terça-feira, 31 de julho de 2007

FPS 80

Nossas melhores boas-vindas aos recém-chegados.

Avisamos que este é um blog da elite branca e golpista.


Mesmo imaginando que você já conheça a expressão, vale observar: lançada inicialmente pelo dublê de vice-governador da direita e showman das esquerdas Cláudio Lembo, ela foi recentemente apropriada pelos governistas para designar todo aquele que ousa criticar o governo Lula.

Observamos que, embora utilizada anteriormente, tal apropriação ganhou força nos últimos dias, em virtude de uma diarréia governista aguda, causada por uma combinação de fatores, a saber: uma vaia no Maracanã, outra em Aracaju e uma manifestação de rua em São Paulo.

A fim de que você saiba exatamente onde está se metendo ao ler este blog, apresentamos abaixo uma definição clara da expressão:

Elite - categoria de cidadãos que se negam a compactuar com os desmandos do atual Governo Federal, seja em nome de cargos, de compadrios ou de ideologias. Popular: os passageiros da aviação civil em geral. Regionalismo: aquele que não bebeu água com barro, caramujo e merda de animal quando pequeno.

Branca - categoria de cidadãos que fazem oposição direta à elite vermelha e corrupta. Popular: limpinha. Regionalismo: categoria de paulistas que não aprovam o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Golpista - categoria de cidadãos que ousam fazer uso do direito constitucional de criticar governos. Popular: a grande mídia. Regionalismo: categoria de paulistas que ousam expressar sua indignação com os inúmeros escândalos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Se você se encaixa neste perfil, fique a vontade. E, por favor, não se acanhe em fazer uso do farto estoque de protetor FPS 80, disponível em nossos arquivos. A última coisa que nós queremos é que você corra o risco de se tornar elite vermelha e corrupta.

Apenas mais um palanqueiro

Este negócio de ministério me intriga. Sempre que há uma nomeação, eu me pergunto como é que o cara, normalmente especialista em outra área - podem observar - , faz para se tornar um profundo entendedor da pasta que assume. No caso do Jobim, então, que assumiu em meio a uma crise jamais vista, a questão se torna ainda mais pertinente. Em apenas algumas horas, lá estava ele apresentando soluções com intimidade de quem conhece profundamente a aviação civil.

Mas vá lá: digamos que os técnicos garantam esta formação relâmpago. Nada disso, porém, vem ao caso agora.

Importa é que o ministro assumiu fazendo um discurso contundente, vocês devem lembrar: "ou faz ou sai", foram as suas palavras de efeito. De efeito, mesmo. Pois não demorou muito para ele bater de frente com a militância aboletada no poder: na medalhada ANAC, já lhe avisaram, ele não vai "fazer" absolutamente nada. É, aliás, mais fácil o próprio Jobim sair do que mexer com a charuteira, o bilheteiro e o palestrante.

Depois, quando dizemos que o lulopetismo é um mal endêmico os caras ainda reclamam. Bastou algumas horas de convivío íntimo com a companheirada para que o neo-ministro se tornasse apenas mais um falastrão a enfeitar esta nossa corrupta e operária República.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

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Finalmente!

Estou desde o dia 21 atrás desta informação.

O boicote aéreo do dia 18/08 já tem site oficial.

Visitem clicando aqui.

E ajudem, por favor, a divulgar.

Priorizando

Algumas notícias falam em 2.000. Outras, em 6.500 pessoas. Importa é que a manifestação em homenagem às vítimas de acidentes aéreos e aos bombeiros que trabalharam no resgate da TAM reuniu bastante gente.

Ponto, pois, para os organizadores - a saber, a Associação Brasileira de Parentes de Vítimas de Acidentes Aéreos, a CRIA Brasil (Cidadão, Responsável, Informado e Atuante), Campanha Rir para não Chorar, Casa do Zezinho, Fundação SOS Mata Atlântica, Instituto Brasil Verdade, Instituto Rukha e Movimento Nossa São Paulo: Outra Cidade.

Lá estavam, também, os manifestantes contra Renan Calheiros e o governo Lula. O presidente, Marta Suplicy e Marco Aurélio Garcia foram os alvos preferenciais das faixas, cartazes e palavras de ordem. O último foi lembrado pelo músico Seu Jorge que, em discurso, comentou os obscenos gestos do assessor presidencial, recentemente exibidos pela Rede Globo.

Considerando os acanhados protestos do ano passado, o número não deixa de ser impressionante. Mas é bom lembrar que tratava-se de um misto de protesto com homenagem aos mortos. Esta, me parece, foi a sua força. Resta cuidar para que não se transforme numa fraqueza dos próximos atos que estão programados. E eles não são poucos.

Há aquele "Fora Lula", em São Paulo, no dia 4 - pelo menos, não me consta que tenha sido cancelado -, sobre o qual já falei anteriormente. Há, também, o minuto de silêncio no próximo dia 17, promovido pela campanha "Cansei". Finalmente, há o "Dia do pé no chão", que pretende parar os aeroportos em 18 de agosto.

Quem está me acompanhando há mais dias sabe que este último é o que considero mais importante. Primeiro, há uma coerência entre objeto e a ação em si que é fundamental em qualquer protesto que pretenda chamar a atenção: reclama-se contra o caos aéreo parando os aeroportos. Segundo: ao provocar prejuízo para as companhias aéreas, nós as estaremos atingindo na única coisa com a qual elas parecem se importar. Terceiro: se o governo não tem vergonha na cara - e não tem - não adianta protestar contra ele; é melhor pressionar as companhias para que elas parem de fazer o jogo governamental. Por fim, as chances de sucesso de um boicote desta natureza são grandes: para ser um sucesso, ele só precisa mobilizar uma camada da população que é majoritariamente bem informada.

Queiram me desculpar os mais sensíveis: dizer simplesmente "estou cansado" e pedir um mísero minuto de silêncio não vai mudar nada. Reunir 60.000 nas ruas gritando "Fora Lula" também não vai mudar nada - será sempre uma minoria, contrastada com os votos que reelegeram Lula ou com as providencias pesquistas de opinião que o governo arruma nessas horas. Mas dêem um dia de prejuízo para as companhias aéreas, sugerindo que isto pode voltar a acontecer mais vezes, que elas mesmas vão dar conta de nos entregar todas as governamentais cabeças - e, o que é melhor, passarão a nos respeitar enquanto consumidores.

Por esta razão, penso que tanto o pessoal que pretende gritar simplesmente "Fora Lula" quanto a organização da campanha "Cansei" deveriam usar seu tempo e energia - bem como os espaços que venham a conquistar na mídia - para apoiar o boicote do dia 18. É o que esta blog pretende fazer - assim que descobrir uma forma de contato com quem está a frente deste movimento pois, até agora, só li a respeito nas notícias de jornais.

domingo, 29 de julho de 2007

Não deixem de ler...

Sem mais nem menos, numa madrugada de domingo, meu vizinho Arranhaponte resolve o nosso problema.

Não deixem de ler a Súbita apreensão e uma revolucionária proposta .

Reflexiones para el comandante en jefe

"Órgãos da imprensa local de países pobres e pessoas sãs interessadas no esporte começam a se perguntar por quê seus talentos desportivos lhes são roubados depois de tantos investimentos e sacrifícios para formá-los."

Esta é a questão proposta por Fidel Castro em seu tradicional artigo para o Diário Granma desta sextafeira.

El comandante já vinha se mostrando consternado com as quatro deserções que a delegação cubana sofreu durante este PAN. Chegou a colocar em dúvida até a seriedade dos árbitros e juízes. Nenhuma surpresa: se para os petistas daqui qualquer reclamação contra o governo é uma tentativa de golpe, para o petistão de lá, pai ideológico dos nossos, a marcação de uma falta é um atentado contra o regime.

Lá como cá, a reflexão jamais feita é aquela que convida à realidade dos fatos - no caso castrista, especialmente evidenciada pela atitude do governo cubano que, diante dos boatos de uma deserção em massa, antecipou a partida de sua delegação. Fidel deveria, antes, perguntar-se porque é tã fácil "roubar seus talentos desportivos". Se não o faz é porque sabe a resposta: su régimen es una gran mierda.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Podem me chamar de chata...

Mas este negócio tá esquisito.

Antes mesmo de ver a programação visual, eu já tinha implicado com a história do "cansei". Na minha modestíssima opinião, gente cansada não vai à luta - deita e dorme.

Mas agora fui visitar o blog e não pude crer: cansaram de tantos impostos, de bala perdida e de caos aéreo... Mas não cansaram de barba e mingo curto??

Ps.: e não venham me dizer que a imagem é uma crítica velada a alguém. Se crítica fosse, o cara estaria fazendo "top-top" pra gente - e não com a mão no coração.

AI-18 ?

A Folha de S. Paulo de hoje traz os relatos de Fábio Guibo e Letícia Sander para a visita de Lula a Aracaju e João Pessoa.

Para além das vaias que os funcionários do Incra dirigiram ao presidente - abafadas pelos entusiasmados cânticos da companheirada que lá estava "a convite" - um trecho da matéria salta aos olhos:

"Os manifestantes levantaram uma faixa onde estava escrito 'Lula traidor', mas ela foi logo arrancada por um segurança da Presidência."

Quer dizer que a segurança presidencial está autorizada a fazer uso da violência para impedir a liberdade de expressão? Pelo que sei, tal coisa só seria compreensível se os manifestantes estivessem usando, sabe-se lá como, a tal faixa para atentar contra a segurança do presidente. Mas o relato é claro: a faixa foi apenas erguida.

Como a semana foi corrida e eu não consegui acompanhar as notícias a contento, obrigo-me a perguntar: por acaso editaram o AI-18?

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Um sucesso e um fracasso

Olhei agora para o contador que fica bem lá embaixo, no canto esquerdo, para descobrir que este blog ultrapassou há coisa de dois ou três dias, a marca das 300 mil visitas desde a sua fundação.

Considerando que em maio de 2006 atingimos a marca de 100.000 visitas, temos que, embalada pelo processo eleitoral, a visitação praticamente dobrou nos últimos 14 meses. É claro que há períodos mais fracos. Nos meses de janeiro e fevereiro, por exemplo, a visitação cai em quase 50%. Mas é uma queda geral, que atinge a todos os blogs, embora poucos o admitam - e os números são logo compensados a partir de março.

Agradeço, pois, aos leitores pela preferência, pelas dicas e pela divulgação constante que fazem deste espaço. Só isto explica tamanho sucesso.

O fato é que, conforme a popularidade do blog vai crescendo, surgem questionamentos a respeito de como ele se mantém. E há os que me chamam de "trouxa" - sempre por tabela, é claro - depois de ouvir que não ganho nada com isso. "Que raios de capitalista é você?", me perguntam. Também surgem os que solicitam que o blog amplie sua área de atuação- que eu aumente o número diário de posts, que dê conta de mais assuntos e noticias, já que muita coisa importante passa em branco.

Em minha defesa, pese que isto aqui começou como uma distração, num momento em que me vi longe da família e dos amigos. Foi ficando sério aos poucos - e na medida exata em que os leitores chegavam até aqui para, com críticas ou elogios, valorizar o que eu fazia. Desde então, digo a mim mesma que "o blog não é uma obrigação". Mas, devo admitir: faz tempo que isto não passa de uma mentira. Me sinto mal, em dívida com os leitores, quando as muitas obrigações extra-blog me impedem de postar.

Numa coisa, porém, os que me cobram maior coerência para com o sistema que defendo estão certos: eu não tenho qualquer talento comercial . É claro que eu adoraria que isto aqui me garantisse alguma renda - no mínimo porque eu poderia me dedicar mais tranquilamente a uma atividade que ocupa boa parte do meu tempo e me traz muita satisfação. Mas eu sou aquela menina que voltava com o talão de rifa da escola pela metade, sabem como? Tudo indica que, se depender dos meus talentos, este blog vai seguir sendo um sucesso de público e um estrondoso fracasso financeiro.

Mentiras sinceras

Uma das razões para que Lula tenha se tornado praticamente imbatível nas urnas é o seu pleno domínio de um discurso que agrada à grande maioria dos eleitores. Pouco importa se o presidente emite discursos cuidadosamente redigidos ou se fala de improviso. Qualquer que seja o caso, ele está sempre em vantagem numérica: fala à maioria. E, obviedade máxima que vale a pena repetir aqui, para se eleger, um político só precisa falar à maioria.

O Lula que pinga colírio no nariz, que usa de metáforas rasteiras - futebolísticas, familiares, sexuais - à exaustão, não se preocupa com a sensação de vexame que tais declarações provocam nos letrados e esclarecidos em geral. Eles - os que dominam os rudimentos da política - não lhe interessam. Deles e de suas reclamações se ocupam companheiros como Ricardo Berzoini ou Marco Aurélio Garcia, mediante táticas igualmente simplórias, que podem ser resumidas naquela persistente acusação de "golpismo".

É justamente este duplo movimento que se verifica nos discursos emitidos ontem, por ocasião da posse de Nelson Jobim.

O medo de avião é um sentimento comum, passível de ser encontrado em todas as camadas sociais. Mas é inegável que seja mais corriqueiro entre pessoas humildes, que jamais voaram para poder enfrentá-lo. Basta conversar com elas para saber que raramente a possibilidade de embarcar em um avião as encanta. No geral, tal possibilidade é vista com absoluto pavor. Logo, quando declara "Sou um medroso de andar de avião", o presidente está, mais uma vez, falando com quem de fato lhe interessa - e não com os familiares das vítimas ou com os usuários da aviação.

Se para nós tal declaração é motivo de escárnio, para Lula ela cumpre uma função muito específica: neutralizar as acusações de incompetência com uma declaração de humanidade que não só o identifica, mais uma vez, com o sentimento das massas, mas que também carrega, subliminarmente, a idéia de uma falibilidade que deve ser perdoada. É quase como se Lula dissesse: "não consigo resolver a crise aérea porque tenho medo de avião". Não cola. Para nós. Para quem garante os seus votos, porém, este tipo de argumentação tem se mostrado um sucesso.

Em coerência com o que vai no segundo parágrafo, temos a entrevista concedida por Valdir Pires, ontem, para o Terra Magazine: "Presidente, há uma sanha para atingi-lo. Novamente se movem para atingir o senhor e seu governo, é a mesma sanha de sempre, e desta vez me usam para este fim", teria dito o demissionário ministro a Lula. Perguntado sobre o que lhe preocupa, foi enfático: "Com essa eleição que não querem terminar nunca, com essa sanha que retorna a cada episódio, ainda que sob o disfarce de crítica a isso ou àquilo, ainda que sob o disfarce das boas intenções. Deixo o ministério honrado, mas me preocupa essa insânia que não aceita a decisão do povo, que não respeita de verdade as instituições democráticas."

É um ato falho, bem o sabemos. Qualificar como "golpismo" as críticas recebidas denuncia o quanto os petistas não estão familiarizados com os rudimentos da democracia. Ainda assim, é a única resposta, o único discurso que eles conseguem dirigir aos que são o suficientemente esclarecidos para lhes cobrar tanta incompetência, desmando e corrupção.

No frigir dos ovos, nada se explica e tudo de justifica. Ao longo de quatro anos e meio de mandato, Lula e seu PT jamais deram qualquer resposta satisfatória para os inúmeros escândalos em que se envolveram. Ainda assim, seguem intocados porque conseguem construir "mentiras sinceras". Aos que interessam, eles respondem com uma identificação mentirosa, já que há muito Lula deixou de ser um homem do povo - mas extremamente sincera porque expõe a preocupação exclusiva com a camada social que lhes garante votos. Aos que não interessam, respondem com uma acusação mentirosa - absolutamente sincera, porém, na medida em que expõe a incapacidade deste governo para lidar com a demoracia.

terça-feira, 24 de julho de 2007

"Fora Lula", diz o palhaço a essa altura.

Estou recebendo inúmeros e-mails sobre uma passeata "Fora Lula" a acontecer em São Paulo, no próximo dia 4.

Queiram me desculpar, mas vou ser dura com vocês.

Passeata " Fora Lula" agora? A essa altura do campeonato? Vão conseguir juntar o quê? Duzentas ou trezentas pessoas, como juntavam no ano passado, em manifestações que causavam mais contrangimento do que qualquer outra coisa? Passeata fora Lula para quê? Para dar discurso aos governistas, que não hesitarão em nos acusar de usar politicamente duas centenas de cadáveres?

Sinto muito: a menos que surja uma denúncia forte o suficiente para gerar um processo de impeachment, a hora de pedir "Fora Lula" passou e só volta em 2009. Perdemos este bonde. Lula foi democraticamente reeleito - usando de todos os subterfúgios e malandragens, sim, mas reeleito. Se houve crime eleitoral, provem e denunciem. Mas não vistam a carapuça de golpistazinho latino-americano que a petralha vive a nos oferecer.

Este blog apoiou todos os movimentos e passeatas "Fora Lula" antes da eleição. Mas até segunda ordem - leia-se, mais uma vez, "pedido consistente de impeachment", se nega a apoiar qualquer um posterior a ela. Seguirá denunciando todas as mazelas deste desgoverno sem, contudo, abrir mão da democracia.


O momento, agora, meus amigos,é de lutar por causas específicas. Pela renúncia ou cassação de Renan Calheiros, se quiserem. Pelo fim da CPMF, se concordarem. Pelo esclarecimento dos últimos acidentes aéreos, mais do que tudo. Pelo fim da relação promíscua entre companhias aéreas e orgãos governamentais, imediatamente. Pelo fim deste tratamento de gado pronto para o abate que estão nos dispensando nos aeroportos, agora e pra já.


Querem protestar? Atuem como sociedade civil organizada: façam um boicote e parem os aeroportos por um dia. Mostrem poder de retaliação, dêem prejuízo para as companhias aéreas e deixem que elas voem na jugular do governo, esclarecendo de vez o que está se passando nos bastidores desta crise.

Querem construir uma oposição forte, capaz de chegar a 2010 com poder de mobilização? Pois comecem do zero, elegendo causas que vocês podem ganhar.

Para algo assim terão o meu total apoio. Mas para agir feito adolescentes políticos, reivindicando algo que vocês, leiam meus lábios, não têm qualquer chance de concretizar, não contem comigo.

E, por favor, parem de usar nariz de palhaço em manifestações políticas. Isto significa o quê? Que não basta ser feito de palhaço, mas que é preciso, também, vestir a fantasia como quem grita "eu gosto"?

Lula aprova, Lula gosta... Viva a vulgaridade!

Já se vão cinco dias desde que o assessor presidencial Marco Aurelio Garcia e seu lambe-botas brindaram a nação com gestos obscenos. Até agora, não houve qualquer atitude presidencial a respeito.

Houve, é claro, a iniciativa da Comissão de Ética pública, que prometeu analisar o caso em sua próxima reunião, no dia 30. Desconfio que a ordem é torcer que a revelação do conteúdo das caixas pretas - e outras manchetes ligadas ao acidente da TAM - acabe por enterrar o caso.

Mas algo deve ficar, desde já, muito claro: Lula aprovou aquela vulgaridade e está, como sempre, apenas esperando um parecer do impacto da mesma sobre sua imagem. Se for muito ruim, talvez ele aceite punir seu assessor. Caso o contrário, irá acatá-la como mais uma atitude aloprada, passível de ser perdoada. Porque é óbvio e evidente que, tivesse ficado ofendido com o gesto, tivesse recebido aquela vulgaridade com a mesma revolta que os demais brasileiros, Lula não esperaria por ninguém para tomar uma atitude. Se não tomou, é porque aprova os obscenos gestos - ou, no mínimo, porque não se incomodou com eles.

Não creio que esta constatação surpreenda aos leitores. Dos festejos regados a Blue Label com guaraná, passando pelas orgias naquela mansão no Lago Sul, pelas cartilhas de orientação sexual e chegando ao ramo de atividades daquele petista roxo que agora constrói um hotel quase dentro do aeroporto de Congonhas, a vulgaridade é, depois da corrupção, o traço mais marcante do governo Lula.

Não que eles estejam tentando esconder tal coisa. Ao contrário, têm dado mostras de que muito se orgulham da vulgaridade que lhes está entranhada. Mais vulgar do que uma ministra do turismo mandando o povo relaxar e gozar só um presidente da república que, numa visita oficial, declara estar querendo encontrar o ponto g do visitante.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Está ficando difícil livrar a cara dos obscenos

Matéria do Jornal Nacional, agora há pouco, informou que desde o dia em que aquela trágica pista de Congonhas foi reinaugurada, até o dia 16/07, nenhuma gota de chuva havia caído sobre ela.

Resumo da ópera: Na primeira chuva, na tarde do dia 16, rodou o avião da Pantanal. Na segunda, no final da tarde do dia 17, o TAM foi explodir do outro lado da avenida.

Com a palavra, Governo Federal e Infraero - responsáveis pela obra e pela liberação da pista.

Clique aqui para assistir a matéria.

A matemática da morte

Se o PAC é o grande plano lulopetista para solucionar os problemas brasileiros de infra-estrutura, estamos realmente perdidos - e aqueles gestos obscenos do Marco Aurélio Garcia e do seu assessor podem ser repetidos pelo próprio Lula para todo o povo brasileiro.

Resgatei, lá na Avaliação do PAC, feita em 7 de maio último, uma lâmina de power point que sintetiza quanto está previsto em investimentos para melhorar o fatídico e trágico Aeroporto de Congonhas: míseros R$ 80 milhões, de um total de R$3,1 bilhão a serem investidos em aeroportos, até 2010.

Lembre-se: não fosse o Ministério Público Federal determinar que o Governo Lula recuperasse a pista principal - aquela que foi liberada sem grooving - nem isso teria sido feito. Congonhas continuaria sendo um aeroshopping, em vez de um aeroporto, gerando, é claro, aluguéis, merchandising e outros jabás para o baronato da Infraero.

domingo, 22 de julho de 2007

Corra, Lula, corra.

De O Globo, hoje:

"O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cancelou, na semana passada, a viagem que faria a Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR) para lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nas áreas de habitação e saneamento, retoma a agenda de viagens pelos estados esta semana. Ele vai se manter afastado da capital gaúcha, de onde partiu o vôo JJ 3054 da TAM, que explodiu em Congonhas, matando quase 200 pessoas. Vai cumprir um roteiro em quatro capitais do Nordeste."

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A dica para este domingo chuvoso é ir ao Portal da Transparência, para verificar que o Governo Federal já gastou, até junho de 2007, mais de R$ 36 milhões naqueles famosos cartões corporativos.

Deste total, pouco mais de 23 milhões estão lá relacionados, órgão por órgão. Universidades, fundações, ministérios... São centenas, talvez milhares, de funcionários públicos com carta branca para gastar o nosso suado dinheirinho público.

Mas onde estão os demais R$ 13 milhões? Presume-se que componham os tais gastos da Presidência da República e dos seus “serviços secretos” que nós, brasileiros, não temos o direito de conhecer, “por motivos de segurança”.

Contudo, basta abrir algumas contas para que o motivo do sigilo comece a parecer a segurança dos felizes usuários dos nossos impostos.

É o caso, por exemplo, de um Pró-Reitor da Universidade Federal do Piauí, que até agora usou o seu cartão corporativo apenas para sacar dinheiro na boca do caixa, num total de R$ 15.700,00. Ou, ainda, de um Coordenador de Condomínios da Fundação Universidade de Brasília, que também sacou em R$ 12.950,00 em dinheiro vivo, sem ter que apresentar qualquer nota para comprovar a despesa. Há, também, um funcionário do IBGE no Amazonas que já puxou dos caixas eletrônicos do BB exatos R$ 24.000,00.

Observem que estes cartões corporativos podem ser usados tanto para saques quanto para pagamento direto a fornecedores. Obviamente, a grande preferência é o saque em dinheiro vivo.

Naveguem por lá e confiram - se tiverem estômago para tanto.

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Faixa de protesto colocada ontem, na Avenida Paulista. Foto: Apu Gomes/Folha Imagem

sábado, 21 de julho de 2007

Toninho Ternura

Ontem também não sobrou tempo para dar o meu adeus ao senador Antônio Carlos Magalhães.

Era um coronelzão, bem o sabemos. Mas lutou pela Bahia como poucos - daí o título deste post, que evidencia a versão carinhosa com a qual foi apelidado por seus conterrâneos.

Vá com Deus, ACM. Aquelas hostes demoníacas que habitam o Palácio do Planalto já não são mais assunto seu.

As mil e uma obscenidades

Tem sido quase impossível dar conta de todas as obscenidades a que nós, brasileiros, temos sido expostos.


Depois da ministra "relaxa e goza", do ministro "é a prosperidade" e do assessor presidencial "se fuderam", ainda levamos pela cara a condecoração de dois dirigentes da Anac com a medalha "Mérito Santos Dumont".

A obscena cerimônia, ocorrida ontem, reconheceu como meritórios os serviços prestados por Milton Zuanazzi e Denise Abreu - respectivamente, presidente e diretora da Agência Nacional de Aviação Civil.

Dentre os méritos acumulados por estes dois, estão uma liminar da Justiça Federal de São Paulo que os obriga a trabalhar - a saber, prestar informações corretas e assistência material aos passageiros de vôos atrasados - e uma crise aérea que matou 350 pessoas em dez meses.

Este é um daqueles momentos em que eu me pergunto quantos horrores ainda terei que relatar neste espaço. Seria bom, vez por outra, relatar coisas belas, que pudessem resgatar a nossa esperança neste país. Nos últimos tempos, porém, ando me sentido uma espécie de Sherazade às avessas. Ao contrário daquela que a literatura imortalizou, estou presa a um conto que bem poderia se chamar As mil e uma obscenidades. Tanto quanto ela, sei que contar estas histórias é uma questão de vida ou morte.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Mais vozes

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Funcionários de cias áreas, amigos e parentes das vítimas do vôo TAM 3054 protestaram, na tarde de hoje, no saguão do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Entre eles, estava Zenaide Bohenn, que comunicou à imprensa que um boiicote está sendo organizado para o dia 17 de agosto. Leia mais abaixo. Foto: Arivaldo Chaves/Agência RBS

Uma voz

Alertada pelo comentário que o leitor Simon Zukermann fez no post abaixo, busquei esta notícia no Terra

15h14 - Direto de Porto Alegre - Zenaide Bohenn, amiga da comissária Karen Melissa Ramos, que morreu no acidente envolvendo o Airbus A320 da TAM na última terça-feira, disse, no início da tarde desta sexta-feira, que familiares e amigos das vítimas da tragédia no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, estão organizando um movimento de boicote para que ninguém viaje de avião no País no próximo dia 17 de agosto. A organização do protesto estaria partindo da cidade de Curitiba, no Paraná.

Também o sempre atento jml acaba de informar que a coisa já apareceu na área de comentários do Noblat.

Ao que tudo indica, surgiu uma data: 17 de agosto.

Se alguém tiver contato com Zenaide Bohenn - ou com o pessoal de Curitiba que está organizando este protesto - favor informá-los de que este blog, ainda que modesto, está à disposição deles. São cerca de 1.000 leitores por dia que passam por aqui. Estou certa de que muitos deles se apresentariam como voluntários para ajudar na divulgação.

Eis um começo... Podemos fazer mais?

A Rede Record levou ao ar um editorial dizendo que não disponibilizará passagens do Aeroporto de Congonhas para seus funcionários até que tudo seja esclarecido. Clique aqui para assistir.

A inciativa é boa, enquanto primeira reação concreta de um órgão de comunicação contra esta balbúrdia. Mas bem sabemos que o problema não é só Congonhas. A questão, então, é se a grande mídia - e os jornalistas em especial, posto que muitos deles passam boa parte de seu tempo em aviões civis - estariam dispostos a encampar uma manifestação nos moldes que sugeri ontem: um dia de aeroportos vazios e aeronaves em solo.

Aos que vierem até aqui para dizer que tal coisa é impossível, gostaria de lembrar que, pelo perfil da grande maioria dos usuários da aviação comercial, este é um movimento que precisa atingir somente àquela parcela mais esclarecida da população, com acesso a jornais e internet. Sendo mais clara: estamos, para o caso em questão, dispensados de ter que atingir aos analfabetos políticos.

Não estou, notem bem, falando de sair às ruas, com cartazes de protesto ou algo assim. Estou falando de boicote civil organizado. Não estou falando de uma greve indeterminada - o que seria inviável. Estou falando de um único dia em que nenhum brasileiro tomará um avião.


Um dia só. Um transtorninho de nada nas agendas de jornalistas, executivos, empresários, profissionais liberias... Mas um grande prejuízo para as companhias aéreas - único fator capaz de fazê-las romper com esta conivência vergonhosa que têm mantido com os órgãos governamentais.

Quem se habilita a puxar a frente?

Confissão

Depois de mais de 300 mortes, depois de dez meses de incompetência explícita - durante os quais, o minúsculo timoneiro não poupou elogios a este pessoal - Lula decidiu demitir Waldir Pires e a cúpula da Infraero.

Temos, pois, que Lula acaba de concordar com a opinião pública: o caos aéreo é culpa de seu governo. Não fosse assim - e o presidente estivesse certo na intransigência com que, a despeito de todas as opiniões, manteve estes cargos intactos ao longo da crise - não haveria motivos para demitir agora.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

É verdade?

Ouvi dizer que as televisões estão mostrando um corrupto comemorando a notícia de que o Airbus 320 da TAM voou com um defeito no reversor da turbina direita.

É verdade, gente?

Que coisa...Logo agora, que minha TV pifou e eu vou ficar sem saber quem é o canalha filho da puta.*

*Peço sinceras desculpas aos leitores deste blog - e à minha mãe - pelo linguajar imundo. Mas desci ao nível do poder - se é que me entendem.

Luto, sim... Mas que tal ação?

Tem gente super bem intencionada sugerindo que os blogs publiquem um selinho de luto pelas vítimas da crise aérea.

É claro que a iniciativa sempre é válida. Mas vamos parar para pensar: quantos selinhos - aqui neste blog, inclusive - já foram publicados? Qual foi o seu reflexo concreto sobre a realidade? Descartado o simbolismo de que alguns blogueiros comungam das mesmas causas, penso que já passamos, há muito, da fase do selinho - em especial quando se trata de um apagão aéreo que ceifou centenas de vidas nos últimos dez meses.

Nas últimas horas, eu tenho dito que este acidente da Tam - e as justificativas que estão se seguindo à tragédia - está jogando luz sobre aquilo já adivinhávamos: há uma aliança mórbida entre as companhias aéras e o Governo Federal, intermediada pela Infraero e abençoada pela ANAC. Só isto pode explicar o jogo de empurra que temos assistido.

Em qualquer país decente, as companhias aéreas, diante do quadro de caos dos últimos meses, já teriam exigido publicamente satisfações do governo e de seus órgãos responsáveis - ou, no minimo, apontado com clareza os culpados. Mas quem esteve lustrando bancos de aeroportos nos últimos meses, bem sabe que a postura é confundir e diluir culpas para evitar cobrança ou punição: a companhia diz que é com a Infraero, a Infraero diz que é com a ANAC e a ANAC diz que é com a companhia.

No caso de acidente, então, é o que se viu com a tragédia da Gol: muita "investigação" ,muito diz-que-me-diz e, no caso em questão, providenciais estrangeiros que possam servir de bodes expiatórios. De novo: confundir para diluir culpas.

Creio que não é mais hora para selinho. Ou, pelo menos, que é chegada a hora do selinho vir acompanhado de ação. Ação que dê prejuízo às companhias aéreas. Que as faça ver que este jogo de empurra vai lhes custar caro. Ação que as obrigue a abrir mão da ganância do lucro rápido e deixe claro que, para além do governo - e de seu poder de coação representado pelas liberações de empréstimo, liberações de espaços e partilha de rotas - há outra uma autoridade maior, que exige respeito: sua excelência, o passageiro.

Bem sei que uma ação desta monta não é fácil - é quase utópica. Precisaria do apoio da grande mídia, de organizações civis e de partidos com boa capilaridade. Mas fica, assim mesmo, a idéia: marquem uma greve geral. Um dia específico em que nenhum brasileiro embarcará em qualquer avião, de qualquer companhia. Um dia inteiro, de aeroportos atirados às moscas, aviões estacionados e um prejuízo incalculável para as companhias aéreas.

Acreditem, senhores: se conseguíssemos realizar tal coisa por um só dia, o quadro começaria a mudar. Caso o contrário, não há selinho, luto ou protesto capaz de evitar a próxima tragédia.

Redeckão, a patrola.

Estou me amarrando há mais de 24 horas para redigir este post. Fico olhando para a tela branca do Movable e, no minuto seguinte, me ocorre outro assunto "mais urgente".


É que eu tenho uma memória danada de boa... E já sabia, antes mesmo de pesquisar na ferramenta de busca, que este blog só dirigiu críticas ao deputado Júlio Redecker. Não foram muitas. Mas foram ácidas e irônicas.

Não as retiro.

De tudo o que se está dizendo do deputado, prevalece que era um parlamentar combativo e em franca ascensão. Minhas críticas - que provavelmente jamais chegaram a ele - eram tentativas de alertá-lo para as reações exageradas que, se perpetradas, arriscavam colocá-lo no hall dos parlamentares caricatos. E eram, as minhas críticas, emitidas com a autoridade de quem nele votou em 1998.

Mas aí o Júlio, na companhia de duas centenas de brasileiros, encontra o destino na pista molhada de um areoporto. E, reflexo humano e imediato, eu me pego pensando que gostaria de ter escrito um post bacana, que exaltasse suas qualidades.

Não o farei agora. Primeiro, porque detesto - e acho que ele, pela personalidade que exibia, também detestava - esta coisa de que quem parte para o outro lado deixa de ter defeitos. Segundo, porque há gente muito mais capaz do que eu para fazê-lo.

Fica, então, a título de homenagem, apenas uma pequena revelação doméstica. Uma que eu, levando em conta a postura combativa do deputado, tenho quase certeza de que seria do seu agrado: sempre que, acompanhando CPIs ou sessões da Câmara Federal, eu o via aproximar-se do microfone, dizia, cá com os meus botões, "Lá vem Redeckão, a patrola"

Direito de resposta... Não que houvesse direito.

Liberei, há pouco, um comentário ao post do dia 3 de julho, intitulado "Disque, monstro"

Nele, a leitora que se assina Yara de Mello faz uma defesa contundente do senador Leomar Quintanilha e seu irmão, acusando-nos, a nós e à mídia, de destruir os políticos honestos deste país.

Peço aos leitores que leiam o comentário dela pois é ilustrativo sob vários aspectos - em especial, para dificuldades com a interpretação de texto, mal que assola esta nação.

À Yara, digo apenas que as condutas pregressas do senador Quintanilha e seu irmão não receberam qualquer comentário por parte deste blog e, salvo engano meu, de seus comentaristas. O que se disse, e se dirá novamente no próximo segundo, é que devolver a representação do PSOL à Mesa Diretora foi uma safadeza. E, quer você goste ou não,Yara, emitir opinião sobre a atividade parlamentar é um direito que me assiste - e que procuro estender aos meus letitores, desde que respeitadas algumas regras básicas de civilidade. Ou seja: vá cantar em outra freguesia. Aqui você desafinou.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Elogios, incompetência e morte.

"Vir aqui neste momento é quase que fazer justiça à cidade de São Paulo e fazer justiça ao Carlos Wilson. O Carlos Wilson falou bem da Infraero, mas vocês viram que ele está deixando a Infraero para ser deputado. Ele não está deixando porque eu o estou mandando embora, ele está deixando porque a política é um vício. Então, ele vai lá para a arena de guerra e eu acho que o Carlos Wilson merece todas as homenagens que algum dia um presidente da Infraero mereceu, todas as homenagens. Primeiro, porque eu não sei se em algum momento na história dos aeroportos brasileiros algum presidente da Infraero atacou de uma só vez uma quantidade de obras igual a que o Carlos Wilson colocou em andamento nesses três anos em que ele preside a Infraero. (...) O dado concreto é que o Carlos Wilson, nesses dois anos e meio deve ter, entre conclusão de obras e novos contratos, investido praticamente 2 bilhões e meio de reais, uma quantia razoável para um país que não tem toda a capacidade de investimento que precisaria ter. "

Este é Lula, na cerimônia de inauguração das obras de ampliação da Sala de Embarque e de quatro pontes de embarque em Congonhas, em 23 de dezembro de 2005, elogiando a administração da INFRAERO por ele nomeada.

É a mesma administração que preteriu a manutenção das pistas em prol de conforto e embelezamento - e que está sendo alvo de um sem fim de denúncias na CPI do Apagão Aéreo.

Aviso ao governico, à INFRAERO e aos aloprados em geral

Vocês estão ralados.


Tem gente que perdeu familiar naquele vôo e que não vai deixar barato.


É gente que não precisa de indenização, mas que tem caráter e estofo para apoiar aos que precisam - e para brigar no sentido de esclarer tudo, colocando na cadeia os culpados. É gente de vida limpa, que não precisa mendigar nada a governo algum, que construiu patrimônio com esforço próprio e que não foge de grandes desafios.

Acreditem: sei bem do que estou falando. Passado este terrível momento de dor, vocês não vão mais ter folga.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Caixa Preta

Mais uma vez, o país está sob o choque de um desastre aéreo.

Fala-se de cerca de 170 mortos.


Vocês vão me desculpar, mas eu não preciso de caixa preta ou laudo técnico.


Sabe-se que ontem houve um acidente com um avião da Pantanal porque a pista, reformada e devolvida para uso há menos de um mês, não recebeu as necessárias ranhuras que garantem maior aderência.

Sabe-se que a INFRAERO, que é quem faz esta liberação, é um verdadeiro antro de corrupção.

Sabe-se que as companhias emergentes do país macomunaram-se com as quadrilhas estabelecidas no poder público.

Sabe-se que é por isso, por este pacto nojento com o que há de mais podre na política nacional, que as companhias aéreas não protestam contra o Governo Federal ou a Infraero, preferindo deixar seus passageiros amargando durante horas nas salas de embarque deste país.


Sabe-se que foi através deste pacto com o que há de mais condenável no poder público que as companhias aéreas emergentes conseguiram enterrar a Varig para abocanhar suas rotas.

Sabe-se que quando a líder da aviação era a Varig e o governo não era petista, não havia apagão nem carnificina de passageiros.

Por isso, enquanto todos ainda esperam a confirmação do número de mortos, deixo aqui o meu laudo: foi assassinato. Assassinato motivado pela ganância, pela corrupção e pelo descaso com a vida.

O coro dos desesperados

Primeiro foram os lulopetistas que, ao longo do último fim-de-semana, construíram a fábula da vaia ensaiada. Parecem não ter atinado para o quanto ela é denunciadora de uma militância cega e desprovida de qualquer contato com a realidade. E, aqui, preciso fazer uma confissão: sempre pensei que petralhada creditava perfeição a Lula por pura malandragem militante. Porém, diante da infantil reação às vaias que o pequeno timoneiro recebeu no Maraca, percebo que me enganei: eles de fato acreditam que Lula é perfeito - e ficaram feito baratas tontas com um episódio que, embora tenha lá sua força simbólica, não representa qualquer ameaça concreta ou imediata ao mandato de Lula.

É da vida que nenhum governante tenha 100% de aprovação. É da vida que, vez por outra, seja alvo de manifestações públicas de repúdio. Em se tratando de Lula, então, cujo governo volta e meia se vê envolvido em escândalos, a vaia só pode surpreender a quem já teve os miolos cozidos por pregação ideológica da pior espécie.

Mas o show de desespero não para por aí. As declarações do governador do Paraná à Folha de S. Paulo de hoje trazem à tona o que há de pior no governismo - e que, embora ganhe as páginas de um grande jornal somente agora, são velhas conhecidas de quem enfrenta o lulopetismo pelos blogs e fóruns da vida. Para defender Renan Calheiros, o lulo-peti-chavista Roberto Requião (PMDB), deu voz a um boato há muito divulgado pelas hostes da estrela vermelha: que Fernando Henrique Cardoso teria um filho com uma jornalista - e que, às vésperas da campanha eleitoral de 1994, mãe e filho teriam viajado para o exterior, onde permanecem até hoje.

Não confirmada por qualquer das partes, faz tempo que esta história roda a internet sob patrocínio lulopetista. Os petistas, como sabemos, gostam de ações de difamação bem orquestradas por aloprados que possam ser repreendidos publicamente, sem grandes danos ao partido, mais tarde. Foi assim durante a última campanha presidencial, quando o site oficial do PT difamou a família de Geraldo Alckmin. A coisa ficou no ar por 72 horas até que "o presidente Lula soube e mandou retirar do ar".

Mas voltemos ao governador paranaense... Requião esquece, e a Folha faz questão de lembrar, que Renan Calheiros tornou-se alvo de investigação porque há suspeitas de que recebeu, regularmente, dinheiro de um lobista para sustentar os resultados de sua farra extra-conjugal - e não pela farra em si. Se houvesse a suspeita de que Renan Calheiros recebeu dinheiro de uma empreiteira para fazer uma segunda lua-de-mel com a esposa, ele continuaria sendo alvo de investigação - ainda que sem ingredientes picantes a colorir o drama.

Confesso que olho para estas duas situações - a fofoca de Requião e a teoria conspiratória da vaia - com certa piedade e algum espanto. Piedade porque é visível que os governistas estão desesperados. Espanto porque este desespero os está levando a fazer coisas que eu teria vergonha de fazer até mesmo para salvar minha mãe da forca.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Pressão em Malta

Da Folha de S. Paulo de hoje:

"Renan Calheiros (PMDB-AL), articula para que membros da Mesa Diretora peçam vista (suspensão da votação) amanhã do requerimento, encaminhado pelo Conselho de Ética, para que a Polícia Federal aprofunde perícia feita em documentos apresentados por ele em sua defesa. Como o recesso parlamentar começa na quarta-feira, isso significaria que a Polícia Federal só retomaria os trabalhos em agosto. A manobra pode ser neutralizada se o vice-presidente do Senado, Tião Viana, que conduzirá a reunião, conceder apenas algumas horas para a análise do material. Aliados de Renan apostam na iniciativa de Magno Malta (PR-ES) para o pedido de vista e não descartam que ele receba apoio de outros membros da Mesa.

A Folha adianta, ainda, que o senador nega que vá pedir mais tempo. Mas como o seguro morreu de velho, o jeito é aproveitar as próximas 24 horas para pressionar Magno Malta da única forma que nos é possível: escrevendo para magnomalta@senador.gov.br ou ligando para 0800 61 22 11.

O recado é simples: nada de pedido de vista, Excelência!

domingo, 15 de julho de 2007

A arte da vaia

Não adianta: o assunto do final de semana é mesmo a estrondosa vaia que Lula tomou na abertura do PAN.

Incapazes de engolir o democrático episódio, os lulopetistas se contorcem em teorias conspiratórias: ora negam as vaias, ora dizem que foi uma montagem da Globo, ora choramingam que tudo não passou de um espetáculo orquestrado pelo prefeito Cesar Maia.

O problema é que depois que os petistas roubaram as palmas de Koffi Anan na ONU - para apresentá-las como se fossem de Lula em seu programa eleitoral - a opinião deles sobre manifestações populares vale tanto quanto uma nota de três reais

.

Há, contudo, alguma injustiça também do lado de cá. Tem gente atribuindo uma exagerada exclusividade ao episódio. Lula não foi o primeiro político a tomar vaia de um Maracanã lotado. Tampouco foi o primeiro presidente a receber, diante de câmeras e microfones, aquele adjetivo condenável em todas as culturas. Antes de Lula, houve outro.

sábado, 14 de julho de 2007

Fashion souvenir

vaiei.jpg

A idéia é do sempre criativo CORONEL - eu só executei. Mas os "direitos" estão liberados.

Há, por aí, algum investidor disposto a ganhar rios de dinheiro nos próximos 15 dias?

sexta-feira, 13 de julho de 2007

É vaia de novo, com a força do povo

Cerimônia de abertura do PAN rolando e Lula já foi vaiado três vezes.

E ainda não terminou.

Atualização, às 20:23h: no maior fiasco político que já sei viu em um PAN, Lula não declarou a abertura oficial dos jogos - como manda o protocolo. Vaiado sempre que apareceu no telão ou foi mencionado, o presidente esperava em frente ao microfone, para fazer a abertura, quando Carlos Arthur Nuzman, Presidente do COB, surpreendeu a todos assumindo a tarefa. Até agora não se sabe se foi uma decisão da assessoria da Presidência da República ou do próprio Nuzman. O motivo, contudo, é óbvio: evitar que Lula passasse pelo constrangimento de discursar sob vaias.

Atualização, às 21:42h: foi mesmo o cerimonial da presidência que cancelou a participação de Lula... Para evitar o constrangimento. Parabéns aos brasileiros que lotaram o Maracanã hoje.


Algumas lições

Ontem à tarde, indignados com mais uma manobra de Renan Calheiros, os senadores da oposição se retiraram do plenário.

Era a única atitude possível depois que o presidente daquela casa descumpriu o acordo que garantira, na quarta-feira, a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Pelo acordo, os partidos de oposição se comprometeram a não obstruir a votação da LDO na quarta, desde que a Mesa Diretora do Senado - presidida pelo próprio Renan Calheiros - encaminhasse na quinta o pedido de uma perícia detalhada da documentação que o presidente do senado apresentara ao Conselho de Ética.

A oposição cumpriu sua palavra. Renan não: tratou de adiar a reunião da Mesa Diretora para terça-feira, véspera do recesso parlamentar, numa clara intenção de esvaziá-la. Não teve, contudo, coragem para fazê-lo pessoalmente: mandou em seu lugar o vice-presidente do Senado, o petista Tião Viana, para anunciar a traição.

No momento, as notícias dão conta de que a oposição vai manter uma vigília para garantir a realização da Mesa Diretora na terça.

O episódio encerra algumas lições - todas óbvias demais para políticos presumidamente experientes. A primeira delas é que não se deve dar crédito a quem usa do cargo que ocupa para livrar-se de investigações. É o que Renan Calheiros tem feito nos últimos trinta dias - o que nos obriga a observar que é de uma espantosa ingenuidade que a oposição, depois de tudo o que viu do alagoano, ainda tenha caído no golpe do acordo.

A segunda - e talvez a mais importante - lição foi esclarecida pelo próprio Renan: "Só marca reunião quem ganha eleição. Quem tem 28 votos não marca reunião", declarou ele à imprensa, numa clara provocação a Agripino Maia, seu adversário na eleição de janeiro último, que o reconduziu ao cargo de presidente do Senado.

Pois é exatamente isso. Renan está coberto de razão. Este homenzinho sem palavra - que não hesita nem mesmo em expôr a esposa, a ex-amante e a filha bastarda para tentar salvar-se politicamente - está sentado naquela cadeira porque pode. E pode porque muitos senadores que se dizem de oposição votaram em Renan Calheiros e, agora, não têm peito para enfrentá-lo. Quem tiver dúvidas pode reler, nos links apresentados abaixo*, a cobertura que este o blog fez à época.

Ou seja: exceto por 28 senadores, que votaram em Agripino Maia para a presidência do senado, os demais estão apenas colhendo o que plantaram. Ou se mexem para compensar o erro, ou merecerão sair desta história tão desmoralizados quanto o próprio Calheiros.

*Quem elegeu Renan Calheiros?

Trairagem não escolhe partido

Por ora, sem visão dantesca

São duas

E o Delcídio?

Tudo como Lula quer

Quem?

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Diga aí, leitor...

Também eu, a exemplo do que planejavam os deputados ontem, ando com vontade de mostrar um cartão vermelho para o Renan e parar de falar dele por aqui.

Mas como tal coisa seria descabida em um blog sobre política, hoje deixo apenas um questionamento aos leitores: qual a serventia de um presidente do Senado que não pode presidir nem as sessões daquela casa nem as do Congresso Nacional?

Que novidade II

Aliás, quem me lê com regularidade, sabe que, volta e meia, um tucaninho pousa aqui na minha janela para me segredar algumas coisas. Pois no ano passado, antes mesmo do início da campanha presidencial, ele já ficava insistindo "Petrobras, Petrobras".

Até tentei investigar. Mas a capacidade do blog, neste sentido, tem lá seus limites - e, como a situação parece estar evidenciando agora, o caso era mesmo de polícia.

Que novidade

Em matéria de hoje da Folha de S. Paulo ficamos sabendo que a Iesa Óleo & Gás, uma das empresas implicadas pela Polícia Federal na Operação Águas Profundas, foi uma das maiores doadoras para a campanha política do PT no ano passado. E, detalhe, doou dinheiro apenas para o PT.

A empresa nega as acusações mas admite que adotou o PT porque se sentiu beneficiada pela política do governo Lula para o setor. Até ai, tudo bem. O probleminha é estar, agora, envolvida numa investigação a respeito de fraudes em licitações.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

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Novos territórios: Nariz Gelado, agora também para os leitores do Second Life

A partir de hoje, este blog passa a ser lido também pelos residentes do Second Life: uma edição diária será distribuída na charmosa e badalada praça da Ilha São Paulo Jardins.


Agradeço ao Unger Felix pela acolhida - que inclui um confortável escritório na Central de Imprensa daquela ilha - e a vocês, leitores, cuja fidelidade garantiu que este blog tivesse seu trabalho reconhecido no momento em que pus os pés no Metauniverso.

Ponto para a oposição

Na quarta-feira passada, eu disse que se quisessem, de fato, incentivar Renan Calheiros a se afastar da presidência enquanto é investigado, os senadores da oposição deveriam recorrer a uma estratégia muito simples: esvaziar as sessões, negando-se a votar qualquer coisa enquanto o alagoano permanecesse no cargo.

Não deu outra... Ontem, depois daquela que está sendo apontada como a sessão mais tensa desde que estourou esta crise, PSDB e DEM se retiraram, provocando o encerramento dos trabalhos. E os líderes dos dois partidos já avisaram que vão "obstruir" todas as sessões daqui pra frente. Agora é esperar que mantenham a palavra - o que vai tornar a situação de Renan insustentável e recuperar alguns pontos que oposição perdeu nas primeiras horas deste escândalo.

Política e higiene pessoal

Quando o ator Paulo Betti, em entrevista concedida no ano passado, afirmou que "não se faz política sem colocar as mãos na merda", parecia que estava apenas dando uma forma mais dramática para aquela estratégia "todos os políticos são iguais" - da qual o petismo usou e abusou desde que surgiram as primeiras denúncias de corrupção no governo Lula.

Ontem, porém, foi a vez do presidente do Senado assumir coisa parecida: "Quem quiser me pôr para arder numa fogueira em praça pública terá de sujar as mãos", declarou Renan Calheiros, ao ouvir novos pedidos de afastamento do cargo, sugerindo que é impossível tocá-lo sem tomar contato com a sujeira.

Vejam vocês... Cientistas políticos, jornalistas e articulistas em geral passaram os últimos três anos produzindo laudas e mais laudas a fim de explicar a crise ética que tomou a política nacional de assalto... E, no final das contas, o mau cheiro vem mesmo é da falta de banho.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

De como este blog vai para o PAN

Há coisa de dez anos, assisti - não lembro mais se no Bom Dia Brasil ou no Jornal Hoje - uma matéria que me comoveu: em Abreu Lima, periferia do Recife, o professor Roberto Ribeiro lutava contra todo o tipo de dificuldade para transformar jovens da comunidade em atletas. Treinando descalços, em pista de chão batido e equipamentos super improvisados, meninos e meninas tomavam seu primeiro contato com o atletismo graças ao empenho daquele professor.

O quadro era tão tocante que fiz algo que jamais fizera antes na vida: usei da minha amizade junto a alguém influente para pedir algo. Telefonei um amigo que era gerente de marketing de uma marca esportiva e pedi que, pelo amor de Deus, fosse atrás daquele professor e o ajudasse - pelo menos com calçados adequados para as crianças.

Deu certo. Nos meses que se seguiram, fiquei sabendo que a empresa adotara o projeto. Além das roupas e dos equipamentos, os alunos do professor Roberto passaram a ter, também, alimentação adequada e assistência médica.

Ocorre que o tempo passou, este amigo mudou de emprego, eu mudei de cidade e o professor Roberto e seus alunos se perderam em algum canto empoeirado da minha memória.

Pois retornaram neste final de semana quando, ao reencontrar meu amigo, fiquei sabendo que uma das grandes promessas brasileiras neste PAN é Keila Costa. Menina da periferia do Recife, ex-aluna do professor Roberto e atual recordista sul-americana no salto triplo, Keila também é apontada como favorita para o salto em distância.

Estou certa - porque assim preferi - de que Keila e o professor Roberto jamais ouviram falar de mim. Mas vocês não imaginam a minha felicidade em saber que aquele longínquo telefonema retornou na forma de uma notícia tão bonita. É claro que não tive qualquer influência direta na coisa - os méritos são todos de Keila e do seu professor. Inegável, porém, que eu, que andava bem desanimada com este PAN, vou ter um bom motivo para ficar grudada na telinha.

Ps: o lado chato - sempre tem um - é que a empresa, depois que meu amigo saiu de lá, não deu seqüência ao projeto. Ele também não soube me dizer se outra marca esportiva assumiu o seu lugar. Coisas de Brasil.

domingo, 8 de julho de 2007

A crise e o caráter...

A edição de hoje do Diário Catarinense traz entrevistas com o senador Jefferson Péres e o ex-senador Jorge Bornhausen. A pauta, logicamente, girou em torno da crise Renan Calheiros. E, coisa interessante, fez emergir opiniões muito parecidas a respeito do presidente do senado.

"Ele é um político atuante e sempre teve um trânsito muito bom entre todos os partidos. É uma pessoa afável. Votei nele para a presidência. Não tem inimigos no Senado. Eu lamentei o que ocorreu. Se ele tivesse pedido uma licença da Casa e se tivesse feito uma composição do Conselho de Ética mais respeitável, acho que ele já teria se livrado disso. Esse desgaste do Legislativo não é de hoje. Aqui se acentuou no episódio valerioduto, mensalão e seguido da absolvição por decisão da Câmara ou pela renúncia para fugir à punição."

(Jefferson Péres)

"Quando surgiram as manifestações contra o presidente, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ele se mostrou muito confiante. Tinha vindo de uma reeleição para presidente da Casa, onde fez 51 votos. É um homem muito educado e estimado, e com a sua palavra o seu assunto estaria resolvido. Mas apresentou uma defesa, na minha opinião, inconsistente, e aí começaram a surgir as reações. A princípio individualmente, de senadores que se posicionaram de maneira forte. Depois o DEM tomou uma posição conjunta, e as coisas foram sendo sacudidas. O procedimento do presidente do Senado foi equivocado. Não poderia fazer sua defesa de modo imperial, sentado na cadeira de presidente do Senado. O senador não tem direito a ser imune, e sua vida é pública. Era necessário seu afastamento da presidência. Os senadores que deram cobertura àquela situação, eu lamento. Agiram corporativamente, ou em nome do governo. Afinal, ele é um dos integrantes do governo."

(Jorge Bornhausen)

Inegável que, por terem convivido com Renan Calheiros, tanto Bornhausen quanto Péres estão mais qualificados do que eu para emitir qualquer opinião a respeito da sua personalidade. Mas é inegável também que o homem que tem se apresentado à opinião pública nos últimos trinta dias nada tem de afável ou educado. Ao contrário: indelicado com a filha e a ex-amante, agressivo com a imprensa, debochado com a opinião pública e arrogante com seus pares, o Renan Calheiros que temos visto ultimamente é condenável sob todos os aspectos.

Logo, o desafio seria descobrir qual das duas versões está mais próxima da realidade - o Renan afável e educado, assim reconhecido por senadores que conviveram com ele, ou este Renan dos últimos trinta dias. Na dúvida, prefiro ficar com a sabedoria popular: é nos momentos de crise que mostramos nossa verdadeira natureza.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Goodfellas, good feeling

Ontem, na lista de discussão do Apostos - sim, nós temos uma listinha para ficar maquinando contra vocês, leitores - o Negão sugeriu que o Brasil está povoado por zumbis políticos, que assistem passivos, sem dar um "ai", a este show de bandalheira explícita.

Pois agora o Renan me saiu com essa: " Se eu deixar a presidência, serei um senador zumbi, um morto-vivo. Não farei isso.”

Não, eu não acho que o Renan ande bisbilhotando a nossa intimidade. Criatura em desesperada mutação, ele apenas abandonou as fracassadas desculpas pseudo-kafkianas e pseudo-freudianas por algo mais de acordo com as suas qualidades. Agora vai de filme trash mesmo.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Inseticida, água e desinfetante...

Ninguém discute que o Congresso Nacional precisa de uma faxina - e tenho apontado para isto com alguma insistência nos últimos quatro anos. Mas também tenho insistido que ninguém, ao ver imunda a sua casa, pensa em abandoná-la para ir atrás de outra.

Que o leitor fique com o pé atrás sempre que se deparar com um discurso que começa a crescer de forma perigosa e que pode se resumir na indagação "Congresso pra quê?". Que observe quem emite este tipo de discurso - e qual papel desempenhou para que as coisas chegassem onde estão.

Sendo mais clara: os que começam, hoje, mesmo que de forma subliminar, a emitir este discurso da inutilidade do Congresso Nacional são os mesmos que implantaram um sistema de compra e venda de deputados, consagrado como "mensalão". São os mesmo que tinham, até ontem, o "senador- boiadeiro" como aliado - e que patrocinaram não só a sua reeleição à presidência do Senado como, também, as maracutaias ocorridas na Comissão de Ética daquela casa nas últimas semanas. Que a imprensa - a séria - fique muito atenta para isso.

A casa, queridos, é bonita e, uma vez limpa e detetizada, passará a cumprir o seu verdadeiro papel - que, definitivamente, não é o de garantir imunidade parlamentar a quadrilheiros ameaçados pela justiça mas, sim, o de representar a vontade soberana do povo.

Lutamos para ter um Congresso Nacional. É preciso expulsar ratos e baratas. É preciso lavar a podridão ali estabelecida. Abandoná-lo, porém, está fora de questão.

Tá difícil

Dá para comemorar a renúncia do Roriz quando, no lugar dele, assume um Gim Argelo - ou quando o próprio Roriz pode voltar a se candidatar em 2010?

quarta-feira, 4 de julho de 2007

O bolivarianismo de Lula: como o PT pretende fazer da Rede Globo a sua RCTV

Atendendo ao pedido do próprio Reinaldo Azevedo, convido os leitores a irem até lá para ler o artigo cujo título reproduzi acima.

Chamo a atenção para a sua importância e reforço o pedido do Reinaldo para que o artigo seja divulgado de todas as formas possíveis.

É pra valer, senhores?

Ontem à noite, prometi que daria aos senhores senadores uma dica sobre como incentivar Renan Calheiros a se afastar da cadeira de presidente do Senado - de onde lhes dirige olhares arrogantes, quanto afirma e reafirma que dali ninguém lhe tira.

Longe de mim querer entender mais do Senado do que suas excelências. Ocorre que, ao que tudo indica, os costumes pomposos daquela casa acabaram por fazer com que nossos senadores esquecessem uma receita muito simples da vida política: a mobilização franca - como devem ser todos os atos de protesto que queiram, de fato, atingir algum objetivo.

Portanto, senhores, se todos aqueles discursos e apartes, proferidos ontem , são algo mais do que apenas jogo de cena, façam como faz qualquer cidadão comum: mobilizem-se e boicotem as sessões do Senado. Não, eu não estou falando de trancar a pauta. Estou falando de não comparecimento mesmo. Estou falando de esvaziar as sessões, negando-se a delas participar, até que o vosso presidente se afaste do cargo.

Estejam certos de que este ato, que pode até lhes parecer radical ou primário, receberia apoio da opinião pública. Quando nada, porque deixaria claro que os senhores estão, de fato, interessados em resgatar a imagem do Senado Federal. Porque, sinceramente, aqueles discursos de ontem, proferidos com visível receio - sabe-se lá de quê - , não convenceram.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Olhando de cima

Desde às 16 horas, vários senadores estão se manifestando em plenário pelo afastamento de Renan Calheiros da presidência do Senado.


Arthur Virgílio, falando em nome do PSDB, puxou a frente. Depois foi a vez de Tasso Jereissati - que, neste momento, continua na tribuna, concedendo aparte a José Agripino. Também já se manifestaram pela renuncia os senadores Cristovam Buarque e Pedro Simon.

Quanto a Renan... Bem... Ele assiste a tudo com uma postura inacreditavelmente de arrogante e desafiadora: queixo elevado, meio sorriso, olha os colegas de cima - assim que surgir uma boa foto ilustrando a coisa, eu posto.

Parece estar funcionando: os senadores parecem todos bastante intimidados. Embora se manifestem pelo afastamento, o fazem com muita delicadeza, como se pedissem desculpas.

Ora, bolas, senadores... Se os senhores estão realmente interessados em estimular Renan Calheiros a largar o osso, devo dizer que há uma forma muito fácil para atingir tal objetivo - uma que lhes garantirá o total apoio da opinião pública. Mais tarde, quando a sessão de hoje estiver encerrada, eu lhes darei a dica.

Disque, monstro: 0800 61 22 11

O telefone acima é da Central de Relacionamento com o Cidadão", do Senado Federal.

Foi divulgado hoje cedo pela CBN e está, desde então, congestionado - como congestionadas também estão as caixas postais dos senadores.

Pois continuem escrevendo e ligando para lá.


No momento, esta é a forma mais rápida e eficiente de mostrarmos a nossa indignação com a safadeza de Leomar Quintanilha - que, ontem, sem consultar ninguém, devolveu a representação do PSOL contra Renan Calheiros à Mesa Diretora do Senado.

E pouco importa se o seu e-mail será lido ou se a sua ligação será atendida. Quem acompanha a atividade dos senadores em plenário sabe que eles são mais sensíveis aos números do que à palavras em si. Congestionar as vias de comunicação do Senado é, portanto, a melhor forma de avisá-los que a audácia e o deboche de Renan Calheiros e Joaquim Roriz acabaram por despertar o monstro.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Nadando na Lama?

Este é o Parque Aquático Maria Lenk, que custou R$ 74,8 milhões aos cofres públicos e será sede das competições de natação, nado sincronizado e saltos ornamentais dos Jogos Panamericanos Rio 2007.

pan01.jpg

O Parque Aquático Maria Lenk: inexplicáveis R$ 74,8 milhões.


A previsão inicial de custo para o Maria Lenk era maior: R$ 206 milhões. O motivo da fabulosa economia é inusitado: por problemas na Justiça e escassez de tempo, o projeto "não pôde ser executado da maneira como foi planejado".

Agora, abaixo, você vê o parque aquático da Unisul, uma universidade catarinense, inaugurado há poucos dias, durante os JUBS, Jogos Universitários do Brasil.

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O Parque Aquático da Unisul: qualidade reconhecida, com uma

verba dez vezes menor.

A obra impressiona:um edifício com 12.225m2, construído em uma estrutura mista de concreto armado e estrutura metálica. Lá dentro, piscina olímpica térmica, piscinas de aquecimento, plataformas de salto, vestiários, salas de fisioterapia, trampolins, enfim, tudo o que é necessário para realizar todas as provas olímpicas de natação.

Para que não sobrem dúvidas sobre a qualidade da obra, vale a pena ler a opinião dos atletas:

É a melhor piscina coberta do país”, garante a árbitra-geral da natação nas Olimpíadas Universitárias, Maria Cristina Ferreira Santos.

Já Tatiana Gama, campeã dos 200 metros nado medley, compara o complexo a piscinas de Espanha e Portugal. “Aqui no Brasil é a melhor. Nem a piscina do Pan tem essa estrutura, porque não é coberta. E a piscina coberta que temos em São Paulo, a do Pinheiros, tem teto muito baixo e por isso é muito quente.”

Pois bem, leitor... Sabe quanto este complexo, considerado pelos nadadores brasileiros como o melhor da América Latina, custou? Até agora R$ 6 milhões.

Durante o primeiro mandato de Lula, a obra parou e os recursos foram congelados. Finalmente, quando a verba estatal foi liberada, descobriu-se que ela havia sido reduzida para R$ 4,5 milhões - e a universidade completou o restante para inaugurar o complexo. Ainda faltam alguns detalhes, mas observem que se o investimento chegar a R$ 8 milhões, o trampolim de saltos terá até elevador para conduzir os atletas.

É isto mesmo que você leu: o parque aquático que nossos nadadores consideram o melhor da América Latina custou dez vezes menos que o Maria Lenk, especialmente construído para o Pan.

O que pode explicar esta diferença? Desconfio que tem a ver com o fato de que o parque aquático catarinense é fruto de um convênio, intermediado pelo então senador Jorge Bornhausen, entre uma universidade privada e o governo Fernando Henrique Cardoso. É por isso, aliás, que o projeto tem uma contrapartida: a universidade, destinará parte dos atendimentos a projetos sociais com crianças carentes - o que já vem fazendo através de muitos projetos voltados para o atendimento à comunidade.

No momento, porém, o que importa é chamar a atenção para a diferença dos valores envolvidos nas duas obras.

Não sou nadadora - mal me defendo na água. Mas parece que a piscina do Pan está cheia lama. Um Pan que, é bom não esquecer, começou orçado em U$ 250 milhões e já ultrapassa U$ 2 bilhões.

domingo, 1 de julho de 2007

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Second Life: esta blogueira, em visita ao diretório do Democratas, na Ilha São Paulo Jardins.

"Audaciosamente, indo onde nenhum blog jamais esteve..."

Hã?

Tá bom, isto é bobagem... há um milhão de blogueiros por lá. Mas o fato é que, curiosa a respeito de novas fronteiras, fui xeretar o Second Life. Mais perdida que cego em tiroteio, ando explorando este mundo paralelo sob a identidade NarizGelado Benelli. Não se assanhem, porém, petralhas: embora o sobrenome preserve a minha ascendência italiana, ele foi escolhido, como mandam as normas de ingresso, entre aqueles que o próprio Second Life oferece.


Devo dizer que se ainda não me meti em grandes enrascadas, foi graças à gentileza de alguns residentes que encontrei pelo caminho: muitos adoram servir de guia aos novatos - mas é bom ter feeling para distingüir entre os sinceros e os mal intencionados.

Também é verdade que, exceto pelos diretórios do Democratas e do PSDB - além de um front light divulgando o blog do Reinaldo Azevedo - , ainda não encontrei indícios de que a política seja um tema crucial naquele mundo. Mas se um dia vier a ser, encontrará esta blogueira pronta para a briga.