Coisa paradoxal: mudar-se implica, antes de tudo,repetir-se.
Quando mudamos, olhamos dentro de todas as gavetas e armários, em busca daquilo que nem lembrávamos ter - ou daquilo que tínhamos esquecido que somos. Miramos, outra vez, pequenos pedaços de vida: fotografias, bilhetes de passagens,contas pagas,cartas não respondidas e aquele péssimo presente que nunca usamos.
No meu caso, passei a última semana lendo, outra vez, os posts dos últimos meses - já que, aos poucos, todos os quase três anos de blog serão transferidos para cá.
Confesso que estava com medo deste exercício. Mas, até aqui, tudo parece bem: pelo menos no que diz respeito aos seis últimos meses, eu repetiria tudo o que escrevi. Talvez em outro estilo, é verdade. Mas diria tudo outra vez.
Sim, estou de mudança. E realizando um velho sonho, que acalento desde que criei o blog: estar em um cantinho acolhedor, privando de uma vizinhança bacana - daquelas que não precisam concordar com a gente mas que, se preciso for, nos ajudam a sepultar o cadáver no jardim. Aos poucos conhecerei a todos. Mas já agradeço ao Márcio e ao Igor, que logo apareceram, pás em punho, à minha porta. E agradeço, é claro, ao Ruy - não fosse a paixão que ele nutre pelo brega, eu jamais seria convidada a privar de vizinhança tão chique.
Aos leitores, aviso que continuaremos repetindo os velhos hábitos. A partir de hoje, estou mais Apostos do que nunca.