domingo, 31 de outubro de 2004

Cartão Vermelho

Nos próximos dias, assistiremos àquele já familiar coro orquestrado entre o PT e a imprensa.

Desta vez, o esforço será no sentido de mostrar que a perda de prefeituras importantes - como a de São Paulo e a de Porto Alegre - não sinaliza uma rejeição ao governo federal.

Fiquem certos de que foi exatamente isso, amigos. De fato, o PT injetou, nos últimos dois anos, uma enorme quantia de dinheiro em São Paulo - o maior colégio eleitoral do país. Se nem com todo este esforço foi possível garantir a vitória, já podemos vislumbrar as imensas dificuldades que se apresentarão para a almejada reeleição em 2006.

De minha parte, estou orgulhosa de meus conterrâneos gaúchos. Fica, agora, definitivamente garantido aquilo que já fora parcialmente conquistado com a eleição do governador Germano Rigotto: bandeiras de Cuba e do MST não serão mais vistas nas fachadas dos prédios governamentais do meu Rio Grande.

sábado, 30 de outubro de 2004

Ladeira abaixo

Durante a campanha para o segundo turno, os dois candidatos à prefeitura de Florianópolis só fizeram trocar farpas.

Eu nunca tinha visto uma campanha tão vulgar.

Respostas certeiras para velhas provocações.

Apoiar Bush é coisa de ignorante colonizado.

Mesmo? E você poderia, por favor, definir as qualidade de quem apoia Fidel Castro?

Bush mentiu sobre as armas de destruição em massa.

Todas aquelas covas repletas de cadáveres iraquianos provam que o próprio Saddam era uma arma de destruição em massa.

O 11 de setembro foi uma resposta da Al Qaeda para a postura de Bush em relação ao Oriente Médio. Segundo a CIA, o FBI e a Interpol, o 11 de setembro vinha sendo planejado há três anos.

Sadam não teve qualquer relação com o 11 de setembro, com a Al Qaeda ou com Bin Laden.

Sei, sei... E qual terá sido o teor do encontro entre Saddam e Bin Laden, no Hotel Rachid de Bagdá, em 1998?

Bush instiga, por interesses financeiros, o espírito bélico americano.

Não é interessante que Cuba deva sua independência a este espírito bélico? Tão pouco a Europa queixou-se desse espírito bélico em 1914. O mesmo vale para 1945. No Kuwait, em 1991, este espírito veio a calhar. E, neste exato momento, o Sudão está clamando por este mesmo espírito.

Bush é burro.

Você precisa se decidir: ou Bush é burro como você diz, ou é maquiavélico como afirma Michael Moore. Defender as duas coisas é incoerência.

Bush só invadiu o Iraque por causa do petróleo.

Disseram a mesma coisa sobre o Afeganistão. Mas a Union Oil Company of California já havia anunciado, durante o governo Clinton, seu planos para a construção de um oleoduto naquele país. E o fato concreto é que, dois anos após a queda do regime Talibã, os EUA não investiram em qualquer iniciativa para explorar o petróleo daquele país.

Bush está tolhendo as liberdade civis nos EUA.

Sei... e, em protesto, você resolveu apoiar ditaduras teocráticas, que reprimem, por exemplo, os direitos da mulher e dos gays?

Ser anti- Bush não significa ser pró-terror.

Em 1945, os franceses também pensavam que poderia haver neutralidade em relação ao nazismo.

terça-feira, 26 de outubro de 2004

Boleta

Não sei se é verdade, mas uma vez me disseram que na triagem de um pronto-socorro os pacientes drogados são os últimos a serem atendidos. Embora eu nunca tenha podido comprovar este fato, a posição sempre me pareceu justa. Acho perfeitamente lógico que uma vítima de atropelamento seja atendida antes de alguém que, por sua livre e espontânea vontade, brincou com a morte.

Além disso, sempre há o risco de a pessoa morrer simplesmente porque se entupiu de cocaína e whisky e a família acabar processando aqueles que tentaram salvar-lhe a vida. Logo, é mais garantido colocar o sujeito no fim da fila e, depois, alegar que não houve tempo para fazer mais nada.

sexta-feira, 22 de outubro de 2004

Era previsível

Que o governo britânico não atenderia às exigências dos terroristas islâmicos que seqüestraram Margaret Hassan. E se há coisa que eu não consigo entender é que os seqüestradores tenham alguma expectativa em relação a isso. Até onde eu me lembro, desde que esta guerra começou, o único governo que correu para atender as exigências de grupos terroristas foi o do espanhol Zapatero.

Porém, na minha opinião, esta firmeza de propósito por parte dos países que compõem a colisão está capenga. Penso que a resposta certa não é apenas negar-se a retirar as tropas...mas avisar que, caso executem o refém, , o contingente será aumentado.

Em Roma, faça como os romanos.

E, encaremos os fatos... este episódio ilustra bem aquilo que temos dito sobre a "ética" do fundamentalismo islâmico: Margareth Hassan dedicou os últimos 13 anos de sua vida para trabalhar em benefício do Iraque.

Mas, vamos combinar:

Tem coisa mais bagaceira que rinha de galo?

Quem disse que vaso ruim não quebra?

Além de um braço, Fidel fraturou um joelho em oito partes.

quinta-feira, 21 de outubro de 2004

Umas e outras.

Algo está acontecendo no clã dos Kerry.

Primeiro, o chefe da família me larga aquele infeliz comentário sobre a filha do Cheney.

Agora, a desinformada da Teresa Kerry diz que a ex-professora e bibliotecária Laura Bush jamais teve " um trabalho de verdade".

Depois dessa, acho que nenhuma dona de casa vai votar no democrata. Pois este é o tipo de coisa que - mesmo com um posterior pedido de desculpas - não é facilmente esquecido. E quem não nasceu milionária sabe muito bem que cuidar da casa e dos filhos é um trabalho pra lá de "verdadeiro".

Fico imaginando o que esta tendência familiar para gafes grosseiras poderia provocar na política internacional.

segunda-feira, 18 de outubro de 2004

Fênix

Engana-se quem pensa que a Internacional está moribunda.

Tenho a impressão de que nunca esteve tão forte e coesa em torno de um discurso mundial.

Em artigo para o MSM, Marcelo Moura Coelho deu verbo àquilo que comentávamos aqui em casa após o terceiro debate presidencial nos EUA: Kerry parecia ter engolido a cartilha do PT.

Já na Espanha, as similaridades se fazem presentes nas palavras de ordem do governo Zapatero: "Papéis para Todos" é o nome do projeto que visa legalizar os imigrantes em situação irregular naquele país - óbvia versão do movimento francês Les papiers pour tous, la France pour tous.

Mas - coisa curiosa - nenhum destes líderes engajou-se em um movimento que pregue "Liberdade Para Todos". Tal atitude lhes exigiria um rompimento com a ditadura castrista. Preço que, ao que tudo indica, nenhum deles está disposto a pagar.

Disconnection

Faz tempo que só o Caio Blinder me surpreende.

Eis aí, o sintoma mais evidente de que o Manhattan Connection perdeu o viço.

O resto é a sempre esperada polêmica circense do Mainardi, o Mendes tentando não cair do muro e a Lúcia encantando-se com qualquer porcaria que algum excluído social resolva chamar de arte. Nem vou considerar o Amorim - como levar à sério um marxista que ganha o pão na Bolsa de Valores?

domingo, 17 de outubro de 2004

A Voz do Silêncio

Frank Warner assistiu aos debates entre Bush e Kerry a partir de uma perspectiva bastante interessante: ele contou quantas vezes cada um dos candidatos pronunciava os termos "liberdade" (freedom ou liberty) e "democracia".

O resultado total dos três debates não deixa de ser intrigante: Bush falou em liberdade 34 vezes; Kerry apenas 5 - sendo que, em uma delas, estava citando Bush.

Mas foi nos discursos das respectivas convenções que a coisa se mostrou mais desproporcional: Bush 67, Kerry 13.

quinta-feira, 14 de outubro de 2004

É para poucos.

Dizer publicamente o que nos vai à cabeça é coisa para poucos corajosos.

De minha parte, sempre sinto renovar as esperanças quando vejo alguém assumir um posicionamento contrário ao da manada. Afastados os malucos - e aqueles exemplos em que o sujeito faz da controvérsia um lucrativo ganha pão -, comemoro cada pequeno e bem embasado arroubo de sinceridade que consegue furar o bloqueio emburrecedor do mass midia.

E os últimos dias têm sido pródigos em exemplos desta natureza.

No início da semana, em entrevista ao programa Milênium da Globo News, o economista negro Thomas Sowel falou abertamente sobre os malefícios da chamada "ação afirmativa" e sua utilização demagógica por parte dos políticos de países pobres.

No Debate de ontem, George W. Bush, não teve problemas em assumir sua fé. Falou com tranqüilidade sobre sua crença, suas orações e,principalmente, sobre conhecer os limites entre sua confissão religiosa e o exercício do poder.

Na Folha de hoje, comentando o segundo turno eleitoral em São Paulo, o historiador Bóris Fausto peita os colegas acadêmicos - sempre tão afoitos em fazerem tremular suas bandeiras encarnadas - para denunciar a tendência autoritária do governo federal.

Em algum lugar da galaxia, Voltaire deve estar sorrindo.

domingo, 10 de outubro de 2004

Até que a morte nos separe.

Conta a lenda que, durante a II Guerra Mundial, Londres deu festas homéricas. Alvo principal dos bombardeiros alemães, a cidade, mesmo sob a blitz nazista, não intimidou-se: por detrás das cortinas pesadas, estava literalmente "bombando". Permanecer na cidade - e, ainda por cima, fazer festa - era, para os londrinos, uma forma de resistência.

Reparem, porém, no detalhe "por detrás das cortinas pesadas."

Senão pela imposição oficial do blackout - que dificultava a localização dos alvos por parte dos alemães - , o salutar instinto de sobrevivência avisava que era melhor cobrir as janelas. E uma festança no meio da rua não deve mesmo ter passado pela cabeça de ninguém.

Então eu me pergunto: como é que, em um Iraque ocupado, as pessoas fazem festas de casamento onde o ponto máximo é sair às ruas e dar tiros para o alto ?

Os resultados desastrosos deste costume estão aí para quem quiser ver: desde março de 2003, pelo menos cinco festas de casamento foram atingidas por helicópteros norte-americanos. Informações desencontradas - que dão conta, inclusive, da possível presença de forças rebeldes nestes eventos -, parecem indicar que, na maior parte das vezes, o "tiroteio festivo" é o causador da desgraça. Diante de uma saraivada de tiros, os americanos acabam abrindo fogo.

Mas é impossível não se perguntar porque os iraquianos continuam festejando casamentos dessa maneira? Será que ainda não se deram conta de que é perigoso? Ou será que se deram conta e estão se lixando? Notem que, seja qual for a resposta, ela acaba por encaminhar uma segunda pergunta: Mas o que há de errado com os iraquianos para que eles "não se dêem conta" ou "não se importem"?

Talvez não haja nada de errado com eles.

Talvez, eles já não comemorem casamentos assim há muito tempo. Talvez, os alvos atingidos sejam mesmo redutos rebeldes a partir dos quais se alveja os helicópteros americanos. Talvez, as crianças e mulheres sejam os filhos e esposas de rebeldes - e a TV sempre nos mostra como as crianças, ao contrário de serem poupadas do horror, são colocadas, de armas em punho, à frente das passeatas e demais demonstrações do radicalismo islâmico.

Talvez, amigos, a história do "casamento bombardeado" não passe de uma retórica. Algo destinado a escancarar a "selvageria" dos solados americanos.

Não que os soldados americanos sejam anjos - ninguém que esteja em guerra pode sê-lo.

Mas aceitar tantos "casamentos bombardeados" é aceitar que os iraquianos são criaturas absolutamente limitadas, sem a menor capacidade de adaptação ou instinto de preservação - o que significa aceitar que eles são menos que macacos.

sexta-feira, 1 de outubro de 2004

Empate Técnico

É o que eu penso do primeiro debate para a corrida presidencial nos EUA.

Kerry conseguiu parecer mais objetivo do que vinha parecendo até agora...Mas pode ter perdido no quesito "calor humano" - pois parecia uma "máquina" a despejar números e estatísticas.

Bush conseguiu dar um toque humano em seu discurso...Mas pode ter perdido na firmeza que lhe é característica - e que parece agradar aos americanos quando o tema é "terrorismo".

Aguardemos o resultado.

Mas acho que não mudou muito.

No fundo, o que decide são os assuntos internos, que serão o tema dos próximos encontros.

Saída Técnica

Alguém já se deu conta de que o Putin só está se propondo a assinar o Protocolo de Kioto para limpar a barra com a comunidade internacional - que está prá lá de suja com as últimas medidas ditatoriais por ele adotadas?

Mudança Técnica

Nesta semana, o sistema de comentários de blogger deu pau duas vezes.

Por isso, resolvermos passar para o Haloscan.

Dêem preferência para comentar no sistema novo pois, caso eu não consiga incorporar os antigos comments ao Haloscan, eles serão perdidos.