domingo, 31 de julho de 2005

Com vocês, Sofia.

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Quem é a Sofia? É a filha da Circe.

Quem é a Circe? Não sabemos ao certo - mas gostamos dela mesmo assim.

Circe vinha teclando com a gente lá no Noblat. Na última semana, contou que estava esperando a Sofia para o dia 17 de agosto - e que teclar ajudava a passar o tempo, já que ela estava ansiosa com a vinda da pimpolha. Vai daí que, na quinta-feira à noite, enquanto discutíamos política lá no bate-papo UOL, a Sofia resolveu vir antes. Desde então, tenho sido gentilmente informada, pelo filho da Circe, a respeito das duas. Ele também tem levado notícias nossas para ela lá na maternidade. Não sei se já notaram, mas fiquei muito comovida com esta história toda. Penso que a Sofia e a Circe deram um toque de humanidade a esta maluquice que estamos vivendo.

sexta-feira, 29 de julho de 2005

Duelo

A expectativa da semana é mesmo o encontro entre Roberto Jefferson e José Dirceu na Comissão de Ética. Em uma enquete on line, a Veja está perguntando quem será o vencedor da contenda: até agora, 73,04% acreditam em Roberto Jefferson - contra, apenas, 7,33 % que acreditam em Dirceu. Já 19,63% pensam que ambos sairão perdendo.

O que não faz um chat?

Acabo de receber este comentário no post abaixo:

Ontem de noite minha mãe estava teclando com você quando, de repente, sentiu uma pontada. Achou que não era nada, que era de ficar sentada... mas a dor não passou. Hoje, às 07:40 h, nasceu a Sofia, com 2,340kg e 47cm - prematura mais tá na boa, na incubadora. Minha mãe tá boa e já acordou. A Sofia é uma belezinha.

Ricardo

Então parabéns para a Circe.. E para a Sofia - que já veio ao mundo discutindo política.

Não se assuste não, Sofia. O país é mais ou menos...mas as praias são ótimas e a cerveja está sempre gelada.

Quando Lula desconstrói Lula.

Versão de um comentário enviado - e até agora não publicado - a Luciano Martins Costa, do Observatório de Imprensa, em resposta ao artigo "A inexorável desconstrução de Lula".

Faltou ao observador considerar empenho do próprio Lula em desconstruir-se. O presidente trabalha para isso sempre que, diante de câmeras e microfones, nos nega a simplicidade de um "eu não sabia". Desconstrói-se, o nosso Lula, quando fala enigmaticamente em inocentes injustiçados pela imprensa deixando-nos cogitar se está a defender Dirceu. Genoino, Delúbio, Silvinho ou Marcos Valério.

Para além de qualquer contorcionismo conspiratório, é esta postura do presidente que vem causando a perda dos ecléticos apoios conquistados durante a campanha eleitoral. Ora... que os ratos sejam os primeiros a abandonar um navio a perigo não é novidade para ninguém. Mas ratos não comandam navios. Não se pode culpá-los pelo naufrágio.

quinta-feira, 28 de julho de 2005

Gaúcho: povo de fronteira...faca na bota e fogo no coração.

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Bagé/RS, ontem.

Foto: Mauro Vieira/Agência RBS

quarta-feira, 27 de julho de 2005

Renilda

Vou discordar do Sombra e da Lele: eu achei correta a atitude do Delcídio em relação à Renilda. Primeiro, porque a CPI não pode ser um tribunal de inquisição, expondo o depoente à tortura física e mental.

Ela estava mentindo? Claro que, sim! Mentiu tanto quanto o marido, o Delúbio e o Silvinho. Mas nenhum deles foi atacado com tanta veemência.

Lá pelo meio da tarde a mulher já estava um caco. Ali, penso eu, deveria ter sido feita uma pausa de uma hora, talvez uma hora e meia - para, só então, se retomar a coisa com força total. E faltou, acima de tudo, habilidade geral para interrogar uma mulher que se está dizendo "do lar".

Penso que teriam feito muito mais progresso se tivessem formulado perguntas de cunho subjetivo e pessoal...mas diretas. Nada a ver com "como a senhora se sente como mãe, blá, blá, blá....". Mas coisas do tipo: " O que seu esposo achava do Delúbio? Gostava dele?". "Quais foram as últimas palavras do Sr. Marcos antes da senhora vir pra cá?". "O que a senhora pensa do atual governo?". Mulher assim*, a gente pega pelas amenidades.

Mas eu achei que as coisas estavam realmente degringolando quando apareceu por lá o deputado gaúcho Julio Redecker. Veio certamente atrás das câmeras. Tripudiou e não fez uma única pergunta que prestasse. Daí que apoiei a atitude Delcídio.

Porém, algo ficou em suspenso: a Renilda foi a primeira investigada a não receber habeas-corpus. Talvez isto marque uma mudança de postura por parte da justiça - e, neste caso, ninguém mais receberá esta vantagem. Mas se os próximos homens ganharem habeas-corpus, vou pensar que houve discriminação.

* "Mulher assim" como, Nariz Gelado? Ora...pedaboba diplomada. Acreditem: aquela alienação é verdadeira.

terça-feira, 26 de julho de 2005

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23/05/2001

Estudantes da UNB pedindo, com aquele jeitinho petista de ser, por uma CPI.

Foto de Sergio Lima para a Folha

Azelite: quem são elas?

De acordo com o Huaiss, elite é aquela "minoria que detém o prestígio e o domínio sobre o grupo social".

Dito isto, eu gostaria de fazer alguns questionamentos do atual quadro brasileiro.

1) O que dificulta, hoje, mobilizações públicas ao melhor estilo "caras-pintadas"?

Basicamente o fato de que, hoje, o maior catalizador desse tipo de força social está no centro das denúncias. O PT foi fundamental nas manifestações populares que exigiram o impeachment de Collor. Logo, a atual apatia do povo comprova que o PT exerce significativo domínio sobre o grupo social.

2) As atuais denúncias têm abalado o prestígio do PT?

De acordo com a última pesquisa da Data Folha, o escândalo do mensalão não afetou a preferência do eleitorado pelo PT. Logo, o Partido dos Trabalhadores continua a ser detentor de grande prestígio junto ao universo social.

3) O que PT representa em números populacionais absolutos?

O PT tem, hoje, 800 mil afiliados. Embora o número seja significativo do ponto de vista partidário, ele corresponde a menos de 0,5% da população nacional. É claro que o PT encontra simpatizantes em um universo muito maior do que aquele representado por seus afiliados. Mas, para efeitos de poder, "simpatizantes" dificilmente são convidados a ocupar cargos significativos. Logo, em números populacionais absolutos, o PT é uma minoria.

Diante do acima exposto, fica claro que o PT é um grupo minoritário, que detém o prestígio e o domínio sobre o conjunto social.

Logo, o PT é atual elite brasileira.

Avisem ao presidente. E aos petistas.

quinta-feira, 21 de julho de 2005

A mais nova balela.

Na minha terra, balela é sinônimo de lorota...bobagem, mentira, coisa pouco crível que se conta aos incautos.

Pois, nos últimos dias, há uma nova balela sendo sugerida, aqui e alí - através de programas de entrevista e notinhas da imprensa chapa branca. Tal balela sugere que, se o PT afundar mesmo, o Brasil estará às portas de uma luta de classes - posto que terá sido fechada a "única via" de diálogo e expressão política dos grupos sociais menos favorecidos.

Eu posso até aceitar o papel de "pacificador social" exercido pelo PT - principalmente quando a sigla, em sua ganância política, abarcou a maioria dos pequenos partidos de esquerda. Mas é justamente aí - na multiplicidade de correntes que compõem o PT - que a balela se desmancha no ar.

Tão logo o último petista apague a luz do último diretório, novos partidos serão criados. Numerosas vias de espressão política se apresentarão às classes menos favorecidas. Não enxovalhadas pela atual roubalheira que se vê no PT, tais vias poderão se organizar muito mais rapidamente do que o partido de Lula fez no passado.

Mas é claro que levará algum tempo para que estes novos partidos ganhem a representatividade de um PT. E é aí que reside o problema: tendo caído em um buraco, os atuais petistas não querem recomeçar. Não querem seguir a lógica, natural a todas as situações da vida: de aquele que cai deve refazer o caminho para reerguer-se. Preferirão, antes, usurpar o poder, descumprir as regras e, se preciso for, romper com a democracia.

É por isso que já começaram a espalhar balelas.

O que está por trás do desarmamento?

Revendo um post de 2004.

Quem está inclinado a votar a favor do desarmamento deveria, antes, procurar saber onde - e por quem - este tipo de estratégia já foi utilizada.

Na União Soviética:

Joseph Stálin apostou em um rígido sistema de controle do porte de armas a fim de diminuir a violência. Devidamente pacificada, a população pôde aderir ao plano de trabalho compulsório não remunerado do camarada-mor. Os menos entusiasmados foram convidados a conhecer a Sibéria.

Na Alemanha nazista:

Em 7 de novembro de 1938, após o assassinato de um secretário da embaixada alemã em Paris, Adolf Hitler decidiu-se pelo desarmamento da comunidade judaica. O decreto saiu no dia 8 de novembro. No dia 9 ocorreu a "Noite dos Cristais: "Todas as lojas judias devem ser destruídas imediatamente. Sinagogas devem ser queimadas. O Führer quer que a polícia não intervenha. Todos os judeus devem ser desarmados. No caso de resistência eles devem ser fuzilados imediatamente" (The New York Times, Nov. 9, 1938, 24).

Na China comunista:

Mao Tse-tung, promoveu o desarmamento da população chinesa um pouco antes de lançar um dos baluartes de sua revolução: o trabalho forçado - compulsório e não pago. Seu plano de desarmamento também facilitou a solução dos conflito intestinos do sistema com a eliminação de cerca de 20.000.000 opositores.

No Camboja:

Pol Pot, líder do Khmer Vermelho no Camboja, antes de iniciar seu plano de paz, implantou um rígido controle para o porte de armas. A eficácia de tal estratégia na busca pela paz pode ser comprovada pelos números: em três anos, o Camboja teve 14% de sua população exterminada.

Desarmamento: quem não te conhece que te compre.

domingo, 17 de julho de 2005

Quando uma população é desarmada.

Ontem à noite, centenas de cidadãos cariocas caíram em uma verdadeira arapuca: ficaram presos dentro de um túnel da zona sul, enquanto policiais do Batalhão de Operações Especiais e traficantes da rocinha trocavam tiros do lado de fora.

Eu imagino o desespero daquelas pessoas. Se os marginais furassem o cerco e entrassem no túnel, restariam duas opções aos pagadores de impostos que alí estavam: tornarem-se reféns ou morrerem. Qualquer outra hipótese só viria se alguns dentre eles estivessem portando armas.

Dias antes, em São Paulo, centenas de comerciantes tiveram suas lojas destruídas - juntamente com parte do patrimônio público - por uma orda de torcedores insandecidos. A polícia não foi capaz de conter a turba. Mas estou certa de que a situação seria muito diferente se a marginália em questão desconfiasse que, dentre os moradores e comerciantes locais, houvesse alguns portadores legais de armas de fogo.

Pois é sobre este tipo de questão que você terá que decidir no plebiscito de outubro. E, antes de votar a favor do desarmamento, seria bom que você se imaginasse preso na mesma situação que aqueles cariocas viveram ontem. Ou que tentasse visualizar o patrimônio arduamente conquistado sendo destruído por uma manada de torcedores insatisfeitos.

Não acredite no discurso de que portar armas de fogo acirra a violência. Na verdade, a violência já se encontra em níveis insuportáveis. Também não entre na conversa de que polícia vai subir os morros e desarmar a marginália. Se não fez até hoje, não há porque acreditar que fará algum dia. O desarmamento vai atingir apenas as vítimas potenciais da bandidagem.

Em outubro, vote não. E, se puder, compre uma arma.

quinta-feira, 14 de julho de 2005

O terror não tem raça, nem nacionalidade...Mas tem religião.

Os investigações da carnificina em Londres estão confirmando aquilo que temos dito ao longo de três anos neste blog: o islamismo é uma fábrica de terroristas. Que isto ocorra por distorções doutrinárias fanáticas - e não pela natureza, em si, da religião islâmica - também já foi muitas vezes repetido.

No entanto há, por parte dos Estados e seus organismos de defesa, um certo de medo agir com rigor junto às comunidades islâmicas. Tal medo é justificado, já que uma perseguição religiosa é algo inadmissível. A pergunta que se coloca, então, é se há meios para combater uma ideologia de base claramente religiosa sem que, para isso, se confirgure um clima de perseguição.

Penso que a experiência americana com a Ku-Klux-Klan, poderia servir de baliza. Embora esta organização, por conta da Primeira Emenda, continue ativa até hoje, seu potencial violento foi neutralizado. Na década de 1960 - quando se deram os maiores combates entre o FBI e a KKK - todos sabiam que aquela Klan criminosa e assassina tinha suas bases ideológicas no cristianismo. Ainda assim, o Estado não se furtou a perseguí-la. Não recuou, diante da ameaça de ver creditada para si uma caçada religiosa. De fato, o fez de forma tal que os bons cristãos americanos jamais se sentiram agredidos por aquela guerra - ao contrário, tornaram-se solidários à causa.

Alguns podem dizer que eram outros tempos - tempos em que o "politicamente correto" ainda não sentara raízes nas mentes e corações. Vou discordar: em função da proximidade temporal com o nazi-fascismo, o fantasma da perseguição religiosa já pairava sobre o mundo - em especial, entre as nações que, como os Estados Unidos, que se haviam envolvido diretamente na II Guerra.

É por esse motivo que eu recomendaria aos líderes mundiais que estudassem com alguma atenção este episódio da história nortamericana. Alí talvez encontrem a receita que, devidamente ampliada a um contexto mundial, permita-lhes identificar qual é o limite entre a liberdade religiosa e o direito à vida.

segunda-feira, 11 de julho de 2005

Conexões divinas?

Eu tenho mania de prestar atenção ao lado humano das coisas. Por isso, durante o depoimento do empresário Marcos Valério à CPI dos Correios, achei curioso um diálogo estabelecido entre ele e o Senador Magno Malta, que lá chegou na ultima hora.

No primeiro dos trechos que memorizei, ao buscar identificar-se com o depoente, o senador disse que já passara por situação similar àquela na qual Valério se encontrava. Valério respondeu: " Eu sei...eu conheço a sua história, senador".

Já o segundo trecho do qual me lembro foi mais interessante:

- Sr.Marco, o sr. se sente julgado por Deus?

- Julgado? Não. Me sinto testado por Deus.

- Então o sr. acha que Deus o está testando?

- Eu tenho certeza...e sei que o senhor conhece isso, senador.

Nova Bomba

Meus caros, acabo de ler, no blog do Ricardo Noblat, que uma testemunha ocular afirma ter presenciado o flagra de um avião da Igreja Universal em um angar da TAM. Dentro dele, sete malas de dinheiro e um deputado - segundo a nota publicada pelo Noblat, do PFL.

O problema: não consegui nem ler em que aeroporto foi, pois o blog deu pau...saiu do ar.

domingo, 10 de julho de 2005

Um domingo tranqüilo

De segunda a sexta foi tão louco, que o final de semana ficou monótono. Mas enquanto as CPIs não recomeçam, tenho me divertido à beça lá nos comments do Ricardo Noblat. Encontrei uma moçada bacana, que está deitando e rolando em função do último fiasco petista. Nada como fazer novos amigos ao sabor de estremecimentos republicanos.

Outra dica - velha para quem leu a última Veja - é acompanhar a vida do Roberto Jefferson pela janela de seu vizinho.

E faz uns minutos que o Tarso Genro anunciou suas primeiras providências como novo presidente do PT. Pelo tom, senti que romperam totalmente com Dirceu e quadrilha. Tarde demais, penso eu. Vai ser difícil fazer a tal estrela reluzir novamente.

De resto, parece que a próxima semana vai ser prenhe em novos acontecimentos. Há mutos rumores. Um, em especial, que envolve cartões de crédito da família palaciana, ganha corpo a cada minuto.

Aguardemos pois, pelo jeito, a cueca foi só a ponta do iceberg.

sexta-feira, 8 de julho de 2005

Novo ataque das hienas.

Já consegui localizar os amigos em Londres - graças a Deus, estão todos bem.

Não creio que haja muita coisa mais que eu possa dizer sobre o terrorismo islâmico- exceto que, como todos sabem, sempre defendi a impossibilidade de diálogo.

Tenho absoluta certeza de que o ocidente vencerá, mais uma vez, pela razão: mais cedo ou mais tarde a tecnologia apresentará uma solução para esta praga que infesta o planeta.

Enquanto isso não acontece, fico imaginando: depois de promover e sediar a panfletária Cúpula Árabe-Sul Americana, com que cara a mula que nos governa deve estar lá no G-8?

segunda-feira, 4 de julho de 2005

Sou uma neanderthal tangendo bytes.

Eu acredito na honestidade, na democracia, nos conselhos de meu falecido avô e nas benesses de uma boa xícara de café. Hoje já não tenho dúvidas de que isso faz de mim uma neanderthal. Neste mundo onde tudo o que é bom faz mal à saúde, onde o PT relativiza o conceito de honestidade - e onde o melhor do que aprendemos, enfim, está sendo relativizado - sou uma espécie em extinção.

É nesta qualidade que me sento aqui, no cyber espaço do aeroporto internacional de Porto Alegre, para escrever-lhes. Só nisso, já sou obrigada a reconhecer as qualidades deste admirável mundo novo. Bastou ingressar no blog para que sumisse aquela sensação impessoal de aeroporto. Bastou ver a familiar programação visual e abrir os comments para que eu me sentisse em casa. Sentimento espantoso que, com certeza, vai tornar menos penosa a espera de um retorno físico ao lar.

Mas é paradoxal que eu me perceba, simultaneamente, tão pós-moderna e tão ultrapassada. Sou de uma geração que, junto com Renato Russo, perguntava-se "Que país é esse?". A mesma geração que achou o máximo ver um Lobão algemado tocar o hino nacional num solo de guitarra. Geração que assitiu à "Wall Street Poder e Cobiça" e "Uma Secretária de Futuro" assimilando que, também no capitalismo de roupagem yuppie, o crime não compensava. "Colonização cultural" era uma expressão sem qualquer sentido para nós, posto que lotávamos tanto os shows do The Cure quanto os do Capital Inicial ou do Legião Urbana.

Não poucas vezes, os jovens da década de 1980, por terem crescido sob a ditadura, foram considerados uma "geração perdida". Quem nos analisava por este prisma era aquela meia dúzia de gatos pingados que, tendo assumido a luta armada na década anterior, retornava beneficiada pela anistia. Não raro, eles aqui chegavam empunhando títulos de universidades mundialmente reconhecidas - o quê, por si só, parecia autorizar-lhes a tecer comentários sobre uma geração cujo desenvolvimento eles não haviam acompanhado.

Esqueceram-se de que, à despeito de qualquer cerceamento ocorrido em sala de aula, tínhamos uma família que nos explicava que estávamos vivendo em um regime de exceção. Projetaram pois, em nós, o isolamento e a falta de informação que pesava sobre si mesmos. E mal se deram conta do quanto o nosso deslumbramento com a liberdade de expressão e com o ingresso do país na pós-modernidade, colaborou para o florescimento do PT.

Sem armas ou seqüestros, estávamos - ao votar em governadores de esquerda e lotar os comícios pelas "Diretas Já" - fazendo uma revolução concreta e definitiva. Tão concreta que pudemos encerrar o mandato de um presidente mal escolhido. Tão definitiva que não hesitaremos em fazê-lo novamente, se preciso for. Louvável pensar que fazíamos isso curtindo Talking Heads - e não a mediocridade de um Geraldo Vandré.

Hoje estamos vendo quem é , de fato, a geração perdida. É aquela que, para cá voltando, não soube capitalizar honestamente o frescor e a disposição das jovens mentes brasileiras. Capitalizou-os maquiavelicamente, aparentando inocência e honestidade, a fim de montar um aparelhamento de fazer corar Joseph Stálin. E o mais interessante é que seguem nos subestimando, na crença de que não nos daremos conta de que mentiram, roubaram e corromperam a nossa política.

Pois a geração de oitenta tem um recado para a geração da luta armada: o sonho gramisciano chegou ao fim. Do alto da nossa bagagem cultural capitalista, democrática e globalizada, nós vamos derrubar vocês. Vocês estão perdidos.

sexta-feira, 1 de julho de 2005

Para quem acompanhou o depoimento de ontem até o fim:


Nervos de aço

Lupcínio Rodrigues

Você sabe o que é ter um amor, meu senhor

Ter loucura por uma mulher

E depois encontrar esse amor, meu senhor

Nos braços de um outro qualquer

Você sabe o que é ter um amor, meu senhor

E por ele quase morrer

E depois encontrá-lo em um braço

Que nem um pedaço do seu pode ser

Há pessoas de nervos de aço

Sem sangue nas veias e sem coração

Mas não sei se passando o que eu passo

Talvez não lhes venha qualquer reação

Eu não sei se o que trago no peito

É ciúme, despeito, amizade ou horror

Eu só sei é que quando a vejo

Me dá um desejo de morte ou de dor

Depois de tudo, concluo que o Jefferson é o nosso soro antiofídico: origem pouco confiável, efeito positivo.