sábado, 13 de março de 2010

De onde veio o dinheiro?

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O dinheiro apreendido com os aloprados petistas em 2006.


Antes de mais nada, eu acho que a matéria da Veja é mais uma daquelas que vão causar barulho somente entre nós. Na urna, o impacto será insignificante. E digo isso porque a denúncia carece daquilo que o caso José Roberto Arruda oferece em abundância: um vídeo didático, sob medida para analfabetos funcionais, que mostre a bandidagem metendo a mão no dinheiro. Sem isso, queridos, não tem jogo - pelo menos, não um jogo que faça a urna pender para o nosso lado.

Não me interpretem mal: não estou criticando a Veja. A revista trabalha com o que tem. Não pode sair inventando provas. Só estou dizendo que as evidências apresentadas são do mesmo tipo que a Veja tantas vezes publicou no passado: coisa para quem lê e entende o que lê. E depois, mesmo que seja bem explorado por uma publicidade inteligente, o episódio ainda enfrentaria a barreira dos valores - o pessoal do Bolsa Família, já disse várias vezes, tá nem aí para a corrupção.

Então, prefiro comemorar uma pequena vitória: o fato de que aquela pergunta, tantas vezes repetida ao longo de 2006, finalmente foi respondida. A origem dos R$ 1,7 milhão com os quais os aloprados petistas pretendiam comprar um dossiê contra José Serra parece, agora, bem clara:

"VEJA obteve imagens de cheques que mostram a suspeitíssima movimentação bancária da Bancoop. O primeiro, no valor de 50 000 reais, além de exibir a palavra “saque” no verso, traz o código SQ21, que tem o mesmo significado (saque) e se repete na maioria dos cheques emitidos pela Bancoop para ela mesma. O segundo destina-se à empresa Caso Sistemas de Segurança, do “aloprado” Freud Godoy, e pertence a uma série que até agora já soma 1,5 milhão de reais."

sexta-feira, 12 de março de 2010

Cafezinho para a liberdade

Alô, oposicionistas de São Paulo e Rio.

A comunidade “Não quero Dilma Rousseff presidente do Brasil”, com quase 16.000 membros, vai realizar um flash mob neste domingo, 14/03: o Cafezinho para a Liberdade.

Inspirada nas tea parties americanas, a idéia é que, na hora marcada, o pessoal se encontre para tomar um café e conversar. No cardápio: "PNDH III, Estado mastodôntico, corrupção endêmica, politização da Justiça, carga tributária e flerte com ditaduras" por parte daqueles que nos governam.

No Rio de janeiro, vai ser no Jardins do Palácio do Catete – Rua do Catete.

Em São Paulo, no Café da Pinacoteca – Praça da Luz.

Horário: das 15h às 17 horas.

Informações: deixaram aqui um link para informações. Mas ele cai numa página do Facebook e é preciso fazer login para acessar.

Está dado o recado.

Mas fica a dica para que, da próxima vez, a turma faça uma pagininha de informações que possa ser acessada democraticamente. Não dá para pensar em flash mob condicionando o acesso às informações ao login em uma rede social específica.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Democracia zero

É mesmo uma lástima que as declarações de Lula sobre os presos políticos do regime cubano me pegaram em uma semana para lá de corrida. Por conta disso, acredito, este post não vai trazer qualquer novidade ou arejamento ao tema. Imagino que tudo já foi dito.

Fica, então, apenas um prazer quase mórbido: o de ver a mesma comunidade internacional que até ontem puxava o saco do torneiro-presidente, que achava que ele era um "grande estadista", cair agora em envergonhado pasmo. Ao tratar Lula desde o primeiro mandato como um esquerdista moderninho, boa parte da imprensa e dos governos do chamado primeiro mundo passaram um senhor atestado de ignorância.

Por aqui, sem novidades. A maioria dos leitores deste blog, e todos aqueles que, enfim, são alfabetizados o suficiente para ler e entender o que lêem, jamais tiveram dificuldades para reconhecer as inclinações ditatoriais de Lula. E isto inclui os partidários do lulo-petismo que, mesmo tentando disfarçar, não só conhecem bem como contam com tais inclinações para consumar seu plano de poder.

Obama, só para ficar no mais ilustre da turma de baba-ovos, achou que Lula era "o cara". Nem mesmo as aproximações com Hugo Chávez e o Irã pareciam importar. Estavam enfeitiçados com o presidente-operário-que-bebeu-água-com-merda-e-caramujo-quando-pequeno. Ressalva honrosa deve ser feita à ONG Repórteres Sem Fronteira que, pelos menos desde 2003, cobrava de Lula uma posição sobre as perseguições do regime Cubano. Em outubro de 2003, durante uma coletiva na qual o tema veio à baila, Lula inclusive dirigiu-lhes uma 'delicadeza': “Primeiro… Como que é o nome? Repórter sem fronteira? Repórteres tão sem informação.

E no entanto... E no entanto, nas urnas de outubro próximo o impacto de tão pavorosa declaração será zero. Democracia, caríssimos, é valor que só interessa à camada central daquela já famosa pirâmide social - aquela que, na última década, vem perdendo o poder de influenciar a opinião daqueles que estão na base e que realmente fazem volume nas urnas. Não contem com eles ou com o topo da pirâmide para defender este ou qualquer outro tipo de regime político. Se a economia está bem, os juros altos e o Bolsa Família bombando, o topo e a base da pirâmide querem mais é que a democracia se... exploda.

sábado, 6 de março de 2010

Como vencer eleições no Brasil - Fascículo 1

Na segunda-feira Lula vai estar no Rio de Janeiro. Segundo o Globo Online:

"O presidente, que participa de um evento no Comperj pela terceira vez em quatro anos, vai encontrar obras atrasadas em mais de dois anos. Inicialmente previsto para meados de 2011, o Comperj teve mais uma vez sua data de inauguração adiada ontem pela Petrobras: agora, para setembro de 2013."

Aí eu lembrei que esta obra, cujo início foi só em 2008, apareceu na campanha de Lula em 2006 como se fosse fato consumado. Mas não só ela. Várias obras que ainda hoje se arrastam foram apresentadas na campanha de 2006 como se estivessem prontas.

Assista o vídeo no final deste post. Não precisa ver tudo. O feitiço está nos primeiros 45 segundos: "um presidente pode ser conhecido por grandes obras", diz a apresentadora. E aí, sob o manto seguro de um áudio genérico, aparecem imagens de arquivo também genéricas enquanto o lettering sobre elas apresenta várias obras que simplesmente não existiam - ou , se existiam, eram anteriores a Lula. Nenhuma daquelas obras estava, então, concluída. Dentre elas, além do Comperj, estão:

- A Refinaria de Pernambuco – obra que começou só em em 2007, um ano depois da campanha, e deve ficar pronta só em 2012.

- O Metrô de Salvador - obra que teve início em 2000, com Fernando Henrique, e só será concluída em outubro de 2010.

- O Metrô de Fortaleza - outra obra iniciada no governo Fernando Henrique, em 1999, e que tem o término previsto para 2011.

Para comprovar, assista o vídeo abaixo.

Mas assista tendo em mente que este post não é uma descabida e tardia denúncia. Ele é uma aula sobre como vencer eleições no Brasil.






quarta-feira, 3 de março de 2010

Pingos nos 'is'

O post de ontem animou a caixa de comentários.

Teve gente me dando os parabéns por abrir o voto em Ciro Gomes. Outros ficaram contrariados porque estou a criticar os tucanos abertamente. Outros, ainda, não leram direitinho.

Vamos esclarecer algumas coisas, ok?

Não sou filiada ao partido. Mas, independentemente do candidato, voto no PSDB para presidente.

Eu não disse, como sugeriu um leitor abaixo, que nem Serra nem Aécio servem para presidente. Disse que, caso não consigam se entender, eles darão mostras de que não servem. Há um condicionante aí que precisa ser preservado para que se entenda o objetivo do post.

Finalmente, eu acho que este é, sim, o momento para se discutir abertamente este tipo de coisa. Discussão que, vamos colocar as coisas em perspectiva,  não causa qualquer dano ao projeto da candidatura - ou, se causa, ele é infinitamente menor do que a possibilidade de que ambos arrastem este maldito cabo de guerra até o final da campanha.

Volto a dizer: penso, como também pensa um leitor que comentou no post abaixo, que Serra e Aécio estão blefando - e que caminham para uma chapa pura. Se não for este o caso,  alguém precisa dizer com todas as letras que tamanha infantilidade vais nos custar a eleição. Quem se habilita?

Salvo raríssimas exceções, políticos são cercados por gente que tende a concordar com tudo o que dizem e fazem. Os de muita projeção, nas raras vezes em que encontram alguém disposto a contrariá-los, ouvem o interlocutor em silêncio - e depois fazem o que bem entendem, sem nem mesmo considerar o conselho.

Não acho que este blog tenha qualquer poder sobre decisões desta monta (tenham dó, né?). Mas sou do tipo que prefere ser indigesta a fazer um puxa-saquismo que leva ao fundo do poço. Isto eu deixo para a militância de ambos os candidatos. Eles, os militantes,  já fizeram isso em 2006 e estão fazendo novamente agora: perdem tempo defendendo um ou outro ao invés de implorar por um acordo.

terça-feira, 2 de março de 2010

#Prontofalei

Só por hoje, podem me chamar de Poliana.

É que eu ainda  acho que Aécio e Serra estão escondendo o jogo - e que, no dia D, acabarão anunciando uma chapa pura. Não consigo acreditar que, diante da clara  possibilidade de reconquistar o Governo Federal, os dois expoentes do PSDB não encontrem um jeito para se entender.

Não me entra na cabeça que um governador vivido como Serra, que acumula a experiência de ter sido abatido por Lula em 2002, não perceba a importância de fazer um gesto na direção de Aécio Neves. Seria uma prova de maturidade política - necessária a quem quer presidir um país.

Da mesma forma, não posso acreditar que um jovem governador prefira ver seu partido perder a eleição presidencial a ser um vice  para lá de popular, com concretas possibilidades de sucessão. Fizesse um gesto na direção de José Serra, Aécio daria uma prova de maturidade política - necessária a quem quer presidir um país.

É por isso que eu olho para este silencioso cabo de guerra entre ambos - e para as informações de que não estariam nem mesmo considerando  a possibilidade de uma chapa pura -  e penso que só pode ser blefe. É vaidade e amadorismo demais para a minha cabeça.

Se não for blefe... Bom, se não for blefe, se Aécio e Serra não conseguirem mesmo se entender, o PSDB vai morrer na praia. Como se diz lá no meu Rio Grande do Sul: "nem mel, nem porongo". E eu vou concluir, diante de tamanha demonstração de imaturidade, que nenhum dos dois serve mesmo para presidente.