Já leram o Estado de São Paulo ?
Lá está que, no auge do mensalão, Fernando Henrique Cardoso encontrou-se com Antônio Palocci e Márcio Thomaz Bastos. Objetivo: colocar água na fervura da oposição e evitar o impeachment de Lula.
O ex-presidente admite os encontros e aproveita que o episódio veio à tona para elogiar a "noção institucional" de Palocci, Bastos e, também, do chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho.
Percebam o ridículo da situação: enquanto os petistas se esgoelavam acusando a oposição e a imprensa de "golpismo", Fernado Henrique exercitava "noções institucionais" com o núcleo duro do governo Lula. Enquanto o eleitor de oposição berrava contra a corrupção instalada no governo petista e pedia, em vão, a cabeça do tucano Eduardo Azeredo, Fernando Henrique tomava chá com Antônio Palocci.
Mas o ridículo não pára aí. Ao Estado de S.Paulo, Fernando Henrique também disse lamentar que esta linha de comunicação com Lula tenha sido interrompida em 2008. Ou seja: enquanto, no início de 2006, Antonio Palocci chafurdava a conta bancária do caseiro Francenildo, Fernando Henrique dialogava com ele. E, meses depois, quando o tucanato fazia de conta que disputava a eleição presidencial - e o eleitor se revoltava com aquela história de um dossiê de R$1,7milhão - Fernando Henrique confraternizava com os aloprados.
E ainda querem que a gente acredite que, de acordo com o que sugere a matéria, este diálogo só foi interrompido no início de 2008 porque Lula desistiu de promover a reforma política - e não porque a Casa Civil divulgou uma listinha de supermercado do ex-presidente.
É claro que cada um - e, nisso, Fernando Henrique não é diferente - tem o direito de dar o nome que bem entender para as suas atitudes. "Noção institucional" até que soa bacana. Mas lá na minha terra isto se chama falta de vergonha na cara.