sexta-feira, 30 de novembro de 2007

O sabichão

Se eu entendi direito, a coisa foi mais ou menos assim:

Na semana passada, o DEM fez as contas e decidiu que era melhor votar logo a CPMF - pensava em aproveitar o momento de desarticulação da base aliada provocado pela troca do Ministro da Coordenação Política.

Embora admitisse o risco do governo acionar a máquina para conquistar votos graças às nomeações e liberação de verbas, o PSDB relutou em apressar a coisa - sentia-se inseguro em relação à contagem .

No meio desta semana, numa reunião das duas bancadas, o PSDB fez valer sua posição: os senadores resolveram suspender a obstrução da pauta de votações e seguir à risca o regimento do Senado. Foi justamente esta atitude - a desobstrução da pauta - por parte da oposição que permitiu o início da discussão da PEC.

Mas Arthur Virgílio tinha um plano: seguir à risca o regimento e cumprir todos os prazos. "Obedecendo todos os prazos" - garantiu Virgílio - "o primeiro turno de votação não ocorrerá antes de 17 de dezembro". Por qual razão o tucano queria tanto prazo, dando sempre mais oportunidade para o governo distribuir benesses e angariar votos, continua um mistério - ou não, se considerarmos que Aécio Neves e José Serra seguiam pressionando para que o partido concedesse ao governo a oportunidade de negociar.

Foi quando ele, o governo, fez as contas e decidiu que tinha pressa para votar. Presidente interino do Senado, Tião Viana convocou sessões deliberativas nos cinco dias da semana a fim de acelerar os prazos de tramitação da PEC - principalmente o processo de análise da emenda em plenário - ameaçando com cortes salariais aos senadores que faltassem.

Mais uma vez, Arthur Virgílio tranquilizou os aliados. Era só não comparecer que as sessões seriam canceladas por falta de quórum - que, segundo ele, seria de 41 senadores em plenário. "Desde que não contem o quórum de um dia para o outro, não tem problema. Até porque, se querem moleza, que comprem um colchão d’água", foi sua pirotécnica declaração.

Só que, ao que tudo indica, Arthur Virgílio e sua assessoria não conhecem muito bem o regimento do Senado. Hoje pela manhã, a sessão se realizou com menos do que 41 senadores. E, embora Virgílio tenha reclamado, Tião Viana garantiu que está seguindo o regimento: a única condição que levaria a mesa a suspender uma sessão deliberativa seria se o número de senadores presentes fosse menor que quatro. Na saída, ao falar com a imprensa, Viana comemorou: "É o Regimento. Viva o Regimento!".

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3 comentários:

Aluizio Amorim disse...

Nariz, não adianta falar. Serra e Aécio estão apoiando a CPMF. Creio que já fizeram um acordo com o Apedeuta que ainda não sei o que é, mas que fizeram, isto não tem dúvida. Tudo vinculado a 2010. É por isso que reafirmo: tucano é uma ave que sofre de incontinência intestinal.

Alexandre disse...

O DEM eh o melhor partido do Brasil. A reluta de tantos em aceitar isso, a reluta do Brasil que pensa quero dizer, desde Reinaldo Azevedo aos blogs liberais, talvez comprova que ha resquicios da nossa cultura catolica, anti-capitalista, cheio de culpa por, oh deus, desejar o progresso e festejar o lucro e a individualidade, que mesmo tendo de ver e de aturar a porcaria do PT e todas suas irracionalidades desse pensamento atrasado nao nos livramos por completo.
Nao vejo outro motivo para a insistencia de tantos liberais em ter o Psdb como a melhor alternativa ao Petismo do que isso. Alguem arrisca outro hipotese?

Tunico disse...

Nariz, está tudo combinado entre DEM e PSDB. Não há porque inferir.A oposição não tem certeza dos votos e vai tentar empurrar para depois de dezembro. Se vai dar certo, não sei.O problema são os "russos". Eles não são bobos.