domingo, 31 de dezembro de 2006

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Vem cá, 2007.

Vem me encher de esperança.

Um sorriso seu e esqueço meu cansaço.

Você balbucia e eu reencontro as palavras.

Você me estende sua mãozinha gorda, repleta de promessas, e eu me descubro jovem outra vez.

No embalo dos seus primeiros e atrapalhados passos, 2007, é que reaprendo a caminhar.

A todos os amigos e leitores deste blog, um feliz Ano Novo.

sábado, 30 de dezembro de 2006

Tucanos de boa plumagem

Depois da blasfêmia do auto-aumento, comandada por Aldo Rebelo e Renan Calheiros, escandalosamente apoiados pelo PSDB, duas boas notícias, vindas de duas cidades do Sul do Brasil, berços da colonização alemã. Elas dizem respeito a dois vereadores tucanos que estão devolvendo boa parte do orçamento das Câmaras que presidem ao Poder Público Municipal.

A notícia deveria envergonhar os senadores e deputados - principalmente os tucanos - que apoiaram o auto-aumento, naquela famosa reunião onde todos foram iguais.

Em Blumenau, Santa Catarina, tradicional reduto petista, o vereador tucano Marcos Antônio Wanrowsky conseguiu economizar R$ 2,3 milhões do orçamento da Câmara. Nas suas duas gestões como Presidente, entregou de volta aos cofres públicos a quantia de R$ 4,7 milhões, cortando viagens e outras mordomias.

Em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, o vereador do PSDB, Aníbal Moacir da Silva, está restituindo aos combalidos cofres da sua cidade a quantia de R$ 1, 5 milhões - fruto da economia que ele realizou em um ano como Presidente do Legislativo. Numa legislatura onde o PT é maioria e comanda o seu município ele é o único tucano, mas responde pela presidência da Casa.

Aníbal Moacir e Marcos Antônio têm em comum, também, o fato de serem médicos ginecologistas e não fazerem da política um meio de vida. Talvez seja por isso que não precisam usar fórceps, mas apenas caráter e honestidade, para fazer renascer a nossa confiança num Brasil com melhores quadros políticos.

Aproveito para deixar aqui o e-mail dos dois, desejando que eles tenham a boa surpresa de iniciar 2007 recebendo o nosso reconhecimento: Marcos Antônio Wanrowsky e Aníbal Moacir da Silva.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Só para saber

Ninguém mais estranha que, com o caos instalado no Rio, o prefeito Cesar Maia encontre tempo para manter as edições do seu ex-blog?

Nao é por nada, não... Mas eu, que não pago impostos no Rio, gostaria de ter recebido uma edição dizendo apenas " por motivo de força maior, ficaremos fora do ar" ou algo assim.

Ao manter informativo, Cesar Maia, que tantos reparos fez à imagem dos candidatos na última eleição presidencial, deu uma derrapada para lá de desastrosa. É como se Rudolph Giuliani seguisse atualizando seu blog em pleno 11 de setembro.

Mas, também, só eu mesmo para querer comparar Maia com Rudy.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

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Foto: Ricardo Zerrenner

"Eu, porém, vos digo que não resistais ao homem mau; mas a qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; " (Mateus, 5:39)

Não se enganem, queridos. A outra face é aquela que Ele mostrou ao expulsar a chicotadas os vendilhões do templo.

Por ora, sem visão dantesca

Na coluna Painel da Folha de S. Paulo de hoje, Renata Lo Prete dá um desmentido a respeito da nota que destacamos aqui ontem:

Outro lado. Na contramão do que dizem os tucanos, Heráclito Fortes (PFL-PI) afirma ter "compromisso firme" com o candidato de seu partido à presidência do Senado, José Agripino (RN). Acrescenta que Renan Calheiros (PMDB-AL), por conhecer sua posição, nem sequer o procurou para pedir voto.

Pelo menos por enquanro, parece que estamos livres de ver Heráclito Fortes em afagos discursivos com sua arquiinimiga.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Trairagem não escolhe partido

Da coluna Painel, na Folha de S. Paulo de hoje:

A queixa de José Agripino (PFL-RN) em relação aos tucanos, que não estão lá muito engajados em sua candidatura à presidência do Senado, é rebatida pela bancada do PSDB com uma pergunta: por que deveriam estar, se no próprio partido de Agripino há quem pretenda votar no atual ocupante do cargo, Renan Calheiros (PMDB-AL)? Nas contas do parceiro de oposição, seriam pelo menos quatro -de uma bancada de 15- os dissidentes: Heráclito Fortes (PI), Efraim Morais (PB), Edison Lobão (MA) e Romeu Tuma (SP).

Uma vez que a notícia veio a publico, penso que os pefelista têm duas opções: ou desmentem a coisa, deixando a ver navios os tucanos que espalharam o boato, ou vestem a carapuça da trairagem explícita - tão comum por estes dias.

A mim, particularmente, o caso que mais decepciona é o de Heráclito Fortes. Até aqui, o senador estava se mostrando opositor implacável, capaz de passar por cima de qualquer interesse menor para dar combate ao desgoverno federal. A ser confirmada a notinha de Renata Lo Prete, o próximo episódio será o quê? A visão dantesca de Heráclito Fortes em cenas de cumplicidade explícita com sua arquiinimiga Ideli Salvatti?

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

De militantes a meliantes

Depois de clonar sites, os petralhas acabam de escalar mais um degrau na indigência ética: eles agora comentam em blogs tentando se fazer passar por comentaristas e blogueiros que se tornaram famosos ao combater o lulo-petismo. Usam apelidos, nomes e sobrenomes - algumas vezes até endereços de e-mail - alheios para tecer elogios ao governo Lula ou para praguejar contra Fernando Henrique Cardoso.

Tirem o cavalinho da chuva, falsários. O mínimo que se pode exigir de um bom blogueiro é que ele leia a área de comentários e saiba, em linhas gerais, o que pensam seus comentaristas. Aliás, saber quem é quem na blogosfera é outra exigência mínima para exercer esta atividade.

Como cumpro os dois requisitos com algum talento, sugiro que os meliantes petistas procurem outra freguesia.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

sábado, 23 de dezembro de 2006

Operação mostra-buracos II

Felizmente, já estamos na casa da mami, sãos e salvos.

A viagem foi lenta porque optamos por fazê-la parando, sem correria ou stress.

O complicado foi que não consegui conexão em nenhum outro local antes de chegarmos aqui.

Mas seguem as "melhores" fotos do segundo trecho da viagem. Como bem lembrou a Lilis, nos comentários abaixo, vale observar que a pista é simples, aumentando muito o risco de acidentes.

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Jaguaruna. Foto: Nariz Gelado.

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Içara. Foto: Nariz Gelado.

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Ponte sobre o rio Mampituba. Foto: Nariz Gelado.

Com esta foto do Rio Mampituba, na divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul, encerro a Operação mostra-buracos. A partir de Torres, deixamos para trás a assassina BR101, que já levou a vida de tantos amigos, e ingressamos na Estrada do Mar. Depois, pegamos a abençoada e privatizada Free Way, que nos trouxe a Porto Alegre.

Ainda tenho muitas fotos, mas penso que estas foram suficientes para ilustrar a real situação desta estrada que, mesmo passando por obras de duplicação, está com a única pista diponível jogada às traças.

No momento, importa mesmo é que, do Mampituba para baixo, tudo tem gosto de infância: caldo de cana, polenta frita, doce de laranja azeda e bala de funcho.

Operação mostra-buracos I

12h:48min

Estamos em Tubarão, S.C.

Conforme prometido, encontrei uma conexão e envio as fotos da primeira parte da viagem.

É a nossa operação "mostra-buracos", percorrendo o trecho sul da BR101.

Até agora, não vimos um só avião cruzando os céus.

BR 101 A 006.jpg


Morro dos Cavalos. 10:12. Foto: Nariz Gelado.

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Garopaba, 10:45. Foto: Nariz Gelado.

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Imbituba, 11:30. Foto: Nariz Gelado.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Estrela brasileira

E a Varig, a velha e boa Varig, que nunca deixou os brasileiros na mão, está oferecendo ajuda à TAM para que as pessoas cheguem em tempo de comemorar o Natal com suas famílias.

Para não esquecermos que há valores dos quais não se pode abrir mão, vale a pena rever Jorge Ben Jor cantando o tradicional jingle de Natal da Varig.

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=hQaqGJdWB9g]

Cambalacho

Troca-se um mensaleiro por um sanguessuga.

Negocia-se o silêncio.

Vende-se um voto para presidente do Senado.

Aluga-se partido para compor a base aliada.

Não trabalhamos fiado.

Tratar no Palácio do Congresso Nacional, Eixo Monumental

Brasília

Distrito Federal

70165900

Fax: (61) 321-7333

Telefones:

Geral - (61) 321-7333

Cambalacho: as apostas do Apostos estão de volta.

Operação mostra-buracos

Impedida, pelo bom senso, de pegar um avião para ir passar o Natal com a família, amanhã cedo cairei na estrada para enfrentar aquilo que, um dia, foi o trecho sul da BR 101 - hoje, carinhosamente apelidado de "Sarajevo".

Mas decidi que este transtorninho vai custar caro ao Planalto.

Não só irei fotografar as condições da estrada como, também, farei uma cobertura em tempo real. Onde houver conexão de internet, vou parar para atualizar o blog com fotos e relatos da viagem.

Se o desgoverno Lula me obriga encarar "Sarajevo" em plena véspera de Natal, darei o troco com uma especialíssima "operação mostra-buracos".

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Caíram no canto da... sereia.

Eu sei que este "sereia" aí da chamada vai provocar protestos. Mas pensem menos nos atributos atrativos e mais no resultado final da coisa, que ficará mais fácil de engolir.

Qual não foi minha decepção ao ver, ontem, Antônio Carlos Magalhães comprar o desafio de Ideli Salvatti e apresentar a PEC que propõe a transferência do teto remuneratório dos três Poderes ao Legislativo - o que significa, em última análise, baixar o teto salarial do Judiciário. Com isso, pretende o Senado dar uma liçãozinha no Judiciário.

Vingancinha pérfida que, já disse, ajuda a afundar um pouco mais a imagem do Congresso Nacional. O PT sabe disso - e, de acordo com o que venho alertando ao longo da semana, não é por outro motivo que apresenta coisas do gênero. Me admira é ver o PFL comprando o peixe sem pestanejar.

O resultado mais imediato foi um híbrido marinho de duas cabeças: Antônio Carlos Magalhães e Ideli Salvatti trocando afagos discursivos no Senado. Quem tiver predileção por perversões exóticas pode clicar aqui e ouvir a coisa.

De resto, o Senado inteiro surfou na mesma onda - PSDB, banda boa de PMDB, etc e tal.

Dediquei uma semana inteira a este tema - e vi pouquíssima gente escrevendo sobre a desmoralização do Congresso Nacional como algo que atende a objetivos claros. Mas se antes podia-se aceitar que a oposição colaborava para a coisa ao dar vazão àquela porção humana nada elogiável - a ganância -, a adesão à proposta de Ideli Salvatti é testemunho de lamentável estupidez.

Encerro, pois, minhas incursões ao tema. Não se queixe, o Congresso Nacional, quando a sereia tiver atingido seu fim e a discussão sobre a validade daquela instituição ganhar força nas ruas.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Das pequenas e valiosas recompensas

Desnecessariamente agradecido com a nota que lhe dediquei por ocasião de sua despedida do Senado - já que não fiz mais do que reconhecer sua indiscutível contribuição para a política nacional - o senador Jorge Bornhausen enviou-me sua biografia, de autoria do jornalista Luiz Gutemberg, lançada em 2002.

O exemplar com o qual fui presenteada traz dedicatória do próprio senador - motivo mais do que suficiente para ocupar lugar de destaque entre os tesouros da casa.

Obrigada, senador. Ao final de um ano de tantas lutas, saber-me merecedora do seu respeito e admiração foi um belo presente.

Para estremecer o Planalto

Encontro no final da tarde de ontem, em Jurerê Internacional, reuniu o crème de la crème da blogsfera política catarinense. Depois de muito marca-e-desmarca, finalmente eu, Orlando Tambosi e Aluizio Amorim conseguimos nos encontrar para uma rodada de expressos e capuccinos. Oposicionistas ferrenhos, de reconhecida capacidade intelectual, eu já sabia. Mas foi um prazer descobrir, também, dois gentlemen, capazes de um bate-papo que faz o tempo passar voando.

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Ideli nos desafia e afunda um pouco mais a imagem do Congresso Nacional

O que eu lhes disse no post anterior, redigido logo que saiu a decisão do STF?

Disse que antes do final do dia, alguém viria à mídia para falar em "disputa acirrada entre os poderes". E sugeri que os parlamentares não entrassem nesta canoa, pois ela era furada - e só serviria para afundar, ainda mais, a imagem do Congresso Nacional. Eles que tratassem de engolir a lição de moral que o STF se obrigou a dar-lhes. Que baixassem a crista e contivessem a ganância fincanceira para bem aprender com o episódio.

Acontece que, desta vez, até eu subestimei o empenho do lulo-petismo para avacalhar com a política nacional. Pois ao invés de sugerir que o STF estava pedindo briga com o Congresso, Ideli Salvatti foi mais fundo: resolveu ela mesma declarar guerra ao STF.A lider do PT no senado vai apresentar uma PEC que fixa em R$ 16,5 mil o teto do funcionalismo público - contrapondo o teto atual do STF, de R$ 24,5 mil, ao qual Ideli, até ontem, queria se equiparar.

Ao insuflar a bancada do PT e o restante do Congresso a acompanhá- la em mais uma iniciativa que visa criar a sensação de que nossas instituições democráticas estão em estado de completa bagunça, a senadora deixou claro que está, também, comprando briga com a opinião pública: "Tem uma reação ensurdecedora da opinião pública contra os R$ 24.500. Se a reação é verdadeira, e eu acho que é, é porque não pode haver esse teto de R$ 24.500. Os ministros do STF ganham R$ 24.500 e ainda vêm dar palpite aqui."

Entenderam?

Ideli Salvatti, que declarou não ter pulso para votar contra a maioria naquela reunião de quinta-feira passada, quer, agora, nos colocar contra parede, nos medir, para saber se nós temos pulso para protestar contra os ganhos do STF.

Pois eu acho que, pela demonstração dada ontem, os Juízes do STF estão merecendo ganhar os tais R$ 24,5 mil. Bem vimos que podemos contar com eles para barrar as besteiras que a senadora Ideli e seus colegas intentam.

Já os nossos parlamentares, Ideli inclusa, não merecem nem os R$16,5 mil - principalmente, aqueles que não se dão conta de que a base governista vem trabalhando, metodicamente, pela desmoralização da classe política e o conseqüente fortalecimento do populismo que reelegeu Lula.

Renan e Aldo garantem nova humilhação para o Congresso Nacional

O Supremo Tribunal Federal acaba de decidir que o aumento salarial de 91% para deputados e senadores precisa ser votado no plenário da Câmara e do Senado. Para tanto, os Juízes do STF nada mais fizeram do que seguir a Constituição - aquela mesma que os nossos parlamentares juram defender quando são empossados.

Hora da verdade: se quiserem sustentar, acima de qualquer coisa, suas candidaturas à reeleição da presidência da Câmara e do Senado - que foi, enfim, a barganha por trás deste aumento - , Aldo Rebelo e Renan Calheiros terão de ser caras de pau o suficiente para levar a votação do reajuste a plenário. Eu acho que eles são. Se não fossem, teriam recuado ontem, diante dos protestos da opinião pública. Mas preferiram ver o Congresso passar pelo vexame de ser chamado à razão pelo STF.

Estou certa de que, antes do final do dia, alguém virá à mídia para falar em "disputa acirrada entre os três poderes". Sugiro aos senhores paralmentares que não entrem nessa. Engulam a humilhação e aprendam com ela.

Se a imagem do Congresso está sendo enxovalhada é porque os senhores fornecem a matéria prima, permitindo um verdadeiro festim macabro no qual, em breve, o Governo Federal estará se banqueteando. O prato principal é a honra do Congresso. Para melhor entender, basta ler os dois artigos que este blog publicou ontem.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

A quem interessa desacreditar o Congresso Nacional?

A regra é simples e reconhecida nos manuais básicos de história e sociologia: um Legislativo enfraquecido beneficia a governos populistas. Em outras palavras: o descrédito da classe política como um todo, colabora para a

ascensão, fortalecimento e manutenção de lideranças carismáticas, donas de um discurso de cunho populista, que exercem fascínio sobre as massas menos esclarecidas muito mais por seu poder simbólico do que por medidas que de fato beneficiem a estas camadas da sociedade.

A grosso modo, podemos dizer que é mais ou menos isso o que vem acontecendo no Brasil - o que explica, em parte, que Lula tenha sido reeleito a despeito de todos os escândalos de corrupção que assolaram seu governo. No geral, as pesquisas de opinião revelaram um raciocínio dominante entre os eleitores de baixa renda e baixa escolaridade: "Quem se importa que haja corrupção no governo Lula, se este é um mal endêmico da política nacional? Lula, pelo menos, está fazendo alguma coisa pelos pobres."

Logo se vê que, embora o quadro geral se encaixe no modelo apontado no primeiro parágrafo, há, no caso brasileiro em questão, alguns agravantes.

O primeiro deles diz respeito a uma verdade: sabe-se que, em termos de "comida na mesa", Lula fez, de fato, muito mais do que qualquer governante fizera, até então, pelas classes menos favorecidas. Que para isso ele tenha onerado o Estado de forma irresponsável e deixado de lado questões vitais como a infra-estrutura - e que a resultante disso tudo será um verdadeiro beco sem saída -, é tema que importa apenas a uma minoria esclarecida.

Saúde, educação e segurança estão terríveis - todos sabemos. Mas o eleitor de Lula não pode sentir falta daquilo que, na verdade, nunca teve. Ele, então, escolhe reconhecer as benesses que vem recebendo - pouco importanto se fruto uma relação clientelista, insustentável num futuro próximo . Eis o motivo pelo qual este " pelo menos Lula está fazendo pelos pobres" foi imbatível em termos de discurso eleitoral.

O agravante mais perigoso do caso brasileiro, porém, é a forma como se chegou à desvalorização da classe politica - a tal desvalorização que, segundo apontam os manuais de história e sociologia, é a base sobre a qual se constrói e mantém um governo populista. E é ela que está por trás da afirmação "Quem se importa que haja corrupção no governo Lula se este é um mal endêmico na política nacional?".

O subproduto do mensalão

Não, a classe política nacional não é santa - longe disso. Mas vamos combinar que o governo Lula conseguiu conspurcá-la mais ainda com o mensalão. A chegada de Lula ao poder coincide, pois, com a criação de um sistema criminoso e formal através do qual o Executivo corrompeu o Legislativo .

E o que fez o governo Lula quando as denúncias vieram à tona? Colocou sua base aliada para tentar livrar a cara de cada um dos mensaleiros. Pode-se aceitar que esta atitude tenha sido meramente uma forma de defesa - já que absolver os acusados implicava em não admitir a existência mesma do crime. Mas pode-se, também - e este é o meu convite a vocês -, aceitar que esta defesa tinha, como subproduto, um caráter discursivo de desmoralização da classe política.

As muitas pizzas que foram assadas, ao longo de 2005 e 2006, na Câmara Federal - sempre presidida, lembrem-se, por governistas - ajudaram, e muito, a enterrar a imagem dos parlamentares brasileiros. Enterro que, como já dissemos, só favorece ao fortalecimento da liderança populista encarnada por Lula. E se funcionaram tão bem para este fim, foi por dois motivos: primeiro, porque a nossa classe política não é mesmo flor que se cheire. Segundo, porque as absolvições foram acompanhadas de um discurso que colocava a todos em uma mesma vala comum. Foi o próprio Lula que, naquela entrevista desde Paris, no auge das denúncias, deu o pontapé inicial para tal discurso, dizendo que "o PT fizera apenas caixa dois, como faziam todos os partidos". Depois disso, foi um verdadeiro festival de declarações e inciativas que tinham por fim nivelar a moral da classe política por baixo.

Muito cuidado, pois, neste momento em que o Congresso Nacional resolve encerrar o ano legislativo com uma decisão que é, sim, um verdadeiro deboche. Ocorre que, como demonstrei acima, o Governo Lula tem sido pródigo em se aproveitar da frágil ética de nossos parlamentares, potencializando-a - ao mesmo tempo em que dela se distancia - para alimentar um discurso de desmoralização da mesma.

Foi este o roteiro que Ideli Salvatti seguiu, à risca, naquela famigerada reunião: votou a favor, permitindo a derrocada moral de seus colegas, mas manteve distância, dizendo que assim agiu por ver-se vencida pela maioria. E, coincidência ou não, na semana passada, na sessão plenária dos conselheiros federais da OAB, Alberto Zacharias Toron - que já advogou para Jorge Mattoso e João Paulo Cunha - apresentou proposta para a extinção do Senado Federal.

Protestar, pois, como bons democratas, exigindo que nossos parlamentares se comportem de acordo com a confiança que neles depositamos, é uma obrigação. Mas discutir a validade do Congresso Nacional é tolice da qual poderemos vir a nos arrepender num curto espaço de tempo.

É uma porcaria... Mas é a nossa porcaria.

É importante fazer algumas observações, antes que o que aqui se defende cause confusão aos espíritos mais afoitos.

Eu contesto, veementemente, o aumento salarial com o qual os nossos parlamentares, em histórica pachorra, se presentearam na semana passada. Acredito, também, que os parlamentares que não estiveram presentes na famigerada reunião terão que fazer mais do que apenas manifestar contrariedade na imprensa para que se possa acreditar que não estão coniventes com tal descalábrio. E não, senhores parlamentares... Não me perguntem como, nem aleguem que nada pode ser feito: vocês ganham bem o suficiente para descobrir um jeito de barrar esta coisa. Usem daqueles conhecimentos jurídicos que, volta e meia, lhes servem para livrar a cara de mensaleiros, sanguessugas e outros parasitas que vocês têm por aliados.

Por mais, contudo, que eu esteja contrariada, revoltada, chocada com a atitude parlamentar, devo avisar que não aprovo a histeria coletiva que começo a vislumbrar, aqui e ali, sugerindo que se rediscuta a existência e manutenção do Congresso Nacional.

O Congresso Nacional pode ser uma porcaria, mas é a nossa porcaria. Se perdemos a chance, em outubro último, de melhorá-lo, poderemos tentar novamente daqui a quatro anos. Até lá, protestos e represálias, desde que dentro de padrões civilizados e democráticos, são a saída. As instituições democráticas não devem balançar ao sabor do nosso mal-votar. Ao contrário: somente elas nos permitem o aprimoramento deste direito, garantindo o exercício de erros e acertos que são inerentes ao sistema democrático.

Quem está prestes a comprar este discurso que desvaloriza a existência do Congresso Nacional deveria, primeiro, tentar saber a quem ele serve. Falarei disso dentro de alguns minutos.

domingo, 17 de dezembro de 2006

Abaixo-assinado contra o aumento

Está revoltado com o aumento dos parlamentares?

Pois há uma forma organizada de mostrar a sua revolta: um abaixo-assinado (petition on-line) de protesto na web.

Em menos de duas horas foram obtidas 8.017 assinaturas.

Para assinar, clique aqui.

Ps.: este blog está apenas colaborando com a divugação do abaixo assinado, não se responsabilizando por sua realização ou pelos dados cadastrais ali recolhidos.

Um novo conceito de liberdade

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Foto: Nariz Gelado

Notebook e rede wireless.

Adeus clausura no escritório.

Adeus jantares queimados.

Adeus lan houses.

Quem disse que Papai Noel não existe?

sábado, 16 de dezembro de 2006

Trilha da Semana #2

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Mais uma edição da nossa brincadeira de sábado: escolher a trilha sonora ideal para os principais acontecimentos da semana.

Para ouvir no seu player, você clica aqui.

Para ouvir no provedor, clique aqui.

(Tenha um pouquinho de paciência para baixar o arquivo: semana pesada, trilha idem.)

Rico, mas sujinho

A sempre bem informada Mônica Bergamo nos traz, na sua coluna de hoje para a Folha de S. Paulo, detalhes sobre a situação fincanceira do PT:

EM DIA

O PT fechou acordo com os bancos Rural e BMG, envolvidos no escândalo do mensalão, e está pagando a dívida do partido com as duas instituições. São R$ 13 milhões no total. Para o BMG, o PT já pagou três parcelas iniciais de R$ 40 mil. Em janeiro, a pancada aumenta: as parcelas passam a ser de R$ 770 mil, a cada dois meses, num total de seis. A primeira parcela para o Rural foi maior: R$ 500 mil, pagos no dia 13 de setembro. O restante será dividido em 30 parcelas que variam de R$ 150 mil a R$ 300 mil.

DESBLOQUEADO

O advogado Luiz Bueno de Aguiar, do PT, confirma o acordo. Ele diz que para os bancos foi um bom negócio. "É melhor do que ficar correndo atrás de contas individuais de filiados", diz. O deputado José Genoino (PT-SP) chegou a ter as contas bloqueadas por causa disso. "Ele teria que trabalhar cem anos como deputado para pagar metade da dívida", diz Bueno. Com o acordo, Genoino ficou livre de novos bloqueios.

CAIXA UM

Já a dívida do PT com as empresas de Marcos Valério, de mais de R$ 100 milhões, que teriam alimentado o mensalão, continuam sendo contestadas. "Só vamos pagar o que está contabilizado", diz Bueno.

Some-se estes valores àqueles 10 milhões de reais em dívidas - que o PT, a bem de ver aprovadas as contas da campanha de Lula, assumiu nesta última semana - e fica impossível não questionar como o partido faz para arrumar tanto dinheiro. Mas é bobagem minha questionar este tipo de coisa quando, após uma CPI e três meses de investigações da gloriosa PF, a origem daqueles R$1,7 milhão continua um mistério e ninguém estranha.

O fato é que ou aceitamos que o partido do qual Lula é presidente descobriu a fórmula para a geração espontânea de recursos ou vamos acabar concluindo que o PT, em complemento a inversão dos valores éticos, está deixando sua herança também no que respeita aos adágios populares: aquele "pobre, mas limpinho" ficou absolutamente démodé.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Desopilando

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Encontramos um jeito peculiar para ler os nomes dos deputados e senadores que, com tantos assuntos urgentes a serem resolvidos, ontem se reuniram para garantir à "categoria", um salariozinho de R$ 24.500,00.


Para ouvir no seu player, clique aqui.

Para ouvir diretamente no servidor, clique aqui.

Da numerologia das quadrilhas: 13 é o número.

Aprovado nesta manhã, o relatório da CPI dos Sanguessugas indicia seis petistas por formação de quadrilha.

Somando-se aos sete que foram denunciados pelo Procurador Geral da República no caso do mensalão, temos que 13 é, até agora, o número de petistas acusados por formação de quadrilha.

Deve ter sido também por isso, pela evidente conexão numerológica, que a Senadora Ideli Salvatti lutou para deixar de fora do relatório dos sanguessugas o companheiro Jorge Lorenzetti. Salvatti evitaria, assim, dois problemas.

O primeiro, que as suspeitas que recaem sobre o partido se voltem com mais força para Santa Catarina - o que, vamos combinar, acontecerá naturalmente caso vingue a nova CPI das Ongs, a ser aberta no próximo ano.

O segundo, de aspecto mais simbólico, seria tirar de pessoas como eu o prazer de dizer que 13 é o número de petistas denunciados por formação de quadrilha.

Sinto muito, senadora. Deu 13 na cabeça.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Com chave de ouro

Com um belo discurso, Jorge Bornhausen marcou ontem sua despedida do Senado Federal. Não se despediu, por óbvio, da política mas apenas do cargo de senador - função para qual não quis tentar uma reeleição.

Mas, para além das palavras, foi com atitude que o senador deixou claro que continuará vigilante, principalmente no que respeita a atuação do seu partido no cenário político nacional.

Ontem à tarde, pouco antes de Bornhausen ocupar a tribuna para seu discurso final, a mídia dava conta, mais uma vez, da agilidade e fimeza com as quais o PFL tem agido ultimamente para corrigir seus erros: o partido ameaçou ir ao Supremo Tribunal Federal (STF), caso fosse aprovado o projeto de resolução, da lavra do pefelista José Thomaz Nono, que anistiaria, de uma legislatura para outra, deputados acusados de corrupção. Uma hora depois, os líderes dos principais partidos na Câmara dos Deputados retiraram o projeto da pauta de votação*.

Temos então que entre a gritaria da imprensa e a reação do PFL, passaram-se apenas três horas. Esta rapidez em dar uma resposta à sociedade tem sido a marca registrada do PFL nos últimos tempos. Junte-se a ela a postura do partido - que não se furta em fazer oposição ao Governo Federal, honrando os votos que recebeu enquanto aliado da candidatura Alckmin - e se entenderá que, se a presidência de uma legenda vale alguma coisa, boa parte desta postura se deve a atuação de Jorge Bornhausen à frente do PFL.

Um partido, obviamente, não está livre de cometer erros. Não está livre de ter, entre seus parlamentares, um que apresente um projeto estapafúrdio como esse do deputado Thomaz Nono - e que recebeu, vejam bem, o apoio sorrateiro do PT, do PMDB, do PCdoB, do PP, do PSC e do PL. Mas, uma vez que a sociedade faça soar o alarme, será pecado mortal se este partido não atender ao chamado, corrigindo rapidamente sua posição.

O PFL do senador Jorge Bornhausen tem pecado pouco neste sentido. Que eu me lembre, pesa sobre o partido, nos últimos dois anos, apenas a negociação que absolveu Roberto Brant. Mas é erro ainda passível de ser corrigido. E Bornhausen tem crédito. Uma vez ex-senador, espera-se que ele continue à frente da legenda, não deixando morrer a única oposição com qual podemos contar, de fato, no momento.

*Sim, eu sei: o projeto pode voltar à pauta a qualquer momento. Mas, então, estaremos todos vigilantes, certo?

"A rigor, a rigor, o que é que nós temos? As contas não fecharam."

Ministro Marco Aurélio de Melo, nesta madrugada, tentando defender a desaprovação das contas da campanha de Lula em virtude de R$ 10,3 milhões em dívidas que foram repassadas ao PT.


terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Conta-gotas

Estivemos fora dor ar por falta de energia elétrica. Enquanto não se prepara um post mais gordinho, seguem alguns petiscos.

A considerar as últimas notícias que vêm da Bolívia, o Governo Morales está indo para o vinagre. Acompanhemos atentos, pois a situação poderá ser exemplar para se medir o apetite intervencionista de Hugo Chávez.

Da entrevista de Tasso Jereissati no Roda-Viva, ficou uma impressão de despreparo. Embora tenha dito, várias vezes, que "agora era preciso olhar para o futuro", o presdiente do PSDB parecia preso ao passado: falou muito das contradições da campanha presidencial de Lula mas furtou-se a discutir com maior profundidade as contradições de seu próprio partido - principalmente no que respeita ao papel da legenda enquanto oposição.

O PFL, por sua vez, está devendo explicações à nação. Lá no Blog do Noblat, ficamos sabendo que o deputado José Thomaz Nono apresentou um parecer, agora em vias de ser votado no plenário, que institucionaliza a pizza: o texto propõe zerar a ficha corrida de parlamentares investigados por CPIs no final do ano legislativo, determinando que os processos de cassação só sejam reabertos no próximo ano se houver novas denúncias sobre o mesmo assunto.

"Não tem outro jeito, se você conhecer uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque ela tem problemas. Se você conhecer uma pessoa muito nova de direita, é porque também tem problemas."

Do chefe de Freud, ontem, em profunda reflexão sobre política e psique humana.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

O impensável

Em comentário em post abaixo, Julia chamou a atenção para uma nota de Claudio Humberto:

Reunião da OAB discute extinção do Senado

Durante a sessão plenária deste domingo, os conselheiros federais da OAB discutiram durante mais de cinco horas as propostas que serão encaminhadas ao presidente Lula sobre a reforma política. Um dos pontos mais polêmicos foi a proposta apresentada pelos conselheiros Alberto Zacharias Toron (SP) e Reginald Felker (RS) de extinção do Senado Federal. Bastante crítico em relação àquele casa legislativa, Toron afirmou que "como está hoje o Senado é uma excrescência". A proposta foi apoiada pela bancada do Paraná mas rejeitada pelas demais bancadas.

Talvez seja uma política da OAB levar à discussão todas as propostas apresentadas por seus conselheiro - não importando quão esdrúxulas elas venham a ser. Mas que a coisa não cheira bem, lá isso não cheira.

Eu detesto alarmismos. Mas é impossível fazer de conta que eu não sei que Alberto Toron defendeu o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, acusado de entregar a Antônio Palocci o extrato obtido com quebra ilegal do sigilo do caseiro Fancenildo. Também não vou conseguir analisar a proposta de Toron sem considerar que ele atuou na defesa do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) para o caso do mensalão.

Se estiver certa a nota de Cláudio Humberto teremos o quê? Que há um conselheiro da OAB, com laços estreitos com o petismo, propondo acabar com o Senado federal?

Cada vez pior

Da coluna Painel, na Folha de S. Paulo de hoje:

"A declaração, feita por Tasso Jereissati, de que o PSDB apoiará a candidatura de José Agripino à presidência do Senado deve ser tomada como uma satisfação pública ao parceiro PFL, nada mais. Em privado, a maioria da bancada tucana manifesta a intenção de reconduzir ao posto Renan Calheiros (PMDB-AL), que por sua vez não se cansa de lembrar seu papel na eleição de Téo Vilela em Alagoas e o fato de que esse Estado foi o único onde José Serra venceu em 2002.

A inclinação do PSDB mudará se Agripino ganhar musculatura e exibir chances robustas de vitória. Mas os tucanos só pegarão o bonde andando. Não estão dispostos a empurrá-lo. Na Mesa Diretora e fora dela, consideram-se muito bem servidos com Renan."

E depois reclamam quado seus adversários políticos os rotulam de "duvidosos".

domingo, 10 de dezembro de 2006

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Fidel Castro e Augusto Pinochet, Chile, 1971.

Nenhum dos dois vale um tostão furado.

Ambos ditadores sangüinários.

A diferença é que Pinochet fez mais pelo Chile do que Castro por Cuba. Quando menos, porque Pinochet soube o momento certo de deixar o poder para que o Chile tomasse o caminho democrático.

Qual dos dois matou mais?

Impossível saber, já que a maioria dos historiadores é marxista. Eles jamais permitirão que as mortes de Castro sejam devidamente contadas.

Vá de retro, Pinochet. Vá logo, Castro.

Das Idéias... (II)

Enquanto eu curtia sol e mar, três petralhas passaram por aqui, deixando as marcas de seus cascos na área de comentários - não liberei, por óbvio. Aqui não há espaço para indigência intelectual.

O fato é que um me avisava da morte de Pinochet, desejando que eu fosse a próxima " direitista reacionária" a ir ter com Satanás. A ele, aviso apenas que eu, como boa capitalista selvagem, já comprei as intenções do Coisa Ruim. Profetas amadores, ladrões profissionais e demais revolucionários de meia-tigela terão, portanto, que gastar litros de saliva lançando pragas antes que alguma delas me faça sequer cócegas.

Os outros dois tiraram onda da minha cara porque eu propus, no post abaixo, que enterremos Hugo Chávez - mas que, tal qual George Bush e a "direita reacionária internacional", eu não sei por onde começar. A esses eu sugiro que olhem para os próprios traseiros sujos: o presidente que eles reelegeram diz que quer fazer o país crescer mas que, após quatro anos no poder, ainda não sabe como.

A mensagem é clara: eu sou muito melhor do que o Lula e, se quiser, posso ser um milhão de vezes pior do que o Pinochet.

Das idéias...

Chávez propõe enterrar o Mercosul.

Eu proponho enterrar Chávez.

Como, a gente combina mais tarde.

Agora vou à praia.

sábado, 9 de dezembro de 2006

Trilha da semana #1

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Gostei do brinquedo - não sei se já deu pra notar.

Então, resolvi testar um programinha musical inspirado nos principais fatos políticos da semana.

Se vocês gostarem, no sábado que vem tem mais.

Para ouvir, você pode clicar aqui para abrir no seu player (tem sido a melhor opção) ou aqui para ir direto ao provedor.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Corpo mole

Ontem, a base governista no Senado impediu a instalação da CPI das ONGs não comparecendo à sessão na qual deveria se eleito o presidente e indicado o relator. Consultada, a seandora Ideli Salvatti disse que a CPI é desnecessária.

Ora bolas... E alguém esperava outra coisa dos governistas?

O que me preocupa são as ausências do lado da oposição. Não que elas pudessem impedir a dificuldade numérica provocada pelos respresentantes do governo. Também é verdade que a CPI nasceu morta. Mas como o senador Heráclito Fortes já está se mexendo para abrir uma nova CPI, com o mesmo objeto de investigação, no iniício do novo ano legislativo, seria bom se a oposição mostrasse alguma firmeza em ser oposição.

Logo, quero saber quais foram os assuntos urgentes e relevantes que impediram que os titulares Álvaro Dias (PSDB-PR) e Efraim de Morais (PFL-PI), bem como os suplentes Lúcia Vânia (PSDB-GO) e Demóstenes Torres (PFL-GO), marcassem presença na sessão de ontem.

Menos, por favor

Há choro e ranger de dentes entre a mídia e os grandes partidos por conta da queda da cláusula de barreira, derrubada ontem pelo Supremo Tribunal Federal . As críticas vão desde questões institucionais - como, por exemplo, a interferência indevida do STF em matéria já aprovada no Congresso Nacional - até aquelas de natureza ética: agora os pequenos estariam liberados para fazer todas aquelas diabrites que tanto atormentam a vida polícia naciona - vender o tempo de rádio e TV a que têm direito, aplicar indevidamente o fundo partidário e, temor dos temores, prostituir seus votos atráves de mensalações ou modalidades assemelhadas.

Menos, senhores... Menos, por favor, pois há momentos em que não é possível bloquear o sol com a peneira. E este me parece ser um deles.

Creditar à manutenção dos privilégios dos pequenos partidos todos os males da política nacional é de uma cara de pau sem tamanho. Como se grandes partidos não vendessem votos em troca de cargos. Como se representantes dos grandes partidos não tivessem votado, secretamente, pela absolvição de mensaleiros. Como se um grande partido não tivesse corrompido aos pequenos com o mensalão. Como se houvesse alguém mais, que não os grandes partidos, para propôr a compra dos espaços de rádio e televisão aos quais os pequenos têm direito.

Muito antes do potencial corruptivo dos pequenos, é a vocação corruptora dos nossos grandes partidos que emporcalha a política nacional. E esta só será eliminada por medidas eficazes.

Nossos luminares políticos estão preocupados com ética? Pois vamos lá.

Que tal se empenharem na aprovação de uma medida que está tramitando no Congresso e que visa moralizar o quadro político nacional: o fim do voto secreto, que garantirá aos brasileiros o sagrado direito de fiscalização sobre as atitudes dos parlamentares que ajudaram a eleger?

E por que não aproveitar a ocasião, também, para dar andamento a um projeto do senador Antônio Carlos Magalhães que sugere o fim do sigilo bancário e telefônico, a priori, de todo o parlamentar que for convocado a depôr em uma CPI? E, indo além, quem sabe acatamos a sugestão recente do senador Antero Paes de Barros, decretando o fim do sigilo bancário e telefônico como prerrogativa para a diplomação de todos os parlamentares?

E temos mais: o surto de ética despertado pela decisão do STF poderia ser dirigido à tão esperada - e agora desacreditada - reforma política pelo menos no que respeita à fidelidade partidária? Que tal abandonarmos o paradigma do "país de dimensões continentais" e passarmos a exigir que os partidos contemplem esta diversidade em termos programáticos? Quem sabe, assim, nosso partidos fariam da discussão democrática de seus programas de governo uma forma de existência - e não um documento eleitoral a ser revisado, às pressas, às vespéras das eleições?

Eis aí um bom número de providências que podem neutralizar os supostos efeitos malignos da decisão de ontem.

Mais do que sugestões, tais providências são, também, um termômetro: o tratamento que elas receberão num futuro próximo vão dar bem a medida do quanto a indignação demonstrada nos jornais de hoje é verdadeira ou apenas mera retórica.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Golpismo again

Eu já falei para vocês em outras ocasiões que, por um sistema cuja mecânica eu ainda não desvendei, a militância faz balão de ensaio para versões governistas nos fóruns, chats e áreas de comentários na internet. É a tal "arte de conversação na web" ou "diálogos estratégicos" - eufemismos para a conquista hegemônica dos espaços de debate.

A coisa fica mais visível durante as crises: prestando atenção ao cyber-discurso da militância, descobre-se aquilo que, se passar no "ensaio", em um ou dois dias poderá estar na boca dos palamentares da situação. É o que acontece agora com o apagão aéreo.

A versão que anda pululando nas últimas 48 horas dá conta de que o movimento dos controladores é, na verdade, uma conspiração militar contra o Ministro Waldir Pires. Segundo esta versão, os militares jamais engoliram que um civil ocupasse a pasta do Ministério da Defesa - muito menos um que tenha lutado contra a ditadura.

É o golpismo - doença discursiva crônica deste governo - fazendo escola.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Janene escapa

Na noite em que o deputado mensaleiro José Janene (PP-PR) escapa de ser cassado, vale a pena perguntar:

É por intervenção do IBAMA que as ratazanas do Congresso Nacional estão sendo preservadas?

Sem previsão para decolar

É claro que vocês já sabem, mas não custa lembrar: pausem a transmissão da TV Senado lá embaixo e cliquem no player acima para ouvir o podcast.

Quem estiver com dificuldades para utilizar o player disponível pode tentar aqui ou ir diretamente ao provedor do podcast, clicando aqui - mas, uma vez lá, lembre-se de clicar na setinha verde ou nada acontece.

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Abre-te, Sésamo!

Finalmente, com inexplicáveis 20 dias de atraso, o TSE votou hoje o recurso apresentado pela campanha de Geraldo Alckmin, que solicita o justo acesso a todas as informações do inquérito do dossiêgate.

Por quatro votos a três, os ministros do TSE decidiram que todas as partes poderão ter acesso ao inquérito.

Conforme comentamos anteriormente, a votação permitirá que os advogados da Coligação por um Brasil Decente saibam para quais ramais do Palácio do Palnalto os aloprados andaram telefonando - e de quais receberam ligações - durante o embróglio.

Quem?

Termina hoje o prazo dado por Renan Calheiros para que os partidos indiquem os integrantes da CPI das ONGs.

Como se sabe, uma CPI não pode avançar de uma legislatura para outra. Assim, o dia 22 de dezembro é o prazo máximo para que a CPI criada pelo senador Heráclito Fortes conclua seus trabalhos.

Ao que parece, Heráclito Fortes - além de agir para cumprir a promessa de que entraria com o pedido de criação desta CPI tão logo estivesse encerrada a eleição presidencial - apostou que alguns dias de investigação poderiam fornecer material suficiente para justificar a instalação de uma nova CPI, com o mesmo objeto de investigação, já no início de 2007.

Ficaremos, então, até o final da tarde de hoje, com uma expectativa: o PT indicará a Senadora Ideli Salvatti?

Beleza brasileira

Em sua coluna de hoje para a Folha de S. Paulo, Mônica Bergamo nos avisa que João Moreira Salles está lançando a continuação de Entreatos. O documetário, que vai se chamar Atos - A Campanha Pública de Lula, trará cenas de arquivo da campanha de 2002 que não haviam sido exploradas pelo diretor.

Sempre bem relacionada nos meios petistas, a colunista adianta algumas das cenas selecionadas por Salles. Numa dela, em diálogo com Gilberto Carvalho, Lula diz:

"Nada me abala. Nada. Não sou um cara vulnerável a notícia de jornal. Aliás, se você soubesse o bem que é ficar 20 dias sem ler jornal para o leitor! Não abro um jornal! E não desaprendo nada. (...) Por que você acha que eu sou esse cara equilibrado que eu sou? Porque eu não fico subordinado às oscilações das notícias, Gilberto!". Lula continua: "Ninguém tem que ligar para a minha casa para dizer: "Vai sair tal coisa na "Folha de S.Paulo" amanhã". Foda-se! Deixa sair".

Dona Marisa também não fica atrás. Segundo Mônica Bergamo, as câmaras de João Moreira Salles flagraram a esposa do presidente em autêntico petismo:

"O pessoal começou a gritar no palanque: "primeira-dama, primeira-dama". Aí eu falei: "Eu não sou a primeira. Eu sou a única'".

Eis a beleza brasileira, queridos.

A propósito: vocês ainda acham que George e Laura Bush são uns caipiras arrogantes?

Silêncio no ninho

Dei uma geral nos principais jornais, portais e blogs.

Até onde pude apurar, ninguém pronunciou-se sobre o conteúdo da declaração de Teotônio Vilela Filho. O silêncio pode ser fruto do adiantado da hora: a nota saiu depois das 23:00h de ontem.

Aguardemos, pois.

A siamesa segue de plantão.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Quando tucanos viram traíras

Segundo acaba de noticiar o portal Terra, Teotônio Vilela Filho anunciou esta noite que o PSDB vai apoiar não só a reeleição de Aldo Rebelo para a presidência da Câmara como, também, a reeleição de Renan Calheiros à presidência do Senado.

Eu vou esperar os jornais de amanhã para ver se esta notícia se confirma, antes de dizer o que penso.

Até lá, minha siamesa ficará a postos para garantir que nenhum tucano se aproxime da casa. Acreditem, ela caça gralhas e corujas. Tucanos serão bricadeira de criança.

A alma do negócio.

Uma fábula para entender a poliítica nacional.

Viirtuoso tinha uma padaria na rua dos Princípios.

Volta e meia, ele pagava o "Chiquitito" - um moleque de rua - para distribuir pela vila panfletinhos com as promoções da casa. Eram panfletos vagabundos, mas Chiquitito trabalhava tão direito, que a coisa acabava fazendo sucesso: ora o pãozinho 250gr, ora o queijo da colônia - sempre havia alguma coisa a um preço menor que o da concorrência para valer um folhetinho.


Deu certo. Com a dedicação de Virtuoso e a lábia de Chiquitito, a padaria prosperou e cresceu. Cresceu até demais, se considerarmos que, um belo dia, o espaço ficou pequeno.

Não havendo como expandir no velho endereço, Virtuoso encontrou um novo ponto na Avenida Esperança: prédio maior, mais novo e com espaço suficiente para mesinhas e cadeiras - e, o que era melhor, nenhuma padaria por perto. O problema é que ficava longe da freguesia habitual - como fazer para não perdê-la? Virtuoso, porém, não se abateu: manteria o endereço original, colocando, como sócio e gerente, alguém da família. Zangado, o cunhado com reconhecida capacidade em administração, pareceu a melhor escolha.

Tudo acertado, Virtuoso caprichou nos folhetos para a inauguração do novo ponto: desta vez, eram coloridos, em papel brilhante,com fotografias das novas instalações - e um lembrete de que o antigo ponto da rua dos Princípios continuava em funcionamento para melhor atender à fiel freguesia. Chiquitito, agora um rapagão, disse que nunca vira coisa mais linda - e saiu animado para alardear a boa nova,

Algo deu errado, porém. Menos de seis meses depois da inauguração, a padaria da Avenida Esperança teve de ser fechada. Por um motivo qualquer, os clientes não apareciam. Se a família não passou fome foi por conta do bom trabalho do cunhado: sob a administração de Zangado, a padaria da rua dos Princípios, continuava de vento em popa.

Final melancólico e aparentemente incompreensível: Virtuoso, que fora conhecido como o melhor padeiro da região, endividou-se a ponto de ter que vender para Zangado sua parte da padaria original.

É verdade que ele estranhou um pouco quando soube que o novo sócio do cunhado seria Chiquitito. Mas Deus sabe que a vida dá lá as suas voltas. Portanto, somente quando chegaram as chuvas de março é que Virtuoso pôde, de fato, entender o que se passara: ao tentar desentupir um bueiro que ameaçava alagar a miserável casinha onde agora ele se apertava com a família, Virtuoso encontrou-os. Colados uns aos outros por conta da água, mas ainda reconhecíveis, lá estavam os folhetos coloridos, em papel brilhante.

domingo, 3 de dezembro de 2006

Eles vestem a nossa... E Lula veste a deles.

Janjaweed nove.jpg

Foto: Desirey Minkoh,France Press

Na última terça-feira, o Itamaraty se absteve de votar uma resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU que exigiria que Sudão levasse a julgamento os responsáveis pelo genocídio em curso naquele país.

Este posicionamento vergonhoso colocou o Brasil em um grupelho interessante de países, como Arábia Saudita, China, Cuba, Rússia e Paquistão.

Na foto, você vê um integrante das milícias Janjaweed com aquela que pode ser considerada, atualmente, a camiseta-símbolo do Brasil. Governistas, os integrantes da Janjaweed perseguem os habitantes da região de Darfur, que ousaram rebelar-se contra a imposição da cultura árabe-muçulmana.

A carnificina promovida pelos Janjaweed já soma 400 mil mortos e cerca de 2 milhões e meio de refugiados. Tais números, porém, não impediram que o Itamaraty vestisse, por omissão, a camiseta da Janjaweed. Ao que parece, os sangüinários assassinos devolvem a cortesia.

sábado, 2 de dezembro de 2006

Falta psicologia na informática

Eu já estava quase trocando de máquina, quando revelaram que Papai-Noel me trará um laptop último tipo etc e tal.

Então, até final de dezembro, tenho que me contentar com esta camicleta - que, ontem, me deixou na mão mais uma vez.

Agora descobriram que era a placa mãe.

Foi por conta dela me obriguei a procurar a manutenção três vezes neste último mês. Tivessem estudado Freud, os técnicos saberiam que a culpa é sempre da mãe. Mas não... Estes técnicos são todos garotos mal saídos do complexo de Édipo - a última coisa pensam, pois, é que a culpa seja da amada.