terça-feira, 31 de janeiro de 2006

Dolce vita

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Senadores Delcídio Amaral e Jorge Bornhausen, curtindo uma praia em Jurerê, no último sábado. Foto:Marco Cezar

Ontem a CPI dos Correios foi acusada de reter documentos solicitados pelo relator do processo de cassação do deputado João Paulo Cunha.

Ontem, também, a oposição se disse indignada com o senador Delcídio Amaral porque ele decidiu adiar para a quinta-feira a votação por um novo depoimento de Duda Mendonça.

Puro jogo cênico.


No sábado último, Delcídio Amaral e Jorge Bornhausen pareciam muito felizes - e mais enturmados do que nunca. Ambos foram curtir uma praia no restaurante El Divino de Jurerê Internacional, em Florianópolis.

A CPI e o povo que se danem.

Evitemos o circo: façamos o povo de palhaço.

Em resposta a alegação de que a CPI dos Bingos é um circo, o advogado de Paulo Okamoto arrancou do STF uma liminar que transforma todo o povo brasileiro em palhaço.

Quando, em meio aos bilhões movimentados pelo valerioduto, uma merreca de R$ 29,4 mil vira assunto do Supremo Tribunal Federal é porque o jogo acabou, meus amigos.


Eis o Fiat Elba. Eis aquele detalhe, aquele ato falho de aparente insignificância, que tem tudo para sacudir a República.

A quem eles acham que enganam?

segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

Ossos do ofício

Deve ser terrível perder um filho em uma guerra - seja ela justa ou injusta. Mas ser convocado para o front é algo inerente à carreira militar. Morrer em combate é algo sempre presente na vida de um soldado - assim como o é na vida dos policiais.

Enfim, há profissões de alto risco - e não me parece que alguém opte por uma carreira destas sem ter plena consciência dos perigos a que estará exposto.

No caso específico do exército americano, os riscos vêm acompanhados de vantagens sedutoras - principalmente para jovens latino-americanos, filhos de famílias que chegaram ilegalmente aos EUA em busca de uma vida melhor. Cidadania americana, financiamentos facilitados para casa própria, auxílio para estudos, assistência médica e bônus por convocação, são algumas destas vantagens.

Nos próximos dias, a mídia será pródiga em chorar o brasileiro Felipe Carvalho Barbosa, que morreu no Iraque, a serviço do exército americano, no último sábado. É bem provável que ele seja, agora, guindado à categoria de símbolo nacional contra a violência da guerra. É o que a mídia sempre faz.

Até o final desta semana - utilizando-se, sem pudores, da dor familiar -, a imprensa terá construído a imagem de um inocente, que deixou-se iludir por castelos de areia.

Não sei de vocês...Mas, na minha opinião, menosprezar a inteligência de alguém não me parece ser uma boa forma de honrar sua memória.

domingo, 29 de janeiro de 2006

Espero que sim

"Na quarta-feira, haverá uma reunião administrativa bem ampla, e você verá o número de coisas que nós vamos fazer."

(Senador Delcídio Amaral, em entrevista para a Folha de São Paulo, hoje)

Eu espero ver mesmo, senador. Porque de shows pirotécnicos, acordos velados e briguinhas fictícias entre parlamentares, o povo já anda cheio.

Os prazos estão ficando, a cada dia, mais enxutos. Fazer com que as CPIs funcionem nesta reta final, caçar os evolvidos no mensalão e apurar até a última gota da lama que nos soterrou ao longo de 2005, é questão de sobrevivência para a classe política nacional.

Não há mais espaço para meio-termo: ou é isso, ou o grande campeão de votos em outubro será, como diz uma amiga minha, o "Sr. Nulo".

sábado, 28 de janeiro de 2006

Uma ode ao egoísmo.

Um conselho: nunca, jamais, invista o melhor de você em qualquer coisa que não seja você mesmo. Pouco importa se o beneficiário é outra pessoa, o clube da esquina ou a nação inteira.

Não vale a pena. Quem planta o melhor de si pensando em outrem, acaba colhendo decepção. Isto porque a gente nunca recebe retorno na mesma medida.

E é bom esquecer aquela ladainha judaico-cristã de que "devemos dar o melhor de nós mesmos sem esperar nada em troca". Só há três tipos de pessoas que aderem a esta vã filosofia: os mentirosos, os masoquistas e os burros.

Em qualquer área da vida, quem se dedica deve esperar recompensa. É saudável que espere. É questão de amor próprio aguardar benesses que correspondam à dedicação dispensada para este ou aquele aspecto das nossas vidas.

Contudo - e prestem especial atenção neste ponto -, se você se dedicar por inteiro a alguma coisa que não seja do seu único e exclusivo interesse, dificilmente a recompensa virá à altura. Se você despejar o balde todo da dedicação, de uma única vez, nenhum retorno jamais será suficiente. E, no minuto seguinte, lá estará você, apontando o dedo para os outros para acusá-los de ingratidão.

Não se engane. A culpa não é dos outros. Eles estão certos. Errado é você que se entregou por inteiro a assuntos alheios.

Seja, portanto, modesto na dedicação a causas externas. Doe-se a conta-gotas. Dê um pouquinho de cada vez. E jamais, por favor, despeje todo o balde de uma vez só. Primeiro, porque ninguém é bom o suficiente para merecer tanto. Segundo, porque você não vai receber o mesmo em troca.


sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

Morreu?

No dia 18 de janeiro, a CPI dos Bingos aprovou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do ex-caixa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e presidente do Sebrae, Paulo Okamoto.

Passados quase dez dias, ninguém mais tocou no assunto.


Gostaria de saber se a documentação já chegou às mãos de CPI - e quem a está analisando.

"Amigas preparam minha cama com lençóis macios e gotas de perfume Obsession."

(Senadora Heloísa Helena, na tarde de ontem, durante o depoimento do ministro Antônio Palocci na CPI dos Bingos)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

Todos na horizontal

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Foto: Celso Junior/AE

Alguns assuntinhos só se resolvem na horizontal.

Que PSDB e PT estejam se engalfinhando na CPI dos Correios, não é impedimento para que você, leitor, eleja um governador apoiado pelas duas legendas.

Também não há mais problema algum se alí, no estado vizinho, o mesmo PSDB esteja aliado ao PFL para derrotar o candidato do PT.

No Brasil dos frouxos - quando não inexistentes - programas partidários, a diversidade regional virou desculpa para a maracutaia a céu aberto. E se o mau cheiro lhe incomoda, lembre-se da máxima que prevalece em Brasília: tudo vale a pena quando a grana não é pequena.

terça-feira, 24 de janeiro de 2006

Enquanto isso...

Lula diz que só decide em junho se vai ou não tentar reeleger-se.

E pede calma à imprensa.

O presidente está certíssimo: por que declarar-se candidato se pode seguir fazendo campanha às custas dos cofres públicos? Por que não usar a máquina, descaradamente, até junho?

Depois é só alegar que era propaganda eleitoral "nao contabilizada".

segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

E o galo cantou

Duda Mendonça continua no comando da situação.

Pelo menos é isso que se conclui, ao folhar os jornais de hoje. De todos os citados na matéria da última Veja, apenas o publicitário se preocupou em fornecer alguma informação: mediante seu advogado, ele nega, à Folha de São Paulo, que esteja fazendo qualquer tipo de pressão. Também avisa que está pronto a depor, tão logo seja convocado.

Os demais envolvidos no suposto acordão noticiado pela Veja, guardam silêncio.

A cada minuto vai ficando mais claro quem manda no galinheiro.

domingo, 22 de janeiro de 2006

Um galo chamado Duda

Se forem confirmadas as informações trazidas pela última edição da Veja, vou me convencer de que galo mesmo, nesta república, só tem um: o publicitário Duda Mendonça.

Segundo a Veja, o ex-arauto do governo Lula está conseguindo intimidar parlamentares de todos os partidos. Duda, que quer evitar uma nova convocação para depor, anda fazendo telefonemas ameaçadores, nos quais promete avacalhar com todos os partidos. Segundo a revista, PFL e PSDB tremeram nas bases - e buscam evitar a convocação.

Alguns sugerem que a história toda não passa de notícia falsa, nascida do desespero das alas governistas. Se assim for, não será difícil colocar tudo em pratos limpos.

Amanhã é segunda-feira. Dia perfeito para que Jorge Bornhausen e Tasso Jereissati comecem a trabalhar pela convocação do publicitário. Que trabalhem às claras - e que sejam competentes para obtê-la - é o que se espera. De resto, não adiantará nada enviar Antônio Carlos Magalhães e Arthur Virgílio para espumarem, como de praxe, na tribuna. Comparados a Duda Mendonça, eles parecerão dois garnizés.

sábado, 21 de janeiro de 2006

O passado assusta o PT

Se olhar para frente é uma incógnita, olhar para trás tem sido um sobressalto para o PT. Em pesquisas não poderia ser diferente.

José Serra jamais ultrapassou os 20% das intenções de voto, em todas as pesquisas realizadas pelo IBOPE em 2002. E acabou o primeiro turno com 23% dos votos. Lula, por sua vez, bateu lá pelos 45% das intenções de voto: fechou o primeiro turno de 2002 com 46% dos votos.

O quadro é muito diferente na primeira pesquisa realizada pelo IBOPE em 2006. José Serra sobe para 31% das preferências. E Lula cai para 35%.

No Brasil, cada pontinho percentual representa cerca de 900.000 votos válidos. José Serra pode comemorar, pois começa o novo jogo com 10 milhões de votos a mais. Exatamente os 10 milhões de votos perdidos por Lula em relação à disputa passada.

As pesquisas do IBOPE e de outros institutos podem ser analisadas no excelente especial Eleições 2002, do Estadão.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

Tem rum na rinha

A despeito da última pesquisa do Ibope, é de se pensar se há galo que resista a tanta bordoada.

Ontem, na CPI dos Bingos, ficou evidente que o ex-motorista do ministro da Fazenda, Éder Eustáquio Macedo - que teria transportado aquelas três caixas de rum, recheadas de dólares cubanos destinados à campanha do PT em 2002 - andou recebendo orientações de advogados petistas.

Mais tarde, a sub-relatoria de movimentação financeira da CPI dos Correios divulgou que, dias antes de ir chorar naquela CPI, o publicitário Duda Mendonça transferiu cerca de R$ 4 milhões para contas de familiares.

Usando de uma linguagem corriqueira entre os apreciadores da odiosa rinha de galos, arrisco dizer que "embebedaram o favorito". E se ficar confirmado que foi com rum, eu acho que ele não passa do primeiro round.

E o Ibope?

O melhor da pesquisa divulgada ontem à noite pelo Ibope é que ela sugere que o PSDB desça do salto: Lula cresceu, está tecnicamente empatado com José Serra e leva vantagem em relação a Geraldo Alckmin. Aliás, o atual governador de São Paulo aparece empatado, na preferência de votos, com Anthony Garotinho (PMDB).

Ou seja: nada está ganho...e tudo está por fazer.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

Finalmente

Ontem, a CPI dos Bingos aprovou a quebra do sigilo bancário de Paulo Okamoto. Penso que, em breve, esta decisão entrará para a história da atual crise.

Quer saber por que eu penso assim?

Clique aqui.


Chamem Hercules Poirot

Acho que nem Agatha Christie conseguiria manipular tantas mortes e desaparecimentos em um só caso.

O mais novo mistério envolvendo a morte de Celso Daniel é o sumiço do menor "X", que foi acusado, pela polícia, de ser o autor do crime.

A Febem não tem notícias dele desde junho.A família o viu pela última vez em novembro. Detalhe: nas visitas aos familiares ele dizia estar fazendo um curso de Educação Física patrocinado pelo governo.

Tenho certeza de que o célebre Poirot já estaria buscando informações a respeito deste curso.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

Vem bomba...

Quando, em 2004, o governo Lula tentou implantar o Conselho de Jornalismo, a maior parte da sociedade esclarecida prendeu a respiração: aquilo soava à mordaça institucional. Mesmo assim, era impossível imaginar, àquela altura, que a estratégia tivesse um caráter preventivo mais concreto. Parecia mais como uma preparação do cenário para ações futuras.

No entanto, a partir das primeiras denúncias de Roberto Jefferson, ficou claro que a proposta do Conselho surgira da necessidade de prevenir-se para o momento em que as maracutaias - hoje de todos conhecidas - começassem a vazar.

Pois quando vejo este mesmo governo preparar um projeto de lei que prevê pena de prisão para quem divulgar conteúdo de escutas telefônicas ou gravações realizadas com autorização judicial - mas sem o conhecimento de pelo menos um dos envolvidos -, só posso concluir que está trabalhando a partir das mesmas premissas que nortearam a proposta do finado Conselho de Jornalismo: quer prevenir-se contra algo que está prestes a estourar.

Logo, vem bomba por aí. E deve ser grande.


terça-feira, 17 de janeiro de 2006

DNA

O depoimento do economista e fundador do PT Paulo de Tarso Venceslau, na CPI dos Bingos, não trouxe qualquer informação nova.

Venceslau reafirmou tudo o que já dissera em diversas entrevistas: que o PT faz uso do caixa dois desde a década de 1990, que mente para a sua militância, que favoreceu negócios para o compadre presidencial Roberto Teixeira e que Lula sempre soube de tudo isso.

Nenhuma novidade, portanto. Pelo menos, não para aqueles que jamais se iludiram com o PT. Mas, a tomar como verdadeiras as palavras do depoente, a militância deve estar em estado de choque. Acaba de descobrir que sempre houve corrupção no PT. Ela estava, vamos dizer, oculta em seu DNA.


Botox

Ontem, na hora do show, eu estava longe da TV.

Assisti apenas alguns trechos, bem mais tarde, nos tele-jornais. Então, não vou discutir a tônica. Prefiro discutir o tônus.Isso mesmo: o tônus da pele presidencial.

O que era aquilo?

Alguns amigos sugeriram botox.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

Eu e Diogo Mainardi

Lá estava eu, um pouco entendiada, assistindo a reprise do Manhattan Conection. Então começaram a falar de blogs. Aumentei o volume a tempo de ouvir o Mainardi dizer que acompanha uma moçada basileira. E lascou, sem dó nem piedade: Ruy Goiaba, Mozart e Alexandre.

Sim, vocês leram bem: ele, o rei absoluto do brega-chic, Ruy Goiaba, meu velho mestre e novo vizinho, caiu nas graças do Mainardi. Daí para começar a receber telefonemas apaixonados da Hebe, é só uma questão de tempo.

domingo, 15 de janeiro de 2006

Outra vez

Coisa paradoxal: mudar-se implica, antes de tudo,repetir-se.

Quando mudamos, olhamos dentro de todas as gavetas e armários, em busca daquilo que nem lembrávamos ter - ou daquilo que tínhamos esquecido que somos. Miramos, outra vez, pequenos pedaços de vida: fotografias, bilhetes de passagens,contas pagas,cartas não respondidas e aquele péssimo presente que nunca usamos.

No meu caso, passei a última semana lendo, outra vez, os posts dos últimos meses - já que, aos poucos, todos os quase três anos de blog serão transferidos para cá.

Confesso que estava com medo deste exercício. Mas, até aqui, tudo parece bem: pelo menos no que diz respeito aos seis últimos meses, eu repetiria tudo o que escrevi. Talvez em outro estilo, é verdade. Mas diria tudo outra vez.

Sim, estou de mudança. E realizando um velho sonho, que acalento desde que criei o blog: estar em um cantinho acolhedor, privando de uma vizinhança bacana - daquelas que não precisam concordar com a gente mas que, se preciso for, nos ajudam a sepultar o cadáver no jardim. Aos poucos conhecerei a todos. Mas já agradeço ao Márcio e ao Igor, que logo apareceram, pás em punho, à minha porta. E agradeço, é claro, ao Ruy - não fosse a paixão que ele nutre pelo brega, eu jamais seria convidada a privar de vizinhança tão chique.

Aos leitores, aviso que continuaremos repetindo os velhos hábitos. A partir de hoje, estou mais Apostos do que nunca.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

Quero mais é urucubaca.

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Hoje cedo, abri a escada de alumínio aqui de casa e passei por baixo.Também já corri atrás do gato preto da vizinha para afagá-lo.

Tudo em nome da pátria amada. Se o primeiro mandatário acredita nestas coisas, não custa nada dar uma mãozinha.

O problema é que eu acho que não vai funcionar. Primeiro porque o Coronel achou ótimo encontrar a escada já a postos, pois queria trocar uma lâmpada. Segundo, porque o Tamborim ficou ronronando e se esfregando nas minhas canelas. Cinco minutos depois, eu voltava para casa com um bom pedaço do insuperável bolo de cenoura da minha vizinha.

Meu dia começou bem e, ao que tudo indica, vai continuar assim. Deve ser porque eu não acredito nestas coisas. Ou porque adoro gatos. Ou, quem sabe, porque saiu o resultado de dezembro da pesquisa Pulso Brasil, do Ipsos Opinion: Serra ampliou de 9 para 14 pontos a vantagem sobre Lula na simulação de segundo turno.Se a eleição fosse hoje, o tucano derrotaria o petista por 51% a 37%.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

Foi ao barbeiro e levou a imprensa.

Ontem, por volta das 18 horas, começaram a surgir fotos de Aldo Rebelo na internet.

Não, o presidente da Câmara não estava dando uma coletiva. Nem presidindo alguma sessão. Tão pouco convocara a imprensa para falar de algum assunto importante que diga respeito àquela casa. Aldo Rebelo foi ao barbeiro.

Simplesmente isso. Nada mais do que isso. E o motivo pelo qual um momento tão íntimo e comum deva ser acompanhado por fotógrafos profissionais da nossa imprensa permanece, pelo menos para mim, um mistério.

Não sei se a imprensa foi convocada pela assessoria da Câmara - ou se os fotógrafos que cobrem a vida política em Brasília, entediados com este interminável janeiro, resolveram brincar, espontanemanete, de paparazzi. Gostaria de saber. Não porque me interessem os asseios de Aldo Rebelo mas porque, como sugeriu Balzac, deve-se deixar a vaidade aos que não têm outra coisa para exibir .

Mas já que está consumado o fato, talvez devêssemos estimular a realização de um grande evento na Câmara Federal: barbeiros seriam levados até aquele recinto a fim de realizar, para a delícia dos telespectadores da TV Câmara, uma faxina completa e coletiva. A imagem teria força metafórica. Faz tempo que a política nacional anda precisando daquilo que, no jargão popular, se chama de "serviço completo": barba, cabelo e bigode.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

Houve uma vez um verão.

O título do post é a versão tupiniquim para o clássico Summer of 42, dirgido por Robert Mulligan.

Por uma razão qualquer, lembrei do título quando li que, nos primeiros dias de janeiro, Luiz Gushiken e José Genoino foram vistos fazendo longas caminhadas em uma praia próxima a Ubatuba, no litoral paulista.

Certamente que, para ambos, este será um verão inesquecível, repleto de interrogações e melancolia. "Onde foi que erramos?", deve estar se perguntando um. "Ainda há chances?", deve questionar-se o outro.

Na minha opinião, estão a construir castelos de areia. Ainda que haja chances para Lula, é improvável que elas incluam os dois veranistas.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

A mentira como método.

O que pensar de um presidente que se diz apunhalado pelas costas, que afirma querer apurar todas as denúncias de corrupção, mas cujo governo está tratando a pão-de-ló os principais suspeitos de envolvimento com o Valerioduto?

Pois é exatamente isso o que está acontecendo: os 18 parlamentares da base de sustentação do governo suspeitos de terem sido beneficiados pelo esquema de Marcos Valério tiveram quase todas as emendas orçamentárias atendidas pela União. De acordo com o site Contas Abertas os campeões em conseguir passar emendas exclusivas são Professor Luizinho, João Paulo Cunha, José Mentor e João Magno.

Conforme avançam os meses, o discurso do presidente Lula vai ficando menos verdadeiro - ou, pelo menos, vai ficando evidente que há uma imensa lacuna entre o que o presidente fala e as ações de seu governo. Esta postura - que, incialmente, quando Lula dizia querer apurar tudo, mas tentou impedir a realização da CPI dos Correios, poderia parecer apenas um ato falho - está se desenhando claramente como um método. E é um método dos mais vulgares em política: há um discurso para as massas e há a articulação política.

Ontem, uma matéria do Estadão dava conta de que o governo anda procurando um novo slogan pubicitário para enfrentar o ano eleitoral. Não me ocorre qualquer frase de impacto. Mas, com certeza, em termos de logomarca, o governo poderia negociar com a Disney para adotar o personagem Pinóquio.

domingo, 8 de janeiro de 2006

sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

Da vida à política

"O importante na vida é aprender a usar seus direitos de forma construtiva, e não para criar cizânia e não levar a resultado nenhum."

A declaração acima é do senador Delcídio Amaral, Presidente da CPI dos Correios, ao comentar a possibiidade do PT apresentar um relatório paralelo ao final dos trabalhos daquela CPI. Os "direitos" a que se refere o senador, dizem respeito ao regimento do Congresso, que permitiria este tipo de estratégia por parte do PT - ou de qualquer outro partido.

Me parece que o senador está confundindo as coisas: vida e política estão, muitas vezes, separadas por quilômetros de diferenças - a maioria delas, advindas de questões éticas.

Vida é a família, os afetos, os sonhos, os amigos e as realizações pessoais de cada um. Naquilo que normalmente conhecemos como vida, algumas posturas são inadmissíveis já que, quando adotadas, provocam rupturas - por vezes definitivas.

A política, ao contrário, parece aceitar tudo. Se levarmos em conta a nossa política nacional, então, veremos que nada é suficientemente grave para provocar grandes conseqüências: das alianças eleitorais entre inimigos, passando por chantagens e traições, e caindo na simples e velha roubalheira - nada parece constranger aqueles senhores engravatados que dizem defender os interesses do povo.

Delcídio Amaral tem jeito de ser uma boa pessoa. Mas não parece saber muito bem onde está metido. Nem em termos de ambiente e, muito menos, em temos de partido.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2006

Sacolinha no Plenário

Pelos meus cálculos, o PT vai faturar pelo menos cerca de R$ 300 mil com a convocação extraordinária da Câmara Federal.

Como já se sabe, o partido recolhe 20% do valor recebido por seus deputados. E a lista dos deputados que abriram mão de receber o extra está em 18. Logo, até o presente momento, é de 64 o números daqueles que vão auxiliar diretamente os cofres da legenda.

Ocorre que também aqueles que decidiram doar o valor a entidades filantrópicas deverão pagar o dízimo: segundo o Painel da Folha de São Paulo, Vicentinho (SP) planejava doar R$ 9.300 para duas instituições, mas o partido ficará com R$ 1.862.

Do jeito que o PT anda precisando de dinheiro, não sei se a lista de desistentes vai aumentar.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2006

Impossível não notar

No dia 23 de dezembro, enquanto o congresso jazia às moscas, observamos que o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) estava trabalhando - e que foi visto deixando a sala da CPI dos Correios.

Pois hoje eu leio no Painel da Folha que os deputados Vadão Gomes (PP-SP) e Wanderval Santos (PL-SP) já estão quase comemorando suas absolvições no Conselho de Ética: os relatores de seus respectivos processos desapareceram de Brasília desde as vésperas do Natal.

Por outro lado, Pedro Corrêa (PP/PE) tem motivos de sobra para ficar nervoso: Carlos Sampaio, relator do processo, promete entregar o texto final de Corrêa no dia 10.

Deve ter leitor achando que virei assessoria de imprensa do deputado Sampaio. Mas é impossível não notar o bom trabalho que ele vem desenvolvendo desde o início desta crise. E se eu bato nos maus políticos - Ideli Salvatti que o diga - não há porque não afagar aqueles que apresentam uma postura exemplar.

terça-feira, 3 de janeiro de 2006

O rubro e o rubro-negro

Depois de horas de depoimentos, acaba de sair a primeira informação interessante da CPI dos Correios: o Deputado Silvio Torres (PSDB/SP), informa que o Instituto Florestan Fernandes é o segundo maior beneficiado pelos patrocínios da Petrobrás.

O Instituto, que foi fundado em julho de 1999 por iniciativa do diretório paulistano do PT - e que já teve Marta Suplicy na presidência - recebeu, só em 2005, mais de 8 milhões de reais da Petrobrás.

Nas contas da estatal, o IFF só perde para os montantes destinados ao Flamengo.