quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Para a posteridade

Mais cedo, durante a audiência pública da Comissão de Constituição e Justiça, a senadora democrata Kátia Abreu recebeu das mãos de Paulo Skaf aquelas 1.300.000 assinaturas recolhidas pela FIESP, em todo o território nacional, contra a renovação da CPMF.

O tucano Tasso Jereissati não gostou - achou a manifestação "inadequada".

Clique aqui para assistir.

Que negociação?

A coisa está assim: se Lula prometer que não vai manobrar para uma reeleição em 2010, os tucanos aprovam a CPMF. Ou seja: os tucanos vão aprovar a CPMF e Lula vai fazer o que puder para garantir um terceiro mandato.


O PSDB sabe disso melhor do que eu e vocês. Ocorre que, desde a semana passada, o partido andava atrás de uma desculpa para aprovar a CPMF. E foi exatamente isso que o governo jogou-lhe no colo, ao permitir, na sexta-feira, que seus barnabés falassem com a imprensa a respeito de um terceiro mandato.

Lula pode fazer de conta que não quer, os tucanos podem fazer de conta que negociam... Mas eu não estou a fim de fazer de conta que acredito.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

No limite

A crueldade do ser humano com os animais anda chegando às raias do impossível.

Outro dia, foi aquela barbárie abjeta em Honduras.

Agora isso, na África do Sul.

Há coisa de dez anos, uma amiga estava parada em um semáforo quando viu um carroceiro açoitando seu cavalo - o animal, espumava e já estava com as patas traseiras arriadas.

Pois minha amiga desceu calmamente do seu automóvel, tomou o relho do inadvertido carroceiro, e deu-lhe uma bela surra.

É claro que a história terminou na delegacia - e ela se incomodou por um bom tempo com o processo.

Mas eu começo a pensar que a delegacia - e a incomodação dela decorrente - é a única saída.

Sobre sediarmos a Copa do Mundo

Brasileirinho começou a comemorar hoje - e só vai parar na véspera, quando tudo estiver pra lá de atrasado.

E por falar em atraso, a CBF de Ricardo Teixeira está devendo as gratificações que prometeu às meninas da nossa seleção - vai pagar antes de 2014?

Por último, parece que todos já sabem que vai dar porcaria - o que mais, a não ser a necessidade de uma boa mandinga, pode justificar a presença do "mago" Paulo Coelho na comitiva?

Dedetização

Casa dedetizando desde cedo, só agora encontrei uma rede wireless disponível no bairro.

Ruim vai ser voltar e encontrar meio diretório do PT de Santa Catarina agonizando no assoalho.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Orgulho e preconceito

Há pouco, enquanto zapeava, acabei parando na ESPN Brasil.

Aí fico sabendo desta palhaçada: a CBF tem, sistematicamente, prometido gratificações à seleção brasileira de futebol feminino para, depois, não pagar.

Eu não gosto de futebol, não acompanho futebol e não assisti a uma única partida das meninas do Brasil. Mas fiquei sabendo pela imprensa que elas foram motivo de orgulho para o país.

Então é o seguinte: a CBF que deixe de cafetinar e trate de pagar já as gratificações que d-e-v-e às meninas.

Qualquer postura diferente configura preconceito e discriminação - e, como tal, deverá ser resolvida na Justiça.

A esquerda apavorada

A Folha de S. Paulo traz , hoje, dois artigos que indicam que aquele rótulo inaugurado por Cláudio Lembo no ano passado, "elite branca", não colou. Em substituição a ele, retorna um velho conhecido nosso - denunciador, por si só, da pobreza conceitual que tão bem carateriza a esqueda latino-americana.

Ao comentar artigo de Reinaldo Azevedo e o caso do Rolex de Luciano Huck, Zeca Baleiro classifica a revista Veja como "notório reduto da ultradireita caricata" e avisa que "nem por isso" ela é "menos perigosa".


Já em artigo sobre a impossibilidade de um terceiro mandato para Lula, Fernando de Barros e Silva chama de "extrema direita alvoroçada", àqueles que insistem "em projetar a sombra do chavismo sobre os atos e rumos do governo Lula".

Não que o Brasil esteja livre de uma direita caricata. Longe disso. Há, de fato, alguns exemplares da dita cuja circulando pela vida política nacional. - e já os apontei em pelo menos duas ocasiões.

Classificar, porém, a Veja como porta-voz deste pequeno a insignificante segmento da sociedade brasileira revela um desespero argumentativo próprio de uma esquerda que, uma vez tendo chegado ao poder, naufraga na incompetência e na falência moral de seus representantes. O problema de gente como Zeca Baleiro não é a decadência ética do quadro político nacional. O problema é de quem denuncia tal coisa - pouco importando se, no passado, denunciou, para deleite das esquerdas nacionais, os escândalos do governo Collor e do governo FHC.

Da mesma forma, declarar que a associação entre o chavismo e o lulismo é coisa de uma "extrema direita alvoroçada" é querer levar o debate para um campo polarizado e maniqueísta - o único no qual a nossa esquerda se sente à vontade para debater. Ali ela pode criar constrangimentos - e tentar calar, mediante a rotulação rasteira, aqueles que percebem as simpatias de setores importantes do governo Lula à estratégia chavista. Pode, inclusive, fazer de conta que a retórica de Baleiro e Barros não apresentam o mesmo bolor demagógico daqueles infindáveis discursos que Chávez profere contra o "imperialismo norte-americano".

Desconfio que, nos próximos dias, assistiremos a um aumento deste tipo de ataque - apressado, dicotômico e sem qualquer fundamentação que possa sugerir uma renovação por parte da esquerda nacional. Por razões que já expliquei outro dia, nossa esquerda está um tantinho apavorada. Foi pega de surpresa por um movimento espontâneo, nascido da própria decepção com o governo de seu mais emblemático representante: graças a Lula, o brasileiro perdeu a paciência com aquele discurso padrão da esquerda.

Que o Secretário de Segurança do Rio se sinta a vontade para solicitar "não me venham com discursos acadêmicos" é um sinal. Que um consagrado autor de novelas declare que "ter carteirinha do PT" autoriza a tudo é outro. A esquerda sabe disso - e, incapaz de gerar uma argumentação inovadora, está recorrendo às velhas fórmulas.

domingo, 28 de outubro de 2007

O ninho: divagações noturnas

ninho2.jpg

Ninho a 30cm do solo: lá se foi a minha paz. (A foto está ruim, eu sei. Mas foi o que deu pra fazer enquanto a rolinha não voltava).

Todos os anos, por essa época, é a mesma coisa: as rolinhas fazem ninhos aqui no jardim de casa - elas têm predileção por uma bougainville frondosa, que fica na divisa do terreno. Em quatro anos, contudo, jamais consegui ver os filhotes. Esta é uma época de ventanias - e não foram poucas as vezes em que encontrei ninhos no chão e ovinhos quebrados. Da primeira vez que aconteceu, trabalhava aqui um jardineiro surdo e mudo. Acreditem: foi comovente a forma como ele tentou me consolar quando viu a minha consternação diante do pequeno e triste omelete.

Mas já estou divagando...

Ocorre que além de pombinhas rolas e temporais, também temos por aqui gaviões, lagartos, gambás e uma siamesa que, a despeito de já ter idade o suficiente para passar os dias dormindo, comporta-se como uma jovenzinha. De modo que todos os anos, nesta época, eu redescubro que jamais poderia ser documentarista do Discovery ou do National Geographic. Porque eu simplesmente não consigo manter uma distância científica da coisa. Mal descubro um ninho e já começo a me preocupar. Se venta, fico apreensiva. Se a gata ruma na direção do ninho, corro para evitar que ela coma a mamãe.

Não chego ao absurdo de dar plantões noturnos para espantar lagartos e gambás - mas, como a minha bancada de trabalho oferece uma vista panorâmica para o cenário, é mais ou menos o que faço enquanto estou por aqui.

Isto e xingar as pombas. Porque este ano, para completar o drama, a maldita rolinha fez o ninho a apenas 30cm do solo, ou seja: se a gata não comer a mãe, comerá os filhotes.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

3 x 4 = 12

Sim, eu sei.

O governo providenciou pés-de-chinelo para operar, nas sombras, o servicinho imundo do terceiro mandato.

É claro que o governo nega.

É claro, também, que os tucanos foram pegos de surpresa.

O Ministro Marco Aurélio Mello já avisou que só rasgando a Constituição - o que dependeria de uma revolução. Me soou quase como um "só por cima do meu cadáver".

Mas o Reinaldo Azevedo diz que há brechas - e afirma que já foi feita até pesquisa de opinião.

Acontece que eu estou indo viajar e não sei com qual freqüência vou conseguir aparecer por aqui.

Então vocês fiquem de olho no Reinaldo. E aqui também, pois desconfio que o DEM logo vai se pronunciar.

Ps.: a idéia era me despedir com o post abaixo - muito mais simpático e divertido. Só que esta porcaria deste governo não nos dá um minuto de trégua.

Demo, sim... E dai?

deminho.jpg

Medo eu tenho é de padre pedófilo, pastor corrupto e presidente autista.

Já dos demos estou aprendendo a gostar.

Porque nada me deixa mais feliz do que ver um demo recém-nascido usando seu tridente para transformar a vida de velhos petistas num verdadeiro inferno.

Um tucano me entrevista

Está lá, nos comentários do post "Seis engodos"

Cara Blogueira:

Pergunto-lhe: * Emprestaria * sua alma e energia, para participar politicamente do processo em cargo legislativo e/ou executivo?

Se sim, pq e o que fazer?

Se,não, tb pq e que fazer?

Aguardo...

Atenciosamente,

Fernando Câmara


Caro Fernando Câmara,

Minha resposta é "não, eu não seguiria carreira política".

Por quê? Porque a profissão que escolhi me faz muito feliz - e porque eu tenho uma autocrítica monstra, que me leva a pensar que eu seria incapaz de exercer a contento qualquer função legislativa ou executiva. É, eu sei... É uma frescura, se considerarmos a falta de autocrítica da maioria dos nossos políticos. Mas eu teimo em respeitar alguns dos meus princípios.

Então, você me pergunta o que fazer.. Sou obrigada a devolver: em relação a quê? Vamos combinar que, com esta última pergunta, você me deixa inúmeras possibilidades de respostas.


Se você quer que eu redija um programa de governo para o PSDB, vou lhe recomendar que leia o último - aquele que saiu no ano passado e trazia, na capa, "Coligação por um Brasil Decente"... Conhece? Tem meu dedinho lá.

Mas se a sua pergunta é - coisa que eu não acredito - apenas aquela retórica do "pare de criticar e venha fazer alguma coisa", aí você está enrascado, pois seu argumento não pára em pé. Primeiro, pelas evidências que o parágrafo anterior carrega. Segundo, porque, até onde eu sei, qualquer cidadão - esteja ele disposto ou não a se candidatar a um cargo político - tem o direito e o dever de se posicionar politicamente; de dizer, enfim, o que lhe agrada e o que não lhe agrada - mesmo que, com isso, deixe alguns tucanos mais bicudos do que já são.

No entanto, veja você!, embora eu não saiba muito bem o que fazer, sei o que "não fazer". Não sabotar a campanha presidencial do partido só porque o candidato não é aquele com o qual se sonhava, por exemplo. Ou não se acovardar diante de um adversário que joga sujo - leia-se, "não insistir em jogar xadrez em tabuleiro de gamão". Trair milhares de votos oposicionistas para ir sentar-se no colo do governo? Também não se faz. Enfim...Como você pode ver, meus conhecimentos são parcos até para definir "o quê não se faz". Sei apenas aquilo que até o meu afilhado de 7 anos sabe - e que evita porque quer chegar a presidente do clubinho de video-game aqui da rua.

Perceba, porém, que este espinhoso tema - "o que não fazer" - nos leva a uma terceira hipótese para o seu questionamento. Caso tenha sido um convite para filiação ou - sabe-se lá - para uma candidatura, sinto muito. A resposta seguirá sendo não. Antes, o PSDB teria que voltar a ser aquele partido, com espinha dorsal e vergonha na cara, que Mario Covas fundou.

Perdió, Perdió

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Depois de 25 anos liderando a guerrilha colombiana, como Comandante em Chefe do Estado Maior das FARC para o Bloco do Caribe, caiu o narco-terrorista-esquerdista Gustavo Rueda Diaz, mais conhecido como Martin Caballero, grande amigo, camarada e companheiro dos militantes do Foro de São Paulo - e ídolo dos bolivarianos em geral.

Foram anos aterrorizando, matando e seqüestrando de agricultores a ministros, especialmente na região de Los Montes de Maria e na costa do país, incluindo as belas cidades de Barranquilla y Cartagena.

Mesmo que a cara do guerrilheiro morto esteja mais para Stalin do que para Che, ele recebe uma homenagem póstuma deste blog, que o eleva a novo herói da esquerda latino-americana, com direito a uma t-shirt exclusiva, para ser usada pelos seus seguidores e admiradores em greves do funcionalismo, invasões de terras alheias, passeatas pró-chavistas e outros movimentos sociais.

Os direitos autorais estão automaticamente cedidos por esta blogueira, que não cobrará royalties pela venda do modelito.

Seis engodos

Se não estou enganada, um daqueles "seis pontos" que o PSDB diz estar negociando com o governo para votar a favor da CPMF é a redução de gastos com contratação de pessoal.

Pois acabo de ler em O Globo que, ontem mesmo - dia em que uma cúpula tucana se reuniu para organizar a capitulação - , Lula prometeu contratar mais gente. Foi numa solenidade para a criação de oito escolas técnicas e agrotécnicas. O presidente garantiu que enviará medida provisória ao Congresso propondo a abertura de vagas para professores e funcionários.

Como vocês podem ver, aqueles seis pontos de negociação apresentados pelos tucanos são, na verdade, seis engodos. É claro que os tucanos sabem disso. Vocês é que não deveriam saber.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Testosterona (II)

Conforme adiantei, há algumas considerações que gostaria de fazer a respeito do barraco relatado no último post.

A primeira delas é que, a despeito de viver recitando aquele negócio da "mulher de Cesar", a oposição não internaliza a coisa. Com todo o respeito que nutro pelo Senador Demóstenes Torres, sou obrigada a observar que esta festinha em seu apartamento foi uma infelicidade.

A hora é de guerra. É isto que aqueles 40 milhões de brasileiros que não votaram em Lula esperam de um partido de oposição. E é isto que o DEM tem que fazer se quiser crescer. O PSDB, está deixando um vácuo. Faz tempo que digo isso. Vai crescer quem não tiver medo de se mostrar verdadeiramente oposicionista. Convidar governistas e ministros de Lula para uma festinha, a esta altura do campeonato, é passar uma imagem de convivência promíscua com o Planalto. Volto à mulher de Cesar: não basta ser oposição - como, sem dúvida alguma, o Senador Demóstenes têm sido. É preciso parecer oposição.

Ao que tudo indica, o presidente do DEM já assimilou a coisa. Aproveitou a ocasião para enfiar o dedo na cara dos governistas - o que até me fez exagerar um pouco e cogitar se o senador Demóstenes não teria, na verdade, montado um cenário para isso.

Deus sabe que eu tenho minhas diferenças com Rodrigo Maia - até hoje, não consegui engolir sua postura durante o segundo turno da última campanha presidencial. Mas vou dar a mão a palmatória para reconhecer que, desde que assumiu a presidência do DEM, ele vem conquistando o meu respeito. Na festinha da terça-feira, então, fez exatamente o que os eleitores esperam de uma oposição. Leiam lá a matéria do Josias e verão que ele, além daquele "Me tenham como inimigo e vamos para a guerra", também avisou “Não precisa ligar. Não vou atender. Vocês lá e eu aqui.”

"São só palavras", alguns de vocês dirão. Mas eu volto à mulher de Cesar para lembrá-los de que palavras lustram a imagem que as ações constroem - ações que, muitas vezes, não ganham tanto espaço na imprensa quanto as palavras. Ponto, pois, para Rodrigo Maia que, se tudo não foi armado pelo senador Demóstenes, fez do limão uma limonada.

Quanto às palavras que certo governista teria cuspido às costas do presidente do DEM, a prudência nos manda trabalhar com as duas versões publicadas. É o que farei. Na minha modesta opinião, "babaca" é civil que fica posando de farda para a imprensa. Já "guri de merda" é gaúcho que promete o que não pode cumprir.

Testosterona

"Me tenham como inimigo e vamos para a guerra."

Este foi Rodrigo Maia, presidente do DEM, para os ministros Walfrido dos Mares Guia e Nelson Jobim, em festa promovida na última terça-feira, no apartamento do senador Demóstenes Torres.

A matéria mais completa sobre a tal festa você lê lá no Josias, que publicou a coisa ontem mesmo.

A nota mais picante sobre a mesma contenda saiu no Globo de hoje - e foi reproduzida, há pouco, pelo Noblat.

Segundo o Josias, depois que Rodrigo Maia se retirou, Jobim o chamou de "babaca". Segundo o Globo, chamou-o de "Guri de merda".

Daqui a pouco eu volto para comentar a coisa toda. Se liberou geral - e pelo jeito liberou - eu também tenho uns palavrões para distribuir.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

De mosquitos e tucanos

Setembro de 2002: quem ainda lembra do Lula usando Garotinho para bater duro no Serra em função da dengue, no debate da Record? E o Serra indignado, pedindo direito de resposta - que foi negado por Boris Casoy?

Eu lembro. E lembro, também, que os tucanos tiverem que ficar calados porque, no primeiros seis meses daquele ano, a dengue tinha batido nos 385.140 casos.

Pois desde que nocauteou o Serra naquele debate, Lula ampliou o aedes aegypti em 25%. E, ao que tudo indica, teremos uma epidemia de 1 milhão de casos até o final de 2007: só nos primeiros seis meses deste ano, o Brasil da “saúde quase perfeita” do Lula já contabiliza 438.949 pessoas contaminadas.

E o que faz o ex-ministro da Saúde, estrela de primeira grandeza da constelação tucana, eterno candidato a presidente? Nada. Quer dizer: nada, não. Está, para alegria de Lula, negociando a CPMF.

O tempo passa, o mosquito voa e o Serra continua sem querer ganhar do PT. Ainda que não tenha sido picado pelo aedes aegypti, o governador de São Paulo sofre de uma febre crônica: sonha ser presidente com o apoio daqueles que apenas finge combater.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Sobre a CPMF, resta dizer que...

O PSDB conseguiu o inimaginável: colocar-se abaixo do PT na escala moral.

Ps.: de resto, tudo o que eu tinha a dizer sobre este assunto, disse aqui e aqui.

E o pulso ainda pulsa

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Caracas: estudantes protestam contra a reforma constitucional que pretende eternizar Hugo Chavez no poder.

A melhor cobertura do movimento estudantil venezuelano você encontra no blog Resistência Santiago de León de Caracas.

Duas rachaduras

Posso estar me precipitando, mas... Parece - notem que ainda há dúvidas - que estamos prestes a viver um fenômeno interessante.

Quando nada deu certo...

Ao longo dos últimos cinco anos, estivemos amargando um quadro onde a hegemonia discursiva de uma esquerda jurássica - investida de todas as vantagens que a chegada ao poder lhe conferiu - não encontrou adversários à altura. Ou melhor: aqueles que assim se apresentavam tinham um poder de fogo - ou de alcance, como queiram - bastante limitado.

Do ponto de vista dos agentes políticos, então, é uma desgraceira só. Uma oposição frouxa, incapaz de transformar as vergonhas do primeiro mandato presidencial petista em rejeição eleitoral é o mínimo que se pode dizer. Lá, na linha do máximo que se pode dizer, temos sua postura conivente, sempre amancebada com vantagens pessoais e eleitoreiras, que acabaram por transformar o Congresso Nacional numa grande pizzaria.

A imprensa, por sua vez, a despeito de tudo ter noticiado e denunciado, saiu da última eleição com a incumbência de rediscutir seu papel enquanto formadora de opinião. Simplesmente porque lá, onde a fome e o analfabetismo são cabos eleitorais, sua voz não chega. E a verdade é que ela, a imprensa, está também às voltas com uma guerra própria: por um lado, precisa se defender dos ataques que lhe desferem, volta e meia, aqueles que estão no poder; por outro, precisa, por sua própria natureza, abrigar em suas fronteiras a diversidade. Nisso comete besteiras - e o episódio em que as grifes usadas pelos participantes do movimento "Cansei" se tornaram mais importantes que o próprio movimento em si, é exemplar.

Falando neles, os movimentos apartidários, promovidos por entidades civis nos últimos meses, deve-se admitir que têm sido igualmente decepcionantes. Simplesmente porque não conseguiram encontrar o tom certo, a voz correta, para mobilizar aquela parcela da população que, escandalizada com tudo que vê, não se sente representada por esta oposição que aí está. Faltou-lhes experiência, dizem alguns. Faltou-lhes competência para reconhecer que, se não tinham experiência, deveriam e ir atrás de quem tivesse, digo eu.

Mas este cenário escuro e sufocante viu nascer, nos últimos dias, uma rachadura por onde, parece, está entrando alguma luz e um pouco de ar puro. É coisa que começou pequena e, considerando o que declaram os próprios pais da criança, involuntariamente. Mas parece sinalizar que, enquanto os agentes políticos, a imprensa e as entidades civis estão falhando, a produção cultural pode estar prestes a operar uma reação.

É a cultura de massa, estúpido!

Tem muita gente tentando explicar o sucesso de Tropa de Elite. Pois coloquem todas as explicações no liqüidificador e verão que, no final das contas, o que resta é a rejeição a um discurso hipócrita que é característico da esquerda. Discurso hegemônico, até ontem, que foi rachado pela força, até certo ponto involuntária, de uma produção cultural de massa - ou que a pirataria tratou de transformar em fenômeno de massa, como queiram.

Quem observa revoluções culturais sabe que é exatamente assim que elas começam: uma obra aponta um caminho. Logo surge outra. Em seguida, outra. E, muito antes que o discurso hegemônico possa emitir uma reação, a coisa já tomou proporções incontroláveis. A esquerda jurássica aboletada no poder, e nos cantinhos empoeirados das redações, sabe disso. Por qual motivo vocês acham que Tropa de Elite está recebendo ataques a mais não poder? Observem quem ataca e já se apresenta a resposta.

"A NG enlouqueceu de vez", pensará - não sem alguma razão - o leitor. "Agora, por causa de um filme, vai postular que estamos às portas de uma revolução cultural?".

Não é exatamente assim, meus caros. Já não é mais "só um filme" - e faz algumas semanas que não é. Já não é mais uma só rachadura. São duas.

Estou acompanhando, na medida do possível, a novela Duas Caras. Não só a novela mas, sobretudo, a patrulha que seu autor, Aguinaldo Silva, vem sofrendo. As primeiras reações surgiram quando Aguinaldo ousou declarar que José Dirceu lhe servira de inspiração. Depois, ele foi acusado de apoiar, através de seu personagem "Juvenal Antena", a atuação das milícias nas favelas. Outro dia, foi esfolado por uma colunista de O Globo, porque criou cenas em que a imprensa é apedrejada - como se isto não fosse um retrato fidelíssimo da realidade brasileira. E desconfio que, nas próximas horas, outros ataques virão - um professor universitário chamado "Inácio Guevara" foi apresentado de forma nada edificante no capítulo de ontem.

Portanto, meus caros, não é mais só Tropa de Elite. Como eu disse na primeira linha deste longo artigo, posso estar me precipitando. Mas parece que alguns produtores de cultura de massa acordaram - e estão dipostos a promover uma pequena revolução.

No caso de Padilha e seu polêmico filme, pode ter sido involuntário. No caso de Aguinaldo Silva, certamente não é. Quem duvidar, que dê uma passadinha no blog dele. Desde a estréia de Duas Caras, o autor está mantendo um blog, onde fala de suas idéias e tenta se defender da patrulha. Vale a pena percorrer os posts mais antigos para saber o que Aguinaldo pensa de Che Guevara - ou de como ele foi assediado, na rua, aos gritos de "cachorro, safado!", por uma petista.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Folhetim

Lula sinaliza que está disposto a negociar.

Os Democratas estão dizendo que não aliviam.

Os Tucanos, como sempre, não se comprometem e emitem os mais variados discursos.

É a novela da CPMF.

À falta de assunto melhor, ela continua dominando a mídia.

Não que exista alguma razão para seguir acompanhando o drama. Todo mundo sabe que esta é outra daquelas histórias em que, no final, a vagabunda casa com o bandido.

domingo, 21 de outubro de 2007

Notícias de uma guerra on line

O cidadão tem que ser um completo idiota para sair do cinema e fazer um vídeo caseiro, onde aparece simulando as cenas de tortura de Tropa de Elite. O fenômeno começou antes mesmo da estréia do filme no circuíto nacional - e o Youtube está coalhado de vídeos que nos fazem desconfiar da saúde mental, e temer pela integridade física, de seus autores. Tudo bem...

Mas daí a ter que engolir as declarações de psicólogos, sociólogos e outros ditos intelectuais, todos muito "chocados" com esta apologia ao crime no Youtube como se ela fosse uma novidade - ou, o que é pior, nas palavras de um deles, "o efeito perverso" do filme de Padilha - já é demais.

Muito antes de Tropa de Elite estar circulando em DVDs piratas pelas ruas do Brasil, o Youtube já servia de palco para um fenômeno muito mais perverso, no qual a apologia às drogas, ao roubo e ao assassinato são o tema central.

São os vídeo-clipes caseiros dos "proibidões" - os funks compostos por favelados, que fazem incitação aberta ao crime. Fartos em cenas de violência e armamento, eles homenageiam facções criminosas como o PCC e o Comando Vermelho, além de serem verdadeiros manuais de conduta para qualquer neófito que pretenda ingressar numa vida de bandidagem.

É o caso de 155 e 157 de Gil do Andaraí, que manda: "Na cara da madame, tá ligado, que se foda...A Chave, o segredo, celular e arranca a bolsa!" O mesmo autor assina o Toque da Cadeia, que comemora: "Meteram bala nos vermes, explodiramo o Caveirão! Detonaram a cabine, mataram cinco alemão. O primeiro tomou na cara, o segundo tomou no peito, o terceiro ficou fodido, o quarto morreu com medo. O quinto pediu perdão. O bonde não perdoou - e tacou dentro do latão!."

De São Paulo vem o funk proibido do PCC, que avisa "Sem chance, sem alarme, dotô, não tenta nada. O bonde tá fortemente, é o assalto a mão armada". Também pede a liberdade de Marcola, ameaçando " Salve o bonde do resgate, libertador dos ladrão. Sai rajando as viatura, explode as delegacia, o bagulho ficou sério, sente o peso da 'família'".

Aí eu pergunto, onde estão os especialistas em comportamento humano, os intelectuais, que não criticam também esta barbárie? Ou isso não é preocupante? Ou vamos aceitar esta incitação ao crime como " livre expressão da estética do morro" - ou qualquer outra justificativa indecente que aqueles que têm a bandidagem por fetiche vivem a postular?

Que tal chamarmos o titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática do Rio, Antenor Júnior, que está estudando a possibilidade de tirar do ar os vídeos dos malucos imitadores de Capitão Nascimento, e pedirmos que ele tome providências também a respeito dos proibidões?

Seria, talvez, o caso de chamar todo este pessoal para uma premiere anti-hipocrisia, na qual seriam exibidos os vídeos que a bandidagem - e aqueles que idolatram o seu modo de vida - têm disponibilizado no Youtube. Gostaria de ouvir, em especial, a psicanalista Lulli Milman, para quem Tropa de Elite " libera uma coisa horrível, sádica que todo o ser humano carrega dentro de si." Gostaria, sinceramente, de saber que tipo de coisas a doutora acha que uma obra-prima como Toque da Cadeia pode "liberar".

sábado, 20 de outubro de 2007

avestruz03.jpg

Avestruz: a utilidade compensa a síndrome de pânico.

De janeiro a setembro de 2002, enquanto Lula gritava contra a CPMF para se eleger presidente, os brasileiros tinham recolhido R$ 175,5 bilhões em impostos federais.

Cinco anos depois, enquanto Lula continua gritando para se reeleger infinitamente, mas agora a favor da CPMF, o seu governo já arrancou dos nossos bolsos, no mesmo período, R$ 429,9 bilhões em tributos federais. É um senhor aumento de arrecadação, que chega a 145%. Ou seja: o saco sem fundo do governo petista está arrecadando, até o presente momento, R$ 254,4 bilhões a mais do que FHC em seu último ano de governo.

E sabem quanto desta fantástica soma de recursos tem origem na CPMF? Míseros R$ 26,6 bilhões - pouco mais de um décimo do bolo.

Se não me falha a matemática básica, mesmo sem CPMF Lula teria arrecadado, em 2007, R$ 227,8 bilhões a mais do que FHC recolheu em 2002.

O presidente costuma gargantear que estamos pagando mais impostos porque estamos ganhando ou lucrando mais. Que o seu governo arrecada melhor. Que a economia foi colocada nos trilhos.

Não é isso que está em discussão. Não é isso que importa.

Como brasileira, não quero saber por que estão arrecadando mais, mas sim onde estão aplicando o dinheiro. Para onde vai esta montanha de reais, se a Bolsa Família consome pouco mais de R$ 10 bilhões, as estradas são um queijo suiço, a saúde permite epidemia de dengue, a educação não dá conta de 18 milhões de analfabetos e o salário continua corrigido apenas pela inflação?

Estas são as perguntas que deveriam ser feitas por uma oposição pífia, que vive levando pela cara que deixou uma herança maldita.

Mas o fato é que, enquanto Lula esbanja dinheiro público perdoando dívidas externas por aí, temos que aturar senador tucano tendo chiliques, dizendo que “a paciência está se esgotando”, quando todos sabemos que, nos bastidores, estão negociando a prorrogação da CPMF.

Quem está perdendo a paciência somos nós, aqueles 40 milhões de brasileiros que já não se sentem representados por esta oposição frouxa e malandra.

O PSDB deveria trocar de bicho urgentemente. Eu poderia sugerir o avestruz, se estivesse disposta a acreditar que eles enfiam a cara no solo por covardia - e não por conveniência. Mas seria, ainda assim, uma injustiça. Das plumas à carne, o avestruz é um animal útil. Já os tucanos estão mostrando que não têm qualquer serventia.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Notícias da tropa

Tropa de Elite atingiu, ontem, a marca de 1 milhão de espectadores em salas de cinema .

A edição de hoje do El País trata o filme como um fenômeno social.

O site do BOPE carioca, que esteve em reformas, acaba de reinaugurar em grande estilo.

Enquanto isso, do Rio a Florianópolis, 'o bicho tá pegando'. O BOPE de Santa Catarina, aliás, acaba de encerrar as matrículas para o Estágio de Táticas Policiais com um número recorde de inscritos,.

Parece que o filme colocou a moral da tropa lá em cima.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Crise?

Noblat está dividindo seu tempo entre os dramas paroquianos do STF e o obituário de Deborah Kerr. Josias de Souza, depois de repoduzir a coluna da Mônica Bergamo, está comentando a arrecadação da Receita. A Lúcia Hippolito abriu o dia falando de futebol ( eu adoro quando a Lúcia fala de futebol, mas se eu não a cito neste post vão dizer que a estou privilegiando). Moreno também foi de futebol - e, há pouco, de segurança pública. Reinaldo Azevedo tirou a tarde para ir ao médico.

É impressão minha ou há crise de adrenalina na política nacional?

Eis uma verdade inconveniente

Falar de aquecimento global, quando todo o establishment já mostra preocupação com a coisa, é barbada.

Duro é dizer uma verdade simples que ninguém quer ouvir.

"Se o Irã conseguir armas nucleares, será uma séria ameaça à paz mundial”. Por isso, eu digo a todos os líderes mundiais que, se quiserem evitar uma 3ª Guerra Mundial, devem impedir que os iranianos obtenham conhecimento necessário para desenvolver uma arma nuclear.”

(George W. Bush)

Aqui.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

TSE fecha a porteira... Depende da porteira.

A decisão do TSE foi historica e necessária, ok.

Também não creio que haverá surpresas em relação à vigência: a decisão não deve retroagir.

Mas, diante das análises que ando lendo desde ontem, tenho uma pergunta a fazer: um prefeito bem cotado nas pesquisas para governo de Estado está, por acaso, impedido de entregar seu mandato ao partido e alçar-se numa campanha para governador por outra legenda? E um governador, uma vez que esteja bem bem cotado nas pesquisas para presidente, não pode decidir entregar seu mandato ao partido para alçar-se numa campanha presidencial por outra legenda - uma, que lhe garanta maior apoio do que aquela de origem?

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Dizem por aí...

A grande mágoa das esquerdas com Tropa de Elite é que ninguém mais fala da Força de Segurança Nacional e da PF do Lula. O BOPE tomou conta da mídia.

Genialidade mineira

Interessante a Pesquisa Sensus, capitaneada pela CNT de Clésio Andrade - aquele vice de Aécio Neves. Interessante, principalmente, pela mineirice em relação às eleições presidenciais de 2010.

De acordo com o que foi divulgado ontem:

Aécio já aparece empatado tecnicamente com Serra e pode até estar, pasmem, à frente de Geraldo Alckmin.

Os quatro tucanos mais citados – Aécio, Serra, Alckmin e FHC – somam 38,9%, enquanto os quatro petistas mais votados – Marta, Tarso, Wagner e Chinaglia – somam míseros 4,8%.

Aécio está empatado tecnicamente com Ciro Gomes, o Plano B de Lula.

Aécio possui cinco vezes mais votos do que o peemedebista mais bem colocado, o governador Cabral, do Rio;

Uma aliança com os Democratas é inteiramente dispensável, pois o mais bem colocado é César Maia, com 0,7% - mesmo índice de Dilma Roussef, o Plano A de Lula.

36% dos eleitores poderiam votar no candidato indicado por Lula, demonstrando que o presidente pode muito, mas não pode tudo.


Logo, Aécio fica na posição eternizada pelos mineiros como a melhor do mundo: em cima do muro, pronto para pular para o lado que lhe for mais conveniente.

Se o lado for o PMDB, com o apoio do Lula, Aécio já estaria com potenciais 50% de votos. Se o lado for o PSDB, Aécio poderia chegar aos mesmos possíveis 50% de votos - bastando, para isso, uma aliança com parte do PMDB ou até com Ciro Gomes.

Na pesquisa dos amigos do Aécio, Aécio surge como o nome mais forte.

Estes mineiros não são mesmo uns gênios?

Sem podcast

Ontem à noite recebi um e-mail bem trágico do PodOmatic - o provedor que hospeda o podcast do blog.

Uma falha de hardware provocou a perda de 10% dos arquivos lá armazenados.

Embora eles ainda estejam trabalhando, já pude verificar o tamanho do estrago: o percentual de perda dos meus arquivos foi de 99% - exceto pelo último, aquele da entrevista com a Kika, o resto simplesmente evaporou.

Nos próximos dias estarei refazendo os uploads

Até lá, vai ser impossível acessar os podcats mais antigos.

Vanguarda

Às vezes este blog se antecipa.

Agora, por exemplo, estão todos falando de Burkina Faso.

Para quem não passou por aqui no feriado, vale avisar que o país visitado por Lula foi tema de post publicado na sexta-feira.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

onamotopeia151007.jpg

Ainda sobre as privatizações do PT

Para além do fato de que Lula está privatizando rodovias federais, é prematuro aceitar o que os petistas vêm garganteando, de que o seu modelo é mais barato do que o dos tucanos.

Meu pai sempre dizia que, quando há uma grande diferença no preço, é porque existe uma grande diferença no produto. Aí fui olhar o site da OHL, empresa vencedora da maioria dos leilões, e fiquei com uma pulga atrás da orelha em relação à sua estratégia para o Brasil.

"A OHL Brasil pretende maximizar as atuais fontes alternativas de receita. Esta maximização será feita, por exemplo, através da exploração da faixa de domínio para colocação de cabos de fibras óticas e manutenção de vias de acesso às rodovias, custeada pelas companhias localizadas próximo aos locais onde a OHL Brasil detém o direito ao uso da faixa de domínio. Adicionalmente, em futuras aquisições e negociações com o poder concedente, a companhia pretende buscar o direito de explorar outras fontes adicionais de receitas tais como a instalação de estações de serviços e o aluguel de espaço para publicidade e outdoors" .

Resta saber se o Governo Lula entregou apenas as estradas ou também entregou as faixas de domínio. Porque daqui a pouco podemos ter a Petrobras alugando terreno para abrir postos de gasolina ou para passar um gasoduto, gerando novos negócios muito mais rentáveis para os espanhóis do que um mero pedágio.

Como dizia Sir Francis Bacon: “a verdade é filha do tempo, não da autoridade”. Se eu fosse a oposição, ficaria de olho nos contratos.

domingo, 14 de outubro de 2007

Tropa em debate

A Kika foi assistir o Tropa de Elite, se animou e resolveu abrir o blog hoje à noite para um debate.

"Abrir o blog" significa permitir um bate-papo via área de comentários, sem moderação.

Começa às 20:00 horas e você chega lá clicando aqui.

sábado, 13 de outubro de 2007

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Sessão das 22:30 do Floripa Shopping: lotada.

O filme merece: é cinema de qualidade, que faz a platéia se emocionar - e, o que é melhor, sem aquele ranço de glamourização do crime, já quase atávico no cinema nacional. Nas palavras do Coronel: "só os maconheiros saem cabisbaixos".

Ou seja, não só não retiro nada da pré-crítica que arrisquei na terça-feira, como vou além e me atrevo a dar uma ordem ao leitor: corra para o cinema mais próximo.

De como você será assaltado via satélite

A TV pública do Lula estréia em 2 de dezembro.

Nos primeiros seis meses, porém, ela vai se limitar a transmitir programas produzidos e veiculados pelos canais públicos já existentes. Durante este período, serão realizadas consultas populares para saber o que o cidadão quer assistir. Só depois, de posse de tais informações, a grade de programação da nova TV será definida.

Ou seja: o governo Lula criou uma TV pública com base na argumentação de que ela é extremamente necessária mas não sabe, até agora, que necessidades são essas. Não contente, resolveu colocar a coisa no ar, ao custo de R$ 2,5 milhões por mês, para, só então, tentar descobrir para que ela serve.

Em qualquer país decente, um investimento desta natureza - que se sobrepõe a outros já existentes - não seria nem mesmo cogitado sem uma pesquisa prévia que demonstrasse, de forma inconteste, sua necessidade.

No Brasil de Lula, porém, os companheiros Franklin Martins e Tereza Cruvinel podem se dar ao luxo de torrar R$ 58 milhões dos cofres públicos enquanto fingem pesquisar as preferências populares. "Fingem" porque é óbvio que, para tanto, bastaria submeter os programas das atuais TVs públicas - os mesmos que eles vão levar ao ar durante seis meses! - a uma pesquisa.

É isso mesmo, leitor contribuinte: sendo otimista, já é certo que entre 2 de dezembro de 2007 e 2 de junho de 2008, você será assaltado via satélite. Como eles são petistas - adoram, portanto, se perder em reuniões tão numerosas quanto improdutivas - é provavel que o "período de pesquisa" se estenda muito além de junho.

Não que isto seja, para eles, um problema. Embora Lula sonhe com uma TV nos moldes chavistas, o projeto em si só precisará estar funcionando a pleno por volta de 2009. Por ora, a TV Pública tem uma necessidade muito concreta e imediata a sanar: servir de cabide de emprego para a companheirada que se empenhou na última campanha presidencial - cujas nomeações têm sido dificultadas pelo endurecimento da oposição no Senado.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Não Veja

Todo final de semana é a mesma coisa: eu, assinante da Veja, perco horas tentando abrir a nova edição na página da revista. Tanto que, exceto em ocasiões que valem a espera, acabo desistindo e aguardo para ler no domingo, quando a revista chega aqui em casa.

Não acontece com nenhum outro site. Só com o da Veja - e, às vezes, com o do Reinaldo Azevedo, que é hospedado no mesmo servidor.

Neste exato momento, minha conexão turbo está abrindo todos os sites com facilidade, mas se arrasta única e exclusivamente nos penduricalhos da Veja.

É coisa irritante e inaceitável. E - prestem atenção para não baixarem aqui com perguntas primárias - eu uso internet desde 1996: quando eu digo que há um problema é porque há um problema - e ele não é meu. Se meu fosse, eu já teria resolvido.

O que Paris não pode ensinar

BurkinaFaso01.jpg

A bandeira de Burkina Faso: identificação imediata e "saberes

necessários".

No final de agosto, sempre afoito em cutucar Fernando Henrique Cardoso, Lula prometeu que não irá estudar em Paris quando terminar seu mandato. Na ocasião, houve quem sugerisse que ele deveria ir a Paris para ser estudado - uma pequena maldade, claro.

Eu já acho que, para além da demagogia da provocação, o presidente assumiu uma preferência.

Lula deve pensar que Paris nada tem a lhe esinar - principalmente quando "assar aquele coelhinho" for sua única preocupação. Em contrapartida, enquanto ocupa o poder, ele não perde a chance de usar das mordomias do cargo para buscar novos saberes.

Eis que "República dos Homens Honrados" é a tradução literal para Burkina Faso - país africano que receberá a comitiva presidencial brasileira na semana que vem. Lula embarca no domingo à noite.

A visita de Lula coincide com a comemoração dos 20 anos da chegada ao poder do presidente Blaise Compaoré, cujo governo foi instaurado após um golpe de Estado que culminou com o assassinato do então presidente Thomas Sankara.

Até hoje, esta "República dos Homens Honrados", com a qual o Brasil mantém relações diplomáticas desde 1975, ganha espaço na mídia mundial por duas razões: a mutilação genital de meninas e as inúmeras falcatruas políticas que têm servido para eternizar Compaoré no poder. A mais recente delas - uma sucessão de emendas constitucionais -, em 1997, garantiu a Blaise Campaoré o direito de reeleger-se quantas vezes quiser.

Que não se diga, pois, que Lula rejeita o conhecimento. De forma alguma. Como queriam Paulo Freire e sua "pedagogia da autonomia", Lula apenas seleciona os saberes de acordo com seus reais anseios e necessidades.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Brasilia, sonífera ilha

Eu fiquei tão impressionada com a licença de Renan Calheiros que adormeci no sofá, logo após o JN.

Acordei há pouco e, entre um bocejo e outro, estou passando aqui para lembrá-los que esta licença era parte do acordo petista que salvou Renan da cassação - e que gente como Aloizio Mercadante e Ideli Salvatti quase surtaram quando perceberam que o alagoano estava roendo a corda.

Ou seja... No final das contas, para variar, tudo correrá como Lula quer: o petista Tião Viana assume o manche por 45 dias, Renan terá seu mandato salvo e a CPMF será aprovada. E a oposição lá, fazendo pose de que não está satisfeita, mas tocando a pauta.

Não consigo parar de bocejar.

Adjetivos

Chamada do Estado de S.Paulo de hoje para matéria que trata do abandono de Renan Calheiros por parte daqueles que o defendiam:

"Os ratos abandonam o navio"

Mais um pouco e os nossos jornais vão ser vetados para menores de 18 anos.

Não por culpa dos jornalistas, fique bem claro. Mas é que começam a faltar adjetivos socialmente aceitos.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Curtas ao final de um longo dia...

1. Eu não acredito que o PT abandonou Renan Calheiros. É jogo de cena. Ideli, então? Jogo de cena. Cena ruim, claro.

2. Aliás, não tentem me convencer que os deputados vão fazer com um abaixo-assinado o que os senadores não tiveram coragem de fazer com votos.


3. Deputado Paulo Renato: "Por favor, veja se está correto e se você concorda, ou tem alguma observação", não é gentileza. É servidão.

4. Em Londres, uma colombiana fez uma rachadura no piso da Tate e diz que é arte. Arte para "questionar as divisões da sociedade". É outra que está precisando lavar um balaio de roupas para se ocupar.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Não vi e já gostei

Tropa de Elite só chega ao cinema mais próximo na sexta-feira.

Vou arriscar, porém, a fazer uma crítica antes mesmo de assistí-lo. Não propriamente uma crítica ao filme, mas ao tanto de baboseira que se está escrevendo sobre ele - e, em especial, sobre os cariocas que ousaram aplaudir as cenas em que policiais do Bope agem violentamente contra bandidos, suspeitos ou qualquer coisa assim.

Vocês já leram por aí: depois que parte da platéia do Festival Internacional de Cinema do Rio gritou, animadamente, "caveira!, caveira!" - uma alusao ao logotipo do BOPE -, durante a projeção do Tropa, teve jornalista acusando o filme de fascista e reacionário.

Na última edição da Veja, Jerônimo Teixeira classifica tal crítica como patrulha, mas acaba, também ele, exercendo a sua: "Há algo de profundamente errado em uma sociedade que só aplaude sua polícia quando ela se comporta como o bandido."

Típica situação em que minha avó diria "mas vão lavar um balaio de roupas e não me encham a paciência!"

Desde que existe, cinema é arte mimética e catártica: permite que você experimente sensações que, na maior parte das vezes, pelos riscos implicados, você não está disposto a viver concretamente - e nem mesmo a referendar. É entretenimento: diversão pura, tremendamente afeita a um delicioso e cômodo maniqueísmo, que nos permite ter absoluta certeza, por curtas duas horas, do que é certo ou errado. Saiu disso é documentário. Ou cinema complexo, engajado e chato - leia-se, fracasso de bilheteria bancado, no caso do Brasil, pelo contribuinte.

Nos antigos westerns, quando a cavalaria chegava abatendo miríades de apaches e navajos, a platéia não se limitava a aplaudir: assobiava. Décadas mais tarde, quando Idiana Jones chicoteava seus adversários e Rambo metralhava outros tantos, a platéa da matinê ía ao delírio: batia os pés, ruidosamente, no chão. Platéia americana, "profundamente marcada pela violência da conquista do oeste e pelo fracasso no Vietnam"? Qual nada! Platéia brasileira mesmo, simplesmente embalada pelo delicioso, mimético e descompromissado maniqueísmo que só o cinema pode oferecer.

Não vou afirmar, categoricamente, que esta seja a motivação da totalidade dos que se emocionam com as cenas de violência apresentadas em Tropa de Elite. Até porque, segundo li, o filme de Padilha se pretende muito mais sério do que um Rambo da vida - e é, pelo próprio conflito interno vivido por seu personagem principal, bem menos ventilado por aquele maniqueísmo fácil que, já o dissemos, rende diversão e boa bilheteria.

Mas algumas coisas eu arrisco a afirmar desde já. E arrisco afirmá-las categoricamente: Tropa de Elite está incomodando porque é a primeira vez que o novo cinema brasileiro não se presta a fazer apologia da bandidagem - nem para mostrá-la como vítima da sociedade, nem para vender o seu modo de vida como uma "proposta estética" ou algo que o valha. Está incomodando porque ridiculariza aqueles integrantes de ONGs que vivem fazendo "passeatas pela paz", mas que são usuários eventuais da droga que sustenta a criminalidade. Finalmente, Tropa está incomodando porque se arriscou a colocar em primeiro plano a polícia - e porque mostra as ações táticas do BOPE em seqüências espetaculares, como se faz no bom cinema americano.

E é justamente este último detalhe que explica a reação da platéia. Aqui, como em qualquer sala de cinema do mundo, nenhuma platéia aplaude policiais corruptos e torturadores. Aplaude, isto sim, a cavalaria que chega a tempo, a presteza de Indiana Jones e a boa mira de Rambo. Aplaude o fato de que, pelo menos neste mundo descomplicado do faz-de-conta, a maldade pode encontrar uma força, um poder combativo que se equipare ao seu. A audiência aplaude, meus caros, é a boa e velha catarse aristotélica proporcionada por esta mágica chamada cinema. Que sairá dali disposta a referendar, conscientemente, a tortura é tão descabido quanto imaginar um grego antigo arrancando os próprios olhos após assistir Édipo Rei.

Ps.: seria prudente considerar que este artigo passará por uma revisão no feriado, quando eu finalmente puder assistir ao filme. Mas eu quase posso apostar que não .

Repitam comigo, petistas: "Lula blefou... Privatizar é bom."

O governo Lula realiza hoje, na Bolsa de Valores de São Paulo, leilões para privatização e concessão de rodovias federais a empresas privadas.

Os lotes a serem leiloados totalizam cerca de 2.600 quilômetros de estradas, incluindo BR-381 e a BR-116. Leva quem oferecer a menor tarifa de pedágio e apresentar os melhores critérios técnicos.

A notícia seria ótima, se viesse acompanhada de outra, que anunciasse a redução dos impostos. E não seria tão vergonhosa se Lula não tivesse feito, durante a campanha presidencial, uma crítica contundente contra as privatizações.

O vídeo a seguir é claro: Lula blefou.

Clique aqui.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

the_real_che.jpg

"The real Che". Se alguém souber a autoria, me informe

para que possamos dar o crédito.

Já que insistem...

A morte de Che Guevara ocorreu em 9 de outubro de 1967. Quem gosta dele, no entanto, já começa a relembrar sua morte um dia antes, na data de sua captura.

Esquisito, pois não? É como se aceitassem que, uma vez capturado, Che já estava morto. Foi o que ocorreu um dia depois, ok... Mas não é o que se espera para um herói.

Aos heróis, costuma-se dar o benefício do heroísmo - para o caso em questão, devería-se cultivar no imaginário a possibilidade de uma fuga espetacular ou qualquer coisa do gênero. Deveria haver um espaço narrativo para isso - e, considerando a reconstrução do mito operada nos últimos 40 anos, é de espantar que não tenha surgido um relato consistente dando conta de algo assim.

No entanto, a atitude de lembrá-lo morto na data em que ainda vivia, revela o óbvio de forma quase constrangedora: Che Guevera não é um herói. É um mártir. Vai, aí, uma grande diferença.


Dos heróis, espera-se que apresentem algum feito; algum legado genial que os possa credenciar perante a humanidade. Vamos combinar que tomar o poder em uma ilha massacrada por um ditador não é lá um grande feito. Promover assassinatos em praça pública - atitude que lhe rendeu o apelido de "carnicerito" - também não.

Desconsideremos, no entanto, estas questões - e também o fato de que Cuba segue miserável por conta da revolução da qual o guerrilheiro argentino participou - e, ainda assim, Che fracassa: uma vez que não conseguiu ser maior que Fidel, teve que sair em busca de feitos pelos quais pudesse receber os devidos créditos. Pois fracassou na África e, depois, na Bolívia.

Ora... Já que a biografia de Che Guevara carecia daquele mínimo de realidade necessário para sustentar uma narrativa heróica, a saída foi transformá-lo em mártir. É fato que, se dos heróis exige-se um mínimo de realizações, aos mártires basta morrer. E é por isso que Che é comemorado morto um dia antes, quando ainda vivia: porque, a exemplo daquele sujeito medíocre que faz um gordo seguro de vida, Che Guevara sempre valeu mais morto do que vivo.

domingo, 7 de outubro de 2007

Franklin para os íntimos

"Não é missão da imprensa puxar a sociedade pelo nariz para lá ou para cá."

A declaração acima é de Franklin Martins. Foi feita em junho último, quando ele participou da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, a fim de defender a proposta da TV Pública.

Com tal declaração, Martins pretendia criticar aquilo que ele chamava de "excesso de opinião em material jornalístico". "Democratizar a mídia" e "desvincular a informação dos interesses comerciais" foram outros termos bonitos utilizados, então.


Reportagem de hoje da Folha de S.Paulo, contudo, revela que a TV Pública nasceu da vontade de Lula em ter controle sobre a informação. A cobertura do dossiegate, na reta final do primeiro turno da eleição de 2006, foi o fator determinante para que o presidente decidisse criar uma rede pública de TV. Também o destaque que a Globo deu para a sua ausência no debate do primeiro turno, teria motivado o projeto.

Esta é a perspectiva que fornece a tradução exata para as palavras com as quais Franklin Martins tem defendido a TV Pública diante de seus ex-colegas: "desvincular a informação dos interesses comerciais" - para vinculá-la aos interesses governistas. Ou, se preferirem: "não é missão da imprensa puxar a sociedade pelo nariz para lá ou para cá" - deixem isso para o governo.

sábado, 6 de outubro de 2007

Meme

No momento, o livro mais próximo é "Os dentes falsos de George Washington: um guia não convencional para o século XVIII", do historiador americano Robert Darton. Na página 161, a 5ª frase completa é:

"Aparentemente, ele liberava dinheiro vivo a Brissot sempre que surgia a necessidade, anotando as somas num livro contábil separado, e em seguida registrava vários pagamentos juntos no diário como um débito único contra a conta de Brissot."

Estão convocados para este meme: o Tambosi, o Jorge Nobre, a Santa, o MarcosVP e Mr. Goiaba. Sorry, guys.

*******

A Kika me chamou para este meme.

A Kika é uma chata - ela sabe que detesto memes.

Mas como este era interessante, e pouco trabalhoso, quebrei a tradição.

Atenção, porém: foi só desta vez.

Regras do meme:

1ª) Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);

2ª) Abra-o na página 161;

3ª) Procurar a 5ª frase completa;

4ª) Postar essa frase em seu blog;

5ª) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;

6ª) Repassar para outros 5 blogs.

Ópera bufa

O Noblat já tinha dado o furo ontem, no início da noite.

Hoje, Veja e Folha de S. Paulo trazem matérias a respeito.

Resumo da ópera: um assessor especial de Renan Calheiros é acusado de espionar os senadores que votaram contra ele no processo de cassação. Objetivo: construir dossiês com os quais Renan pudesse ameaçá-los nas votações futuras.

Nos próximos dias, jornais e blogs ficarão repletos de artigos indignados, o Senado será palco para troca de impropérios, Hebe Camargo e Ana Maria Braga farão editoriais revoltados em seus programa, Fátima Bernardes assumirá um tom mais grave do que o normal e Arnaldo Jabor vai urrar pelas ondas da CBN. No final da ópera, porém, Renan sairá ileso.

Agora, tirem as crianças da frente do monitor porque vou contar lhes contar a moral da ópera: ainda que Renan Calheiros cague na bandeira nacional em praça pública, nada acontecerá com ele.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

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São Paulo: protesto contra a renovação das concessões de rádio e TV. Foto: Raimundo Pacco/Folha Imagem

Cerca de 200 gatos pingados se reuniram, na tarde de ontem, na Av. Paulista, para lançar uma campanha contra a renovação das concessões de rádio e TV no país.

Eu achei risível. Mas o pessoal - Reinaldo Azevedo incluso - que vive dizendo que "não se mede o sucesso de uma manifestação pelo número de participantes" deve estar batendo queixo de pavor.

Ao pé do ouvido...

Longe de Lula, perto de gente talentosa, fiquei sabendo que a logomarca do Democratas está em fase final de criação.

Tão perto, tão longe

Sorte é o Lula passar por Florianópolis em um dia em que estou tão ocupada que não pude acompanhar nada da sua movimentação. Fui, ainda que involuntariamente, poupada daqueles "nunca antes", "o dado conreto", "desde Cabral", etc...

Não esperem que, faltando 40 minutos para terminar este dia perfeito, eu vá correr para os portais de notícia atrás de coisas das quais o destino, tão caprichosamente, resolveu me poupar.

Haverá Lula amanhã ... E nos próximos 27 meses.

Só uma tamancada

O dia hoje está corrido.

Não poderia deixar de passar por aqui, porém, para dar uma tamancada em quem fez por merecer.

Com o afastamento de Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos da Comissão de Constituição e Justiça o PMDB consolidou mais uma posição na disputa que vem travando com o PT, pelo título de partido mais abjeto da política nacional.

E tenho dito.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Lá vem ela

Um ano depois de ser proposta em plenário pelo senador Heráclito Fortes, a CPI das ONGs foi instalada ontem.

Na relatoria - por pressão de Ideli Salvatti que, após a "revolta" do PMDB, passou a achar o indicado inicial, o pemedebista Valter Pereira, "pouco confiável" - fica Inácio Arruda (PC do B-CE). Na presidência, o senador democrata por Santa Catarina, Raimundo Colombo.

É uma escolha para se comemorar. Colombo tem um perfil que lembra muito o de Delcídio Amaral, que tão bem presidiu a CPI dos Correios: sereno o suficiente para não se deixar levar pelo circo. Firme o suficiente para não se intimidar com pressões e garantir que os trabalhos andem a contento.

Faço apenas um alerta ao senador, que ontem fez questão de garantir que não transformará a nova CPI num palco para disputas regionais - uma alusão às investigações que vêm sugerindo que Ideli Salvatti, adversária direta no senador em Santa Catarina, pode vir a ocupar a berlinda.

Concordo que uma CPI desta importância não pode, e não deve, ser influenciada por questões paroquianas. Mas é preciso ter cuidado para evitar o efeito contrário: que o excesso de zelo acabe por atravancar as investigações. Por mais que não se queira colocar Santa Catarina no olho do furacão, há muitas coisas por aqui que exigem um exame mais acurado. Que Blumenau, por exemplo, seja a "capital nacional das ONGS", contando com centenas delas - fala-se em mais de quinhentas.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

A quem o Supremo deve fidelidade?

Um mês depois de resgatar a imagem das instituições, o Supremo Tribunal Federal se vê, novamente, diante de um desafio de igual monta: decidir se o mandato pertence ao partido ou ao parlamentar eleito - em outras palavras, se valida ou não o parecer apresentado pelo TSE em março último, que conferiu a posse do mandato aos partidos.

Diferentemente do que ocorreu com a denúncia do mensalão, porém, a causa que agora se apresenta é bem menos complexa: do ponto de vista constitucional, não parece haver dúvidas de que o mandato pertence ao partido. Pelo menos é o que se depreende dos artigos que o ministro Marco Aurélio Mello vem publicando em vários jornais desde a semana passada.


Resta saber se a mais alta corte do país vai referendar a Carta Magna ou se, numa tentativa desastrosa de harmonizar o cenário político, vai invalidar o que ali se promulgou em 05 de outubro de 1988.


Se a primeira alternativa representaria a continuidade daquele resgate institucional iniciado há cerca de um mês, penso que a segunda traria danos que ultrapassam, de forma temerária, a esfera simbólica.

Ora... Invalidar a fidelidade partidária postulada na Constituição vigente é assumir que, pelo menos do ponto de vista político, nossa Carta Magna já não vale. Por conseqüência, se reforçará a idéia de uma Contituinte exclusiva para a reforma política - projeto petista por excelência que, bem o sabemos, pavimenta a estrada que nos levará à venezuelização.

Claro está, pois, que o que se julga hoje à tarde não é apenas a fidelidade partidária. É também, e sobretudo, a fidelidade do próprio Supremo Tribunal Federal à democracia - esta árdua conquista do povo brasileiro, cuja representação máxima ainda é a Constituição de 1988.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

O pavão abre a cauda

Há dois anos, no calor das CPIs do Mensalão e dos Correios, dediquei o hit de Ednardo, Pavão Misterioso, ao deputado Eduardo Paes.

Houve, então, quem não entendesse a dedicatória - e, para os que entenderam, a coisa desceu quadrada. Isto porque os tucanos viam no jovem deputado uma promessa para os quadros psdebistas - o PSDB tem uma preocupação, até certo ponto justificada, com a renovação de seus quadros; mas isto é papo para outro dia.


Importa é que onde muitos viam "dinamismo" eu via apenas oportunismo. Em contraste com o austero e eficiente Carlos Sampaio, Eduardo Paes me parecia mais alguém em busca de holofotes. Apenas e tão somente isto. Um pavão - e não um tucano.

Pois eis que pavão abriu de vez a cauda.


Depois de assumir a Secretaria de Esporte e Turismo em janeiro último, Paes se filia amanhã ao PMDB - legenda a bordo da qual pretende se candidatar a prefeito no ano que vem. Com o apoio de Lula.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Mantra

"Isto é parte de uma guerra para derrubar o Lula"

Foi assim que a senadora Ideli Salvatti definiu para a imprensa catarinense as acusações publicadas pela Veja neste final de semana.

Queria ganhar 1 real sempre que um governista canta este mantra.

O primeiro da fazê-lo foi Delúbio Soares, em julho de 2005, numa reação chorosa às denúncias iniciais de Roberto Jefferson.

Acuado, o ex-tesoureiro do PT acabou por parir a resposta padrão com a qual temos convivido quase que diariamente nos últimos dois anos: um movimento de direita, apoiado pelos veículos de comunicação, pretendia derrubar Lula.

Era o embrião da versão tupiniquim para o venezuelano mantra "mídia e oposição golpistas".

Fartamente utilizada desde então, a alegação funcionou para Lula, que acabou se reelegendo. Não funcionou, porém, para Delúbio, Silvinho e Zé Dirceu, que hoje são réus por formação de quadrilha em denúncia acatada pelo STF.

Veremos se funciona para Ideli Salvatti.