sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Menos, por favor

Há choro e ranger de dentes entre a mídia e os grandes partidos por conta da queda da cláusula de barreira, derrubada ontem pelo Supremo Tribunal Federal . As críticas vão desde questões institucionais - como, por exemplo, a interferência indevida do STF em matéria já aprovada no Congresso Nacional - até aquelas de natureza ética: agora os pequenos estariam liberados para fazer todas aquelas diabrites que tanto atormentam a vida polícia naciona - vender o tempo de rádio e TV a que têm direito, aplicar indevidamente o fundo partidário e, temor dos temores, prostituir seus votos atráves de mensalações ou modalidades assemelhadas.

Menos, senhores... Menos, por favor, pois há momentos em que não é possível bloquear o sol com a peneira. E este me parece ser um deles.

Creditar à manutenção dos privilégios dos pequenos partidos todos os males da política nacional é de uma cara de pau sem tamanho. Como se grandes partidos não vendessem votos em troca de cargos. Como se representantes dos grandes partidos não tivessem votado, secretamente, pela absolvição de mensaleiros. Como se um grande partido não tivesse corrompido aos pequenos com o mensalão. Como se houvesse alguém mais, que não os grandes partidos, para propôr a compra dos espaços de rádio e televisão aos quais os pequenos têm direito.

Muito antes do potencial corruptivo dos pequenos, é a vocação corruptora dos nossos grandes partidos que emporcalha a política nacional. E esta só será eliminada por medidas eficazes.

Nossos luminares políticos estão preocupados com ética? Pois vamos lá.

Que tal se empenharem na aprovação de uma medida que está tramitando no Congresso e que visa moralizar o quadro político nacional: o fim do voto secreto, que garantirá aos brasileiros o sagrado direito de fiscalização sobre as atitudes dos parlamentares que ajudaram a eleger?

E por que não aproveitar a ocasião, também, para dar andamento a um projeto do senador Antônio Carlos Magalhães que sugere o fim do sigilo bancário e telefônico, a priori, de todo o parlamentar que for convocado a depôr em uma CPI? E, indo além, quem sabe acatamos a sugestão recente do senador Antero Paes de Barros, decretando o fim do sigilo bancário e telefônico como prerrogativa para a diplomação de todos os parlamentares?

E temos mais: o surto de ética despertado pela decisão do STF poderia ser dirigido à tão esperada - e agora desacreditada - reforma política pelo menos no que respeita à fidelidade partidária? Que tal abandonarmos o paradigma do "país de dimensões continentais" e passarmos a exigir que os partidos contemplem esta diversidade em termos programáticos? Quem sabe, assim, nosso partidos fariam da discussão democrática de seus programas de governo uma forma de existência - e não um documento eleitoral a ser revisado, às pressas, às vespéras das eleições?

Eis aí um bom número de providências que podem neutralizar os supostos efeitos malignos da decisão de ontem.

Mais do que sugestões, tais providências são, também, um termômetro: o tratamento que elas receberão num futuro próximo vão dar bem a medida do quanto a indignação demonstrada nos jornais de hoje é verdadeira ou apenas mera retórica.

5 comentários:

WALTER TADEU DE LIMA disse...

É EU:

ESQUECE NG, ESQUECE. PARA DE SONHAR.

ABRAÇÃO

jml disse...

NG, a decisão foi do STF (Supremo Tribunal Federal) e não do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Beijos.

(N.G.: é verdade, jml. Acertei por extenso e errei nas duas vezes em que utilizei a sigla. Já corrigi. Obrigada pela dica. Beijos)

Steppenwolf disse...

O PSDB já abandonou o barco da oposição, o PFL não resistirá por muito mais tempo. A realidade nua e crua é que esses partidos não se sentem confortáveis no papel da oposição; precisam estar próximos ao governo para não se afastarem de mais de seus eleitores, que são, em última análise, os responsáveis por eles estarem onde estão: ocupando cargos eletivos. Não no governo, mas sim no poder! Eles não serão heróis de se sacrificarem , perdendo seus carguinhos de deputados e senadores, para defenderem os direitos de livre expressão dos demais brasileiros, muito menos de jornalistas que estão prontos para denunciarem erros cometidos por Vs. Excelências. No fundo, tanto PSDB como PFL estão gostando dessa moda petista de cerceamento da liberdade de imprensa, sejamos sinceros...Cabe, exclusivamente, a setores não comprados (ou não vendidos, se preferir) dessa mesma imprensa, fazer as denúncias da tática petista. Pagar setores da mídia com dinheiro público para fazer propaganda política de um partido é crime, deve, portanto ser denunciado por vocês. Mas denunciado de maneira mais efetiva, não dessa maneira bem comportadinha que vocês adotaram. Tem que bater para machucar; bater só pra ser lembrado é complicado, dá asas à imaginação, entende?

(N.G.: Steppenwolf, como eu bato do jeito que gosto e sei, não vou me incluir entre aqueles que você acha que "batem só para aparecer". Mas ficarei no aguardo do seu blog, onde você certamente nos mostrará qual é a "batida certa". )

WALTER TADEU DE LIMA disse...

NG, VC VIU, SÓ PORQUE DOIS MINISTROS FORAM VÍTIMAS DE ASSALTO NO RIO, EM 5 MINUTOS A POLÍCIA MATOU DOIS SUSPEITOS. VAI SER EFICIENTE ASSIM LÁ NA MINHA CASA.

ABRAÇOS

Jorge Nobre disse...

Eu na verdade não sou fã de partido nenhum, grande ou pequeno. Os tucanos, é claro, são melhores que os petralhas, mas mesmo assim não entusiasmam. Os pequenos, bom, também não consigo achar um que preste. Alias, políticos que prestam eu conto numa mão e sobram dedos. O João Mellão, o Francisco Dornelles, o Alberto Fraga, o Afif... E não sou capaz de lembrar mais nenhum.

O Gabeira? Não, obrigado, ex-terroristas não entram em lista séria.