Se eu entendi direito, a coisa foi mais ou menos assim:
Na semana passada, o DEM fez as contas e decidiu que era melhor votar logo a CPMF - pensava em aproveitar o momento de desarticulação da base aliada provocado pela troca do Ministro da Coordenação Política.
Embora admitisse o risco do governo acionar a máquina para conquistar votos graças às nomeações e liberação de verbas, o PSDB relutou em apressar a coisa - sentia-se inseguro em relação à contagem .
No meio desta semana, numa reunião das duas bancadas, o PSDB fez valer sua posição: os senadores resolveram suspender a obstrução da pauta de votações e seguir à risca o regimento do Senado. Foi justamente esta atitude - a desobstrução da pauta - por parte da oposição que permitiu o início da discussão da PEC.
Mas Arthur Virgílio tinha um plano: seguir à risca o regimento e cumprir todos os prazos. "Obedecendo todos os prazos" - garantiu Virgílio - "o primeiro turno de votação não ocorrerá antes de 17 de dezembro". Por qual razão o tucano queria tanto prazo, dando sempre mais oportunidade para o governo distribuir benesses e angariar votos, continua um mistério - ou não, se considerarmos que Aécio Neves e José Serra seguiam pressionando para que o partido concedesse ao governo a oportunidade de negociar.
Foi quando ele, o governo, fez as contas e decidiu que tinha pressa para votar. Presidente interino do Senado, Tião Viana convocou sessões deliberativas nos cinco dias da semana a fim de acelerar os prazos de tramitação da PEC - principalmente o processo de análise da emenda em plenário - ameaçando com cortes salariais aos senadores que faltassem.
Mais uma vez, Arthur Virgílio tranquilizou os aliados. Era só não comparecer que as sessões seriam canceladas por falta de quórum - que, segundo ele, seria de 41 senadores em plenário. "Desde que não contem o quórum de um dia para o outro, não tem problema. Até porque, se querem moleza, que comprem um colchão d’água", foi sua pirotécnica declaração.
Só que, ao que tudo indica, Arthur Virgílio e sua assessoria não conhecem muito bem o regimento do Senado. Hoje pela manhã, a sessão se realizou com menos do que 41 senadores. E, embora Virgílio tenha reclamado, Tião Viana garantiu que está seguindo o regimento: a única condição que levaria a mesa a suspender uma sessão deliberativa seria se o número de senadores presentes fosse menor que quatro. Na saída, ao falar com a imprensa, Viana comemorou: "É o Regimento. Viva o Regimento!".
Clique aqui para ler.
Clique aqui para ouvir.