.

sexta-feira, 22 de outubro de 2004

Era previsível

Que o governo britânico não atenderia às exigências dos terroristas islâmicos que seqüestraram Margaret Hassan. E se há coisa que eu não consigo entender é que os seqüestradores tenham alguma expectativa em relação a isso. Até onde eu me lembro, desde que esta guerra começou, o único governo que correu para atender as exigências de grupos terroristas foi o do espanhol Zapatero.

Porém, na minha opinião, esta firmeza de propósito por parte dos países que compõem a colisão está capenga. Penso que a resposta certa não é apenas negar-se a retirar as tropas...mas avisar que, caso executem o refém, , o contingente será aumentado.

Em Roma, faça como os romanos.

E, encaremos os fatos... este episódio ilustra bem aquilo que temos dito sobre a "ética" do fundamentalismo islâmico: Margareth Hassan dedicou os últimos 13 anos de sua vida para trabalhar em benefício do Iraque.

Mas, vamos combinar:

Tem coisa mais bagaceira que rinha de galo?

Quem disse que vaso ruim não quebra?

Além de um braço, Fidel fraturou um joelho em oito partes.

quinta-feira, 21 de outubro de 2004

Umas e outras.

Algo está acontecendo no clã dos Kerry.

Primeiro, o chefe da família me larga aquele infeliz comentário sobre a filha do Cheney.

Agora, a desinformada da Teresa Kerry diz que a ex-professora e bibliotecária Laura Bush jamais teve " um trabalho de verdade".

Depois dessa, acho que nenhuma dona de casa vai votar no democrata. Pois este é o tipo de coisa que - mesmo com um posterior pedido de desculpas - não é facilmente esquecido. E quem não nasceu milionária sabe muito bem que cuidar da casa e dos filhos é um trabalho pra lá de "verdadeiro".

Fico imaginando o que esta tendência familiar para gafes grosseiras poderia provocar na política internacional.

segunda-feira, 18 de outubro de 2004

Fênix

Engana-se quem pensa que a Internacional está moribunda.

Tenho a impressão de que nunca esteve tão forte e coesa em torno de um discurso mundial.

Em artigo para o MSM, Marcelo Moura Coelho deu verbo àquilo que comentávamos aqui em casa após o terceiro debate presidencial nos EUA: Kerry parecia ter engolido a cartilha do PT.

Já na Espanha, as similaridades se fazem presentes nas palavras de ordem do governo Zapatero: "Papéis para Todos" é o nome do projeto que visa legalizar os imigrantes em situação irregular naquele país - óbvia versão do movimento francês Les papiers pour tous, la France pour tous.

Mas - coisa curiosa - nenhum destes líderes engajou-se em um movimento que pregue "Liberdade Para Todos". Tal atitude lhes exigiria um rompimento com a ditadura castrista. Preço que, ao que tudo indica, nenhum deles está disposto a pagar.

Disconnection

Faz tempo que só o Caio Blinder me surpreende.

Eis aí, o sintoma mais evidente de que o Manhattan Connection perdeu o viço.

O resto é a sempre esperada polêmica circense do Mainardi, o Mendes tentando não cair do muro e a Lúcia encantando-se com qualquer porcaria que algum excluído social resolva chamar de arte. Nem vou considerar o Amorim - como levar à sério um marxista que ganha o pão na Bolsa de Valores?

domingo, 17 de outubro de 2004

A Voz do Silêncio

Frank Warner assistiu aos debates entre Bush e Kerry a partir de uma perspectiva bastante interessante: ele contou quantas vezes cada um dos candidatos pronunciava os termos "liberdade" (freedom ou liberty) e "democracia".

O resultado total dos três debates não deixa de ser intrigante: Bush falou em liberdade 34 vezes; Kerry apenas 5 - sendo que, em uma delas, estava citando Bush.

Mas foi nos discursos das respectivas convenções que a coisa se mostrou mais desproporcional: Bush 67, Kerry 13.

quinta-feira, 14 de outubro de 2004

É para poucos.

Dizer publicamente o que nos vai à cabeça é coisa para poucos corajosos.

De minha parte, sempre sinto renovar as esperanças quando vejo alguém assumir um posicionamento contrário ao da manada. Afastados os malucos - e aqueles exemplos em que o sujeito faz da controvérsia um lucrativo ganha pão -, comemoro cada pequeno e bem embasado arroubo de sinceridade que consegue furar o bloqueio emburrecedor do mass midia.

E os últimos dias têm sido pródigos em exemplos desta natureza.

No início da semana, em entrevista ao programa Milênium da Globo News, o economista negro Thomas Sowel falou abertamente sobre os malefícios da chamada "ação afirmativa" e sua utilização demagógica por parte dos políticos de países pobres.

No Debate de ontem, George W. Bush, não teve problemas em assumir sua fé. Falou com tranqüilidade sobre sua crença, suas orações e,principalmente, sobre conhecer os limites entre sua confissão religiosa e o exercício do poder.

Na Folha de hoje, comentando o segundo turno eleitoral em São Paulo, o historiador Bóris Fausto peita os colegas acadêmicos - sempre tão afoitos em fazerem tremular suas bandeiras encarnadas - para denunciar a tendência autoritária do governo federal.

Em algum lugar da galaxia, Voltaire deve estar sorrindo.

domingo, 10 de outubro de 2004

Até que a morte nos separe.

Conta a lenda que, durante a II Guerra Mundial, Londres deu festas homéricas. Alvo principal dos bombardeiros alemães, a cidade, mesmo sob a blitz nazista, não intimidou-se: por detrás das cortinas pesadas, estava literalmente "bombando". Permanecer na cidade - e, ainda por cima, fazer festa - era, para os londrinos, uma forma de resistência.

Reparem, porém, no detalhe "por detrás das cortinas pesadas."

Senão pela imposição oficial do blackout - que dificultava a localização dos alvos por parte dos alemães - , o salutar instinto de sobrevivência avisava que era melhor cobrir as janelas. E uma festança no meio da rua não deve mesmo ter passado pela cabeça de ninguém.

Então eu me pergunto: como é que, em um Iraque ocupado, as pessoas fazem festas de casamento onde o ponto máximo é sair às ruas e dar tiros para o alto ?

Os resultados desastrosos deste costume estão aí para quem quiser ver: desde março de 2003, pelo menos cinco festas de casamento foram atingidas por helicópteros norte-americanos. Informações desencontradas - que dão conta, inclusive, da possível presença de forças rebeldes nestes eventos -, parecem indicar que, na maior parte das vezes, o "tiroteio festivo" é o causador da desgraça. Diante de uma saraivada de tiros, os americanos acabam abrindo fogo.

Mas é impossível não se perguntar porque os iraquianos continuam festejando casamentos dessa maneira? Será que ainda não se deram conta de que é perigoso? Ou será que se deram conta e estão se lixando? Notem que, seja qual for a resposta, ela acaba por encaminhar uma segunda pergunta: Mas o que há de errado com os iraquianos para que eles "não se dêem conta" ou "não se importem"?

Talvez não haja nada de errado com eles.

Talvez, eles já não comemorem casamentos assim há muito tempo. Talvez, os alvos atingidos sejam mesmo redutos rebeldes a partir dos quais se alveja os helicópteros americanos. Talvez, as crianças e mulheres sejam os filhos e esposas de rebeldes - e a TV sempre nos mostra como as crianças, ao contrário de serem poupadas do horror, são colocadas, de armas em punho, à frente das passeatas e demais demonstrações do radicalismo islâmico.

Talvez, amigos, a história do "casamento bombardeado" não passe de uma retórica. Algo destinado a escancarar a "selvageria" dos solados americanos.

Não que os soldados americanos sejam anjos - ninguém que esteja em guerra pode sê-lo.

Mas aceitar tantos "casamentos bombardeados" é aceitar que os iraquianos são criaturas absolutamente limitadas, sem a menor capacidade de adaptação ou instinto de preservação - o que significa aceitar que eles são menos que macacos.

sexta-feira, 1 de outubro de 2004

Empate Técnico

É o que eu penso do primeiro debate para a corrida presidencial nos EUA.

Kerry conseguiu parecer mais objetivo do que vinha parecendo até agora...Mas pode ter perdido no quesito "calor humano" - pois parecia uma "máquina" a despejar números e estatísticas.

Bush conseguiu dar um toque humano em seu discurso...Mas pode ter perdido na firmeza que lhe é característica - e que parece agradar aos americanos quando o tema é "terrorismo".

Aguardemos o resultado.

Mas acho que não mudou muito.

No fundo, o que decide são os assuntos internos, que serão o tema dos próximos encontros.

Saída Técnica

Alguém já se deu conta de que o Putin só está se propondo a assinar o Protocolo de Kioto para limpar a barra com a comunidade internacional - que está prá lá de suja com as últimas medidas ditatoriais por ele adotadas?

Mudança Técnica

Nesta semana, o sistema de comentários de blogger deu pau duas vezes.

Por isso, resolvermos passar para o Haloscan.

Dêem preferência para comentar no sistema novo pois, caso eu não consiga incorporar os antigos comments ao Haloscan, eles serão perdidos.

terça-feira, 28 de setembro de 2004

O Haiti não é aqui

O governo brasileiro apressou-se em enviar um avião repleto de recursos para as vítimas do furacão Jeane no Haiti.

Responda rápido: quantos aviões foram enviados, em março último, às vitimas do Furacão Catarina?

Nenhum.

Mais vale uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU que uma cadeira presidencial.

quarta-feira, 15 de setembro de 2004

Diálogos Impossíveis

Um balde de água fria para quem defende a possibilidade de diálogo com o terrorismo islâmico: ontem, via web, o Exército Islâmico no Iraque afirmou que a França é inimiga dos muçulmanos.

É claro que, dentre as muitas acusações listadas pelo grupo, estão a atualíssima lei que proíbe o uso de símbolos religiosos nas escolas públicas e o passado colonial francês.

Mas o que chama mais a atenção é a alegação de que a França não participou da ação militar no Iraque em virtude de seus próprios interesses - e não em solidariedade àquele povo.

Em que pese a realidade desta acusação, deve-se observar o quanto ela mostra ser insustentável qualquer estratégia de diálogo com esta gente: o "veredito" islâmico para as nações ocidentais será sempre negativo. Em outras palavras: há sempre uma desculpa para justificar a loucura de quem enfaixa o próprio pinto e vai se explodir levando consigo vidas inocentes.

E a balela da alteridade?

Shirin Ebadi - a iraniana condecorada com o Nobel da Paz -, anda criticando a lei francesa por acreditar que ela só serve para acirrar os ânimos.

Eis aí, uma boa mostra do quanto o respeito à diversidade cultural é, para os muçulmanos, uma via de mão única.

Não passa pela cabeça de Ebadi respeitar a tradição cultural e histórica da França, que está fortemente marcada pela secularização do estado e da educação. Não. Para ela, mesmo em solo francês, a cultura muçulmana vem na frente. Em nome de Allah - e por medo de despertar mais ainda a ira de seus soldados - deveremos todos abrir mão de nossos referenciais.

sábado, 11 de setembro de 2004

O pior dos mundos

Pensei,também,diante da visão quase surreal daqueles símbolos do capitalismo em queda, que a aventura humana na terra começava a melhorar.

(Fábio Brüggemann, em artigo para o Diário Catarinense de hoje)

Sinceramente, senhor Fábio Brüggemann, não sei o que me espanta mais: a sua ignorância em , diante do assassinato sumário de mais de 3.000 pessoas, ver revigoradas suas esperanças na humanidade, ou a sua falta de vergonha na cara em admití-lo.

Mas o senhor deixa claro, de imediato, que , naquela fatídica manhã, depositou todas as suas esperanças no fim do capitalismo e da democracia. Que chegou a comemorar o fim de um sistema que garante os direitos da mulher e dos homossexuais, que postula um sistema judiciário independente, que defende uma imprensa livre e oportuniza que a esquerda chegue ao poder por vias democráticas.

O "mundo melhor" que o senhor acreditou estar se iniciando naquele 11 de setembro é o mundo dos Gulags, da Primavera de Praga e do Khmer Vermelho. É o mundo da China, da Coréia do Norte e de Cuba - onde falta liberdade e a corrupção estatal abunda.

Não é de admirar que, alucinado ante tamanha utopia sangüinária, o senhor tenha comemorado a violência vinda por parte de quem só conhece ditaduras, monarquias e teocracias - regimes facilmente corruptíveis, onde as eleições, quando ocorrem, são manipuladas. Não é de admirar que deposite suas esperanças nas mãos de suicidas assassinos, vindos de locais politicamente tão aprazíveis quanto o Irã, o Egito, a Líbia, o Zimbábue ou a Arábia Saudita.

Sua insana idéia de um mundo melhor está de mãos dadas com qualquer inconseqüência que se oponha ao que o senhor certamente denomina, pejorativamente, de "democracia burguesa". E é por este motivo que o senhor se dispõe a aliar-se a qualquer movimento que se mostre contrário ao maior representante deste sistema: os Estados Unidos da América. É por este motivo que chega à decadência de mostrar mais simpatia por vítimas de guerras declaradas do que por aquelas que foram extirpadas em um imprevisível ataque terrorista.

O senhor tem razão: a ignorância é mesmo "o maior aparato bélico". Mas ela não vem da paixão do capitalismo pelo "ouro negro". Ela vem de homens como o senhor, que cultuam um "ouro vermelho" chamado socialismo. E é do alto deste tipo de ignorância que o senhor passou a ver o assassinato de mais de 3.000 inocentes como o prenúncio de um mundo melhor.

sexta-feira, 10 de setembro de 2004

Pedagogia do ódio

"Burgueses não pegam na enxada / Burgueses não plantam feijão/ E nem se preocupam com nada/ Arrasam aos poucos a nação./ Sem-terrinha em ação, pra fazer a revolução!"

O amigo está pagando, com sofreguidão, um plano habitacional?

Ou conseguiu, a duras penas, quitar um pequeno paraíso de dois quartos?

Está, talvez, comemorando a compra de um terreninho suburbano onde, no futuro, erguerá sua casinha branca no melhor estilo Zé Rodrix?

É prudente repensar a coisa, pois as próximas décadas serão pródigas em ameaças à propriedade privada.

Pelo menos é o que garantem dirigentes e professores das escolinhas do MST, cujo plano político-pedagógico foi revelado na última edição da revista Veja. Um exército de 160.000 alunos, distribuídos entre 1800 escolas, está aprendendo que é lícito tomar com violência aquilo que outros conquistaram com trabalho..

Os professores? Gente vinda, é claro, das fileiras do MST e sem formação em magistério - muitos não têm sequer o fundamental completo.

Analfabetos políticos - posto que jamais aprenderam algo além da fracassada teoria marxista - tais "mestres" só poderão atuar na formação de outros incapazes políticos e sociais - meros reprodutores de uma ideologia que já esta morta para o resto do mundo.

E o que é pior: no meio desta insanidade pedagógica, não é só o latifúndio que deve ser combatido. Toda a vida urbana tornou-se alvo do ódio campesino.

Hoje, as ameaças não passam de cantigas cantaroladas nos pátios destas escolas. Amanhã serão a trilha sonora a embalar a invasão de nossas casas.

terça-feira, 7 de setembro de 2004

Vento forte

Estou aproveitando o feriado para navegar sem compromisso.

Aí encontrei alguns sites que são dignos de nota.

Em primeiro lugar, aviso que meu amigo Peterso Risatti, vítima de terrorismo on line, foi obrigado a mudar de espaço na web. Agora ele pensa em voz alta no Mach's Spass.

Um link bem interessante é a versão brasileira do HonestReporting.com - aqui chamado De Olho na Mídia.org.

Ainda inspirada pelo post da última semana, fui atrás do texto integral da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Alguns fóruns valem realmente à pena.

Já na época do furacão Catarina, eu tinha descoberto o fórum de metereologistas Brasil Abaixo de Zero - e agora proveito para corrigir o meu esquecimento de citá-los antes. Sugiro visitar a rapaziada e ver como eles monitoram cada fenomeno com ciência e bom humor.

Mas se estiver a fim de saber o que passa pela cabeça da direita americana, tente o RightNation.usa. Seus opositores você encontra no Liberal Forum.

Ambos me pareceram bem abertos ao debate sério.

Da seção "anti-jihad", sempre é tempo de conhecer o já clássico Jihad Watch, comandado de Robert Spencer e o Faithfreedom.org, que tem uma linha mais dura e ideológica.

segunda-feira, 6 de setembro de 2004

Inspiração

Alguém andou observando que o ataque à escola russa apontava para um "tipo novo" de terrorismo.

Não é verdade.

De fato, a inspiração - senão toda a "logística" da coisa - bem pode ter vindo lá das bandas palestinas: em 1974, a Frente Democrática Pela Libertação da Palestina, sob o comando de Nayef Hawatmeh, assaltou, nos mesmos moldes, uma escola israelense em Ma'alot. Vinte cinco adolescentes morreram e setenta ficaram gravemente feridos.

domingo, 5 de setembro de 2004

Elefante na cabeça.

Acho que o Bush ganha.

Na verdade, eu venho achando isso desde os primeiros discursos proferidos logo após o 11 de setembro. Naquele momento, Bush conseguiu devolver dignidade a um povo que estava profundamente abalado por sofrer uma ataque tão monstruoso em seu próprio território. E dificilmente o povo esquece aqueles que se mostram fortes em momentos difíceis.

É verdade que houve um momento - especificamente, quando vieram à tona as denúncias das torturas nas prisões iraquianas - que eu cheguei a duvidar da reeleição. Somadas à Comissão de Inquérito sobre o 11 de setembro, elas pareciam compor um quadro realmente ameaçador para a reeleição de Bush.

Porém, ao que tudo indica, a poeira de ambos os processos baixou e Bush parece ter saído da coisa ileso - senão fortalecido.

Agora as primeiras pesquisas de opinião realizadas logo após a convenção republicana apontam para uma vantagem de Bush em relação a Kerry. Na mais promissora delas - realizada pela Times - o atual presidente aparece com 11 pontos percentuais a mais que o condidato democrata.

Não dá pra dizer que estes números são supreendentes. Para além da força discursiva de um Arnold Schwarzenegger - ou do indiscutível trunfo de se ter um senador democrata como Zell Miller apoiando a candidatura republicana -, a estratégia de Kerry já dava sinais de fraqueza por ocasião da própria convenção democrata. De fato, um estudo comprova que candidatos desafiantes só conseguem solapar reeleições para a Casa Branca quando disparam nas pesquisas logo após sua própria convenção. E os democratas não conseguiram este feito.

Mas o democratas parecem ter problemas que estão se tornando estruturais. A já tradicional fuga de votos democratas para Ralph Nader, soma-se - extamente como ocorreu com Al Gore, há quatro anos - à escolha de um candidato pouco convicente, cujo discurso perde força na mesma proporção em que tenta ser politicamente correto.

Também as conjunturas parecem conspirar a favor de George W. Bush. Os inaceitáveis ataques terroristas na Rússia dão força ao discurso de Bush para o terror - e a declaração de Putin neste sábado dá a entender que ele está arrependido de não ter se alinhado a atual política da Casa Branca: Nós não temos entendido a complexidade e o perigo dos processos que se desenvolvem em nosso país e no mundo inteiro. Não temos sabido reagir de maneira apropriada. Temos demonstrado debilidade e os fracos sempre perdem." - declarou o presidente russo.

Não bastasse isso, a temporada de furacões está servindo para manter Jeb Bush - irmão do presidente e atual governador da Flórida - o tempo todo na televisão. Em todos os pronunciamentos que tem feito à população de seu Estado, Jeb não deixa de citar o enorme apoio que está recebendo dos órgãos federais. A questão não é um mero detalhe, se considerarmos que um dos fatores que colaboraram para enterrar o sonho de reeleição de Bush pai foi, justamente, sua demora em declarar estado de calamidade pública na Califórnia - assolada por um furacão naquele ano.

É certo que tais aspectos conjunturais irão representar alguma folga nas urnas.

Mas não é por isso que George W. Bush irá eleger-se.

De fato, a reeleição de Bush foi forjada nas semanas seguintes ao 11 de setembro. Naquele momento o presidente apoderou-se de um discurso que é a própria essência e, ao mesmo tempo, mito fundador do Estados Unidos da América: o discurso da coragem e da união diante da adversidade; o discurso que nomeia os americanos como defensores mundiais da liberdade, da democracia e dos direitos humanos; o discurso, em suma, do heroísmo norte-americano.

Para os norte-americanos, este é um discurso irresistível. Em primeiro lugar, porque aquele é um povo que cultua e admira seus heróis - sejam eles de cinema, de quadrinhos ou de carne e osso. Em segundo lugar, porque é um discurso verdadeiro. E, aqui, é preciso voltar àquele 11 de setembro para lembrar que, mal os aviões se chocaram contra as torres, já surgiram centenas de heróicos voluntários para auxiliar nas operações de resgate. É preciso lembrar que o próprio Schwarzenegger, no ano passado, já eleito governador, se jogou nas águas de Malibu parar salvar uma banhista que se afogava. E eu, em especial, preciso lembrar de um terremoto em San Francisco, em 1989 - quando os hóspedes americanos, sem que ninguém lhes dissesse nada, foram os primeiros a esvaziarem seus frigobares e trazerem o que tinham para o saguão do hotel, a fim de se organizarem para enfrentar uma provável interrupção no abastecimento da cidade.

Contra um discurso tão simples e tão verdadeiro, não há adversário que resista.

Muito menos se ele for evasivo e balbuciante como Kerry.

terça-feira, 31 de agosto de 2004

O erro que nos separa.

Eu não aprovo o movimento negro e nem a Ku Klux Klan. Não aprovo o MST e nem a TFP. Assim como não aprovo o movimento gay nem o neo-nazismo.

Eu não apoio, leitor, nada que nos divida em facções, como se não fossemos todos humanos.

Gosto mesmo é da Declaração Universal dos Direitos Humanos. E penso que, se toda esta energia que estamos direcionando para defender os pequenos cadinhos de diferenças raciais, sexuais, econômicas e culturais fosse empregada para fazer valer a dita Declaração, o mundo já estaria muito melhor.

Alguns aportarão aqui para falar dos preconceitos a que são submetidas a minorias - como justificativa para o surgimentos de grupos segmentados. Balela. Se a Declaração fosse cumprida à risca, não haveria discriminação...Se a Declaração fosse realmente cumprida, neo-nazistas iriam para a cadeia.

Se a Declaração fosse cumprida a contento, todas as cidades seriam caldeirões culturais pacíficos como New York. E todos entenderiam porque é inadmissível que muçulmanos radicais queiram impor Allah goela abaixo de quem quer que seja. E, mais inadmissível ainda, que alguns defendam isso como um "troco" pelo tempo em que eram os cristãos a impor Jesus à nação islâmica. Que isso tenha ocorrido bem antes da Declaração dos Direitos Humanos parece passar em branco para todos.

Este meu discurso é antigo?

Atreve-se ele, em plena pós-modernidade, a ser um discurso moderno?

Sim.

Esta é, na minha opinião, uma daquelas situações em que já sabemos o caminho - basta nos propormos seriamente a percorrê-lo.

Mas continuamos insistindo em reinventar a roda.

E o resultado é uma humanidade cada vez mais dividida, que não hesita em sacrificar os direitos humanos para sacralizar as diferenças culturais.

E é por isso que vamos de mal a pior.

quarta-feira, 18 de agosto de 2004

Pilequinho II

Sinceramente? A coisa é tão alarmante que, ao invés de fazer comentários, o melhor é simplesmente colar a notícia.

SANTO DOMINGO (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula Silva brincou nesta terça-feira com a permanência no poder por 37 anos do presidente do Gabão.

"Eu fui agora a uma viagem ao Gabão aprender como é que um presidente consegue ficar 37 anos no poder e ainda se candidatar à reeleição", afirmou, durante encontro com o presidente da Costa Rica, Abel Pacheco.

Os dois presidentes estão na República Dominicana para a posse do presidente Leonel Fernández Reyna.

O relato foi feito pelos fotógrafos brasileiros que registraram o encontro e depois confirmado pelo secretário de Imprensa, Ricardo Kotscho.

Lula esteve no Gabão, país africano, no final de julho, quando se encontrou com o presidente Omar Bongo Ondimba.

Pilequinho

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Charge do Zé da Silva para o Diário Catarinense no dia de hoje.

sexta-feira, 13 de agosto de 2004

Eu não disse?

Disse.

Diversas vezes manifestei aqui os meus temores a respeito da cubanização do Brasil. Fosse pelo super- ministro terrorista de carteirinha, ou pelos conselhos de um Frei Beto que canoniza Che Guevara, ou, ainda, pelas constantes afrontas aos Estados Unidos - eterno bicho-papão dos empedernidos esquerdossauros que comandam nosso país.

Por mais de uma vez apontei com desconfiança para a simpatia de Lula à ditadura Castro, para seu compromisso com o Fórum de São Paulo e, principalmente, para seu total silêncio diante do desrespeito aos direitos humanos que grassa naquela ilhota onde o tempo parou.

E, agora, o que temos?

Uma proposta de "regulamentação" da imprensa através de um "conselho"...uma verdadeira "lei da mordaça" para os que gostam de adotar o vocabulário cubano.

Pois muito me admira o escândalo que tal proposta causou junto à imprensa.

Estão escandalizados porque? Não foram os primeiros a aplaudir a eleição do torneiro mecânico? Não correram a vestir gravatas e tailleurs vermelhos, tão logo acabou a contagem dos votos? Não comemoraram cada afronta aos Estado Unidos...cada miserável discurso do semi-analfabeto contra o "imperialismo" norte-americano?

E querem me convencer de que eram tão ignorantes a ponto de não perceberem para onde esta postura esquerdista rançosa nos levaria? Quiçá sonhavam com uma ditadura de esquerda onde - coisa inédita na história - a imprensa seria mantida intocável, feito classe privilegiada e apadrinhada pelo Estado. Impossível acreditar em tamanha ignorância por parte de quem se atribui a missão de "informar o povo".

Mas temos mais.

Temos a Lei do Audiovisual, que promete "regulamentar" - leia-se, "cercear" - não só o conteúdo produzido para o cinema e a televisão mas, também, para a internet.

E muito me admira a reação da classe artística a esta proposta.

Estão escandalizados porque? Pois não sabiam o quê estavam apoiando quando subiram no palanque com Lula? Não acorreram, em massa, ao programa eleitoral do PT para perseguir Regina Duarte e fazer pouco de seus "medos"? Não ficaram fascinados a ponto de criar, logo após a posse, uma novela chamada Kubanacan ou algo que o valha?

Se eu não estivesse tão preocupada com a garantia de nossos direitos civis, teria até algum prazer em ver toda esta pseudo- intelectualidade brasileira correr atrás do prejuízo.

Pois como diz o velho ditado lusitano: quem pariu Mateus que o embale.

quinta-feira, 8 de julho de 2004

Tango ingrato.

É o que dá unir-se a caloteiros.

Desde que assumiu a presidência da república, Lula empenhou-se em apoiar as desgraças de Kirchner frente ao FMI. Em março último, quando a Argentina estava a apenas cinco horas de cometer um calote, o presidente brasileiro gastou o dinheiro do contribuinte em ligações telefônicas para dirigentes da França, Alemanha e Espanha a fim de obter-lhes solidariedade em prol de Kirchner. Ligou também para Bush, solicitando uma atitude compreensiva diante da situação dos hermanos. Era a "aliança Brasília-Buenos Aires", que previa estratégias conjuntas para lidar com as dívidas públicas dos dois países - e que, dias depois, foi seguida pela assinatura da Ata de Copacabana.

Maravilhada de ver o torneiro mecânico guindado à posição de lider do terceiro mundo latino - e, talvez, antecipando que aquele apoio a um premente calote argentino pudesse indicar o caminho a ser seguido pelo próprio Brasil - a imprensa tupiniquim delirou.

Pois, agora, o retorno nos chega na forma de um velho e previsível tango: Kirchner está ameaçando ampliar as restrições impostas aos produtos brasileiros. E isto no momento em que o próprio Kirchner está passando a Lula a presidência temporária do morimbundo Mercosul.

É como diz aquele belíssimo Tango Ingrato de Zabaleta e Larrea:

Ahora me toca olvidar

tus palabras de despido

como si es fácil borrar

todo lo que hemos vivido.

sexta-feira, 2 de julho de 2004

Quando as hienas enlouquecem.

Enquanto a Ana Paula Padrão, na quarta-feira à noite, externava docemente seu temor de que Saddam não seja tratado com justiça, as reações do mundo árabe divergem. O rei Abdullah, da Jordânia, diz que, se preciso for, enviará tropas ao Iraque para garantir a manutenção da ordem. Já a Al Qaeda emite novas ameaças contra a Europa, lembrando que o prazo três meses dado por Bin Laden termina em 15 de julho.

Talvez seja casualidade que as hienas tenham escolhido esta data para lembrar tal prazo. Mas creio que não. A imagem de um Saddam abatido - porém, com disposição suficiente para desafiar a justiça - deve ter promovido frisson na matilha.

Mas o que importa é que continuam a exigir o impossível, prometendo morte e destruição no caso de não serem atendidos.

Bobagem.

Esta gente já provocou morte e destruição na Espanha e nos EUA sem qualquer aviso.

Espera-se, então, que os governos europeus reajam a esta mensagem da mesma forma que reagiram à proposta de trégua emitida por Bin Laden em abril último: com um sonoro "vem que tem".

Mas eu realmente não acredito que a Al Qaeda venha a promover um ataque nas proporções que está prometendo - agora chegam sugerir que os muçulmanos deixem a Europa ou se abasteçam com mantimentos e dinheiro para um mês. A organização pode ser louca, mas não é burra: um ataque destas proporções seria a desculpa perfeita para que o ocidente "passasse o rodo".

Em outras palavras: todo mundo sabe o que se deve fazer com um cachorro louco.

terça-feira, 29 de junho de 2004

Vitória da democracia yankee: imprensa nacional sem pauta.

Há choro e ranger de dentes nas salas de imprensa do Brasil.

Isto porque, de uma semana para cá, tem sido mais difícil manter aquele jogralzinho anti-americanista que embalou os devaneios do jornalismo tupiniquim.

Após restabelecer a soberania iraquiana, os EUA acabam de entregar Saddam aos órgãos jurídicos daquele país. Não bastasse isso - e a brilhante estratégia de antecipação da entrega de poder, que fez de bobos tanto os terroristas quanto a imprensa -, também internamente a terra de Tio Sam dá mostras de vigor: revogado por ocasião dos atentados em 11 de setembro de 2001 - e pelo estado de guerra que seguiu a eles - o Estado direito de Direito volta a funcionar no país. Tal retorno, decidido pela Suprema Corte, garante à qualquer pessoa detida a chance de fazer-se ouvir na Justiça. E isto se aplica a americanos ou estrangeiros - inclusive aqueles detidos em Guantánamo.

Sinais tão claros de um retorno à normalidade por parte dos EUA não serão bem recebidos, já que esvaziam a pauta internacional da imprensa brasileira - engajada, desde 2001, na maior campanha xenófoba que este país já viu. Esquecidos de como é trabalhar sem ter um inimigo previamente eleito, nossos jornalistas devem estar todos à roer unhas.

Mas eu não diria que é caso para desespero.

Sempre é possível dar conotações jocosas às vitórias daqueles que invejamos.

Assim, à exemplo do que vem acontecendo com a devolução da soberania ao Iraque, as próximas pautas deverão falar do "golpe publicitário eleitoral" por trás da entrega de Saddam. Igualmente, a decisão da Suprema Corte será encarada como uma "derrota do governo Bush". Que tal decisão tenha sido concomitante ao fim do estado de guerra - numa clara alusão de que está em sintonia com as decisões governamentais - não passará pela cabeça dos nossos jornalistas.

Há também, é claro, aquela estratégia mais sofisticada de dar destaque a qualquer norteamericano que se disponha a falar mal de seu próprio país - trunfo largamente utilizado nos últimos três anos, que produziu ícones tão falaciosos quanto Michael Moore. Desde 2001, fomos invadidos por uma multidão de ilustres desconhecidos, cujas obras anteriores - quando existiam - não haviam merecido qualquer atenção, mas que agora eram guindados ao patamar de "grandes especialistas", pelo simples fato de criticarem a política norte-americana, Bush ou o american way of life.

Tão empenhada nesta campanha xenófoba esteve a nossa imprensa, que jamais deu-se conta de um preceito básico do jornalismo: a repetição insistente de um discurso não é notícia. Notícia é conflito, incoerência e ruptura.

sábado, 26 de junho de 2004

Tão antigo quanto a China (ou quase).

O assunto já está meio passado.

Acontece que estive afastada por uns dias e não posso deixar de comentar a coisa.

Porque a verdade é que, desde que iniciei este blog, tenho denunciado a profunda esquizofrenia que assola o governo Lula.

E, ao que tudo indica, estamos em meio a outra crise aguda.

Pois não é que, agora, este governo está solidário e conivente com a opressão do império chinês sobre o Tibet e Taiwan?

Reparem os leitores que, a cada dia que passa, a ética a nortear o Palácio do Planalto assemelha-se mais a uma viagem psicodélica, onde a contradição é a única lei.

Para este governo que aí está, a ocupação note-americana no belicoso Iraque é crime....mas a ocupação chinesa no pacífico Tibet é algo totalmente válido. As ambições de Bush em relação ao Oriente Médio são fruto do condenável imperialismo yankee...mas as ambições da China em relação ao parque industrial de Taiwan são legítimas. Que fim levou aquela ardorosa defesa pela "auto-determinação dos povos", ninguém sabe.

Pacifistas de araque, Lula e seus asseclas se mostram dispostos a apoiar qualquer atrocidade em prol de uma remota cadeira no Conselho de Segurança da ONU. Seria cômico, se não fosse trágico... O Brasil abrindo mão de seu histórico pacifista para garantir uma posição mirrada em uma organização que já não apita qualquer coisa.

Na minha opinião, esta não deixa de ser uma boa notícia. Em primeiro lugar, porque faz luz sobre o real caráter deste governo. Em segundo lugar, porque eles acabam de perder a moral para dizer uma única palavra contra a política da Casa Branca.

segunda-feira, 21 de junho de 2004

Morreu o Brizola.

E morre, com ele, a minha infância política.

Tanto aquela em que eu, embaixo de uma parreira, ouvia meu avô narrar as estripulias da legalidade, quanto aquela outra "infância política" - mais longa e subjetiva - que me fazia acreditar que um bom líder salvaria este país.

Pois havia algo de messiânico em sua figura.

Deste messianismo, talvez só possam entender aqueles gaúchos que cresceram durante o seu exílio. Aqueles que, pelo desafio da oralidade familiar ao silêncio ditatorial, aprenderam a aguardar o "advento" de seu retorno.

Recém feita eleitora, jamais me filiei ao PDT, poucas vezes concordei com o Brizola, mas sempre acabava votando nele.

Era visceral.

Minhas mais sofisticadas faculdades intelectuais não eram páreo para aquele olhar vivaz, para aquela voz melodiosa que se arrastava em longos e apaixonados discursos. Meus adolescentes conhecimentos políticos se viam evaporados tão logo ele começasse sua defesa em prol das criancinhas e da educação.

Nunca eleito presidente, em eterna e confortável posição de denúncia, Brizola cumpria à risca o seu papel de demolidor, apontando os erros onde quer que os percebesse. Messias jamais concretizado, contentou-se em ser uma espécie de João Batista: voz solitária a clamar num deserto de hipocrisia e imoralidade política.

E era exatamente isto que, à certa altura, passei a esperar dele.

Isso... e que fizesse enlouquecer os mediadores de debates que, em vão, tentassem lhe interromper a fala.

Que soem os alarmes no segundo andar: está chegando um incorrigível sedutor.

Se ninguém tomar providências, os anjos vão todos virar brizolistas.

quinta-feira, 17 de junho de 2004

O exemplo de Uberaba

Em Uberaba, cadidatos a cargos políticos municipais tiveram que prestar exame para comprovar que são minimamente capazes de escrever, ler e interpretar corretamenta o conteúdo lido.

Acho a iniciativa louvável e fiquei me perguntando porque ainda não se tornou lei para todo o território nacional. Parece que este é um daqueles casos em que a norma pode ser diferente para cada município.

Pois já é hora de algum desocupado lá do Congresso entrar com um projeto de lei que normatize a coisa.

E a festa caipira, hein?

Esta é velha, mas não posso deixar passar: que coisa mais ridícula! Só espero que, no próximo Carnaval, não sejamos brindados com a lamentável cena da Marisa saindo de madrinha de alguma bateria. Há muitas coisas que, à despeito de pertencerem a cultura popular, deveriam ser evitadas pelo presidente e a patroa. Mas ao longo dessa semana já se falou tudo o que era possível sobre o tema. Apenas queria registrar aqui a minha indignação...

Sobre o blog

Sei que tenho escrito pouco. Para mim, esta época do ano é sempre atribulada. Já cogitei até em tirar o blog do ar, porque acho chato não atualizá-lo com mais freqüência. Ou, talvez, devesse assumir de vez que ele é semanal. Não sei. Continuo pensando

sexta-feira, 11 de junho de 2004

Ressaca vergonhosa

Os leitores que me desculpem a falta de estilo, mas estou escrevendo este em condições adversas: furiosa e sem aquele primeiro e providencial café.

Deus meu, que vergonha: o Ministério da Justiça cancelou o visto do jornalista William Larry Rohter, responsável pela matéria do New York Times.

Ouçam bem o que lhes digo, amigos: expurgar aqueles que nos fazem críticas é um dos primeiros indícios de aspirações ditatoriais.

Agora imaginem se os EUA tivessem tomado atitude semelhante em relação a todos os jornalistas brasileiros sediados lá, que não perdem uma chance de chamar Bush de burro e violento. Estaríamos agora assistindo a longos discursos sobre a existência de horrendas falhas na democracia norteamericana.

Hoje deveríamos todos vestir luto...Pois a nossa liberdade de imprensa - que já vinha tão comprometida, em virtude da dependência financeira de grandes grupos que almejam empréstimos de bancos estatais - acaba de morrer.

O Stedile não prometeu um abril vermelho? Pois eu farei o meu próprio maio negro.

Acabou o prazo, tocou a campainha, soaram os sinos....O governo Lula é um fracasso. Nada fez e nada fará.

Mas o quê esperar de um presidente bêbado e analfabeto?

Ou de um "super-ministro" que é um terrorista treinado em Cuba?

Ou de um programa de governo feito às pressas por um marketeiro?

E que não me apareça um aqui para deixar mensagem defendendo esta barbaridade, porque eu vou deletar. Se vão ressuscitar a censura, aviso que eu também sei jogar sujo.

O que não vou mais é poupar o verbo com estes filhotezinhos de Stalin que estão ultrajando e emporcalhando todas as conquistas democráticas deste país.

domingo, 6 de junho de 2004

"What if..?"

Neste último final de semana, durante as comemorações do "Dia D", algumas matérias jornalísticas faziam alusão ao fato de que , tivesse a Europa Ocidental esperado mais um pouco, os russos poderiam ter ganho a II Guerra Mundial - mudando, radicalmente, o posterior cenário da Guerra Fria.

E eu, cá com os meus botões, fico pensando o que significa este tipo de declaração.

Trata-se de um triste lamento ideológico por parte de alguém que ansiaria ver toda a Europa sob a bota de Stálin? Ou é puro exercício especulativo, no melhor estilo "What If...?" - o novo gênero literário que vende às turras ao inverter, hipoteticamente, os principais episódios históricos?

Pergunta não menos importante: que devaneio é este de desejar que uma Europa invadida e semi-destruída tivesse "um pouco mais de paciência" ? Quer dizer que, enquanto tanques nazistas desfilavam pelas ruas de Paris e milhares de judeus eram assassinados nos campos de concentração do Fürer, alguém deveria ter se erguido e gritado " Agüentem aí, pois os russos estão chegando!"?

A verdade é que, por maior que seja o contorcionismo intelectual, este tipo de declaração acaba sempre evidenciando seu tedioso cunho ideológico. Às empedernidas viúvas de Stálin, é doloroso aceitar que os americanos tenham cruzado o Atlântico para salvar uma Europa já completamente sem fôlego militar ou econômico. Mais doloroso ainda, encarar que este mesma Europa só se ergueu graças à toneladas de dinheiro que os bancos norteamericanos despejaram em sua economia no período pós-guerra.

Que este descabido ranger de dentes não possa mudar a história, é motivo de alegria para quem acredita na liberdade. Aos demais, sugiro que continuem esperando os russos. Quem sabe um dia eles não chegam?

terça-feira, 18 de maio de 2004

Aos poucos, pois estou sem tempo....

O número exagerado de medidas provisórias sugere que estamos sob um governo provisório? Seria uma ditadura provisória?

Já que o Michael Moore volta a ser festejado - agora por estar se sentindo perseguido pela indústria cinematográfica do "império" - vale lembar o que ele pensa do Brasil. Em carta enviada há alguns meses para a Folha de São Paulo, Moore explicitou quais são as suas expectativas políticas e sociais em relação ao Brasil: " Continuem fazendo o Carnaval pelados", disse ele.

E parece que também Gilberto Gil vai roer a corda. Agora declarou, em entrevista ao jornal o Globo, que o Lula não será melhor que FHC. Sei...e só agora ele se dá conta?

E, depois do circo armado contra o New York Times, quem ainda lembra do Waldomiro Diniz?

Aos xiitas que, indignados com o último post, encheram meu e-mail de palavrões e vírus, só tenho algo a dizer: fiquem à vontade...não uso aquele endereço para nada muito significativo.

sábado, 15 de maio de 2004

Selvageria

Um amigo enviou-me por e-mail o vídeo completo daquela selvagem degola do refém americano promovida pela Al Qaeda no Iraque.

E posso lhes garantir que a coisa é de arrepiar - num nível de selvageria tal que escapa à minha compreensão.

Até a tarde de hoje, eu pensava, inocentemente, que se tivesse tratado de uma decapitação. É é provável que também vocês, ao saberem do fato, construíram aquela imagem mental que é terrível mas, de certa forma, tranquilizadora no que respeita às sensações da vítima: a imagem de alguém perdendo a cabeça rapidamente, em um único golpe de cimitarra. Isto é o que a imagem veiculada pelas redes de TV - que se interrompe antes que os carrascos avancem sobre a vítima - nos induz a pensar.

Esqueçam isso, meus caros. Nicholas Berg foi submetido a um sacrifício lento. Sua cabeça foi arrancada com algo um pouco melhor que uma faca de cozinha - seus músculos e ossos se rompendo lentamente, num interminável martírio.

Talvez mais terrível que o crime em si, seja a atitude de seus algozes, que uivam e riem enlouquecidos do início ao fim do processo. Depois que assisti, entendi porque meu amigo nomeou o arquivo de "hienas". De fato, os terroristas parecem - tanto nos ruídos que emitem, quanto na postura corporal - um bando de hienas.

Pois olhando aquelas terríveis cenas, me ficou claro algo que eu já intuía: não há como negociar com aquela gente. Não há parâmetros culturais para qualquer tipo de entendimento.

Diante daquilo, pirâmides de prisioneiros pelados vira brincadeira de criança.

Não vou linkar o arquivo aqui, pois penso que isto, além de dar um espaço desnecessário à violência, deve até ferir as normas do Blogger. No entanto, se alguém fizer muita questão de ver, escreva para narizgelado@uol.com.br, que eu indicarei o link. Mas aviso que são imagens fortíssimas, a serem evitadas por pessoas sensíveis ou com problemas cardíacos.

segunda-feira, 10 de maio de 2004

Pilequinho

Se é que bebe, Lula não o faz só. Talvez a nação inteira esteja embriagada.

A maior prova disso são as declarações que estão surgindo na imprensa desde domingo último.

Fala-se em processar o New York Times por calúnia e difamação. Já determinou-se, inclusive, que o fórum desta ação terá que ser o Brasil. E o episódio serviu para unir governistas e opositores de uma maneira jamais vista em quinhentos dias de governo.

Talvez eu devesse beber umas e outras para entender o caso.

Porque, uma vez sóbria, leio e releio a matéria do New York Times e chego sempre à mesma conclusão: o jornal norteamericano não fez mais que publicar as opiniões de Diogo Mainardi, Leonel Brizola e Cláudio Humberto - além de citar uma matéria da Folha de São Paulo e uma carta de um leitor da Veja. Feito isso, listou gafes realmente cometidas pelo presidente.

Logo, as questões de primeira ordem são: porque que não pensaram em processar Brizola, Mainardi ou Humberto quando estes emitiram suas opiniões? Porque não taxaram de "caluniosas" as opiniões do leitor da Veja e aquelas emitidas pela Folha de São Paulo, quando estas vieram à público?

Fico tentando encontrar um motivo para que informações que vinham sendo veiculadas na imprensa nacional - sem receberem qualquer atenção por parte dos assessores e ministros presidenciais - tornem-se calúnias no instante exato em que vão parar nas páginas de um jornal yankee.

Basta fazer continhas para perceber que se trata de um esforço populista, que tem por fim último desviar as atenções da evidente crise governamental e promover uma espécie de união patriótica em torno da fragilizada figura do presidente.

sexta-feira, 7 de maio de 2004

Não me torturem.

Estou me sentido torturada com o sensacionalismo barato que estão fazendo sobre a tortura nas prisões iraquianas.

E se digo que é sensacionalismo - e que é barato - deve-se a algumas questões bem pontuais.

Primeiramente porque - mal feita a denúncia - as instituições americanas trataram de tomar rapidamente as devidas providências.

O que assistimos hoje é uma aula de democracia a fazer os mais incautos anti-americanistas roerem os cotovelos: a imprensa não está abafando - nem é convidada a fazê-lo por parte do governo. O Congresso exige explicações e o exército não se furta a se apresentar para prestá-las. A sociedade encontra canais hábeis para externar sua repulsa e reivindicar a defesa dos valores fundacionais da nação. E o presidente - comumente apresentado como um ditador por parte de seus adversários - vem à público admitir o erro.

Chegamos, então, a um quadro que deve desesperar os críticos do sistema norte-americano. Porque demonstra como funciona uma nação verdadeiramente democrática.

O poder erra? É claro que sim! Mas a correção de rota se faz de forma rápida e transparente.

Mas, de modo geral, o que se vê na imprensa - e nas mesas de botecos do Brasil - é uma apologia do erro norteamericano. Como se não devêssemos, ao contrário, olhar para a lição que as conseqüências deste mesmo erro nos ensinam: que os EUA são uma democracia de fato e de direito; que a imprensa lá é realmente livre - e menos manipulável que a nossa; e que aquela nação não é auto-indulgente com seus problemas. Resolve-os rapidamente.

Um quadro totalmente diferente do que aconteceu no Brasil , onde foi preciso esperar trinta anos para se contar os mortos pela ditadura - e onde a tortura é fato corriqueiro nas instituições de caráter penal.

Igualmente, hoje a tortura come solta - e impune - nas prisões da China, da Coréia do Norte e da Cuba castrista - onde os Direitos Humanos são proibidos de entrar.

Então eu pergunto: acaso a imprensa brasileira dá algum destaque para os atos vis praticados nos cárceres destes países?

Claro que não, leitor.

E esta é a maior prova de que não há qualquer preocupação em relação à tortura contra presos.

Nossa imprensa é, antes de tudo, anti-americanista.

terça-feira, 27 de abril de 2004

Por trás do escudo

Como voltam a surgir americanos dispostos a servir de escudos contra os alvos da coalisão no Iraque, republico este post, redigido em março de 2003, às vésperas do início da guerra.

Do ponto de vista psicológico, não sei se existe muita diferença entre os "homens-bomba" e este pessoal que está indo ao Iraque servir de "escudo humano". Para falar a verdade, acho que os últimos são mais sadomasoquistas que os primeiros. O "homem-bomba" decide "quando" e "onde". Já o "escudo humano" se dispõe a ficar em suspenso, aguardando uma bomba que ele não sabe se cai - ou quando cai. É claro que os "escudos" estão lá para defender vidas - e não tirá-las.

De fato, daria até para desenvolver uma teoria metafísica, a partir da qual defenderíamos a geração espontânea dos "escudos" com base na lei da polaridade: a existência de suicidas no "lado escuro da força" acabou impulsionando o surgimento de sua contraparte pacífica.

E não há dúvidas de que o princípio que move estas duas polaridades é o mesmo: a crença de que vale à pena morrer por uma boa causa. Não morrer anonimamente, como parte de um numeroso exército mas - repare, leitor - morrer com direito à glórias e recompensas.

É de conhecimento público que as famílias dos "homens-bomba" são generosamente recompensadas. Já ninguém parece estar prestando muita atenção na quantidade de políticos, assessores de políticos e jornalistas no contingente de "escudos". Ninguém parece ter reparado que este pessoal sempre dá um jeitinho de avisar a imprensa de sua partida ao Iraque. Isto tem garantido alguns louros antecipados, que incluem tanto as entrevistas às vésperas da viagem como a certeza de que no mínimo a mídia paroquial vai acompanhar a saga do sujeito em terras de "Tio Saddam".

Obviamente - e ao contrário do que ocorre com o terrorista - o "escudo" só receberá sua recompensa se sobreviver: jornalistas anônimos serão transformados, do dia para a noite, em "correspondentes de guerra"; políticos receberão votos; assessores de políticos poderão almejar uma candidatura baseada na fama súbita. E - outro interessante paradoxo - se a recompensa ao terrorista está diretamente ligada ao êxito operação, aos "escudos" não importa muito o resultado da coisa: rolando ou não a guerra, eles só precisam sobreviver para desfrutar do prêmio.

Em ambos os casos, a conclusão é de que não se trata uma atitude altruísta, impulsionada por amor a uma causa. A suposta causa é apenas o meio pelo qual se atinge alguns fins de ordem bem pessoal.

A História deu um nome para homens que, diante de uma situação bélica, arriscavam a vida em prol de garantir benefícios pessoais. Chamava-os mercenários.

quarta-feira, 21 de abril de 2004

O salário família e a exploração infantil.

E parece que o governo federal, a fim de compensar o baixo índice de aumento do salário mínimo, vai subir o salário família - que passará dos atuais R$ 13,40 para R$ 25,00 por cada filho.

E depois ninguém entende porque o Brasil não sai do chão.

Um país que precisa, urgentemente, conter os índices de natalidade, não pode oferecer qualquer tipo de benefício baseado no número de filhos. Já não basta a miséria cultural que grassa nos ambientes mais pobres - e que dificulta muito a introdução de qualquer método contraceptivo - ainda premiamos quem aumenta a prole!

E não me venham os inocentes alegar que o tal "prêmio-filho" tem o limite de três crianças por família.

Hoje, criar três filhos é um luxo que nem mesmo as famílias mais abastadas estão se dispondo a bancar.

Mas fica, obviamente, muito mais fácil se der para mandá-los, ainda em tenra idade, vender balas nas sinaleiras, drogas nas portas das escolas ou o próprio corpo nas esquinas. Mais fácil ainda, quando se ganha do governo R$ 25,00 por "cabeça".

Tudo, é claro, com a bênção de Roma - que vê pecado na pílula anti-concepcional, mas não parece dar a mínima para a exploração infantil.

segunda-feira, 19 de abril de 2004

Diga-me o que assistes...e eu te direi quem és.

O canal de TV do Hezbollah, Al-Manar, exibe um programa de perguntas e respostas no qual os participantes devem ir avançando sobre o mapa do Oriente Médio. O prêmio é pago, logicamente, para o participante que conseguir invadir virtualmente Israel.

Dentre as muitas perguntas, destacam-se aquelas em que os jogadores devem acertar os nomes dos autores de atentados terroristas. Clique aqui para ler a matéria da BBC.

Enquanto isso, Espanha e Honduras estão retirando suas tropas do Iraque.

O que uma coisa tem a ver com a outra?

Tudo.

Quem não dormiu nas aulas de História, sabe que Israel sempre foi "posto avançado" da civilização ocidental no Oriente Médio. E, cada vez mais, o ódio à Israel está se amalgamando com o ódio generalizado ao Ocidente.

Honduras até dispensa comentários. Já Zapateiro, sempre preocupado em manter a popularidade fácil que lhe garantiu o poder, está brincando com fogo. Além de continuar sem Gibraltar, ficará também, em curto espaço de tempo, sem qualquer moral para combater o terrorismo islâmico.

Não há dúvidas de que este moço andou cabulando as aulas de geopolítica.

domingo, 18 de abril de 2004

Dia do Índio

Diante da declaração do presidente da FUNAI - de que a chacina dos garimpeiros na reserva Roosevelt se justifica pela ótica da "defesa das terras" - , cabe perguntar:

A mesma lógica pode ser aplicada a fazendeiros cujas propriedades são invadidas pelo MST?

quarta-feira, 14 de abril de 2004

O despertar da Europa.

E o líder da cruzada islâmica contra o Ocidente volta a se manifestar.

Confirmada a autenticidade da última gravação de Osama Bin Laden, a Europa se vê na obrigação de tomar uma atitude: aceitar o ultimato ou colocar-se naquela posição humilhante em que já se encontra a Espanha.

Blair demonstrou, em passado recente, que não tem medo das urnas. Também a Polônia - a julgar pelas últimas declarações de seu Ministro de Relações Exteriores - se mostra disposta a um "vem que tem".

Por parte da Itália, Berlusconi, já deu inúmeras provas de que não aceita qualquer tipo de coação. Schöreder, por sua vez, está muito perto de ter que sair de cima do muro: a possível conexão da Universidade Erlangen-Nuremberg com militantes da Al Qaeda fica cada vez mais evidente e incômoda. Economicamente dependente das grandes potências - e sofrendo os efeitos de um terrorismo doméstico - a Rússia deverá seguir o fluxo.

Resta, é claro, a França, com sua já tradicional tendência para render-se a qualquer ameaça invasora. Mas os franceses nunca contaram muito. E eles sempre acabam, cedo ou tarde, se dando conta disso - às vezes de forma dolorosa.

Comemoremos, portanto. Ao contrário dos inúmeros prognósticos realizados nos últimos dois anos, a Europa parece ter despertado. E está disposta a mostrar que a civilização ocidental não se curvará ante o furor assassino de bárbaros teocratas.

Que venha Bin Laden.

Vai faltar virgem no céu.

segunda-feira, 12 de abril de 2004

Rio: sem punição não há solução.

Fico impressionada como, diante da guerra civil que assola as favelas cariocas, ainda surgem pessoas para sugerir, em rede nacional de televisão, "um maior diálogo com a comunidade", " a realização de debates " ou coisa que o valha. Me impressiono porque, em primeiro lugar, agora não é hora para isso. Em segundo, porque ninguém parece se dar conta de que esta tem sido a estratégia utilizada nos últimos vinte anos. E ela é furada, meus amigos.

O problema da criminalidade neste país atende por dois nomes: impunidade e drogas. A questão do crime organizado no Rio não foge a esta lógica. Nas duas últimas décadas, assistimos a um movimento de afrouxamento moral em relação ao crime. Tal afrouxamento, principalmente no que se refere ao tráfico, teve como a base justificativas de cunho social, político e ideológico.

Diante da injusta distribuição de renda do país, o tráfico de drogas passou a ser encarado mais como questão social - e menos como crime. Pelo fato de habitar a favela - local de pobreza exponencial - o traficante é, hoje, encarado mais como excluído social do que como criminoso. Através desta inversão de estereótipos os incluídos da sociedade podem expurgar sua culpa em relação aos menos favorecidos - livrando-se, talvez, de tomar uma atitude mais concreta para resolver o problema sob o ponto de vista político.

Por outro lado, também o usuário de drogas tornou-se beneficiário de maior condescendência. De infração, o uso de drogas foi se transformando, pouco a pouco, em doença - psicológica ou emocional, se o usuário é oriundo de camadas abastadas; doença social, se ele pertence à massa dos chamados excluídos. Este processo culminou em fevereiro último, quando a Câmara dos Deputados aprovou o fim da prisão para dependentes de drogas.

Os que me acompanharam até aqui logo entenderão porque seria infrutífero, neste momento, ouvir a sociedade. No que diz respeito à criminalidade, a sociedade tornou-se refém de uma ideologia permeada de culpa - bem ao gosto da nossa herança judaico-cristã. Nossa incapacidade política de resolver questões sociais nos impede de ver o tráfico na simplicidade do que ele realmente é: um crime.

sábado, 10 de abril de 2004

Reformando a casa

Depois de mais de um ano com o mesmo visual, achei melhor fazer uma reforminha. Ainda não estou totalmente satisfeita com o resultado. Portanto, deveremos ter mais mudanças nos próximos dias.

Mas ficar lidando com o template - coisa para a qual não tenho muita habilidade - acabou tomando todo o tempo que dedico ao blog. Assim, acabei não escrevendo sobre coisas importantes que estão acontecendo. Vamos por tópicos:

O senador Arthur Virgílio, líder do PSDB no Senado, embalado com o caso da vistoria da AIEA, resolveu se engajar no discurso anti-americanista: diz ele que "o Brasil não deve ser tratado como o Iraque". Balela sensacionalista que só serve para aumentar a a visibilidade no senador e a antipatia dos tupiniquins em relação ao vizinho rico.

Já a a situação no Iraque, por sua vez, está a cada dia mais terrível. Incrível como este fato, pela mera sugestão de um suposto fracasso norte-americano, faz delirar a imprensa brasileira. Este pessoal parece não pensar no que significa, realmente, para o povo iraquiano, uma derrota da coalisão. Meu amigo Garcia Rothbard escreveu um artigo muito lúcido a este respeito.

Das coisas nem tão importantes assim:

A vida imita a arte 1: Schwarzenegger, governador da Califórnia, em férias no Havaí, salvou banhista que estava se afogando.

A vida imita a arte 2: Marcelo Faria, ator global, trata fotógrafo à pontapés.

Deve haver alguma explicação para o modo como a vida imita a arte aqui e "lá".

Feliz Páscoa para todos.

domingo, 4 de abril de 2004

O átomo e o fio do bigode.

O Brasil está dificultando a inspeção da Agência Internacional de Energia Atômica - órgão da ONU - na fábrica de enriquecimento de urânio a ser inaugurada, no próximo mês, em Resende (RJ).

Chegando à imprensa repleta informações extra-oficiais, a notícia informa que a principal alegação das autoridades brasileiras gira em torno do sigilo tecnológico. Já o Ministro Eduardo Campos mostra-se indignado com a desconfiança da AIEA, uma vez que tanto pela Constituição nacional quanto pelo Tratado de Não Proliferação, assinado em 1970, o Brasil demonstra claras intenções de jamais enriquecer urânio para fins bélicos.

Não entendo a indignação do ministro. Durante a campanha presidencial, Lula declarou que achava injusto o Tratado de Não Proliferação. Também o ex-ministro Roberto Amaral andou dizendo que o Brasil não deveria abandonar as pesquisas na área da fissão nuclear - base para a produção da bomba atômica.

Ou seja: toda esta confusão é mais um fruto da inconseqüência discursiva do nosso atual governo - aspecto que temos tratado, com algum insistência, neste blog. O discurso - principalmente o anti-americanista - tem sido a via pela qual este governo procura acalmar as alas mais decepcionadas da esquerda circense. Mas quando se trata de sofrer as conseqüências deste mesmo discurso, o governo mostra-se indignado.

Pragmáticos e pouco afeitos aos acordos baseados no "fio do bigode", os americanos estão, como sempre, apelando para um raciocínio lógico: se nada há, deixem a AIEA inspecionar. Já a proposta das autoridades brasileiras é passível de provocar gargalhadas: querem permitir apenas que os técnicos da ONU espiem por cima dos tapumes da obra.

No que me diz respeito, penso que uma inspeção total e irrestrita é de interesse da sociedade brasileira. Não só para se ter certeza de que o nosso país está cumprindo as promessas de não manipular urânio com fins militares mas, principalmente, para nos assegurarmos de que tal procedimento está sendo feito dentro de rígidas normas de segurança.

A somatória de alta tecnologia, escassez de recursos e desleixo governamental já nos garantiu sérios problemas. No passado mais recente, está o episódio da base de Alcântara. No mais remoto - e mais temerário - o episódio do "Cesio 137".

quarta-feira, 31 de março de 2004

Ainda sobre o Catarina

Muitos dos posts são relacionados à minha suposta "experiência" durante o furacão Catarina.

Pessoas...poupem as lágrimas. Minha cidade estava mesmo na rota de colisão, mas felizmente escapou.

O que não significa que não sentimos muito medo - principalmente porque era muito difícil obter informações. A mídia televisiva nacional praticamente ignorou o fato. Tínhamos apenas a internet e as rádios locais - que, a partir de um determinado momento, não podiam mais ser sintonizadas.

Agora, é claro, as televisões estão fazendo jus a sua fama de abutres: não param de explorar a tragédia. Quanto ao compromisso de informar a sociedade, nota zero.

De nariz em pé?

Se alguém ainda não percebeu - e eu mesma demorei a me dar conta - , estamos no "blogs of note" desta semana.

Tal fato tem, é claro, algumas implicações.

Estar compartilhando a mesma semana com o Dennis do Caderno Mágico é um grande orgulho.

Receber gente nova, inteligente e bem informada, é outra coisa que faz bem para a alma.

Mas aos representantes do analfabetismo virtual, aviso: não sei o que significa "naum", "blz" ou ""kde". Portanto, poupem as pontas dos dedos porque eu não vou mesmo ler esta troglodice.

E há, também, os carentes....aqueles que não lêem mas elogiam para ver se conseguem arrancar-me uma visitinha - quem sabe um post? - em seus próprios blogs. Desistam. Eu não sou bloggeira de carteirinha. Apenas utilizo esta tecnologia como utilizaria qualquer outra que me permitisse escrever e divulgar o que penso.

Aos demais - mesmo as pedagogas - digo que são muito bem vindos e que espero que fiquem. Apenas terão que me desculpar, pois estou viajando à trabalho e não terei muito tempo para responder aos posts.

Já aos fiéis leitores de sempre - que aqui chegaram, há mais de um ano, por sua própria conta e risco - peço um pouco de paciência: esta súbita fama dura menos que uma semana. Em breve, voltaremos àquele doce a confortável anonimato.

segunda-feira, 29 de março de 2004

Fundamentalismo meteorológico

Desde a noite de quinta-feira, os americanos avisavam que se tratava de um furacão de categoria 1 - capaz de produzir ventos entre 119 e 153 quilômetros por hora. E, coisa inédita desde a década de sessenta - quando se começou a monitorar tais fenômenos - este havia se formado no Atlântico sul.

Então os institutos brasileiros, do alto de sua falta de experiência, explicaram que não se tratava de um furacão: afinal de contas, ele não era quente no núcleo, como um furacão deve ser...também não girava em dois sentidos diferentes, como deve girar um furacão.

O americanos avisaram novamente: a coisa tinha forma, ritmo e velocidade de furacão. Humildes, reconheceram que, por se tratar de um fenômeno inédito, talvez fosse um furacão com características também inéditas. Mas viria com a força de um furacão... ah viria.

Porém, o fundamentalismo acadêmico - desta vez, personificado nos meios meteorológicos brasileiros - mandou o seu costumeiro recado: o que é bom para os EUA não é bom para o Brasil. Ponham suas violas no saco, yankees...de ciclone brasileiro entendem os brasileiros!

Ocorre que esta que vos escreve estava em rota de colisão com o fenômeno. Por isso, passou a noite de sábado para domingo em claro, aguardando a tragédia e - a fim de não se sentir tão impotente - acompanhando, em um fórum da internet, as análises de especialistas canadenses e americanos. Todos eram unânimes em dizer que se tratava de um furacão. Unânimes em afirmar que marcaria entre 119 e 153 quilômetros por hora. Estavam, também, em franco desespero, em virtude do descaso dos meteorologistas brasileiros.

O resultado todos conhecem: ventos de 150 quilômetros por hora. E a tremenda cara de pau dos especialistas brasileiros, que não se envergonham de declarar - somente agora - , que não tinham os instrumentos necessários para realizar uma análise acurada.

Posso lhes garantir que em Arroio do Silva ninguém tem dúvidas: foi furacão.

O resto é fundamentalismo meteorológico.

segunda-feira, 22 de março de 2004

Abrindo os portões do inferno.

A abertura dos portões do inferno foi anunciada ontem, por radicais islâmicos, em resposta ao assassinato de Ahmed Yassin.

Mas eu pergunto: que inferno?

Seria aquele, talvez, onde ninguém se sentisse plenamente seguro de tomar um trem ou avião? Aquele em que homens, mulheres e crianças são convocados a se tornarem bombas humanas? Ou, ainda, aquele em que as nações ocidentais são invadidas, e seus civis chacinados, sem que qualquer declaração formal de guerra tenha sido feita?

As portas deste inferno, caro leitor, já foram abertas há muito tempo.

É bem provável que esteja se aproximando a hora em que elas serão definitivamente fechadas.

De fato, o radicalismo islâmico parece não ter compreendido a magnitude dos últimos atentados que cometeu contra o Ocidente. Enquanto ameaça amplamente vociferada, o terrorismo tinha muito poder de barganha. Enquanto realidade concreta, poderá perder, em prazo bastante curto, esta força.

Alguns irão apontar o pleito eleitoral espanhol como refutação a este meu argumento.

Pois eu digo que, em breve, a Espanha se dará conta de que colocar-se numa posição de refém do terror não foi uma estratégia muito inteligente.

Na lei de forças inerente ao terrorismo, há dois princípios básicos: o primeiro, é que a ameaça é sempre maior vindo de quem nada tem a perder. O segundo, é que uma ameaça realizada corre o risco de ver sua potência enfraquecida.

O radicalismo islâmico parece não entender esta lógica, posto que continua anunciando a chegada de um inferno que já está, há muito, estabelecido entre nós. Assim como não entende que suas ações vêm, paulatinamente, colocando o Ocidente na posição de quem não tem nada a perder.

O assassinato de Ahmed Yassin é um sinal de que esta lógica já está posta em movimento.

quarta-feira, 17 de março de 2004

Leonardo Boff comemora o terror.

Ídolo de esquerdinhas, pedagogas e acéfalos em geral, Leonardo Boff acaba de deixar claro o que pensa sobre o terrorismo.

Em artigo para o site "rebelion.org", o Prêmio Nacional de Direitos Humanos de 1992 escreve:

"Hemos defendido la tesis de que la única guerra que pueden ganar los pequeños es ésta, la del terror. Los pequeños son imbatibles cuando aceptan morir y se hacen personas-bomba. Contra un hombre/mujer-bomba no hay defensa

posible."

Quem quiser ler esta porcaria na íntegra pode clicar aqui.

Aconselho tomar um sal de frutas antes.

terça-feira, 16 de março de 2004

domingo, 14 de março de 2004

Espanha e a Síndrome de Estocolmo

A Espanha acaba de deflagrar um novo fenômeno psicosocial: a Síndrome de Estocolmo Coletiva.

Transtornados pelos atentados da última quinta-feira, os espanhóis não foram capazes de romper com o cenário armado pela Al Qaeda. Passaram, ao contrário, a compactuar com este cenário, dando aos seus algozes a resposta exata por eles pretendida.

Ao ir às urnas, o povo espanhol não considerou os ótimos avanços do governo Aznar, realizados nos últimos oito anos, na contenção do terrorismo doméstico personificado pelo ETA. Não considerou, também, que - diante do quadro eleitoral apresentado antes dos ataques - levar o PSOE ao poder significava, em última análise, atender às reivindicações da Al Qaeda.

Estarrecido, o povo da Espanha permitiu que a maior organização terrorista de todos os tempos lhe determinasse o destino.

Com isso, a Al Qaeda obtém uma vitória muito maior do que aquela conquistada em 11 de setembro de 2001: está, agora, no comando político de uma nação européia.

Em meio às comemorações por esta conquista, os fanáticos membros desta organização já devem estar, certamente, pensando em qual será a próxima nação a ser posta de joelhos.

É de se esperar que a Europa acorde antes que a situação seja irreversível. É de se esperar que o velho mundo não delegue apenas à Inglaterra e aos Estados Unidos a tarefa de enfrentar o problema da única maneira que é possível fazê-lo: com coragem. Coragem e amor pela civilização ocidental.

sexta-feira, 12 de março de 2004

Espanha II

E a premiada pelo Nobel da Paz, Shrin Ebad, já começou a prestar serviço à causa terrorista. Famosa por suas declarações de que " o Islã é vítima de mal-entendidos" , ela agora declarou, em entrevista à Agência Estado, que :" Precisamos encontrar a origem do terrorismo. Enquanto não soubermos os motivos do terrorismo, punir os autores de atentados não dará qualquer resultado." Inquirida sobre qual seria, então, a razão do terrorismo, Ebad respondeu laconicamente: " O que encoraja o terrorismo é a injustiça".

E o frouxo - ou deveria dizer "partidário"? - jornalista não foi capaz de perguntar sobre o conceito de "injustiça" para Ebad.

Note, leitor, que se a entrevistada fosse de origem ocidental, tal pergunta não seria necessária - faz tempo que o ocidente comunga de um senso ético quase homogêneo a respeito de justiça/injustiça. Exceção feita à Cuba, não há , do lado de cá do globo, dúvidas sobre coisas simples como respeito à vida, à liberdade e à propriedade.

Infelizmente, não se pode dizer o mesmo a respeito da cultura à qual pertence nossa mais nova Nobel da Paz. Ali, o senso de justiça pode variar muitíssimo ao sabor de questões tribais, étnicas, religiosas ou de cunho meramente sexual.

Há, por exemplo, na cultura da Sra. Shirin Ebad, um senso de "justiça" que estimula bombeiros a não salvarem meninas de uma escola em chamas porque as mesmas estão com as cabeças descobertas. É o mesmo senso de "justiça" que estimula alguns indivíduos a planejarem a morte de inocentes civis ocidentais. É o senso de "justiça" que nunca declara guerra abertamente, que nunca dá chance para a negociação ou a evacuação de civis. É o senso de justiça do ódio insidioso, silencioso e fatal, que hoje embarca livremente nos aviões e trens do ocidente.

Espanha I

Morei por duas vezes fora Brasil. Uma em Nova Iorque...outra em Madri.

Portanto - à exemplo do que aconteceu naquele fatídico 11 de setembro - , estou, mais uma vez, maquiada para guerra e de lanças afiadas. Razão têm Bush, Aznar e Oriana Falaci. Façamos reviver aquele grito de "Santiago!" enquanto é tempo.

quinta-feira, 4 de março de 2004

EUA: democratas inauguram temporada demagógica.

Nesta semana, o prato principal da imprensa norte-americana é a veemente crítica que os democratas vêm fazendo à utilização de cenas relacionadas aos ataques de 11/9 nas campanhas de George W. Bush.

Me dei ao trabalho de assistir aos filmes da campanha. E posso assegurar que aquele que é o motivo principal das críticas -Tested *- não é nem um pouco apelativo ou sangrento. Não há cenas dos aviões se chocando contra as torres, ou das mesmas desabando, ou do desespero estampado no rosto dos novaiorquinos - desespero que, é bom lembrar, foi amplamente explorado pela mesma mídia que hoje dá espaço à demagógica denúncia democrata. O filme faz, isto sim, uma referência ao ocorrido, mostrando os bombeiros como heróis e a capacidade de recuperação norte-america - que, de acordo com a campanha, foi potencializada pela liderança de Bush.

Não entendo por qual motivo um presidente candidato à reeleição não possa utilizar qualquer fato ocorrido ao longo de seu governo. Que pensar, então, de um fato extremamente trágico, que alterou o cenário político e econômico não só dos EUA mas do mundo todo?

Pois a questão é que, sob o ponto de vista político, as crises podem ser facas de dois gumes. Em 12 de setembro de 2001, Bush tinha nas mãos um grande problema. Hoje, ele tem um trunfo de campanha. Magoados com sua má sorte, os democratas buscam transformar em maquiavélica a natural utilização deste trunfo.

Mas o pudor democrata não passa, é claro, da mais inglória hipocrisia - que deverá, em breve, virar-se contra a própria campanha de Kerry.

Uma vez que condena a atitude republicana, o comitê do candidato democrata deverá se abster de utilizar qualquer imagem relacionada à intervenção militar no Iraque - sejam elas cenas de civis iraquianos mutilados ou matérias com familiares de soldados americanos vitimados pela guerra.

Veremos se eles resistem à tentação.

* Para assistir aos filmes publicitários em questão - e poder falar com conhecimento de causa - visite o site da campanha: http://www.georgewbush.com/tvads/.

quarta-feira, 3 de março de 2004

O demônio entre nós

Não consigo pensar em uma pena suficientemente boa para punir o responsável - ou responsáveis - pelo assassinato de 61 animais no zoo paulista. Só espero que não me apresentem uma justificativa de "insanidade mental". Malucos não conseguem arquitetar algo tão premeditado. Aliás, malucos, de modo geral, gostam de animais - há até programas em que pets visitam manicômios, promovendo melhoria no estado mental dos pacientes.

E, por favor: me poupem dos comments politicamente corretos... eu falo "maluco" e "manicômio" sim...e daí?

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004

Quem não sabia?

Um mês antes das últimas eleições presidenciais, podíamos vaticinar o que nos ocorreria nos quatro anos seguintes. Esperávamos a morosidade das reuniões infindáveis. Sabíamos do discursos, que continuariam como se o presidente e sua equipe ainda estivessem em campanha. Imaginávamos o matiz anti-americanista a ser adotado pela política externa e o lançamento de programas sociais bombásticos mas ineficazes.

Porém, consolava-nos a hipótese - ainda que remota, considerando-se a atuação do PT no Rio Grande do Sul - de que este governo fosse, como promulgara em seus discursos, menos corrupto.

O primeiros sinais de que o barco fazia água começaram cedo, embora tímidos: a escapadela da ministra Benedita à Buenos Aires para um encontro religioso. Mas o episódio envolvendo o homem de confiança de José Dirceu acaba de colocar uma pá de cal sobre qualquer esperança.

E uma vez que não é mais ético do que qualquer outro que já tenha ocupado o Planalto, o governo atual apresenta-nos somente aquela face já prevista: a da morosidade, do discurso fácil, da tacanhice ideológica e da incompetência.

À despeito da máquina de propaganda que têm a seu dispor, penso que será muito difícil para este governo articular uma reeleição

sábado, 14 de fevereiro de 2004

Sinal de fumaça

Juíza a paulista condena empresas fabricantes de cigarro a indenizar por danos morais e materiais os fumantes e ex-fumantes daquele Estado que tiveram problemas de saúde.

Enquanto isso, em Brasília, a Câmara dos Deputados aprova o fim da prisão para dependentes de drogas. Agora caberá aos Juiz decidir se determinado portador de cigarros de maconha é traficante ou apenas usuário. Caso o magistrado decida-se por esta última hipótese, o flagrado leva apenas uma reprimenda verbal ou, em situações mais graves, uma pena em serviços comunitários.

Diante destas duas notícias, conclui-se que a idéia é fechar o cerco ao tabagismo e afrouxar o cerco às drogas.

Mas há , aqui, alguma coerência: se as indústrias de cigarro fecharem, ninguém vai reclamar o aumento do desemprego.

Estarão todos chapados demais para isso.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2004

ISCAS BEM PASSADAS

Só pra não passar em branco

A prisão de Saddam fechou 2003 com chave de ouro. Aposto que, ali por outubro, às vésperas da eleição, vai ser a vez do Bin Laden. E ainda tem gente que acha o Bush burro.

Já o "dedo" do piloto americano não deu o menor ibope lá fora. Só aqui mesmo que este tipo de coisa vira notícia.

E vamos combinar: morri de vergonha daquele avião apinhado de brasileiros extraditados que desembarcou outro dia.

Esta história do "menino Irruan" não me cheira nada bem. Do jeito que foi feita a coisa, nota-se que ninguém está muito preocupado com o bem-estar do moleque. E tem uma pergunta que não quer calar: o pai deste menino tinha posses?

terça-feira, 10 de fevereiro de 2004

Diletos visitantes,

Mesmo que este não seja um espaço dedicado à minha produtiva - e, por vezes tediosa - vida, penso que cabe me desculpar pelo abrupto e longo silêncio.

Ocorre que, nos últimos setenta dias, estive às voltas com viagens e mudança de emprego. Tudo programado antecipadamente.

O que não estava no projeto, era a morte da minha laptop quatro dias antes da viagem.

Sem tempo para fazer mais nada, acabei deixando a dita, ou seja: me larguei mundo à fora sem micro.

Quem sabe o preço da hora em um cyber café entenderá não havia a menor condição desta que vos fala ficar blogando.

Aceitem minhas desculpas e eterno agradecimento pelas palavras de apoio.

De certa forma, não deixa de ser coerente que este meu gelado nariz se aquiete no verão.

Mas o que importa é que estamos de volta renovadas...eu, minha laptop e a caneca de café - que agora é do Wisconsin.

Abraços gerais