domingo, 31 de dezembro de 2006

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Vem cá, 2007.

Vem me encher de esperança.

Um sorriso seu e esqueço meu cansaço.

Você balbucia e eu reencontro as palavras.

Você me estende sua mãozinha gorda, repleta de promessas, e eu me descubro jovem outra vez.

No embalo dos seus primeiros e atrapalhados passos, 2007, é que reaprendo a caminhar.

A todos os amigos e leitores deste blog, um feliz Ano Novo.

sábado, 30 de dezembro de 2006

Tucanos de boa plumagem

Depois da blasfêmia do auto-aumento, comandada por Aldo Rebelo e Renan Calheiros, escandalosamente apoiados pelo PSDB, duas boas notícias, vindas de duas cidades do Sul do Brasil, berços da colonização alemã. Elas dizem respeito a dois vereadores tucanos que estão devolvendo boa parte do orçamento das Câmaras que presidem ao Poder Público Municipal.

A notícia deveria envergonhar os senadores e deputados - principalmente os tucanos - que apoiaram o auto-aumento, naquela famosa reunião onde todos foram iguais.

Em Blumenau, Santa Catarina, tradicional reduto petista, o vereador tucano Marcos Antônio Wanrowsky conseguiu economizar R$ 2,3 milhões do orçamento da Câmara. Nas suas duas gestões como Presidente, entregou de volta aos cofres públicos a quantia de R$ 4,7 milhões, cortando viagens e outras mordomias.

Em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, o vereador do PSDB, Aníbal Moacir da Silva, está restituindo aos combalidos cofres da sua cidade a quantia de R$ 1, 5 milhões - fruto da economia que ele realizou em um ano como Presidente do Legislativo. Numa legislatura onde o PT é maioria e comanda o seu município ele é o único tucano, mas responde pela presidência da Casa.

Aníbal Moacir e Marcos Antônio têm em comum, também, o fato de serem médicos ginecologistas e não fazerem da política um meio de vida. Talvez seja por isso que não precisam usar fórceps, mas apenas caráter e honestidade, para fazer renascer a nossa confiança num Brasil com melhores quadros políticos.

Aproveito para deixar aqui o e-mail dos dois, desejando que eles tenham a boa surpresa de iniciar 2007 recebendo o nosso reconhecimento: Marcos Antônio Wanrowsky e Aníbal Moacir da Silva.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Só para saber

Ninguém mais estranha que, com o caos instalado no Rio, o prefeito Cesar Maia encontre tempo para manter as edições do seu ex-blog?

Nao é por nada, não... Mas eu, que não pago impostos no Rio, gostaria de ter recebido uma edição dizendo apenas " por motivo de força maior, ficaremos fora do ar" ou algo assim.

Ao manter informativo, Cesar Maia, que tantos reparos fez à imagem dos candidatos na última eleição presidencial, deu uma derrapada para lá de desastrosa. É como se Rudolph Giuliani seguisse atualizando seu blog em pleno 11 de setembro.

Mas, também, só eu mesmo para querer comparar Maia com Rudy.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

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Foto: Ricardo Zerrenner

"Eu, porém, vos digo que não resistais ao homem mau; mas a qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; " (Mateus, 5:39)

Não se enganem, queridos. A outra face é aquela que Ele mostrou ao expulsar a chicotadas os vendilhões do templo.

Por ora, sem visão dantesca

Na coluna Painel da Folha de S. Paulo de hoje, Renata Lo Prete dá um desmentido a respeito da nota que destacamos aqui ontem:

Outro lado. Na contramão do que dizem os tucanos, Heráclito Fortes (PFL-PI) afirma ter "compromisso firme" com o candidato de seu partido à presidência do Senado, José Agripino (RN). Acrescenta que Renan Calheiros (PMDB-AL), por conhecer sua posição, nem sequer o procurou para pedir voto.

Pelo menos por enquanro, parece que estamos livres de ver Heráclito Fortes em afagos discursivos com sua arquiinimiga.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Trairagem não escolhe partido

Da coluna Painel, na Folha de S. Paulo de hoje:

A queixa de José Agripino (PFL-RN) em relação aos tucanos, que não estão lá muito engajados em sua candidatura à presidência do Senado, é rebatida pela bancada do PSDB com uma pergunta: por que deveriam estar, se no próprio partido de Agripino há quem pretenda votar no atual ocupante do cargo, Renan Calheiros (PMDB-AL)? Nas contas do parceiro de oposição, seriam pelo menos quatro -de uma bancada de 15- os dissidentes: Heráclito Fortes (PI), Efraim Morais (PB), Edison Lobão (MA) e Romeu Tuma (SP).

Uma vez que a notícia veio a publico, penso que os pefelista têm duas opções: ou desmentem a coisa, deixando a ver navios os tucanos que espalharam o boato, ou vestem a carapuça da trairagem explícita - tão comum por estes dias.

A mim, particularmente, o caso que mais decepciona é o de Heráclito Fortes. Até aqui, o senador estava se mostrando opositor implacável, capaz de passar por cima de qualquer interesse menor para dar combate ao desgoverno federal. A ser confirmada a notinha de Renata Lo Prete, o próximo episódio será o quê? A visão dantesca de Heráclito Fortes em cenas de cumplicidade explícita com sua arquiinimiga Ideli Salvatti?

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

De militantes a meliantes

Depois de clonar sites, os petralhas acabam de escalar mais um degrau na indigência ética: eles agora comentam em blogs tentando se fazer passar por comentaristas e blogueiros que se tornaram famosos ao combater o lulo-petismo. Usam apelidos, nomes e sobrenomes - algumas vezes até endereços de e-mail - alheios para tecer elogios ao governo Lula ou para praguejar contra Fernando Henrique Cardoso.

Tirem o cavalinho da chuva, falsários. O mínimo que se pode exigir de um bom blogueiro é que ele leia a área de comentários e saiba, em linhas gerais, o que pensam seus comentaristas. Aliás, saber quem é quem na blogosfera é outra exigência mínima para exercer esta atividade.

Como cumpro os dois requisitos com algum talento, sugiro que os meliantes petistas procurem outra freguesia.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

sábado, 23 de dezembro de 2006

Operação mostra-buracos II

Felizmente, já estamos na casa da mami, sãos e salvos.

A viagem foi lenta porque optamos por fazê-la parando, sem correria ou stress.

O complicado foi que não consegui conexão em nenhum outro local antes de chegarmos aqui.

Mas seguem as "melhores" fotos do segundo trecho da viagem. Como bem lembrou a Lilis, nos comentários abaixo, vale observar que a pista é simples, aumentando muito o risco de acidentes.

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Jaguaruna. Foto: Nariz Gelado.

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Içara. Foto: Nariz Gelado.

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Ponte sobre o rio Mampituba. Foto: Nariz Gelado.

Com esta foto do Rio Mampituba, na divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul, encerro a Operação mostra-buracos. A partir de Torres, deixamos para trás a assassina BR101, que já levou a vida de tantos amigos, e ingressamos na Estrada do Mar. Depois, pegamos a abençoada e privatizada Free Way, que nos trouxe a Porto Alegre.

Ainda tenho muitas fotos, mas penso que estas foram suficientes para ilustrar a real situação desta estrada que, mesmo passando por obras de duplicação, está com a única pista diponível jogada às traças.

No momento, importa mesmo é que, do Mampituba para baixo, tudo tem gosto de infância: caldo de cana, polenta frita, doce de laranja azeda e bala de funcho.

Operação mostra-buracos I

12h:48min

Estamos em Tubarão, S.C.

Conforme prometido, encontrei uma conexão e envio as fotos da primeira parte da viagem.

É a nossa operação "mostra-buracos", percorrendo o trecho sul da BR101.

Até agora, não vimos um só avião cruzando os céus.

BR 101 A 006.jpg


Morro dos Cavalos. 10:12. Foto: Nariz Gelado.

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Garopaba, 10:45. Foto: Nariz Gelado.

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Imbituba, 11:30. Foto: Nariz Gelado.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Estrela brasileira

E a Varig, a velha e boa Varig, que nunca deixou os brasileiros na mão, está oferecendo ajuda à TAM para que as pessoas cheguem em tempo de comemorar o Natal com suas famílias.

Para não esquecermos que há valores dos quais não se pode abrir mão, vale a pena rever Jorge Ben Jor cantando o tradicional jingle de Natal da Varig.

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=hQaqGJdWB9g]

Cambalacho

Troca-se um mensaleiro por um sanguessuga.

Negocia-se o silêncio.

Vende-se um voto para presidente do Senado.

Aluga-se partido para compor a base aliada.

Não trabalhamos fiado.

Tratar no Palácio do Congresso Nacional, Eixo Monumental

Brasília

Distrito Federal

70165900

Fax: (61) 321-7333

Telefones:

Geral - (61) 321-7333

Cambalacho: as apostas do Apostos estão de volta.

Operação mostra-buracos

Impedida, pelo bom senso, de pegar um avião para ir passar o Natal com a família, amanhã cedo cairei na estrada para enfrentar aquilo que, um dia, foi o trecho sul da BR 101 - hoje, carinhosamente apelidado de "Sarajevo".

Mas decidi que este transtorninho vai custar caro ao Planalto.

Não só irei fotografar as condições da estrada como, também, farei uma cobertura em tempo real. Onde houver conexão de internet, vou parar para atualizar o blog com fotos e relatos da viagem.

Se o desgoverno Lula me obriga encarar "Sarajevo" em plena véspera de Natal, darei o troco com uma especialíssima "operação mostra-buracos".

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Caíram no canto da... sereia.

Eu sei que este "sereia" aí da chamada vai provocar protestos. Mas pensem menos nos atributos atrativos e mais no resultado final da coisa, que ficará mais fácil de engolir.

Qual não foi minha decepção ao ver, ontem, Antônio Carlos Magalhães comprar o desafio de Ideli Salvatti e apresentar a PEC que propõe a transferência do teto remuneratório dos três Poderes ao Legislativo - o que significa, em última análise, baixar o teto salarial do Judiciário. Com isso, pretende o Senado dar uma liçãozinha no Judiciário.

Vingancinha pérfida que, já disse, ajuda a afundar um pouco mais a imagem do Congresso Nacional. O PT sabe disso - e, de acordo com o que venho alertando ao longo da semana, não é por outro motivo que apresenta coisas do gênero. Me admira é ver o PFL comprando o peixe sem pestanejar.

O resultado mais imediato foi um híbrido marinho de duas cabeças: Antônio Carlos Magalhães e Ideli Salvatti trocando afagos discursivos no Senado. Quem tiver predileção por perversões exóticas pode clicar aqui e ouvir a coisa.

De resto, o Senado inteiro surfou na mesma onda - PSDB, banda boa de PMDB, etc e tal.

Dediquei uma semana inteira a este tema - e vi pouquíssima gente escrevendo sobre a desmoralização do Congresso Nacional como algo que atende a objetivos claros. Mas se antes podia-se aceitar que a oposição colaborava para a coisa ao dar vazão àquela porção humana nada elogiável - a ganância -, a adesão à proposta de Ideli Salvatti é testemunho de lamentável estupidez.

Encerro, pois, minhas incursões ao tema. Não se queixe, o Congresso Nacional, quando a sereia tiver atingido seu fim e a discussão sobre a validade daquela instituição ganhar força nas ruas.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Das pequenas e valiosas recompensas

Desnecessariamente agradecido com a nota que lhe dediquei por ocasião de sua despedida do Senado - já que não fiz mais do que reconhecer sua indiscutível contribuição para a política nacional - o senador Jorge Bornhausen enviou-me sua biografia, de autoria do jornalista Luiz Gutemberg, lançada em 2002.

O exemplar com o qual fui presenteada traz dedicatória do próprio senador - motivo mais do que suficiente para ocupar lugar de destaque entre os tesouros da casa.

Obrigada, senador. Ao final de um ano de tantas lutas, saber-me merecedora do seu respeito e admiração foi um belo presente.

Para estremecer o Planalto

Encontro no final da tarde de ontem, em Jurerê Internacional, reuniu o crème de la crème da blogsfera política catarinense. Depois de muito marca-e-desmarca, finalmente eu, Orlando Tambosi e Aluizio Amorim conseguimos nos encontrar para uma rodada de expressos e capuccinos. Oposicionistas ferrenhos, de reconhecida capacidade intelectual, eu já sabia. Mas foi um prazer descobrir, também, dois gentlemen, capazes de um bate-papo que faz o tempo passar voando.

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Ideli nos desafia e afunda um pouco mais a imagem do Congresso Nacional

O que eu lhes disse no post anterior, redigido logo que saiu a decisão do STF?

Disse que antes do final do dia, alguém viria à mídia para falar em "disputa acirrada entre os poderes". E sugeri que os parlamentares não entrassem nesta canoa, pois ela era furada - e só serviria para afundar, ainda mais, a imagem do Congresso Nacional. Eles que tratassem de engolir a lição de moral que o STF se obrigou a dar-lhes. Que baixassem a crista e contivessem a ganância fincanceira para bem aprender com o episódio.

Acontece que, desta vez, até eu subestimei o empenho do lulo-petismo para avacalhar com a política nacional. Pois ao invés de sugerir que o STF estava pedindo briga com o Congresso, Ideli Salvatti foi mais fundo: resolveu ela mesma declarar guerra ao STF.A lider do PT no senado vai apresentar uma PEC que fixa em R$ 16,5 mil o teto do funcionalismo público - contrapondo o teto atual do STF, de R$ 24,5 mil, ao qual Ideli, até ontem, queria se equiparar.

Ao insuflar a bancada do PT e o restante do Congresso a acompanhá- la em mais uma iniciativa que visa criar a sensação de que nossas instituições democráticas estão em estado de completa bagunça, a senadora deixou claro que está, também, comprando briga com a opinião pública: "Tem uma reação ensurdecedora da opinião pública contra os R$ 24.500. Se a reação é verdadeira, e eu acho que é, é porque não pode haver esse teto de R$ 24.500. Os ministros do STF ganham R$ 24.500 e ainda vêm dar palpite aqui."

Entenderam?

Ideli Salvatti, que declarou não ter pulso para votar contra a maioria naquela reunião de quinta-feira passada, quer, agora, nos colocar contra parede, nos medir, para saber se nós temos pulso para protestar contra os ganhos do STF.

Pois eu acho que, pela demonstração dada ontem, os Juízes do STF estão merecendo ganhar os tais R$ 24,5 mil. Bem vimos que podemos contar com eles para barrar as besteiras que a senadora Ideli e seus colegas intentam.

Já os nossos parlamentares, Ideli inclusa, não merecem nem os R$16,5 mil - principalmente, aqueles que não se dão conta de que a base governista vem trabalhando, metodicamente, pela desmoralização da classe política e o conseqüente fortalecimento do populismo que reelegeu Lula.

Renan e Aldo garantem nova humilhação para o Congresso Nacional

O Supremo Tribunal Federal acaba de decidir que o aumento salarial de 91% para deputados e senadores precisa ser votado no plenário da Câmara e do Senado. Para tanto, os Juízes do STF nada mais fizeram do que seguir a Constituição - aquela mesma que os nossos parlamentares juram defender quando são empossados.

Hora da verdade: se quiserem sustentar, acima de qualquer coisa, suas candidaturas à reeleição da presidência da Câmara e do Senado - que foi, enfim, a barganha por trás deste aumento - , Aldo Rebelo e Renan Calheiros terão de ser caras de pau o suficiente para levar a votação do reajuste a plenário. Eu acho que eles são. Se não fossem, teriam recuado ontem, diante dos protestos da opinião pública. Mas preferiram ver o Congresso passar pelo vexame de ser chamado à razão pelo STF.

Estou certa de que, antes do final do dia, alguém virá à mídia para falar em "disputa acirrada entre os três poderes". Sugiro aos senhores paralmentares que não entrem nessa. Engulam a humilhação e aprendam com ela.

Se a imagem do Congresso está sendo enxovalhada é porque os senhores fornecem a matéria prima, permitindo um verdadeiro festim macabro no qual, em breve, o Governo Federal estará se banqueteando. O prato principal é a honra do Congresso. Para melhor entender, basta ler os dois artigos que este blog publicou ontem.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

A quem interessa desacreditar o Congresso Nacional?

A regra é simples e reconhecida nos manuais básicos de história e sociologia: um Legislativo enfraquecido beneficia a governos populistas. Em outras palavras: o descrédito da classe política como um todo, colabora para a

ascensão, fortalecimento e manutenção de lideranças carismáticas, donas de um discurso de cunho populista, que exercem fascínio sobre as massas menos esclarecidas muito mais por seu poder simbólico do que por medidas que de fato beneficiem a estas camadas da sociedade.

A grosso modo, podemos dizer que é mais ou menos isso o que vem acontecendo no Brasil - o que explica, em parte, que Lula tenha sido reeleito a despeito de todos os escândalos de corrupção que assolaram seu governo. No geral, as pesquisas de opinião revelaram um raciocínio dominante entre os eleitores de baixa renda e baixa escolaridade: "Quem se importa que haja corrupção no governo Lula, se este é um mal endêmico da política nacional? Lula, pelo menos, está fazendo alguma coisa pelos pobres."

Logo se vê que, embora o quadro geral se encaixe no modelo apontado no primeiro parágrafo, há, no caso brasileiro em questão, alguns agravantes.

O primeiro deles diz respeito a uma verdade: sabe-se que, em termos de "comida na mesa", Lula fez, de fato, muito mais do que qualquer governante fizera, até então, pelas classes menos favorecidas. Que para isso ele tenha onerado o Estado de forma irresponsável e deixado de lado questões vitais como a infra-estrutura - e que a resultante disso tudo será um verdadeiro beco sem saída -, é tema que importa apenas a uma minoria esclarecida.

Saúde, educação e segurança estão terríveis - todos sabemos. Mas o eleitor de Lula não pode sentir falta daquilo que, na verdade, nunca teve. Ele, então, escolhe reconhecer as benesses que vem recebendo - pouco importanto se fruto uma relação clientelista, insustentável num futuro próximo . Eis o motivo pelo qual este " pelo menos Lula está fazendo pelos pobres" foi imbatível em termos de discurso eleitoral.

O agravante mais perigoso do caso brasileiro, porém, é a forma como se chegou à desvalorização da classe politica - a tal desvalorização que, segundo apontam os manuais de história e sociologia, é a base sobre a qual se constrói e mantém um governo populista. E é ela que está por trás da afirmação "Quem se importa que haja corrupção no governo Lula se este é um mal endêmico na política nacional?".

O subproduto do mensalão

Não, a classe política nacional não é santa - longe disso. Mas vamos combinar que o governo Lula conseguiu conspurcá-la mais ainda com o mensalão. A chegada de Lula ao poder coincide, pois, com a criação de um sistema criminoso e formal através do qual o Executivo corrompeu o Legislativo .

E o que fez o governo Lula quando as denúncias vieram à tona? Colocou sua base aliada para tentar livrar a cara de cada um dos mensaleiros. Pode-se aceitar que esta atitude tenha sido meramente uma forma de defesa - já que absolver os acusados implicava em não admitir a existência mesma do crime. Mas pode-se, também - e este é o meu convite a vocês -, aceitar que esta defesa tinha, como subproduto, um caráter discursivo de desmoralização da classe política.

As muitas pizzas que foram assadas, ao longo de 2005 e 2006, na Câmara Federal - sempre presidida, lembrem-se, por governistas - ajudaram, e muito, a enterrar a imagem dos parlamentares brasileiros. Enterro que, como já dissemos, só favorece ao fortalecimento da liderança populista encarnada por Lula. E se funcionaram tão bem para este fim, foi por dois motivos: primeiro, porque a nossa classe política não é mesmo flor que se cheire. Segundo, porque as absolvições foram acompanhadas de um discurso que colocava a todos em uma mesma vala comum. Foi o próprio Lula que, naquela entrevista desde Paris, no auge das denúncias, deu o pontapé inicial para tal discurso, dizendo que "o PT fizera apenas caixa dois, como faziam todos os partidos". Depois disso, foi um verdadeiro festival de declarações e inciativas que tinham por fim nivelar a moral da classe política por baixo.

Muito cuidado, pois, neste momento em que o Congresso Nacional resolve encerrar o ano legislativo com uma decisão que é, sim, um verdadeiro deboche. Ocorre que, como demonstrei acima, o Governo Lula tem sido pródigo em se aproveitar da frágil ética de nossos parlamentares, potencializando-a - ao mesmo tempo em que dela se distancia - para alimentar um discurso de desmoralização da mesma.

Foi este o roteiro que Ideli Salvatti seguiu, à risca, naquela famigerada reunião: votou a favor, permitindo a derrocada moral de seus colegas, mas manteve distância, dizendo que assim agiu por ver-se vencida pela maioria. E, coincidência ou não, na semana passada, na sessão plenária dos conselheiros federais da OAB, Alberto Zacharias Toron - que já advogou para Jorge Mattoso e João Paulo Cunha - apresentou proposta para a extinção do Senado Federal.

Protestar, pois, como bons democratas, exigindo que nossos parlamentares se comportem de acordo com a confiança que neles depositamos, é uma obrigação. Mas discutir a validade do Congresso Nacional é tolice da qual poderemos vir a nos arrepender num curto espaço de tempo.

É uma porcaria... Mas é a nossa porcaria.

É importante fazer algumas observações, antes que o que aqui se defende cause confusão aos espíritos mais afoitos.

Eu contesto, veementemente, o aumento salarial com o qual os nossos parlamentares, em histórica pachorra, se presentearam na semana passada. Acredito, também, que os parlamentares que não estiveram presentes na famigerada reunião terão que fazer mais do que apenas manifestar contrariedade na imprensa para que se possa acreditar que não estão coniventes com tal descalábrio. E não, senhores parlamentares... Não me perguntem como, nem aleguem que nada pode ser feito: vocês ganham bem o suficiente para descobrir um jeito de barrar esta coisa. Usem daqueles conhecimentos jurídicos que, volta e meia, lhes servem para livrar a cara de mensaleiros, sanguessugas e outros parasitas que vocês têm por aliados.

Por mais, contudo, que eu esteja contrariada, revoltada, chocada com a atitude parlamentar, devo avisar que não aprovo a histeria coletiva que começo a vislumbrar, aqui e ali, sugerindo que se rediscuta a existência e manutenção do Congresso Nacional.

O Congresso Nacional pode ser uma porcaria, mas é a nossa porcaria. Se perdemos a chance, em outubro último, de melhorá-lo, poderemos tentar novamente daqui a quatro anos. Até lá, protestos e represálias, desde que dentro de padrões civilizados e democráticos, são a saída. As instituições democráticas não devem balançar ao sabor do nosso mal-votar. Ao contrário: somente elas nos permitem o aprimoramento deste direito, garantindo o exercício de erros e acertos que são inerentes ao sistema democrático.

Quem está prestes a comprar este discurso que desvaloriza a existência do Congresso Nacional deveria, primeiro, tentar saber a quem ele serve. Falarei disso dentro de alguns minutos.

domingo, 17 de dezembro de 2006

Abaixo-assinado contra o aumento

Está revoltado com o aumento dos parlamentares?

Pois há uma forma organizada de mostrar a sua revolta: um abaixo-assinado (petition on-line) de protesto na web.

Em menos de duas horas foram obtidas 8.017 assinaturas.

Para assinar, clique aqui.

Ps.: este blog está apenas colaborando com a divugação do abaixo assinado, não se responsabilizando por sua realização ou pelos dados cadastrais ali recolhidos.

Um novo conceito de liberdade

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Foto: Nariz Gelado

Notebook e rede wireless.

Adeus clausura no escritório.

Adeus jantares queimados.

Adeus lan houses.

Quem disse que Papai Noel não existe?

sábado, 16 de dezembro de 2006

Trilha da Semana #2

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Mais uma edição da nossa brincadeira de sábado: escolher a trilha sonora ideal para os principais acontecimentos da semana.

Para ouvir no seu player, você clica aqui.

Para ouvir no provedor, clique aqui.

(Tenha um pouquinho de paciência para baixar o arquivo: semana pesada, trilha idem.)

Rico, mas sujinho

A sempre bem informada Mônica Bergamo nos traz, na sua coluna de hoje para a Folha de S. Paulo, detalhes sobre a situação fincanceira do PT:

EM DIA

O PT fechou acordo com os bancos Rural e BMG, envolvidos no escândalo do mensalão, e está pagando a dívida do partido com as duas instituições. São R$ 13 milhões no total. Para o BMG, o PT já pagou três parcelas iniciais de R$ 40 mil. Em janeiro, a pancada aumenta: as parcelas passam a ser de R$ 770 mil, a cada dois meses, num total de seis. A primeira parcela para o Rural foi maior: R$ 500 mil, pagos no dia 13 de setembro. O restante será dividido em 30 parcelas que variam de R$ 150 mil a R$ 300 mil.

DESBLOQUEADO

O advogado Luiz Bueno de Aguiar, do PT, confirma o acordo. Ele diz que para os bancos foi um bom negócio. "É melhor do que ficar correndo atrás de contas individuais de filiados", diz. O deputado José Genoino (PT-SP) chegou a ter as contas bloqueadas por causa disso. "Ele teria que trabalhar cem anos como deputado para pagar metade da dívida", diz Bueno. Com o acordo, Genoino ficou livre de novos bloqueios.

CAIXA UM

Já a dívida do PT com as empresas de Marcos Valério, de mais de R$ 100 milhões, que teriam alimentado o mensalão, continuam sendo contestadas. "Só vamos pagar o que está contabilizado", diz Bueno.

Some-se estes valores àqueles 10 milhões de reais em dívidas - que o PT, a bem de ver aprovadas as contas da campanha de Lula, assumiu nesta última semana - e fica impossível não questionar como o partido faz para arrumar tanto dinheiro. Mas é bobagem minha questionar este tipo de coisa quando, após uma CPI e três meses de investigações da gloriosa PF, a origem daqueles R$1,7 milhão continua um mistério e ninguém estranha.

O fato é que ou aceitamos que o partido do qual Lula é presidente descobriu a fórmula para a geração espontânea de recursos ou vamos acabar concluindo que o PT, em complemento a inversão dos valores éticos, está deixando sua herança também no que respeita aos adágios populares: aquele "pobre, mas limpinho" ficou absolutamente démodé.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Desopilando

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Encontramos um jeito peculiar para ler os nomes dos deputados e senadores que, com tantos assuntos urgentes a serem resolvidos, ontem se reuniram para garantir à "categoria", um salariozinho de R$ 24.500,00.


Para ouvir no seu player, clique aqui.

Para ouvir diretamente no servidor, clique aqui.

Da numerologia das quadrilhas: 13 é o número.

Aprovado nesta manhã, o relatório da CPI dos Sanguessugas indicia seis petistas por formação de quadrilha.

Somando-se aos sete que foram denunciados pelo Procurador Geral da República no caso do mensalão, temos que 13 é, até agora, o número de petistas acusados por formação de quadrilha.

Deve ter sido também por isso, pela evidente conexão numerológica, que a Senadora Ideli Salvatti lutou para deixar de fora do relatório dos sanguessugas o companheiro Jorge Lorenzetti. Salvatti evitaria, assim, dois problemas.

O primeiro, que as suspeitas que recaem sobre o partido se voltem com mais força para Santa Catarina - o que, vamos combinar, acontecerá naturalmente caso vingue a nova CPI das Ongs, a ser aberta no próximo ano.

O segundo, de aspecto mais simbólico, seria tirar de pessoas como eu o prazer de dizer que 13 é o número de petistas denunciados por formação de quadrilha.

Sinto muito, senadora. Deu 13 na cabeça.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Com chave de ouro

Com um belo discurso, Jorge Bornhausen marcou ontem sua despedida do Senado Federal. Não se despediu, por óbvio, da política mas apenas do cargo de senador - função para qual não quis tentar uma reeleição.

Mas, para além das palavras, foi com atitude que o senador deixou claro que continuará vigilante, principalmente no que respeita a atuação do seu partido no cenário político nacional.

Ontem à tarde, pouco antes de Bornhausen ocupar a tribuna para seu discurso final, a mídia dava conta, mais uma vez, da agilidade e fimeza com as quais o PFL tem agido ultimamente para corrigir seus erros: o partido ameaçou ir ao Supremo Tribunal Federal (STF), caso fosse aprovado o projeto de resolução, da lavra do pefelista José Thomaz Nono, que anistiaria, de uma legislatura para outra, deputados acusados de corrupção. Uma hora depois, os líderes dos principais partidos na Câmara dos Deputados retiraram o projeto da pauta de votação*.

Temos então que entre a gritaria da imprensa e a reação do PFL, passaram-se apenas três horas. Esta rapidez em dar uma resposta à sociedade tem sido a marca registrada do PFL nos últimos tempos. Junte-se a ela a postura do partido - que não se furta em fazer oposição ao Governo Federal, honrando os votos que recebeu enquanto aliado da candidatura Alckmin - e se entenderá que, se a presidência de uma legenda vale alguma coisa, boa parte desta postura se deve a atuação de Jorge Bornhausen à frente do PFL.

Um partido, obviamente, não está livre de cometer erros. Não está livre de ter, entre seus parlamentares, um que apresente um projeto estapafúrdio como esse do deputado Thomaz Nono - e que recebeu, vejam bem, o apoio sorrateiro do PT, do PMDB, do PCdoB, do PP, do PSC e do PL. Mas, uma vez que a sociedade faça soar o alarme, será pecado mortal se este partido não atender ao chamado, corrigindo rapidamente sua posição.

O PFL do senador Jorge Bornhausen tem pecado pouco neste sentido. Que eu me lembre, pesa sobre o partido, nos últimos dois anos, apenas a negociação que absolveu Roberto Brant. Mas é erro ainda passível de ser corrigido. E Bornhausen tem crédito. Uma vez ex-senador, espera-se que ele continue à frente da legenda, não deixando morrer a única oposição com qual podemos contar, de fato, no momento.

*Sim, eu sei: o projeto pode voltar à pauta a qualquer momento. Mas, então, estaremos todos vigilantes, certo?

"A rigor, a rigor, o que é que nós temos? As contas não fecharam."

Ministro Marco Aurélio de Melo, nesta madrugada, tentando defender a desaprovação das contas da campanha de Lula em virtude de R$ 10,3 milhões em dívidas que foram repassadas ao PT.


terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Conta-gotas

Estivemos fora dor ar por falta de energia elétrica. Enquanto não se prepara um post mais gordinho, seguem alguns petiscos.

A considerar as últimas notícias que vêm da Bolívia, o Governo Morales está indo para o vinagre. Acompanhemos atentos, pois a situação poderá ser exemplar para se medir o apetite intervencionista de Hugo Chávez.

Da entrevista de Tasso Jereissati no Roda-Viva, ficou uma impressão de despreparo. Embora tenha dito, várias vezes, que "agora era preciso olhar para o futuro", o presdiente do PSDB parecia preso ao passado: falou muito das contradições da campanha presidencial de Lula mas furtou-se a discutir com maior profundidade as contradições de seu próprio partido - principalmente no que respeita ao papel da legenda enquanto oposição.

O PFL, por sua vez, está devendo explicações à nação. Lá no Blog do Noblat, ficamos sabendo que o deputado José Thomaz Nono apresentou um parecer, agora em vias de ser votado no plenário, que institucionaliza a pizza: o texto propõe zerar a ficha corrida de parlamentares investigados por CPIs no final do ano legislativo, determinando que os processos de cassação só sejam reabertos no próximo ano se houver novas denúncias sobre o mesmo assunto.

"Não tem outro jeito, se você conhecer uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque ela tem problemas. Se você conhecer uma pessoa muito nova de direita, é porque também tem problemas."

Do chefe de Freud, ontem, em profunda reflexão sobre política e psique humana.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

O impensável

Em comentário em post abaixo, Julia chamou a atenção para uma nota de Claudio Humberto:

Reunião da OAB discute extinção do Senado

Durante a sessão plenária deste domingo, os conselheiros federais da OAB discutiram durante mais de cinco horas as propostas que serão encaminhadas ao presidente Lula sobre a reforma política. Um dos pontos mais polêmicos foi a proposta apresentada pelos conselheiros Alberto Zacharias Toron (SP) e Reginald Felker (RS) de extinção do Senado Federal. Bastante crítico em relação àquele casa legislativa, Toron afirmou que "como está hoje o Senado é uma excrescência". A proposta foi apoiada pela bancada do Paraná mas rejeitada pelas demais bancadas.

Talvez seja uma política da OAB levar à discussão todas as propostas apresentadas por seus conselheiro - não importando quão esdrúxulas elas venham a ser. Mas que a coisa não cheira bem, lá isso não cheira.

Eu detesto alarmismos. Mas é impossível fazer de conta que eu não sei que Alberto Toron defendeu o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, acusado de entregar a Antônio Palocci o extrato obtido com quebra ilegal do sigilo do caseiro Fancenildo. Também não vou conseguir analisar a proposta de Toron sem considerar que ele atuou na defesa do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) para o caso do mensalão.

Se estiver certa a nota de Cláudio Humberto teremos o quê? Que há um conselheiro da OAB, com laços estreitos com o petismo, propondo acabar com o Senado federal?

Cada vez pior

Da coluna Painel, na Folha de S. Paulo de hoje:

"A declaração, feita por Tasso Jereissati, de que o PSDB apoiará a candidatura de José Agripino à presidência do Senado deve ser tomada como uma satisfação pública ao parceiro PFL, nada mais. Em privado, a maioria da bancada tucana manifesta a intenção de reconduzir ao posto Renan Calheiros (PMDB-AL), que por sua vez não se cansa de lembrar seu papel na eleição de Téo Vilela em Alagoas e o fato de que esse Estado foi o único onde José Serra venceu em 2002.

A inclinação do PSDB mudará se Agripino ganhar musculatura e exibir chances robustas de vitória. Mas os tucanos só pegarão o bonde andando. Não estão dispostos a empurrá-lo. Na Mesa Diretora e fora dela, consideram-se muito bem servidos com Renan."

E depois reclamam quado seus adversários políticos os rotulam de "duvidosos".

domingo, 10 de dezembro de 2006

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Fidel Castro e Augusto Pinochet, Chile, 1971.

Nenhum dos dois vale um tostão furado.

Ambos ditadores sangüinários.

A diferença é que Pinochet fez mais pelo Chile do que Castro por Cuba. Quando menos, porque Pinochet soube o momento certo de deixar o poder para que o Chile tomasse o caminho democrático.

Qual dos dois matou mais?

Impossível saber, já que a maioria dos historiadores é marxista. Eles jamais permitirão que as mortes de Castro sejam devidamente contadas.

Vá de retro, Pinochet. Vá logo, Castro.

Das Idéias... (II)

Enquanto eu curtia sol e mar, três petralhas passaram por aqui, deixando as marcas de seus cascos na área de comentários - não liberei, por óbvio. Aqui não há espaço para indigência intelectual.

O fato é que um me avisava da morte de Pinochet, desejando que eu fosse a próxima " direitista reacionária" a ir ter com Satanás. A ele, aviso apenas que eu, como boa capitalista selvagem, já comprei as intenções do Coisa Ruim. Profetas amadores, ladrões profissionais e demais revolucionários de meia-tigela terão, portanto, que gastar litros de saliva lançando pragas antes que alguma delas me faça sequer cócegas.

Os outros dois tiraram onda da minha cara porque eu propus, no post abaixo, que enterremos Hugo Chávez - mas que, tal qual George Bush e a "direita reacionária internacional", eu não sei por onde começar. A esses eu sugiro que olhem para os próprios traseiros sujos: o presidente que eles reelegeram diz que quer fazer o país crescer mas que, após quatro anos no poder, ainda não sabe como.

A mensagem é clara: eu sou muito melhor do que o Lula e, se quiser, posso ser um milhão de vezes pior do que o Pinochet.

Das idéias...

Chávez propõe enterrar o Mercosul.

Eu proponho enterrar Chávez.

Como, a gente combina mais tarde.

Agora vou à praia.

sábado, 9 de dezembro de 2006

Trilha da semana #1

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Gostei do brinquedo - não sei se já deu pra notar.

Então, resolvi testar um programinha musical inspirado nos principais fatos políticos da semana.

Se vocês gostarem, no sábado que vem tem mais.

Para ouvir, você pode clicar aqui para abrir no seu player (tem sido a melhor opção) ou aqui para ir direto ao provedor.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Corpo mole

Ontem, a base governista no Senado impediu a instalação da CPI das ONGs não comparecendo à sessão na qual deveria se eleito o presidente e indicado o relator. Consultada, a seandora Ideli Salvatti disse que a CPI é desnecessária.

Ora bolas... E alguém esperava outra coisa dos governistas?

O que me preocupa são as ausências do lado da oposição. Não que elas pudessem impedir a dificuldade numérica provocada pelos respresentantes do governo. Também é verdade que a CPI nasceu morta. Mas como o senador Heráclito Fortes já está se mexendo para abrir uma nova CPI, com o mesmo objeto de investigação, no iniício do novo ano legislativo, seria bom se a oposição mostrasse alguma firmeza em ser oposição.

Logo, quero saber quais foram os assuntos urgentes e relevantes que impediram que os titulares Álvaro Dias (PSDB-PR) e Efraim de Morais (PFL-PI), bem como os suplentes Lúcia Vânia (PSDB-GO) e Demóstenes Torres (PFL-GO), marcassem presença na sessão de ontem.

Menos, por favor

Há choro e ranger de dentes entre a mídia e os grandes partidos por conta da queda da cláusula de barreira, derrubada ontem pelo Supremo Tribunal Federal . As críticas vão desde questões institucionais - como, por exemplo, a interferência indevida do STF em matéria já aprovada no Congresso Nacional - até aquelas de natureza ética: agora os pequenos estariam liberados para fazer todas aquelas diabrites que tanto atormentam a vida polícia naciona - vender o tempo de rádio e TV a que têm direito, aplicar indevidamente o fundo partidário e, temor dos temores, prostituir seus votos atráves de mensalações ou modalidades assemelhadas.

Menos, senhores... Menos, por favor, pois há momentos em que não é possível bloquear o sol com a peneira. E este me parece ser um deles.

Creditar à manutenção dos privilégios dos pequenos partidos todos os males da política nacional é de uma cara de pau sem tamanho. Como se grandes partidos não vendessem votos em troca de cargos. Como se representantes dos grandes partidos não tivessem votado, secretamente, pela absolvição de mensaleiros. Como se um grande partido não tivesse corrompido aos pequenos com o mensalão. Como se houvesse alguém mais, que não os grandes partidos, para propôr a compra dos espaços de rádio e televisão aos quais os pequenos têm direito.

Muito antes do potencial corruptivo dos pequenos, é a vocação corruptora dos nossos grandes partidos que emporcalha a política nacional. E esta só será eliminada por medidas eficazes.

Nossos luminares políticos estão preocupados com ética? Pois vamos lá.

Que tal se empenharem na aprovação de uma medida que está tramitando no Congresso e que visa moralizar o quadro político nacional: o fim do voto secreto, que garantirá aos brasileiros o sagrado direito de fiscalização sobre as atitudes dos parlamentares que ajudaram a eleger?

E por que não aproveitar a ocasião, também, para dar andamento a um projeto do senador Antônio Carlos Magalhães que sugere o fim do sigilo bancário e telefônico, a priori, de todo o parlamentar que for convocado a depôr em uma CPI? E, indo além, quem sabe acatamos a sugestão recente do senador Antero Paes de Barros, decretando o fim do sigilo bancário e telefônico como prerrogativa para a diplomação de todos os parlamentares?

E temos mais: o surto de ética despertado pela decisão do STF poderia ser dirigido à tão esperada - e agora desacreditada - reforma política pelo menos no que respeita à fidelidade partidária? Que tal abandonarmos o paradigma do "país de dimensões continentais" e passarmos a exigir que os partidos contemplem esta diversidade em termos programáticos? Quem sabe, assim, nosso partidos fariam da discussão democrática de seus programas de governo uma forma de existência - e não um documento eleitoral a ser revisado, às pressas, às vespéras das eleições?

Eis aí um bom número de providências que podem neutralizar os supostos efeitos malignos da decisão de ontem.

Mais do que sugestões, tais providências são, também, um termômetro: o tratamento que elas receberão num futuro próximo vão dar bem a medida do quanto a indignação demonstrada nos jornais de hoje é verdadeira ou apenas mera retórica.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Golpismo again

Eu já falei para vocês em outras ocasiões que, por um sistema cuja mecânica eu ainda não desvendei, a militância faz balão de ensaio para versões governistas nos fóruns, chats e áreas de comentários na internet. É a tal "arte de conversação na web" ou "diálogos estratégicos" - eufemismos para a conquista hegemônica dos espaços de debate.

A coisa fica mais visível durante as crises: prestando atenção ao cyber-discurso da militância, descobre-se aquilo que, se passar no "ensaio", em um ou dois dias poderá estar na boca dos palamentares da situação. É o que acontece agora com o apagão aéreo.

A versão que anda pululando nas últimas 48 horas dá conta de que o movimento dos controladores é, na verdade, uma conspiração militar contra o Ministro Waldir Pires. Segundo esta versão, os militares jamais engoliram que um civil ocupasse a pasta do Ministério da Defesa - muito menos um que tenha lutado contra a ditadura.

É o golpismo - doença discursiva crônica deste governo - fazendo escola.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Janene escapa

Na noite em que o deputado mensaleiro José Janene (PP-PR) escapa de ser cassado, vale a pena perguntar:

É por intervenção do IBAMA que as ratazanas do Congresso Nacional estão sendo preservadas?

Sem previsão para decolar

É claro que vocês já sabem, mas não custa lembrar: pausem a transmissão da TV Senado lá embaixo e cliquem no player acima para ouvir o podcast.

Quem estiver com dificuldades para utilizar o player disponível pode tentar aqui ou ir diretamente ao provedor do podcast, clicando aqui - mas, uma vez lá, lembre-se de clicar na setinha verde ou nada acontece.

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Abre-te, Sésamo!

Finalmente, com inexplicáveis 20 dias de atraso, o TSE votou hoje o recurso apresentado pela campanha de Geraldo Alckmin, que solicita o justo acesso a todas as informações do inquérito do dossiêgate.

Por quatro votos a três, os ministros do TSE decidiram que todas as partes poderão ter acesso ao inquérito.

Conforme comentamos anteriormente, a votação permitirá que os advogados da Coligação por um Brasil Decente saibam para quais ramais do Palácio do Palnalto os aloprados andaram telefonando - e de quais receberam ligações - durante o embróglio.

Quem?

Termina hoje o prazo dado por Renan Calheiros para que os partidos indiquem os integrantes da CPI das ONGs.

Como se sabe, uma CPI não pode avançar de uma legislatura para outra. Assim, o dia 22 de dezembro é o prazo máximo para que a CPI criada pelo senador Heráclito Fortes conclua seus trabalhos.

Ao que parece, Heráclito Fortes - além de agir para cumprir a promessa de que entraria com o pedido de criação desta CPI tão logo estivesse encerrada a eleição presidencial - apostou que alguns dias de investigação poderiam fornecer material suficiente para justificar a instalação de uma nova CPI, com o mesmo objeto de investigação, já no início de 2007.

Ficaremos, então, até o final da tarde de hoje, com uma expectativa: o PT indicará a Senadora Ideli Salvatti?

Beleza brasileira

Em sua coluna de hoje para a Folha de S. Paulo, Mônica Bergamo nos avisa que João Moreira Salles está lançando a continuação de Entreatos. O documetário, que vai se chamar Atos - A Campanha Pública de Lula, trará cenas de arquivo da campanha de 2002 que não haviam sido exploradas pelo diretor.

Sempre bem relacionada nos meios petistas, a colunista adianta algumas das cenas selecionadas por Salles. Numa dela, em diálogo com Gilberto Carvalho, Lula diz:

"Nada me abala. Nada. Não sou um cara vulnerável a notícia de jornal. Aliás, se você soubesse o bem que é ficar 20 dias sem ler jornal para o leitor! Não abro um jornal! E não desaprendo nada. (...) Por que você acha que eu sou esse cara equilibrado que eu sou? Porque eu não fico subordinado às oscilações das notícias, Gilberto!". Lula continua: "Ninguém tem que ligar para a minha casa para dizer: "Vai sair tal coisa na "Folha de S.Paulo" amanhã". Foda-se! Deixa sair".

Dona Marisa também não fica atrás. Segundo Mônica Bergamo, as câmaras de João Moreira Salles flagraram a esposa do presidente em autêntico petismo:

"O pessoal começou a gritar no palanque: "primeira-dama, primeira-dama". Aí eu falei: "Eu não sou a primeira. Eu sou a única'".

Eis a beleza brasileira, queridos.

A propósito: vocês ainda acham que George e Laura Bush são uns caipiras arrogantes?

Silêncio no ninho

Dei uma geral nos principais jornais, portais e blogs.

Até onde pude apurar, ninguém pronunciou-se sobre o conteúdo da declaração de Teotônio Vilela Filho. O silêncio pode ser fruto do adiantado da hora: a nota saiu depois das 23:00h de ontem.

Aguardemos, pois.

A siamesa segue de plantão.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Quando tucanos viram traíras

Segundo acaba de noticiar o portal Terra, Teotônio Vilela Filho anunciou esta noite que o PSDB vai apoiar não só a reeleição de Aldo Rebelo para a presidência da Câmara como, também, a reeleição de Renan Calheiros à presidência do Senado.

Eu vou esperar os jornais de amanhã para ver se esta notícia se confirma, antes de dizer o que penso.

Até lá, minha siamesa ficará a postos para garantir que nenhum tucano se aproxime da casa. Acreditem, ela caça gralhas e corujas. Tucanos serão bricadeira de criança.

A alma do negócio.

Uma fábula para entender a poliítica nacional.

Viirtuoso tinha uma padaria na rua dos Princípios.

Volta e meia, ele pagava o "Chiquitito" - um moleque de rua - para distribuir pela vila panfletinhos com as promoções da casa. Eram panfletos vagabundos, mas Chiquitito trabalhava tão direito, que a coisa acabava fazendo sucesso: ora o pãozinho 250gr, ora o queijo da colônia - sempre havia alguma coisa a um preço menor que o da concorrência para valer um folhetinho.


Deu certo. Com a dedicação de Virtuoso e a lábia de Chiquitito, a padaria prosperou e cresceu. Cresceu até demais, se considerarmos que, um belo dia, o espaço ficou pequeno.

Não havendo como expandir no velho endereço, Virtuoso encontrou um novo ponto na Avenida Esperança: prédio maior, mais novo e com espaço suficiente para mesinhas e cadeiras - e, o que era melhor, nenhuma padaria por perto. O problema é que ficava longe da freguesia habitual - como fazer para não perdê-la? Virtuoso, porém, não se abateu: manteria o endereço original, colocando, como sócio e gerente, alguém da família. Zangado, o cunhado com reconhecida capacidade em administração, pareceu a melhor escolha.

Tudo acertado, Virtuoso caprichou nos folhetos para a inauguração do novo ponto: desta vez, eram coloridos, em papel brilhante,com fotografias das novas instalações - e um lembrete de que o antigo ponto da rua dos Princípios continuava em funcionamento para melhor atender à fiel freguesia. Chiquitito, agora um rapagão, disse que nunca vira coisa mais linda - e saiu animado para alardear a boa nova,

Algo deu errado, porém. Menos de seis meses depois da inauguração, a padaria da Avenida Esperança teve de ser fechada. Por um motivo qualquer, os clientes não apareciam. Se a família não passou fome foi por conta do bom trabalho do cunhado: sob a administração de Zangado, a padaria da rua dos Princípios, continuava de vento em popa.

Final melancólico e aparentemente incompreensível: Virtuoso, que fora conhecido como o melhor padeiro da região, endividou-se a ponto de ter que vender para Zangado sua parte da padaria original.

É verdade que ele estranhou um pouco quando soube que o novo sócio do cunhado seria Chiquitito. Mas Deus sabe que a vida dá lá as suas voltas. Portanto, somente quando chegaram as chuvas de março é que Virtuoso pôde, de fato, entender o que se passara: ao tentar desentupir um bueiro que ameaçava alagar a miserável casinha onde agora ele se apertava com a família, Virtuoso encontrou-os. Colados uns aos outros por conta da água, mas ainda reconhecíveis, lá estavam os folhetos coloridos, em papel brilhante.

domingo, 3 de dezembro de 2006

Eles vestem a nossa... E Lula veste a deles.

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Foto: Desirey Minkoh,France Press

Na última terça-feira, o Itamaraty se absteve de votar uma resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU que exigiria que Sudão levasse a julgamento os responsáveis pelo genocídio em curso naquele país.

Este posicionamento vergonhoso colocou o Brasil em um grupelho interessante de países, como Arábia Saudita, China, Cuba, Rússia e Paquistão.

Na foto, você vê um integrante das milícias Janjaweed com aquela que pode ser considerada, atualmente, a camiseta-símbolo do Brasil. Governistas, os integrantes da Janjaweed perseguem os habitantes da região de Darfur, que ousaram rebelar-se contra a imposição da cultura árabe-muçulmana.

A carnificina promovida pelos Janjaweed já soma 400 mil mortos e cerca de 2 milhões e meio de refugiados. Tais números, porém, não impediram que o Itamaraty vestisse, por omissão, a camiseta da Janjaweed. Ao que parece, os sangüinários assassinos devolvem a cortesia.

sábado, 2 de dezembro de 2006

Falta psicologia na informática

Eu já estava quase trocando de máquina, quando revelaram que Papai-Noel me trará um laptop último tipo etc e tal.

Então, até final de dezembro, tenho que me contentar com esta camicleta - que, ontem, me deixou na mão mais uma vez.

Agora descobriram que era a placa mãe.

Foi por conta dela me obriguei a procurar a manutenção três vezes neste último mês. Tivessem estudado Freud, os técnicos saberiam que a culpa é sempre da mãe. Mas não... Estes técnicos são todos garotos mal saídos do complexo de Édipo - a última coisa pensam, pois, é que a culpa seja da amada.

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

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Senador José Agripino Maia - Recife, agosto de 2006.

Foto: Orlando Brito

Eis o homem.

Oposição que é oposição, vota nele e apoia sua candidatura.

Afinal de contas, o que é que há de tão interessante na tal Mesa Diretora para que uns e outros pensem em abrir mão de lutar para que a presidência do Senado fique com a oposição?

Tricô

Da coluna de Mônica Bergamo para a Folha de S. Paulo de hoje:

A primeira-dama Marisa Letícia escureceu o cabelo. Ela passou pelo salão do cabeleireiro Wanderley Nunes, na semana passada, e decidiu, segundo ele, "sair do loiro".

"Muita gente dizia que ela estava parecida com a Marta Suplicy", explica Wanderley, que deixou as madeixas da primeira-dama em "tom mel, à la Catherine Deneuve".

Um doce para quem adivinhar porque andavam achando dona Marisa e Marta parecidas.

Outro doce para quem adivinhar porque a semelhança não agradou à primeira dama.

Um lexotan para Catherine Deneuve.

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Dois casos de tortura.

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Sim, é isso mesmo que vocês estão pensando: este blog começou a explorar uma nova fronteira. Rompeu a barreira do silêncio para dar voz, literalmente, a algumas opiniões.

Não sei qual será a regularidade da coisa. Por enquanto, sai quando der.

Sei que vocês já dominam as ferramentas básicas de internet, mas não custa nada lembrar: para ouvir "Dois casos de tortura", clique no botãozinho do player.

Tomates, ovos e outras manifestações de revolta poderão ser entregues na área de comentários ou por e-mail.

(Atualização: o player é bonitinho, mas não está funcionando para todos os navegadores. Quem estiver com dificuldades pode ouvir clicando aqui: Dois casos de tortura)

O lulo-petismo e sua herança maldita

Podem me chamar de masoquista... Mas fiz questão de assistir aos depoimentos de Gedimar Passos e Hamilton Lacerda à CPI dos Sanguessugas - que a TV Senado, não tendo transmitido ao vivo, o fez nesta madrugada.

O resultado vocês já viram na imprensa: aqueles R$ 1,7 milhão, de cuja origem fomos convidados pela própria polícia federal a abdicarmos, surgiram por geração espontânea nos apartamentos do hotel Ibis.

Nenhuma novidade. Tudo foi, no final das contas, a confirmação daquela herança maldita que, tantas vezes apontamos aqui, será o maior legado da era Lula à nação: a mentira deslavada, os eternos "me dou ao direito de não responder", a desmedida cara de pau na apresentação de versões inverossímeis - o pacote todo, enfim, inaugurado por Marcos Valério e aprimorado por cada petista que sentou-se diante de uma CPI.

Desta vez, porém, os depoentes enfrentaram uma inquirição mais arguta. Por um lado, os parlamentares parecem ter adquirido alguma experiência com o comportamento petista e com a própria mecânica das CPIs. O número de congressitas inquirindo reduziu sensivelmente e as características pessoais daqueles que se apresentaram para a tarefa formou um conjunto interessante. Tivesse a perspicácia e objetividade de Carlos Sampaio, a agressividade de Arnaldo Faria de Sá e a experiência de Fernando Gabeira encontrado pela frente petistas menos petistas, talvez a verdade viesse a tona.


Aliás, o fato de ter sido Fernando Gabeira a inquirir prioritariamente evidenciou, como nunca, o método. Gabeira, como se sabe, conhece as entranhas do petismo - principalmente, as experiências clandestinas nas quais se formou esta esquerda nacional que hoje ocupa o poder. E o deputado não se furtou a fazer uso deste know-how para tentar obter a verdade. Em alguns momentos - principalmente durante o depoimento de Gedimar Passos - ficou absolutamente claro que os petistas utilizam nas CPIs os métodos que Dilma, Dirceu e companheiros utilizavam nos interrogatórios do DOPS: cria-se uma "moldura", uma versão fantasiosa, e repete-se a coisa à exaustão - não importanto o quanto ela é ou não plausível.

Ponto, pois, para Fernando Gabeira, um Engov para mim e um minuto de silêncio para o Brasil, que recebe do lulo-petismo, como herança maior, a total falta de vergonha na cara.

Mais tarde eu volto para falar não de um, mas de dois casos de tortura.

terça-feira, 28 de novembro de 2006

Jogo de cena

Há pouco, na abertura do depoimento de Gedimar Passos à CPI dos sanguessugas. Ideli Salvatti pediu para sentar-se à cadeira dos depoentes.

Uma vez ali, a senadora tentou defender-se das acusações surgidas a partir da revelação de que teria participado da reunião ocorrida, em 4 de setembro último, no gabinete de Aloizio Mercadante, com Expedito Veloso e Oswaldo Bargas.

Tudo o que fez, porém, foi repassar à CPI as matérias da imprensa que trataram do fato - alegando que o mesmo sempre foi de conhecimento público - e colocar-se à disposição daquela comissão para explicar-se. O motivo pelo qual não aproveitou a ocasião para explicar-se logo é mistério a ser arquivado junto com aquele da Kombi.

Para ouvir o pronunciamento da senadora, clique aqui.

Na seqüência, Fernando Gabeira contestou a senadora. Clique aqui para ouvir.

Uma certeza por dia

Da coluna Painel, na Folha de S. Paulo de hoje:

" Eduardo Paes consultou Aécio e Serra antes de aceitar a Secretaria de Esporte do Rio. Mas sua adesão a Sérgio Cabral não foi bem recebida pelos tucanos locais, para os quais o candidato derrotado ao governo se lançou em vôo solo, de olho na disputa pela prefeitura em 2008."

Dia desses, vi um anúncio classificado interessante: " Doa-se duas traíras criadas em aquário. Motivo: estão colocando em risco o aquário."

Deixa o filho faturar?

Finalmente, aparece o contrato que permite a Lulinha, o fenômeno, faturar - e bem - com verbas de propaganda do Governo federal. A Secom - Subsecretaria de Comunicação Institucional - diz que não tem nada de mais. Aqui e aqui.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Quebrem tudo

Estava o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), na tribuna, discursando a respeito da CPI dos Sanguessugas e da necessidade de se quebrar o sigilo bancário e telefônico de parlamentares suspeitos de envolvimento com os Vedoin. Lá pelas, tantas, o senador entusiasmou-se :

"Por que este farisaísmo de quem escolheu a vida pública ter direito a sigilos? O homem público não deve ter direito e sigilos! Ao ser público, ele já fez a opção pela vida pública."

Em seguida, aparteado pelo Senador Antônio Carlos Magalhães, Antero Paes travou com ele o seguinte diálogo:

Antônio Carlos Magalhães: "V. Ex.ª tem absoluta razão. E há um projeto meu, há muito tempo, que toda a pessoa que entra na CPI tem que abrir o seu sigilo. Assim nós teremos CPIs sérias. E mais ainda: todo o parlamentar que for para a CPI tem que abrir o seu sigilo. Bem como, todos os membros da comissão de orçamento. Isto deveria ser uma coisa clara, objetiva no Congresso Nacional - e nós temos que estar realmente tratando deste assunto com muita propriedade. Mas dou esta contribuição para ver se a mesa faz andar este projeto. "

Antero Paes: "Eu agradeço a contribuição de V. Ex.ª. Eu acho que é uma necessidade que isto ocorra. Mas tão necessário quanto isto será, na minha avaliação pessoal, o fim do sigilo bancário, telefônico e fiscal de todos os integrantes do parlamento brasileiro."

A idéia é ótima. E quem tem uma memória razoável vai lembrar que ela foi proposta aqui no blog, no início do mês.

Que sejam quebrados pois, todos os sigilos. Seria uma chance única de moralizar de vez, com uma só lei, o quadro político nacional.

Vai que é tua, Zé.

Gosto do senador José Agripino Maia.

Muito me agradam a fluência, a perspicácia e o bom português dos seus pronunciamentos. Melhor ainda, é que tais faculdades têm estado a serviço de uma oposição contundente, que não se cala diante dos desmandos do atual governo. Também não me chegaram notícias de que, em meio a esta crise, o líder do PFL no Senado tenha se furtado a fazer críticas a qualquer governista por conta de acordinhos escusos.

É por isso que este blog apoia a candidatura de Zé Agripino para a presidência do Senado.


Segundo li na imprensa, há chances. A banda boa do PMDB - leia-se, os que não traem seu papel de oposição em nome de cargos - promete apoiar a candidatura de Agripino, desde que o PSDB não corra da briga.


Vai daí que, além de mandar e-mail a todos os senadores da oposição pedindo apoio à candidatura do líder do PFL, faço, também, uma pergunta pública aos tucanos: em nome de quê, criaturas, vocês apoiaram a permanência de Renan Calheiros na presidência daquela casa?

domingo, 26 de novembro de 2006

As intenções revelam o mandante, Watson.

Segue o embróglio do dossiêgate. E, entre o corpo mole da oposição (leiam o artigo de Dora Kramer para O Estado de S. Paulo de hoje) e informações vazadas para a Folha - depois negadas - de que Polícia Federal apontaria Ricardo Berzoini como mandante, estão esquecendo uma vítima pelo caminho.

De um modo geral, todo mundo agora se refere ao "dossiê contra Serra", esquecendo que estava em curso uma campaha presidencial - e, principalmente, que a maioria dos envolvidos fazia parte da equipe de campanha de Lula.

O tratamento corresponde à estratégia lançada pelo próprio PT logo que a coisa veio à tona - e corroborada, à época, por jornalistas amigos como Tereza Cruvinel - de que o plano fora arquitetado e executado pelo PT paulista. A fórmula, é óbvio, destinava-se a distanciar o presidente e sua campanha da aloprada realização.

Salvo engano meu, apenas Hamilton Lacerda, o homem da mala, pode ser ligado exclusivamente à campanha de Mercadante - o restante dos envolvidos, seja através dos cargos que ocupa ou, como no caso de Jorge Lorenzetti, por exercer função na campanha presidencial, podem ser ligados aos interesses de reeleição de Lula.

Ontem mesmo, em matéria exclusiva para o Blog do Noblat, Felipe Recondo revelou que dois novos nomes estão sendo investigados pela PF por envolvimento no caso: o vice-presidente do Banco do Brasil, Adézio de Almeida Lima, e o presidente do PT no Distrito Federal, deputado Chico Vigilante. Nenhum deles tinha qualquer ligação direta com a campanha do senador petista ao governo de São Paulo. Ao contrário: Vigilante estava ligado à campanha nacional e à campanha local do PT em Brasília.

Não percamos, pois, de vista: o dossiê petista foi arquitetado para atingir tanto a campanha de José Serra para o governo de São Paulo quanto a campanha de Geraldo Alckmin à presidência. O fato de que na documentação - e nas posteriores investigações realizadas pela PF e pela CPI dos Sanguessugas - não tenha aparecido nada de mais relevante contra Alckmin não deve servir para que se descarte a obviedade das intenções petistas. Ao contrário: a solução de qualquer crime passa, obviamente, por suas motivações. E aceitar que o alvo da trama foi apenas a campanha de José Serra é afastar-se cada vez mais dos reais mandantes. Elementar, meu caro Watson.

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Ora, ora, ora...

Ontem o PT disse que aguardava maiores esclarecimentos sobre a prisão de seu deputado, recém eleito, Juvenil Alves.

Pois a direção do partido deveria ter solicitado tais informações a Zé Dirceu que, em junho último, foi à Belo Horizinte para conversar com o futuro deputado a respeito de uma possível sociedade.

Segue nota publicada na coluna de Raquel Faria, do jornal O Tempo, em 2 de junho de 2006:

"Aliança estratégica

Em sua discretíssima visita no final da semana passado a Belo Horizonte, o ex-ministro José Dirceu trocou figurinhas com Juvenil Alves, pré-candidato a deputado federal pelo PT.

Está em gestação uma dobradinha comercial, aliando os conhecimentos e a influência do ex-ministro, que voltou a advogar, e a estrutura do petista mineiro, que possui um dos maiores escritórios de advocacia de Minas, com 180 funcionários e filiais em Londres e quatro Estados brasileiros."

Para Ideli, com carinho.

Já que a senadora andou comemorando o arquivamento do inquérito de Celso Daniel, sugiro que ela leia o Editorial de hoje do Estado de S. Paulo.

Sob o título, " Arquivamento suspeito", o editorial faz um excelente resumo das razões pelas quais o caso não pode ser encerrado.

Também espero que, entre as providências tomadas pelos promotores de Justiça, esteja a quebra do sigilo telefônico de 33 linhas que podem levar à identificação do grupo responsável pelo cativeiro e, o mais importante, pelos disparos que vitimaram o prefeito. Por motivos até agora desconhecidos, a delegada Elizabete Sato negou-se a cumprir esta soliticação de quebra de sigilo. Mas os promotores terão que correr contra o tempo: em janeiro, esgota-se o prazo de 5 anos durante os quais as operadoras de telefonia são obrigadas a manter seus registros.

Debatendo com petistas...

E por falar em pronunciamentos no Senado, vale a pena ouvir a discussão acalorada ocorrida ontem entre os senadores João Batista Motta (PSDB-ES) e Sibá Machado (PT-AC).

Motta não fez mais do que dar voz à indignação dos brasileiros esclarecidos. Sibá Machado mostrou como é que esta gente se comporta quando a verdade não lhes favorece.

Só não me faz te pegar nojo...

Ontem em pronunciamento no senado, Arthur Virgílio disse que "criou-se uma certa celeuma" por conta daquela carona no AeroLula. O senador deu a entender que houve exagero por parte de quem admirou-se com o fato.

Tudo bem. Embora eu pense que não houve exageros, podemos discutir isto em outra ocasião. Abro mão do caso "carona" se o senador subir à tribuna, na terça que vem, para explicar a notinha de hoje da coluna Painel, na Folha de S. Paulo :

Não dá mais. O PSDB alertou seus senadores: chega de segurar a barra de Aloizio Mercadante. Logo depois das eleições, Arthur Virgílio procurou o deputado tucano Jutahy Jr. para pedir que o correligionário pegasse mais leve com o petista, chefe do homem da mala do dossiê.

Estou curiosa: a notinha procede? E, se procede, em nome de quê um senador tucano usa sua influência para poupar a imagem de Aloizio Mercadante?

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

A cada falcatrua, um petista e uma ONG.

Então eu fui pesquisar um pouco a respeito do deputado Juvenil Alves (PT-MG).

Não deu outra: uma das primeiras informações que encontro é do portal informes.org. E lá diz o quê?


Alves presidiu o Instituto Juvenil Alves - uma organização não governamental criada em 2004 com a missão de firmar parcerias entre empresas e associações para fortalecer a sociedade civil e superar a exclusão social.

Já está quase beirando ao inegável: a cada falcatrua, um petista e uma ONG. Eis o motivo para que a CPI proposta pelo senador Heráclito Fortes esteja sendo criticada pelos governistas. Sugere-se, até, que tal CPI irá prejudicar a imagem das ONGs sérias - o que é, por si só, uma incoerência, já que qualquer investigação não faz outra coisa senão evidenciar a honestidade dos corretos.

A verdade é que quem deve teme.

Entenderam?

A gente acha inaceitável que a PF ainda não tenha descoberto a origem dos R$ 1,7 milhão apreendidos com os aloprados.

Mas aí a PF prende um deputado petista, recém eleito, por envolvimento em crimes cujos prejuízos estão estimados em mais de R$ 1 bilhão e começa a entender. É dinheiro ilegal demais circulando em mãos petistas. Como exigir que, de uma hora para outra, a Polícia Federal descubra valores tão pequenos como aquela merreca com a qual petistas de terceiro escalão pretendiam comprar o tal dossiê?

Meus queridos... desde que Marcos Valério veio à luz, ficou claro que o negócio dessa gente é muito, mas muito dinheiro. Procurar o dinheiro do dossiê, portanto, deve ser aventura comparável com aquela da agulha no palheiro.

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

E agora, Ideli?

E o Ministério Público rejeitou a versão de que o caso Celso Daniel não teve conotações políticas: está arquivando o inquérito da delegada Elisabete Sato.

Agora a senadora vai dizer que o Ministério Público está agindo com interesses eleitoreiros?

Mas a eleição já passou, dona Ideli. Lula está garantido por mais quatro anos... Ou não?

Ideli ataca... A imprensa, claro.

Que Sérgio Gabrielli é o mais novo integrante da FPCIL - Frente Petista Contra a Imprensa Livre - vocês já sabem.

Mas o que talvez lhes tenha escapado é o ataque desferido contra imprensa, hoje à tarde, pela Senadora Ideli Salvatti.

Ideli subiu à tribuna para alardear a conclusão segundo inquérito do caso Celso Daniel, que foi encerrado hoje, pela delegada titular do 78º Distrito Policial, Elisabete Ferreira Sato. A conclusão afastou a hipótese de crime político.

Segundo a senadora, a notícia não recebeu, por parte da imprensa, o mesmo destaque recebido à época que os irmãos do ex-prefeito de Santo André foram ouvidos pela CPI dos Bingos. Sugeriu Ideli que isto se deu em função dos interesses eleitoreiros da mídia. A senadora, inclusive, disse não duvidar que o assunto volte à tona por ocasião de novas eleições.

Não parece ocorrer a Ideli Salvatti que quando os irmãos de Celso Daniel foram à CPI dos Bingos, a imprensa - ou qualquer outra categoria profissional que, à imaginação petista, estivesse interessada em enxovalhar a imagem do governo Lula - não carecia de notícias ruins a respeito do PT e seus representantes máximos.

A senadora, a julgar pelo modo como exibiu a conclusão da polícia hoje à tarde, colocando sobre os ombros da mídia e da oposição não só a abertura de um segundo inquérito como, também, o uso eleitoral do crime, parece desconhecer a postura seu grande líder, Luiz Inácio, por ocasião do enterro de Celso Daniel.

Graças à informática - e à minha boa memória - , eu posso agora sugerir que, antes de jogar tais acusações sobre ombros alheios, Ideli Salvatti leia a declaração de Lula durante os funerais do ex-prefeito de Santo André - que, é sempre bom lembrar, ocorreu em janeiro daquele eleitoral ano de 2002. Está lá, bem registrada, para quem quiser apreciar, numa matéria da Folha Online, a declaração melodramática e cheia de suspense do então candidato à presidência:

O assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), executado no domingo após seu sequestro, foi planejado. É o que afirma o pré-candidato do PT à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. Num discurso inflamado e emocionado durante o funeral de Daniel, Lula declarou que o crime "não foi coincidência", e que "tem gente graúda por trás disso, e nós vamos descobrir quem é".

É isso aí, dona Ideli. A mim, a senhora e os seus vão precisar mais do que gogó para ludibriar.

Os aloprados, ao vivo, para vocês.

Troquei o sinal da TV Câmara pelo da TV Senado, para que vocês possam acompanhar os depoimentos dos aloprados na CPI dos Sanguessugas.

O sinal da TV Senado, via internet, não é dos melhores.

Se estiver muito ruim, me avisem.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Blumenau, tremei...

No final da tarde de hoje, conforme prometido, Heráclito Fortes apresentou o pedido de abertura de CPI das ONGs.

No pronunciamento do senador, e nos apartes, sobrou pra todo mundo - até para Zé Dirceu.

Para ouvir a carraspana que o "Zé sai daí" levou, clique aqui.

A CPI vem em boa hora. Só na cidade de Blumenau, em Santa Catarina, há mais de 500 ONGs.

A grana acabou?

A CUT, que recebeu polpudas verbas nos quatro anos do primeiro governo Lula , está colocando as manguinhas de fora: diz que vai às ruas para pleitear um salário mínimo de R$ 420,00.

Com a CPI das ONGs à vista, em vias de dificultar os repasses de dinheiro, acabou a lua de mel.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Leitura dinâmica

Vamos ao que interessa da entrevista de Kenneth Maxwell para a Folha de S. Paulo nesta segunda feira:

O Brasil precisa,com urgência, de um partido conservador de verdade, capaz de defender, sem medo, as bandeiras do liberalismo - coisa que o PSDB não está sabendo fazer.

Sim, é verdade. E, conforme adiantamos outro dia, se o PSDB não tem vocação para assumir tal tarefa, está aberto um vácuo no qual poderiam frutificar duas hipóteses: o surgimento de um novo partido capaz de abraçar esta causa; uma reformulação no PFL, que permitisse à legenda tornar-se realmente representativa de uma direita moderna.

Serra tem estado sempre à esquerda de Lula, mas o PSDB tem mais alianças à direita.

Ou seja: nem Serra é o nome para puxar qualquer suposto movimento do PSDB rumo ao conservadorismo - o que parece ser, na atual conjuntura, a única estratégia capaz de salvar os tucanos de uma fusão com o PT-, nem um novo partido por ele fundado atenderia às reais necessidade políticas do quadro nacional. Talvez a haja lugar para José Serra no PSOL.

De olho em 2010, o PSDB jogou no lixo a campanha Geraldo Alckmin.

Se eu tivesse sido vítima de algo assim, das duas uma: ou exigiria que o partido se livrasse dos arquitetos de tamanha traição, ou sairia do partido. Só que estas coisas têm um tempo certo. No caso em questão, é preciso agir enquanto aqueles quase 40 milhões de votos ainda percebem em Alckmin um fiel representante de seus anseios oposicionistas.

Da maturidade tucana

Há um ano, no início de novembro de 2005, Arthur Virgílio subiu na tribuna do senado para ameaçar o presidente Lula com tabefes. Na época, o senador estava furioso por se acreditar vítima de espionagem.

Agora me digam, amiguinhos: vocês teriam coragem de aceitar carona de alguém a quem tivessem ameaçado desta maneira?

Arthur Virgílio não tem estas vergonhas: como vocês já estão carecas de saber, ele foi passear de aerolula. E, numa atitude que anda fazendo escola entre o tucanato, rasgou tudo o que disse ao longo de um ano e meio para declarar que Lula está mais "maduro".

Não sei se Lula está mais maduro ou não - aliás, como nunca espero do presidente nada além daquele óbvio constrangedor, as notícias sobre seu estado de ânimo não me interessam nem um pouco. Mas de uma coisa eu tenho certeza: a contar pela atitude de alguns luminares do tucanato, o PSDB já passou do ponto e está apodrecendo.

Lar, doce lar.

Sim, já estou em casa sã e salva.

Foram cinco horas de aeroporto para 35 minutos de vôo.

Vou dar uma atualizada e já volto.

Sei que há orelhas a serem puxadas.

Me pegou

Aeroporto Salgado Filho.

Vôo Gol 1955, Porto Alegre - São Paulo, com escala em Florianópolis.

Horário de saída. : 12:00 h

Previsto para : 16:44h

Como vocês podem ver, acabo de ser pega pelo apagão aéreo do Lula.

A minha situação é trágica - praticamente 5 horas de espera. Mas há atrasos em todas as companhias, para todos os gostos e destinos.

O clima do aeroporto, porém, é de tranqüilidade: nada de gritos ou de passageiros subindo nos balcões. Pelo menos, não por enquanto. Considere-se, contudo, que ainda é cedo e que as pessoas estão recém se dando conta da situação. Por volta das 15 horas, se os atrasos de fato se confirmarem, imagino que isto aqui estará virado num campo de guerra. A gauchada não é fácil - e paciência tem limite.

Na medida do possível, eu os manterei informados.

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Pane... Espero que só no micro.

Meu micro amanheceu em pane. Aquelas coisas inexplicáveis do Windows: desligou normalmente ontem à noite, mas não quis saber de reiniciar hoje pela manhã.

Somente agora a assistência técnica o devolveu - de modo que, exceto pelo longuíssimo discurso de Pedro Simon no Senado e por notinhas da CBN local sobre o fracassado encontro dos governadores do PMDB aqui em Florianópolis, fiquei à margem do mundo.

Eu só espero que esta pequena pane não tenha sido o prenúncio de algo maior: amanhã viajo para ver a família. Vou de avião. Deus queira que o sistema de tráfego aéreo não entre em pane também.

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Você tem seguro?

Qual é a sua seguradora?

Ouça o último podcast do Diogo Mainardi.

E depois, se for o caso, mude de seguradora.

Que papo, hein?

Da coluna Painel, na Folha de S. Paulo de hoje:

Um dos papos mais descontraídos a rolar no casamento Safra que movimentou São Paulo na noite de terça foi o de Marta Suplicy com José Serra. Durou uns 40 minutos.

Não sei quanto a vocês mas, na minha opinião, 40 minutos de papo com um petista é algo que ultrapassa os limites aceitáveis para aquela cordialidade cínica que permeia as relações políticas.

Deixo, então, um desafio para vocês: qual terá sido o tema de tão longa conversa entre José Serra e Marta Suplicy?

terça-feira, 14 de novembro de 2006

Com cara de bobo em Carabobo

Ontem, após criticar a imprensa brasileira em evento com Hugo Chávez, Lula se ressentiu do fato de os repórteres não o terem acompanhado no segundo compromisso do dia na Venezuela. Segundo leio na coluna Painel da Folha de São Paulo, ao chegar a um campo de pretróleo em Carabobo , Lula reclamou:"Poxa, não tem ninguém da imprensa brasileira aqui?"

Ou seja, o trocadilho é inevitável:: em Carabobo Lula ficou com cara de bobo.

O episódio, jocoso como quase tudo o que acontece sempre que Lula toma um microfone, nos remete a outra discussão.

Ao longo do primeiro mandato, Lula foi o presidente brasileiro que mais recebeu exposição da mídia - muito além daquela dispensada à simples cobertura dos atos presidenciais. Nos dois primeiros anos de governo, quando viveu uma verdadeira lua de mel com a imprensa, esta exposição se devia, obviamente, ao deslumbramento de boa parte da mídia com a figura do presidente-operário. A partir de 2004, porém, quando estourou o escândalo de Waldomiro Diniz e depois, em 2005, com o mensalão - a imprensa seguia Lula por conta dos escândalos produzidos por seu governo.

Importa é que o presidente continuou, exaustivamente, na mídia. Característica do populismo, esta exposição fez com que a imagem de Lula parecesse sempre maior do que a qualquer questão de seu governo - fosse ela positiva ou negativa. Somada aos muitos " não sei, não vi e fui traído", foi a força desta imagem que garantiu, sob muitos aspectos, a reeleição.

Lula sempre soube da importância de sua imagem. Os que com ele convivem, dizem que ele se "energiza" em contato com o povo - e que é por isso que adora um palanque. Bobagem. Sua decepção em Carabobo demonstra bem que ele quer é exposição na mídia.

Eu espero que este episódio de ontem não tenha sido um ato casual e isolado. Espero que a imprensa, que tem sido tão maltratada - por vezes até perseguida -, desde o fim do processo eleitoral, comece a punir Lula naquilo que lhe é mais caro: o espaço enorme que ele sempre ocupou na mídia. Espero que a imprensa se limite a lhe dar aquela atenção mínima, indispensável ao bem informar. Quando menos, para não mais colaborar com a manutenção de uma farsa.

Por um fio

Matéria de hoje da Folha de S. Paulo, traz a informação de que, além das ligações entre si, os suspeitos de envolvimento com a compra do dossiê contra os tucanos receberam e fizeram ligações para ramais do Palácio do Planalto.

Como estes ramais ainda não foram divulgados pela imprensa, imagino que a informação pertença aos autos que estão sendo mantidos sob sigilo de Justiça - o que impediu que a "Coligação por um Brasil Decente" tivesse, ainda durante a campanha, acesso ao total ao inquérito.

Se assim é, o segredo pode estar por um fio.

Hoje o TSE deve se reunir para concluir a votação do recurso apresentado pela campanha de Geraldo Alckmin, que solicitou o justo acesso a todas as informações do processo. Por enquanto, a votação está em 3 x 2, a favor da campanha tucana. Segundo a Folha, faltam os votos dos ministros Ricardo Lewandowski e Ayres Britto - este último foi quem interrompeu os trabalhos da semana passada, ao pedir vista.

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

O penúltimo moicano...

Conforme já anunciado em entrevista à Folha de S. Paulo de hoje, Luiz Gushiken pediu demissão. Se eu não estiver enganada, da turma original, que assumiu com Lula em janeiro de 2003, Gushiken é penúltimo. O último seria Gilberto Carvalho.

Clique aqui para ler a carta que o Chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República entregou ao presidente Lula na última sexta-feira.

Leve lenços, pois o tom é de dramalhão mexicano: "O clima político-eleitoral envenenado pela maledicência turvou o ambiente, contaminou as percepções e estabeleceu juízos distorcidos."

Sei... Eu quero saber é das cartilhas.

Sobre os comentários

Temos enfrentado alguns problemas com os comentários.

Alguns leitores se queixam que por mais que eles digitem corretamente o código numérico, o sistema simplesmente não o reconhece. Como não são todos os leitores - e ocorre com diferentes navegadores - ainda não consegui identificar o problema. Mas há comentaristas que têm conseguindo superá-lo mediante uma técnica simples: quando acontecer do código não ser reconhecido, use a tecla de retorno do navegador e tente novamente. E continua valendo a solicitação: quem tiver dificuldades para comentar me informe por e-mail.

Outro problema, mais raro, são os cometários que somem. Também é um mistério. Mas, para que não pairem dúvidas sobre as regras do blog, seguem algumas orientações:

1. Em princípio - e por princípio - petralha não entra. Se não costumo convidá-los para a minha mesa, não há porque pensar que seria diferente neste blog. No geral, eles só aparecem mesmo para despejar sua falta de educação na área dos comentários. E mesmo os raros petralhas educados estarão a mercê do meu humor. Se eu estiver de sangue doce e a criatura for bem educada, até pode passar. Mas é melhor não contar com isso.

2. Comentários com denúncias contra pessoas, empresas ou entidades, mesmo quando remetem a links que possam supostamente comprová-los, não serão aceitos. Isto me obrigaria a sair lendo todos os links que postam aqui. Pode até ocorrer quando o tema me interessar. Mas o autor do comentário terá que esperar que eu tenha tempo para isso. Ou seja: denúncia, aqui neste blog, só quando eu concordar em assumir a responsabilidade.

3. Comentaristas que colocarem endereços comerciais no espaço destinado ao site pessoal terão seus comentários publicados, mas o endereço do site será excluído. Se um dia alguém tiver que lucrar fincanceiramente com este blog, serei eu.

4. Artigos inteiros não são aceitos na área de comentários. Se gostaram de algo que leram, postem um trecho e indiquem o link. Bons autores merecem ser valorizados e devidamente recompensados com visitas em seus sites e/ou blogs.

5. Desde que não configurem calúnia ou difamação, xingamentos são aceitos. Mas, por favor, primem pelo bom gosto e inteligência.

6. Não gosto de fazer estes avisos porque costumam intimidar os comentaristas. Não se intimidem. Estou apenas aproveitando a deixa do problema técnico para relembrar algumas regras.

domingo, 12 de novembro de 2006

lula.jpg

Foto: Orlando Brito

O presidente Lula, no tempo em que apontar os corruptos no poder era revolução.

Hoje é golpe.

sábado, 11 de novembro de 2006

É confissão?

Da coluna Painel na Folha de S. Paulo de hoje:

"Descolados 1. Capitaneado por José Eduardo Cardozo (SP), Paulo Pimenta (RS) e Carlito Merss (SC), um grupo de deputados petistas prepara manifesto pedindo "revisão de métodos" na sigla, relação "não utilitária com a máquina pública" e "separação clara entre partido e governo" no segundo mandato de Lula. "

A conclusão é obvia. Eis, aí, três deputados petistas confessando publicamente que, sim, os métodos do partido incluem a relação utilitária com a máquina pública ou seja, uso indevido da máquina estatal, e uma relação promíscua entre o PT e o governo Lula - é bom que se chame os bois pelo nome, pois o uso genérico dos termos suaviza a gravidade da confissão.

E agora, militância? Como se defender deste fogo amigo?

Cartão vermelho

Vocês já sabem: as suspeitas sobre a compra de lanches para militantes petista que participaram de um comício de Lula em Jacareí (SP), trouxeram à baila, novamente, os cartões corporativos da presidência.

A Justiça Eleitoral de São Paulo ainda investiga este caso, mas a Folha traz, hoje, uma matéria com informações interessantes a respeito do uso dos cartões. A primeira delas é que os gastos do governo com os cartões de crédito corporativos tiveram um aumento de 70% no último ano: em 2005, eles somaram um total de R$ 22,5 milhões; este ano, a soma já está em R$ 38,4 milhões.

Talvez a título de alento, a mesma matéria diz também que houve uma redução no volume de dinheiro vivo, retirado na boca do caixa - sistema que tende a gerar maiores suspeitas, posto que é difícil saber o destino do dinheiro.

Sinto dizer, mas a mim não alenta.

À luz de todas as suspeitas que recaem sobre este governo, a leitura dos montantes sacados na boca do caixa deve ser feita, obrigatoriamente, com base na conjuntura.

Assim, em 2004, quando tudo pareciam flores, e nenhuma denúncia mais grave pesava sobre o governo Lula, R$ 5,4 milhões foram sacados em dinheiro vivo, na boca do caixa. Em 2005, já sob a égide do mensalão, com várias CPIs em funcionamento e a imprensa com olhos de lince para todas as movimentações do governo, os saques em dinheiro vivo reduziram para R$ 890 mil. Ano eleitoral, 2006 certamente seria o momento em que o uso dos cartões corporativos - e, em especial, os montantes sacados diretamente no caixa - iria se tornar tema da campanha oposicionista, ganhando muito mais notoriedade. Não é para menos, pois, que o valor de 2006 caiu para R$ 417 mil.

A quem eles pensam que enganam?

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Exame de paternidade

Desde o início do mês, quando publicou um artigo denunciando a ofensiva do governo Lula contra a imprensa, Alberto Dines está sendo linchado por aqueles que sempre o ovacionaram. A área de comentários de seus artigos lá no OI tornou-se, como costuma acontecer em qualquer site que ouse questionar o governo Lula, penico da turba que há muito substituiu a ideologia pelo ódio ao contraditório.

Dines só parece ter percebido que a coisa não seria passageira quando Paulo Henrique Amorim resolveu incitar mais ainda a turba, convocando-a para o malho.

Solidários na decepção, colegas logo se apresentaram para defender o observador Dines. Mauro Malin tentou reeducar aos insanos, analisando as acusações de alguns comentaristas. Ontem foi a vez de Demétrio Magnoli, que tentou demonstrar que a alcatéia, na verdade, revela agora jamais ter entendido Dines: lera inclinações para o petismo onde só havia análise crítica isenta - e , por óbvio, agora se revolta porque a tal crítica isenta desfavorece o petismo.

Pois faço questão de dar a minha singela contribuição a este debate.

Não acho justo que Dines venha, agora, queixar-se de um radicalismo analítico que sempre teve acolhida nas páginas do seu OI. Em agosto do ano passado, por exemplo, Carlos Castilho rotulou este blog como conservador baseando-se, sobretudo, na nossa lista de links. Na época, o artigo de Castilhos causou a este blog o mesmo que a chamada maldosa de Paulo Henrique Amorim causou, nesta semana, aos artigos de Alberto Dines no OI: invasão da militância ensandecida na área de comentários, a ponto de me obrigar a adotar o sistema de moderação antecipada.

É por isso que eu fico admirada ao ver surpresa dos colaboradores do OI com uma irracionalidade que foi gestada nas entranhas daquele fórum, a cada análise superficial que dalí saía - coisa que aliás, à época em que citaram este blog, tentei alertar.

Hoje, portanto, tudo o que eu tenho a dizer a Alberto Dines é:" toma que o filho é teu".

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Vou perguntar mais uma vez

Leiam esta notícia da Folha Online e me digam se eu não tenho razões de sobra perguntar: por onde anda Marcos Valério? O que estará fazendo por estes dias?

Sobre o sigilo telefônico da Folha

Não me manifestei ontem sobre este caso porque, na minha opinião, não existe um caso.

Quando li a matéria da própria Folha, me pareceu claro que quebra de sigilo foi legal e não dirigida especialmente à Folha - o que poderia caracterizar algum tipo represália ou cerceamento.

Falo agora porque estou percebendo, em alguns blogs e chats, que tem gente boa tentando transformar isso numa prova de perseguição contra a imprensa. Se prosseguirem nesta coisa, o tiro pode sair pela culatra.

Este governo é, sim, uma ameaça à liberdade de imprensa. Mas este caso do sigilo da Folha não ilustra a questão. Tentar criar, à força, um episódio de perseguição, é dar munição ao inimigo: em breve, todos os outros sinais concretos da má vontade governamental para com a liberdade de imprensa - e eles são muitos - , serão colocados no saco da imaginação fértil e do discurso golpista, que o governo não se cansa de atribuir à mídia e à oposição.

Sejam mais espertinhos, pois. Não caiam nesta cilada.

É hoje

Se cumprir o que prometeu ontem, o senador Heráclito Fortes irá protocolar hoje o requerimento de criação da CPI das ONGs.

Desde que o escândalo do dossiê trouxe à tona o nome do churrasqueiro presidencial Jorge Lorenzetti - colaborador da milionária Unitrabalho, que recebeu R$ 18,5 milhões da união - , Fortes passou a dedicar-se ao tema. O senador chegou a protagonizar um espisódio pitoresco, quando levou ao Senado a ONG Sociedade dos Amigos de Plutão - metáfora saída da pena do jornalista Carlos Chagas, que acabou desmentindo a existência da mesma. Mais tarde, o senador diria que utilizara a metáfora para falar de uma ONG investigada sob segredo de justiça.

Importa é que a CPI proposta por Heráclito Fortes pretende investigar:

- Qual a dependência das ONGS em relação a governos e grupos empresariais do Brasil e de outros países.

- Quais ONGS têm recebido recursos públicos - em que volume, de quais ministérios e para que fins.

- Quais subvenções poderão ter favorecido quadros partidários.

Segundo a Folha de S.Paulo, ontem o senador já contava com 37 assinaturas - dez a mais do que o número necessário para instalar a CPI.

Torço para que esta CPI seja instalada. É cartola da qual sairão muitos coelhos.

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Por onde andará?

Momento de reorganização em Brasília e eu me pego pensando numa figura que - ficamos sabendo somente muito depois - foi fundamental nos primeiros meses de 2003: Marcos Valério.

Por onde andará o ex-carequinha das pastas lotadas de dinheiro? Estará exibindo a nova cabeleira pelos corredores do poder? Estarão suas novas assessoras financeiras circulando com malas de dinheiro pelos hotéis de Brasília? Ou será que Marcos Valério foi substituído por um outro alguém na célebre função de remunerar empatias?

Alô, imprensa... Olha a pauta de presente: enquanto a dança de apoios rola solta em Brasília, por onde andará Marcos Valério?

Pobre classe média

Excelente a matéria do Uol Eleições, que analisa a situação econômica de um terço dos governadores eleitos.

Não deixem de apreciar o quadrinho no pé da matéria, que mostra os detalhes mais interessantes da pesquisa.

Já que temos um presidente-operário e governadores milionários, evidencia-se aquilo que sempre intuímos: a classe média está sem representação política.

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Só para lembrar...

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A votação do projeto de lei para a internet foi apenas adiada.

E o senador Eduardo Azeredo parece decidido a defendê-la com unhas e dentes.

Continuemos, portanto, de olho.

Caso Emir Sader

Hoje à tarde, na tribuna do Senado, a senadora Ideli Salvatti resolveu comparar a condenação judicial de Emir Sader com a intimidação dos jornalistas da Revista Veja na Polícia Federal.

Como de praxe, a líder do governo foi contestada pelo senador Heráclito Fortes.

Clique aqui para ouvir o pronunciamento de Ideli Salvatti

Clique aqui para ouvir o pronunciamento de Heráclito Fortes.

Adiada

Primeira vitória. Quem disse que não adianta gritar e entupir os e-mails deles?

Diante da polêmica causada pela proposta e do desconhecimento da maioria dos senadores sobre o assunto, o texto foi retirado da pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e só voltará a ser discutido no final do mês.

Fonte: Blog do Noblat