segunda-feira, 31 de março de 2008

Ver petista lamber a "PIG"... Não tem preço.

"Mas, Sr. Presidente, o que me traz à tribuna hoje é a matéria da revista Veja desta semana cujo título é o seguinte: 'C: a classe dominante. Com 86 milhões de brasileiros, a classe C torna-se a maior do País. Saiba como esse fenômeno populacional e de mercado vai revolucionar o Brasil'”.

(Sibá Machado, hoje, pontuando a credibilidade da revista Veja entre os petistas)

Petistas, dossiês e a oposição: o passado vos condena

Lula acaba de acusar o golpe: escalou Gilberto Carvalho para tentar desfazer a crise do dossiê. Significa que a coisa está complicada.

Gilberto Carvalho, se vocês não lembram, é o coringa para momentos de crise. Em maio de 2006, quando Silvio Pereira deu aquela bombástica entrevista, Carvalho foi o primeiro a falar com a imprensa, lançando a versão de que o ex-secretário do PT estava mentalmente desequilibrado. Em 15 de setembro do mesmo ano, quando os "aloprados" foram pegos com a mão em 1,7 milhões, para quem Jorge Lorenzetti telefonou? Sim, para ele, Gilberto Carvalho, o homem das crises.

Agora, uma vez que o TCU desmentiu as explicações - insistentemente repetidas desde quinta-feira - de Dilma Roussef, Carvalho entra em campo para nos fazer engolir uma previsível versão ministerial daquele enxovalhado "eu não sabia", tantas vezes utilizado por Lula. Vocês já leram: "Dilma foi traída e o governo está a caça dos traidores".

Poderia até dar certo. Se, em 20 de fevereiro, Dilma não tivesse dito a 30 industriais que o governo estava reunindo informações sobre gastos com cartão no governo Fernando Henrique. Se eu tivesse motivos para acreditar que Dilma Roussef é uma petista diferente de Dirceu e Palocci - que até hoje estão se explicando na Justiça a respeito de supostos crimes cometidos na defesa do "governo popular do PT".

Finalmente, a justificativa de Carvalho poderia colar se, antes mesmo de estourar este probleminha com os cartões corporativos, jamais tivesse havido qualquer atitude semelhante - em síntese, governistas brandindo dossiês e informações do passado para intimidar a ação da oposição em CPIs.

Acontece que houve. E não falo apenas dos "célebres" aloprados que tentaram comprar um dossiê contra os tucanos durante a última campanha presidencial. Falo de outros antecendentes, que bem demonstram que ameaçar a oposição e tentar paralisar CPIs com dados do governo Fernando Henrique é um método petista fartamente utilizado.

Ou vocês já esqueceram de Ideli Salvatti, em 2005, recebendo um suposto dossiê que, supostamente, comprovava fraude nos Correios durante o governo Fernando Henrique? O que ela fez com esta informação? Egoliu, sentou em cima ou coagiu a oposição?

Ou já esqueceram, também, que a CPI das ONGs foi praticamente paralisada por conta de uma negociação - na qual a oposição teria poupado a filha do presidente da República, Lurian Lula da Silva, ex-dirigente da ONG 13, para manter intocado o Comunidade Solidária, programa da ex-primeira dama, dona Ruth Cardoso?

Quer dizer: Carvalho, Dilma e o PT inteiro podem negar de pés juntos que não fizeram um dossiê que não vai adiantar. O passado fala por todos eles. Resta, agora, saber como agirá a oposição: vai engolir o sapo, como fez na CPI das ONGs? Ou vai partir pra cima como prometeu, na última sexta-feira, o senador Arthur Virgílio?

domingo, 30 de março de 2008

Bolão do Lula

Dirceu levou dez dias para cair. Em 6 de junho de 2005, a Folha publicou aquela bombástica entrevista com Roberto Jefferson. No dia 16, José Dirceu deixou o Super-Ministério da Casa Civil.

Palocci caiu em sete. Numa segunda-feria, 20 de março de 2006, ficou claro que o sigilo do caseiro Francenildo fora violado. Na segunda-feira seguinte, dia 27, Antônio Palocci deixou o Ministério da Fazenda.

Quanto tempo levará Dilma Roussef?

sábado, 29 de março de 2008

Um detalhe

Ontem eu disse que não acreditava na hipótese do fogo amigo atingindo Dilma Roussef.


A despeito das razões que enumerei, havia também uma certeza: o fato de Dilma ser a sucessora da vez não justificaria, por si só, um ataque desta monta. Primeiro porque 2010 está muito longe. Segundo - e talvez mais importante do que a questão do tempo - a ministra está mal nas pesquisas presidenciais. Ela precisará melhorar muito para que Lula transforme seu desejo em fato consumado. E, uma vez que não há certeza alguma para um "Dilma 2010", não haveria razão para um ataque tão virulento - e tão precoce - passível de respingar até no próprio presidente Lula.

Acontece que havia um detalhe que eu não estava considerando. E se a ministra não estivesse sendo atingida apenas pelo que ela, para usar a expressão de Ideli Salvatti, "poderá vir a representar em 2010" mas, também, por questões outras?

Pois eis que surge uma boa hipótese que, até onde eu sei, não foi ventilada por mais ninguém... Isto, sim, me faria acreditar em fogo amigo.

Para Dilma, com carinho

"Afirmamos que é um banco de dados e que a quantidade de informações que tem um banco de dados é 20 mil vezes maior do que um dossiê".

(Dilma Roussef, ontem)

"Provem que não é um banco de dados, provem. Não fiquem assacando contra nada".

(idem)

Da coluna Painel, da Folha de S. Paulo, hoje:

"Secretários-executivos de todos os ministérios foram chamados para uma reunião do Planalto na quarta-feira passada. No encontro, o número dois do Planejamento, João Bernardo Bringel, determinou que os presentes providenciassem, o mais rapidamente possível, cópias de todos os processos de suprimentos de fundos (despesas feitas com cartões e contas tipo B) em suas respectivas pastas nos últimos dez anos para atender à demanda da CPI.

O volume de dados é tão caudaloso que dois dias depois, à luz da revelação da Folha de que o braço direito de Dilma Rousseff ordenou um levantamento de despesas de FHC e Ruth Cardoso, secretários interpretaram a orientação recebida como uma tentativa de embaralhar tudo e justificar o dossiê."

sexta-feira, 28 de março de 2008

O discurso de Arthur Virgílio

Há muita discussão na web sobre o que o senador Arthur Virgílio teria - ou não - dito em plenário, hoje pela manhã.

Eis o áudio do discurso, na íntegra, dividido em três partes:

Parte 1 - Sobre os 40 anos do assassinato de Edson Luiz, matéria de hoje de O Globo. - O escândalo do Bancoop - Leitura da matéria da Folha de S. Paulo Sobre o dossiê: Erenice Alves Guerra e a lição para a tropa de choque da CPI.

Parte 2 - A ida ao Palácio do Planalto para levar documentos que solicitam a abertura de sigilos. - O encontro com Gilberto Carvalho e Erenice Guerra - Erenice é perigosa - A candidatura de Dilma - O alopramento de Dilma - Lula em campanha.

Parte 3 - O caso Francenildo: Palocci caiu - Aparte do senador Heráclito Fortes - A luta armada - Dilma e o assalto ao cofre de Ademar de Barros - Dilma já chegou a extremos: não é impossível que tenha chegado novamente - o MDB e o retorno pacífico à democracia - Enfiem a viola no saco: não haverá terceiro mandato.

Não é frigideira. É certeza de impunidade.

Senador Heráclito Fortes, agora, na tribuna, afirmando que Dilma Roussef é vítima de um processo de fritura nascido dentro do próprio governo. O senador está se inspirando na tese da jornalista Lucia Hippolito - a quem citou em seu pronunciamento de ontem.

Respeito a opinião da Lúcia. Mas discordo dela. Por mais que nos pareça impossível acreditar que assessores tão importantes agiriam assim sem que fosse de caso pensado - sem que fosse para atingir diretamente a alguém - é exatamente isso. Não é fritura de "a" ou "b". É apenas a ação despreocupada de quem tem certeza de que não será pego - e que se for pego vai, no máximo, cumprir umas horinhas semanais em uma zeladoria urbana qualquer.

Os petistas no poder agem inspirados na certeza da impunidade - o que equivale a dizer que agem com profundo conhecimento do Poder Judiciário tupiniquim, que jamais mantém políticos e assessores atrás das grades. Vai daí que os petistas sejam tão descuidados, deixando sempre as marcas das patinhas por onde quer que andem. Foi assim com o mensalão. Foi assim com a invasão da conta do caseiro Francenildo. Foi assim com o dossiê dos 'aloprados'. Será assim agora, com Dilma - e também com Lula, que faz campanha eleitoral antecipada, com dinheiro público, nas barbas do TSE.

Vida que segue

Imagino que, a esta hora da manhã, vocês já leram a notícia várias vezes: a Folha de S. Paulo investigou e descobriu quem era a mulher por trás do dossiê revelado na última edição da Veja. Pouco importa o que dirão os membros da imprensa chapa-branca, alguns frustrados professores de jornalismo e outros bêbados: é jornalismo investigativo de primeiro mundo.


De terceiro mundo vai ser a seqüência da coisa: Erenice Alves Guerra vai assumir a culpa. Tal qual Silvio Pereira, Delúbio Soares, Antônio Palocci e Jorge Lorenzetti, Erenice dirá que agiu por conta própria, sem conhecimento de Dilma. Em seguida, pedirá demissão. Assunto encerrado. Vida que segue. Bom jornalismo. Porcaria de país.

O dia em que meu ouvido virou penico

Não consigo me decidir sobre qual foi o pior das últimas 24 horas: o 'telefonema' de Lula para Bush, Cesar Maia dizendo que foi a Salvador buscar boas energias para lutar contra a dengue ou Lula, novamente ele, chamando Hugo Chávez de pacificador.

quinta-feira, 27 de março de 2008

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Jarbas Vasconcelos: "Médici alcançou 84% de aprovação"

O senador Jarbas Vasconcelos fez contundente aparte, hoje à tarde, a um pronunciamento de Heráclito Fortes.

Um balanço geral de como a desmoralização de todas as instituições visa garantir o terceiro mandato de Lula.

Clique aqui para ouvir (o aparte começa aos 3m19s).

Lula e a galinha

Ontem, Lula subiu em um palanque para, mais uma vez, fazer pouco de graves denúncias que pesam sobre um seu aliado. Novamente, as acusações foram atribuídas a manobras vazias de uma oposição elitista e preconceituosa. Desta vez, o agraciado com a fidelidade presidencial foi ex-deputado federal Severino Cavalcanti.

Tal qual a galinha de Bertrand Russel - que todas as manhãs corria até o homem, na certeza de que seria alimentada -, Lula sempre justifica os crimes de seus aliados e companheiros na certeza de que jamais será cobrado por isso. O presidente acredita, por indução, que sua indiscutível popularidade lhe garantirá, para todo o sempre, o direito de dizer qualquer coisa - de transformar, ao seu bel prazer, crimes em calúnias e falcatruas eleitorais em metamorfoses. Ao que tudo indica, Lula não conhece Russel. E não sabe que a indução levou a galinha ao erro: numa manhã qualquer, o homem torceu-lhe o pescoço.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Marisa, pede pra sair

Por esses dias, só há uma coisa que se pode esperar de uma CPMI onde a oposição é franca minoria: que ela sirva de palco para a má vontade do governo em fazer qualquer investigação séria. Que, de Paulo Okamotto a Lula, ela seja a moldura a destacar o medo compulsivo que os atuais ocupantes do Palácio do Planalto têm de qualquer tipo de quebra de sigilo. Que forneça, enfim, muitas imagens que poderão ser utilizadas em campanhas futuras.

Aliás, abro parênteses para dizer que eu espero, do fundo do meu coração, que os assessores parlamentares e aspirantes a marqueteiros políticos andem gravando as sessões de CPIs. Em 2006, a campanha de Geraldo Alckmin não tinha uma só imagem da camarilha petista depondo - ou melhor, se negando a depor - nas escandalosas CPIs de 2005. Sim, é isso mesmo: se há algo que foi distribuído igualitariamente na nossa classe política é a burrice - e a gente se pega tendo que sugerir as coisas mais ridiculamente óbvias.

Fechando parênteses e retornando ao ponto: a única coisa que se pode esperar de uma CPI onde a oposição tem minoria é que ela escancare a podridão governista. Exatamente como aconteceu hoje, na reunião da CPI dos Cartões. Ali estava Ideli Salvatti tentando impedir a todo custo que o general Jorge Félix fosse convocado. Ali estava Almeida Lima, aos gritos, fazendo o possível para esculhambar e encerrar a reunião. Ali estava o deputado petista Luiz Sérgio, em vergonhosa postura para um relator, somando-se à tropa de choque governista para evitar a convocação de Dilma Roussef. Finalmente, ali a má vontade do governo Lula em investigar qualquer coisa materializou-se em um documento que orienta sua base a paralisar a CPI, votando contra todos os requirimentos sugeridos pela oposição.

Ou seja: a reunião de hoje foi mais do que frutífera, na medida em que pode ser frutífera uma CPI realizada em total desequilíbrio de forças. Por isso, fica incompreensível a chorosa decisão da senadora Marisa Serrano de adiar a reunião prevista para amanhã, na qual seriam ouvidos o ministro da Pesca e o ministro do Esporte. A senadora justificou o cancelamento com uma declaração bem pessoal: se disse frustrada por não conseguir fazer as coisas que ela sabe que deveriam ser feitas.

Me parece que o problema da senadora é um pouco diferente. Ela é que não quer fazer a única coisa que, na atual conjuntura, pode e deve ser feita na CPMI dos Cartões: armar o circo e armazenar munição para embates futuros. Não sei se lhe falta estômago, se ela teme macular sua carreira política com jogo tão baixo ou se, sabe-se lá, evita acumular carma negativo para vidas futuras. O que sei é que cabe a ela, enquanto membro mais importante da oposição naquela CPMI, desempenhar este papel nada bonito - mas absolutamente necessário. Se a senadora não se sente apta a tanto, que peça pra sair.

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Senadoras Marisa Serrano e Ideli Salvatti nos ofereceram, há pouco, o primeiro embate ácido da sessão de hoje da CPI dos Cartões. O motivo: Marisa Serrano convocou o ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Jorge Félix, a comparecer em 48 horas à CPI dos Cartões. O General está de férias, nos Estados Unidos.

Para assistir a CPI ao vivo, clique aqui.

terça-feira, 25 de março de 2008

Mundo animal

Foi no final da tarde que ele apareceu.

Um tucano de fibra - espécie considerada em extinção - foi visto, em toda imponência de sua plumagem, a revoar sobre o Congresso Nacional.

Enquanto isso o ratos, um deles visivelmente bêbado, se escondiam nos bueiros.

Justiça seja feita

No início de novembro, reclamei que os dois canais da TV Senado na internet transmitiam a mesma programação. Alertei para o fato de que, como o regimento dá prioridade às transmissões das sessões em plenário, acabávamos privados de assistir ao vivo as reuniões das CPIs - algo injustificável quando se tem dois canais na web.

É improvável que a mudança de postura tenha se dado em virtude da minha reclamação. Mas já que faço barulho ao criticar, é justo que o faça também para elogiar: hoje pela manhã, ao internauta foi permitido escolher se queria assistir a sessão plenária no Canal 1 ou a reunião da CPI das Ongs no Canal 2.

No desejo de que esta prática se torne rotineira, parabenizo os responsáveis.

Quando o salto afunda na lama

Confesso: durante algum tempo, eu pensei que o salto fosse algo inerente aos tucanos. Uma certa dificuldade em descer ao nível do adversário. Foi assim, por exemplo, que eu justificava a derrota de Serra em 2002 - pelo menos aquela parte da derrota que poderia ser atribuída ao partido e seu candidato.

Em meados de 2005, porém, quando surgiram as primeiras denúncias contra Eduardo Azeredo e, ato contínuo, o tucanato começou a pedir pela governabilidade - ou, o que dá no mesmo, a defender a estratégia de "deixar Lula sangrar" - me pareceu óbvio que havia mais coisas por trás daquela pretensa elegância. Sucumbi, contudo, às explicações de que política não era coisa para inocentes.

Mas tal argumento não se sustentou por muito tempo. Porque o comportamento dos tucanos na campanha presidencial foi exatamente este: de uma inocência inexplicável - algo só aceitável entre freirinhas e menininhas de internato. E notem que a coisa seguia disfarçada de elegância: você propunha que Lula estava investindo em estradas na Bolivia, enquanto as nossas estavam em pedaços, e eles respondiam: " não podemos dizer isso porque esta é uma política externa acertada". Entendem? A campanha de Lula mentia descaradamente e os "elegantes" tucanos se negavam até mesmo a dar um outro ângulo para algumas questões. Isto no primeiro turno, é claro. Porque, e eu já cansei de falar isso aqui, a postura da campanha de Alckmin no segundo turno foi absolutamente denunciadora de que os tucanos não esperavam , e provavelmente não queriam, chegar ao segundo turno. Exceto pelo candidato - vide o debate da Band, onde ele superou sua própria natureza para ir na jugular de Lula - estavam todos ansiosos por terminar logo com aquilo.

Portanto, meus amiguinhos, não me venham agora com esta história da carochinha de que os tucanos vão se retirar da CPI dos Cartões em elegante protesto contra hegemonia dos governistas - que se negam a quebrar sigilos - ou, como querem alguns, para evitar um embate desigual, que exponha somente as mazelas tucanas.

Estão em minoria e não vão conseguir investigar qualquer coisa? Pois que aproveitassem o espaço e a visibilidade para jogar a lama lulopetista no ventilador. Mas se, ao contrário, preferem bater em retirada não é por elegância nem em protesto a coisa alguma. É porque, tal qual em 2005, os tucanos querem colocar uma pedra sobre o assunto antes que venha à tona a sua própria lama. E mais: tal qual ocorreu na campanha de 2006, os tucanos não vêem a hora de encerrar este assunto para poderem ir, cada um para o seu rincão, fazer alianças com aqueles que fingem combater.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Suplicynico

Eu acabo de ver Eduardo Suplicy pedir por um entendimento entre governo Chinês e rebeldes tibetanos. Parecia, o senador, muito preocupado em proteger o lado tibetano - é um papel, este de defensor dos fracos e oprimidos, que ele sempre se apressa em representar.

Ocorre que, salvo engano meu, em 2004 o governo que Suplicy representa no Senado Federal reconheceu a soberania da China sobre o Tibet - e o fez em troca de um hipotético apoio para uma hipotética cadeira no Conselho de Segurança da ONU.

sábado, 22 de março de 2008

Gabeira revisita Tim Maia: só não vale mosquito com homem...

"O Rio vive o auge da epidemia de dengue. O problema central de minha atividade e a discussão central nesses dias não é a relação homem com homem, mas mosquito com homem, mulher e criança."

(Fernando Gabeira, respondendo às críticas do senador Marcelo Crivella de que "defende aborto, homem com homem e maconha".)

quinta-feira, 20 de março de 2008

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Tippi Hedren em "The Birds": mulheres e crianças primeiro.

Tem para todos os gostos: Geraldo Alckmin solicitando que se respeite aquilo que se ignorou para fazê-lo presidenciável em 2006; Aécio Neves abraçando o PT com mais força - e sugerindo que os incomodados se retirem; tucanos negociando o fim da reeleição - e mais um ano para Lula? - com Ricardo Berzoini.

Está claro que os tucanos ganharam as ruas, pois não? E como ninguém manda naquele ninho, cada bando está usando uma estratégia diferente para atingir os mesmos e preciosos alvos: a inteligência, a memória e o bom senso do eleitor.

Já que, ao que tudo indica, estaremos expostos a esta sanha tucana por um bom tempo, fica a modesta sugestão do blog: ao avistar o primeiro deles pense em Tippi Hedren, leitor - e fuja, correndo, sem olhar para trás.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Cachorro e menino mordem jornalistas

Há uma certa agitação entre os blogues-de-jornalistas-famosos.

Bastou um ser demitido para que o restante caísse numa espécie de, sei lá, egotrip da categoria.

Uns tripudiaram. Outros utilizaram o estilo obituário para comemorar discretamente.

Houve até um que, indignado e em total solidariedade, pediu pra sair. E há aquele que sumiu porque, dizem, vem mais bilhete azul por aí.

E eu com isso?

Nada , não. Fico só encantada com a coleção de vaidades e maldades.


"Mintam por mim"

"Porque qualquer um pode passar por mentiroso, menos o presidente da República".

(Lula, aqui)

Olhares

Está por toda a imprensa: em 19 de março de 2003 - há cinco anos, portanto -, George W. Bush declarou guerra ao Iraque. Naquele mesmo dia, tropas americanas haviam desembarcado no Kwait. Mas guerra mesmo, no sentido norte-americano da palavra, o mundo só veria dois dias depois, com a operação "Shock and Awe" - era uma tarde de sexta-feira e eu estava por casa quando o som que vinha da TV fez sacudir as vidraças do apartamento.

Desde então, muita água rolou sob esta ponte. O que não mudou foi a opinião de uma grande maioria a respeito desta guerra: há um consenso geral de que ela foi um erro. Algumas vezes, a coisa toda é simplificada como um plano maquiavélico, que tinha como fim único a obtenção de petróleo para Bush e seus amigos - é a herança maldita de Michael Moore. Na verdade, a efeméride cria mesmo um ambiente propício para a manifestação desta e de outras formas de tacanhice - e há gente boa e inteligente que, nestas ocasiões, se deixa levar pelo anti-americanismo.

Por isso, resolvi lembrar a data com a opinião de quem esteve lá: a correspondente de guerra Asne Seierstad. Mais conhecida no Brasil por seu best-seller O livreiro de Cabul, é em 101 Dias em Bagdá que Asne faz um relato pessoal de sua estada no Iraque durante o conflito.


Antipática ao belicismo americano e contrária - como, de resto, boa parte da imprensa internacional - à investida contra o regime de Saddam Hussein, é em sua narrativa do dia 9 de abril, quando os primeiros tanques americanos entraram na capital iraquiana, que Seierstad nos revela uma das milhares de faces de uma mesma guerra. No caso em questão, a face de uma jornalista que viu de perto a morte do regime Hussein. Uma mulher ocidental, que vivera sob medo e pressão as semanas que antecederam à entrada dos americanos em Bagdá:

"Uma coluna de tanques circulava por uma das avenidas. Enormes, ocupavam todas as faixas. Lento, quase piedoso, o primeiro Abrams entrou, rodando na praça do Palácio. Depois, os outros seguiram-no um a um. Rugindo, circularam pela praça.

Era como ver do alto uma ópera aproximar-se do seu 'gran finale'. Éramos o público enfeitiçado e paralisado pelo drama, até que se quebrou o encanto e decidimos entrar em cena. De repente deixamos os nossos assentos, abandonamos as varandas e descemos correndo pelas escadas. Lorenzo a toda velocidade e eu atrás. Na praça do Paraíso, ficamos olhando boquiabertos. Eram uma estranha aparição estes norte-americanos; como figurantes num filme de guerra que desconheciam os planos do diretor para a próxima cena. Todo o seu equipamento fazia-os parecer enormes. Graves e concentrados, avançavam pelo largo, apontando as armas em todas as direções, prontos para atirar, prontos para atacar. Isto era terreno desconhecido e ninguém sabia onde estava o inimigo.

Na praça do Paraíso não estava; isso ficou patente. O primeiro tanque parou quando atravessou a praça ruidosamente e tomou de novo a rua por onde tinha entrado. Os outros tanques fizeram o mesmo. Por fim, controlavam todo o largo.

Os soldados tinham expressões inconfundivelmente norte-americanas, seja lá o que lhes desse esse 'american look'. Eram altos, largos e robustos. Bem alimentados, em suma. Alguns louros, outros morenos, outros negros.

"Acabou-se. A guerra acabou", pensei.


Era como se um nó se soltasse dentro de mim e algo transbordasse. Gritei para um dos tanques:

- Obrigado por vir!

Quis engolir minhas palavras logo que as disse.

Mas tivera tanto medo..."

terça-feira, 18 de março de 2008

Quem são eles?

E na mesma Folha de S. Paulo, só que na coluna Painel, leio:

" Enquanto seus líderes vociferam contra o caráter eleitoreiro das viagens de Lula, parlamentares do PSDB e do DEM pedem ao palácio uma chance de dividir o palanque com o presidente em inaugurações do PAC. Alguns são candidatos em outubro. Outros simplesmente querem ficar bem na foto em suas bases. É tal a demanda por carona nessas viagens que, no Planalto, já se discute realizá-las apenas às segundas e sextas. Para não esvaziar demais o Congresso."

Seria bom se alguém se dispusesse a organizar uma lista dos tais caronas. Esta promiscuidade de elementos da (dita) oposição com o governo Lula deveria render, pelo menos, algum embaraço paroquial para este bando de sem-vergonhas. Que alguns daqueles 40 milhões de brasileiros que ainda se importam com ética, por exemplo, pudessem lhes xingar nas ruas das suas respectivas cidades, já seria alguma coisa.

Sujos e fedidos*

Da coluna de Mônica Bergamo para a Folha de S. Paulo de hoje:

"LAVANDA OU FLORAL - Outra compra do governo para esta semana: 48 odorizadores de ar para a presidência, nas fragrâncias cítrica, amadeirada, lavanda ou floral, 300 lustra-móveis e 1.682 caixas de sabão em pó- tudo a R$ 13 mil."

* O título deste post mudou. É que um petralha passou aqui para avisar que "mau cheiroso" feria as normas do português. O certo, segundo ele, seria "mal-cheiroso". Mas como o certo mesmo é "malcheiroso", resolvi trocar por "fedido", que fica mais de acordo com o governo em tela - e com quem pede a vaga de revisor sem dominar o idioma.

domingo, 16 de março de 2008

Campanha para as minorias

Em Brasília, hoje foi dia de evento contra a corrupção.

A Associação Nacional dos Membros do Ministério Público lançou a campanha de conscientização "O que você tem a ver com a corrupção?

A campanha é, na opinião deste blog, para lá de louvável e necessária.

Só que, a julgar pelas fotos e primeiras notícias que nos chegam do evento, a corrupção é mesmo preocupação de uma minoria - esta classe média, que insiste em manter valores pequenos burgueses como democracia e honestidade. Pois o topo e a base da pirâmide social brasileira, em apaixonada aliaça com o governo Lula, estão pouco se lixando para o tema.

Vale, ainda, observar a presença de José Wilker e Milton Gonçalves no lançamento da campanha. Lulopetistas de carteirinha - como, de resto, boa parte da classe artística - eles agora parecem empenhados em limpar a porcaria que ajudaram a fazer. Ou será que estão apenas tentando se distanciar do mau cheiro?

sábado, 15 de março de 2008

Blue Label com guaraná

Da coluna de Cacau Menezes, para o Diário Carinense de hoje:

"EM DUPLA - Pelo segundo ano consecutivo, a senadora Ideli Salvatti e a presidente estadual do PT, Luci Choinacki, comemoram, juntas, seus aniversários. A festa é neste sábado, 15, a partir das 12h, com um risoto no Hotel Canto da Ilha - Escola Sul da CUT, na Praia de Pontas das Canas, em Florianópolis. A bebida é por conta dos convidados. Luci faz aniversário dia 17, e Ideli, no dia 18."

O que é que vocês acham... Vou ou não vou?

sexta-feira, 14 de março de 2008

Cinco anos depois

Era, como hoje, uma sexta-feira.


Em 14 de março de 2003, às 03:16 da madrugada, publiquei o primeiro post deste blog.

A hora da publicação revela bastante a respeito do meu temperamento: eu não entendia bulhufas de html e mal sabia o que era um blog, mas teimava em dar uma cara própria - e não um template padrão - para a coisa. Por isso, só depois de muito apanhar do sistema Blogger - que em nada se aproximava do ambiente amigável que os neófitos encontram hoje em dia - foi que consegui colocar o Nariz Gelado no ar.


Desde então,o layout do blog passou por várias mudanças, o domínio de html tornou-se dispensável, os leitores foram chegando e surgiram muitos outros blogs dedicados exclusivamente à política. Mas, em essência, nada mudou. Passados cinco anos, este blog continua a ser o que já era naquela madrugada: uma ponte entre nós.

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quarta-feira, 12 de março de 2008

Do que riem as hienas?

Durante a tumultuada sessão desta madrugada, por várias vezes se ouviu o protesto vindo de indignados senadores da oposição:" O governo está desmoralizando o Congresso Nacional!!". Ora foi porque Romero Jucá comparou o Senado com a favela da novela de Aguinaldo Silva, ora porque o mesmo Jucá usou de uma descarada malandragem - a retirada da urgência da MP que estava trancando a pauta - para que fosse votada logo a MP da TV Pública. Volta e meia a frase se erguia em meio à balbúrdia.

Por volta das 2 horas da madrugada, o senador José Agripino Maia subiu à tribuna para avisar que seu partido acompanharia o movimento de retirada sugerido por Arthur Virgílio. Fez, então, uma observação que ilustra bem o petismo: enquanto o tumulto se instalava no Senado Federal, Sibá Machado, Ideli Salvatti e Aloísio Mercadante estavam às gargalhadas.

Embora chocante, a cena não surpreende. Ao contrário: gargalhar enquanto o Senado passa por mais uma desmoralização é uma postura que está em total coerência com a atuação rotineira destes três. Avacalhar reuniões de CPIs - uma especialidade de Ideli Salvatti, que foi rapidamente assimilada pelo neófito Sibá - e sessões do senado são apenas as formas mais visíveis de promover esta desmoralização. Trabalhar pelo aumento dos parlamentares em momento de crise ou pela absolvição de Renan Calheiros, como fez Mercadante, está entre as levemente mais discretas. O mensalão era uma daquelas que deveriam ser mantidas em segredo - mas, uma vez que tal coisa não foi possível, aquelas muitas pizzas, assadas com ajuda da própria oposição, trataram de colocar mais lama no buraco escuro e fétido em que este governo enfiou o Congresso Nacional.

Ideli, Sibá e Mercadante rindo da esculhambação geral? Queiram me desculpar, mas isto está longe de ser novidade. E dezembro de 2006 eu dediquei quase uma semana ao tema "desmoralização do Congresso Nacional". Como nada de novo há sob o céu de Brasília, eis os links.

A quem interessa a desmoralização do Congresso Nacional

Renan e Aldo garantem nova humilhação para o Congresso Nacional

Ideli nos desafia e afunda um pouco mais a imagem do Congresso Nacional

Caíram no canto da... Sereia.

terça-feira, 11 de março de 2008

A classe operária chega ao paraíso

Um petista permitindo a invasão de propriedade privada dos Magalhães e impedindo que a viúva de ACM entre em casa. Foi assim, numa tarde de terça-feira, que a classe operária nacional - aquela do botox e Blue Label com guaraná - chegou ao paraíso.

No momento, aquilo que usamos chamar de oposição, se mostra escandalizada no Senado. Nem todos são sinceros nisso - alguns estão apenas querendo atrapalhar a Ordem do Dia. Dentre os sinceros, porém, há aqueles realmente apavorados: jamais acreditaram nos sonhos comunistas da corja que nos governa - e muito menos que eles começariam a realizá-los pelos bens dos próprios senadores.

Daltônico

"Nossa elite branca, que tanto se incomoda com o continuísmo de Chávez, não vê problema no fato de Uribe querer mudar a regra do jogo para disputar o terceiro mandato."

(Cláudio Lembo, no Painel da Folha de S. Paulo).

Sobre a nossa elite vermelha, que não vê problema no apoio de Chávez aos narco-terroristas das FARC, nem nos crimes cometidos pelas próprias FARC, o negão e favelado Cláudio Lembo nada tem a dizer.

domingo, 9 de março de 2008

Uma cagada é uma cagada é uma cagada

Agora o Rodrigo Maia diz que pode vir a apoiar Ciro Gomes para 2010 - coisa que Tasso Jereissati, em entrevista ao Roda Viva, já se declarou disposto a fazer também. Os dois não estão sós. Ciro Gomes já foi - não sei se continua a ser - o candidato predileto de Lula.

Comentei na última segunda-feira:

"Se vai se apresentar para a briga, é bom que o DEM pense duas vezes antes de fechar alianças. Aquele velho ditado "diga-me com quem andas" deve ser levado muito a sério por um partido que acaba de renovar, com um sucesso considerável, a sua imagem".

Pois é... Caso Rodrigo Maia tenha interesse em saber como o potencial eleitorado do DEM reagiu às suas últimas declarações, sugiro que leia o que vai aqui , aqui e aqui.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Do sonho ao crime: a biografia de um militante.

Para compensar o silêncio de ontem - motivado pelas correrias do dia-a-dia -, segue um cineminha.

Tenham paciência para baixar e assistam quando tiverem tempo, pois são nove minutos de diversão.

Prometo que vocês não vão se arrepender.

Do sonho ao crime: a biografia de um militante


quarta-feira, 5 de março de 2008

No estômago

"Como ficará provado, quem não respeitou a própria soberania foi o presidente do Equador, Rafael Correa, um covarde estabelecido. (...) A atitude do presidente do Equador é muito semelhante à política de boa-convivência que as autoridades brasileiras realizam com o Comando Vermelho".

Este é o senador Demóstenes Torres, em seu artigo semanal para o Blog do Noblat.

Tenham dó.

Proibir que embriões, que iriam para o lixo de qualquer maneira, sejam doados para a pesquisa científica, com a devida autorização dos pais?

Pensei que já tínhamos resolvido esta questão no século passado.

Afinal de contas, basta a autorização da família para que órgãos vitais, que seriam enterrados de qualquer maneira, sejam doados.

terça-feira, 4 de março de 2008

Se Betancourt falasse

Era previsível que Hugo Chávez e Rafael Correa se apressariam em alegar que o ataque da Colômbia ao acampamento das FARC - e a morte da segunda celebrity do narcoterrorismo - frustrou a libertação de Ingrid Betancourt e de outros tantos reféns da guerrilha, que deveria ocorrer em breve.

Não faltam, agora, os mais alarmistas - e, por que não dizer?, safados pois brincam com os reféns e suas famílias ao sabor de suas ambições bolivarianas - que apostam que o assassinato de Betancourt será a resposta das FARC ao ataque que resultou na morte de Reyes.

É claro que quando se lida com cachorros loucos, ninguém pode ter certeza de nada. Mas também é certo que terroristas experientes não costumam abrir mão de seus trunfos. E Betancourt é um trunfo e tanto - talvez o único refém de projeção internacional que permanece em mãos dos narcoterroristas. Afinal de contas, manter Betancourt viva significa manter Sarkozy lambendo as botas de gente como Hugo Chávez. Que comuno-terrorista abriria mão de tal garantia?

Digno de nota, porém, é o temperamento combativo que Ingrid Betancourt, segundo o próprio Raúl Reyes, mantém no cárcere - diametralmente oposto, aliás, àquelas imagens liberadas recentemente para pressionar familiares e líderes políticos. Conclui-se que, mesmo debilitada, a franco-colombiana encontra forças para provocar seus algozes: "Até onde sei, essa senhora é de um temperamento vulcânico, é grosseira e provocadora com os guerrilheiros encarregados de cuidar dela", declarou Reyes numa troca de e-mails com o Secretariado das Farc.

Mulher admirável essa. Mantida refém há mais de seis anos, Ingrid Betancourt se recusa a baixar a cabeça para os narco-comunistas das FARC. A considerar as declarações de Reyes, ela parece não se importar com o que venha a lhe acontecer - talvez porque tenha perdido a esperança; talvez porque, mais do que ninguém, saiba que está em meio a uma guerra. Se fosse possível ouví-la - mas ouví-la sem que um terrorista estivesse lhe apontando uma arma por trás das câmeras -, provavelmente a opinião pública, Sarkozy e os próprios familiares de Ingrid Betancourt ficariam surpresos com o que ela diria a respeito da morte de Raúl Reyes.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Festa de arromba

"No sábado, num clube em São Paulo onde reuniu cerca de 2 mil militantes, Aldo conseguiu o improvável na atual conjuntura: uniu no palanque José Serra, Aécio Neves, Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab. Ali, sorrisos abertos e tapinhas nas costas, pareciam amigos de infância. O encontro comunista mandou às favas a rivalidade do quarteto."

(Fonte: JB Online)

Clique aqui para ler a matéria completa. E assista, abaixo, Aécio Neves, Geraldo Alckmin, José Serra e Rodrigo Maia rendendo homenagens ao comunista parceirão de Lula - que só recentemente, por não ganhar a presidência da Câmara, se indispôs com o chefe supremo da cambada.

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=1hTtcMXNp2o]

Boletim médico da América Latina

As FARC permanecem em estado grave.

Hugo Chávez teve uma crise de hipertensão.

Rafael Correa apresenta fratura exposta.

Álvaro Uribe recebeu alta.

Marco Aurélio Garcia está em observação.

sábado, 1 de março de 2008

Quanto vale São Paulo? Depende...

A mim interessa menos quem a "locomotiva" paulistana pode catapultar para 2010. No momento, me interessa mais a quem ela pode enterrar para um futuro próximo.

Água fria nos planos de Gilberto Kassab, o apoio de Fernando Henrique à candidatura de Geraldo Alckmin vai, provavelmente, suscitar uma candidatura independente por parte do DEM - muitos analistas de respeito, aliás, consideram que o rompimento entre tucanos e democratas atingiu, por conta da prefeitura de São Paulo, um patamar irreversível.

Eu penso que, uma vez que se sinta forte para tanto, o DEM tem todo o direito de apresentar uma candidatura própria para tentar manter um posto tão importante quando a prefeitura de São Paulo. Por outro lado, o DEM não tem o direito de colocar no lixo tudo o que conquistou ao longo de 2007. É um risco que o partido não pode se dar ao luxo de correr num momento que é decisivo para a construção de seu capital simbólico.

Portanto, se vai se apresentar para a briga, é bom que o DEM pense duas vezes antes de fechar alianças. Aquele velho ditado "diga-me com quem andas" deve ser levado muito a sério por um partido que acaba de renovar, com um sucesso considerável, a sua imagem.

Este não é, notem bem, o caso do PSDB. Porque, se é verdade que o DEM se renovou neste último ano, o PSDB só fez piorar. Começando com a aquela carona de Arthur Virgílio no Aero-Lula, logo no início do mandato presidencial, passando pela insistência do partido em seguir apoiando Eduardo Azeredo e encerrando com a vergonhosa atuação dos governadores tucanos na campanha para o fim da CPMF, o PSDB desceu a ladeira da credibilidade enquanto oposição.

Portanto, não é de se admirar que Geraldo Alckmin tenha conversado, outro dia, com Orestes Quércia. O mesmo vale para a aliança com o PT que os tucanos estão alinhavando em Belo Horizonte. Nada disso provocará estranhamento num eleitor que está acostumado a um PSDB sem consenso para coisa alguma - e que vive a emitir mensagens dúbias a respeito do lulopetismo.

Para o recém-reformado DEM, no entanto, a coisa é diferente. Se, por um lado, apresentar uma candidatura própria pode colaborar para a boa imagem do partido, por outro, unir-se a gente de imagem duvidosa para ganhar esta eleição pode ser fatal. Basta uma aliança errada, um passo em falso, para que o partido perca todo o bom trabalho realizado neste último ano. Os programas de rádio e televisão, o esforço para lançar a imagem de um partido realmente oposicionista, coeso e firme no combate à corrupção - e à derrama promovida pelo governo Lula - pode simplesmente se perder.

Logo, senhores democratas: romper com o PSDB e lançar candidatura própria, sim - é uma atitude que pode reforçar a vossa independência. Mas fazer qualquer negócio para ganhar esta eleição, colocando em risco a imagem e o futuro do partido, não... Absolutamente não. A prefeitura de São Paulo vale muito. Mas não vale tanto assim.