sexta-feira, 31 de outubro de 2003

Marx e Montesquieu : um vaticínio para o oriente.

Não há dúvidas de que Marx bebeu de Montesquieu para compor seu modelo teórico para a Ásia e Oriente Próximo - principalmente no que respeita à conceitos como "igualdade social na servidão" e "imutabilidade histórica". Sobre estas duas questões Montesquieu concluiu - numa declaração que ainda hoje se mantém surpreendentemente atual - que:

" As leis, costumes e maneiras do Oriente - mesmo os mais triviais, como a vestimenta - hoje são essencialmente os mesmo que eram mil anos atrás". (...) não é possível encontrar ali um só traço que marque uma alma livre; ali nunca se verá senão o heroísmo da servidão." (MONTESQUIEU, De l'Esprit des Lois, I, p. 81, 291-2).

quinta-feira, 30 de outubro de 2003

O dia em que Bush citou Marx

Um dos aspectos mais impressionantes da esquerda circense é a falta de cultura - fruto inevitável das reformas curriculares de cunho ideológico em nossas escolas e do empastelamento mental promovido nas fileiras dos partidos.

O frouxo aporte teórico de nossa esquerda - adquirido, invariavelmente, pela via planfetária - , não raro apresenta contradições que denunciam o total desconhecimento das idéias propagadas por aqueles que são considerados seus maiores ícones.

Prova deste desconhecimento é o fato de encontrarmos, dentre aqueles que se dizem marxistas, os maiores defensores do extremismo islâmico. Geralmente justificada pela bandeira politicamente correta do "respeito à diversidade", esta simpatia pelo fanatismo religioso oriental foi, desde os atentados de 11 de setembro, canalizada para um anti-americanismo feroz.

Ocorre que, se tivesse realmente lido Marx, nossa delirante esquerda hesitaria ante a defesa da cultura islâmica tal qual ela se apresenta em seus redutos mais extremados. Muito pelo contrário: tivesse ela realmente bebido os conceitos marxistas direto da fonte, estaria hoje apoiando a campanha de George W. Bush.

Bastaria, para tanto, que tivessem lido um artigo intitulado " The future resultes of British rule in Índia", publicado em 22 de julho de 1853, no qual o pai do comunismo deixa clara a sua posição sobre a intervenção ocidental no oriente:

"Por mais que agrida os sentimentos humanos testemunhar esta inúmeras organizações sociais patriarcais e inofensivas sendo desorganizadas e dissolvidas em suas unidades, lançadas num mar de sofrimentos, e seus membros individuais perdendo ao mesmo tempo sua antiga forma de civilização e seu meio de subsistência hereditário, não devemos esquecer que estas idílicas comunidades, ainda que pareçam inofensivas, sempre foram as bases sólidas do despotismo oriental;que elas limitavam a mente humana no âmbito mais estreito possível, dela fazendo instrumento dócil da superstição, escravizando-as sob regras tradicionais, roubando-lhe todas a grandeza e as energias históricas. Não devemos esquecer o egotismo bárbaro que, concentrando-se em algum pedaço de terra miserável, tranqüilamente testemunhou a ruína de impérios, a perpetração de crueldades indizíveis, o massacre da população de grandes cidades, sem lhes dar maiores considerações do que a eventos naturais, ele próprio a presa indefesa de qualquer agressor que lhe percebesse a existência. Não devemos esquecer que estas pequenas comunidades eram contaminadas pelas distinções de castas e pela escravidão, que subjugavam o homem a circunstâncias externas ao invés de elevá-lo à condição de soberano das circunstâncias, que transformaram um estado social que se desenvolvia num destino natural imutável."

Revelador enquanto ode ao progresso europeu ocidental, o trecho acima demonstra quão incoerentes são os protestos de "respeito à diversidade" vindos daqueles que se dizem marxistas. E bem poderia ter sido lido por Bush, sem que se alterasse qualquer vírgula, na noite em que este declarou guerra ao Iraque.

terça-feira, 21 de outubro de 2003

Presidente pensava que o Brasil é uma ilha?

A página 4 do jornal o Globo de ontem trouxe uma surpreendente confissão presidencial: o mandatário máximo da nação foi eleito sem saber o que existia para além de nossas fronteiras. Segundo declarou o próprio Lula:

"Quando assumi a Presidência comecei a pensar na integração da América do Sul e percebí que o Brasil tem fronteiras com quase todos os países, salvo Equador e Chile."

Então tá.

E pensar que este é o menor dos nossos problemas.

terça-feira, 14 de outubro de 2003

Frei Betto canoniza Che Guevara

Em crônica publicada neste último domingo, no jornal "O Dia" do Rio de Janeiro, Frei Betto oferece uma demonstração clássica do fanatismo ideológico que permeia o atual governo.

Intitulada "Carta a Che", e redigida em tom de dramalhão mexicano, a crônica tenta dar conta do que aconteceu no planeta desde que o guerrilheiro-mor de Fidel passou para o além - dando atenção especial à atual crise que assola a esquerda brasileira transmutada em governo.

No encerramento, o autor se desmancha:

" De onde estás, Che, abençoe-nos para que, todos os dias, sejamos motivados por grandes sentimentos de amor, de modo a colher o fruto do homem e da mulher novos."

Ou seja: por sua própria conta - e nosso risco - Frei Betto resolveu canonizar Guevara.

E ainda há os que pensem ser possível dialogar com esta gente!

Para ler o lixo na íntegra, aqui.

sexta-feira, 10 de outubro de 2003

Kioto: Putin pode...Bush não.

No início desta semana, Vladimir Putin disse que seu país permanece indeciso sobre a assinatura do Protocolo de Kioto: "Precisamos de mais estudos. A decisão será tomada levando em consideração os interesses nacionais da Rússia", declarou o mandatário Russo.

Pois estou, até agora, aguardando uma dura resposta por parte dos ambientalistas de plantão - nos moldes daquelas sempre dirigidas a Bush, por ter ele cumprido com seu papel de presidente e pensado, primeiramente, nos interesses dos EUA.

Mas tudo indica que as vozes não se levantarão contra Putin. O que evidencia que a causa ecológica não passa de mais uma manobra ideológica à serviço do anti-americanismo.

Esquizofrenia Crônica

No final da tarde desta quinta-feira, o governo emitiu nota conclamando as autoridades palestinas e israelenses a cessarem os atos de contínua hostilidade e a retornarem à mesa de negociações. A mesma nota pede que Estados Unidos, Rússia, ONU e União Européia intervenham firmemente na região, evitando que a situação se deteriore.

Palpite demais para um governo que, há poucos dias, alegou não ser de "bom tom" opinar sobre política de um país - neste caso, Cuba.

Portanto, é melhor desistir de encontrar alguma coerência no governo Lula. Trata-se de caso a ser encaminhado para a psiquiatria.

terça-feira, 7 de outubro de 2003

Constituição

A Constituição de 1988 acaba de completar 15 anos.

Festejada como uma grande conquista à época de sua promulgação, ela hoje se revela, como todos os adolescentes, confusa e problemática. Os mais graves de seus problemas, no entanto, são congênitos: dizem respeito aos fundamentos que a nortearam.

Os constituintes voltaram os olhos para o passado, tentando remendar erros cometidos ao longo de quase 500 anos de Brasil. E, numa clássica demonstração daquela já característica falta de humildade latino-americana, resolveram realizar o impossível: legislar sobre tudo.

O resultado é que hoje temos um remendão ideologicamente confuso...Um elefante branco, passível de ser alterado e corrompido, não fornecendo qualquer garantia.

Melhor teriam feito os constituintes se tivessem olhado para a frente, zerando o passado, e se perguntando sobre o tipo de nação que pretendiam construir dali para frente. Igualmente, deveriam ter se limitado a tratar dos princípios básicos que norteariam aquele "novo Brasil" que estava por ser construído.

Esta foi a receita da mais bem sucedida constituição que o mundo já conheceu: a norte-americana. Seu sucesso a mantém, até hoje, como objeto de estudo predileto de cientistas políticos e juristas do mundo inteiro.

Alguns dizem que a eficiência da magna carta norte-americana se dá em função de sua exigüidade - e que esta última é um reflexo do quão pouco as treze colônias tinham em comum na época em que a mesma foi redigida.

Ledo engano. Seu sucesso decorre de um fato muito simples: para os homens reunidos em torno daquele documento, não havia dúvidas sobre as funções que o mesmo deveria desempenhar. Funções básicas na defesa de princípios que já estavam, à época, bastante claros: democracia, direito às liberdade civis e propriedade privada inviolável. Questões conjunturais foram deixadas para serem resolvidas, mediante o Judiciário, conforme se apresentassem. E o próprio conceito de democracia - que, inicialmente, como se sabe, previa o voto censitário - foi se adaptando, pelas vias jurídicas, aos novos tempos.

Já aqui conseguimos realizar uma Constituição que, que por sua amplitude e indefinição ideológica, tornou-se essencialmente conjuntural. Daí sua fragilidade.

segunda-feira, 6 de outubro de 2003

Propriedade I

Nesta madrugada, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiu a fazenda Bom Retiro, às margens da BR-158 em Júlio de Castilhos, na região central do Rio Grande do Sul. Fazenda esta, é bom dizer, que produz soja, trigo e aveia - além de possuir 700 cabeças de gado. É a quarta vez que a propriedade é invadida. Desta vez, 500 sem-terra muito bem armados entraram na fazenda de 1,6 mil hectares, arrombando a porta e invadindo também a casa de Gabino Schiavon - dono das terras.

Este último ficou retido por cerca de três horas com familiares e empregados. Além disso, afirma que foi agredido e garante que vai registrar ocorrência na polícia. Obviamente, o proprietário e sua família, indefesos ante 500 terroristas armados até os dentes, nada pôde fazer.

Mas caso tivesse feito algo - como, por exemplo, exercer seu direito de mandar bala naqueles que arrombavam a porta de sua casa - as manchetes hoje seriam algo do tipo " latifundiário massacra sem terras".

Porém, uma vez que a violência veio por parte do MST, a grande imprensa - hoje dominada pela ideologia comunista - não lhe dará o merecido destaque.

Como se sabe, este tipo de ação vem sendo amplamente financiada pelo governo federal, mediante convênios com entidades ligadas ao MST - como a ANCRA e a CONCRABE -, que, desde maio último, já receberam cerca de R$ 5,8 milhões.

domingo, 5 de outubro de 2003

Propriedade II

Todo este movimento pelo fim da propriedade privada já não está mais, como se sabe, restrito ao campo.

O próprio presidente Lula declarou, neste final de semana, em visita a Santa Catarina, que temos de "dar um jeito" de ocupar os prédios abandonados nos grandes centros urbanos.

A justificativa presidencial se dá pela via do pragmatismo, já que estes prédios abandonados possuem a infra-estrutura básica: luz, água saneamento, etc.

Sobre os direitos dos donos destes prédios, absoluto silêncio.

sábado, 4 de outubro de 2003

"Se o Lula fosse um bom torneiro mecânico, ele não teria perdido um dedo."

(Diogo Mainardi, estreando com tudo no Manhattan Conection)

quinta-feira, 2 de outubro de 2003

Liberdade de Imprensa: começo a me preocupar

Desprezada pelo presidente Lula*, a ONG Repórteres Sem Fronteiras classifica a atual situação da liberdade de imprensa no Brasil como "delicada".

Pois leio no site desta ONG uma lastimável notícia: por volta de 26 de setembro último, o governo Indiano solicitou aos provedores daquele país que bloqueiem o acesso ao Grupo de discussões do grupo separatista "Kyunhun", hospedado no Yahoo! (veja matéria na íntegra em: http://www.rsf.org/article.php3?id_article=8105).

Fico pensando no que será de nós se esta moda pegar por aqui.

Fico, inclusive, pensando se já não pegou: os grupos de discussão do UOL Pólítica estão intrafegáveis desde o dia 19 de setembro - coisa da qual sou testemunha. Mas há também outras reclamações - que não pude verificar pessoalmente -, vindas de blogueiros e freqüentadores tupiniquins: dizem eles que alguns fóruns da Abril e da Globo estão igualmente fechados.

A menos que estejamos passando por um processo geral de sucateamento da nossa web - o que não é de se admirar, ante a atual cubanice que assola o país, o quadro todo se apresenta temerário.

Aproveitemos para blogar enquanto for possível.

************

*Obs.... As palavras do presidente Lula, proferidas no discurso de ontem, evidenciam o desprezo: "Primeiro... como que é o nome? Repórter sem fronteira? Repórteres tão sem informação."

Ainda Cuba

Na entrevista que deu às rádios na manhã desta quinta-feira, ao ser questionado sobre a reação da ONG Repórteres Sem Fronteira à sua estada em Cuba, Lula declarou: " Não tem cabimento alguém lá de Paris ' vim dá palpite' no meu relacionamento com Cuba".

E não aparece UM JORNALISTA com coragem pra perguntar se só o Lula pode "dá palpite" na política dos outros...Ou ele já esqueceu que, "daqui do Brasil", vive palpitando sobre o relacionamento dos EUA com o Iraque, o relacionamento da Colômbia com as FARC, o relacionamento de Israel com a Palestina?

Preparem-se, pessoal..o neo-stalinismo chegou.

Agora só ele pode falar.

Balançou mas não caiu

Depois de se ver em maus lençóis em virtude de sua viagem à Argentina, a ministra Benedita da Silva ganhou a cumplicidade do presidente: agora estão creditando todo o episódio a uma mal entendido burocrático. Diz o presidente que alguém com a bagagem da ministra jamais cometeria erro tão primário - pedir verba para um encontro religioso, quando, na verdade, se tratava de visita ministerial.

Já vi tudo...vai sobrar para algum funcionário do teceiro escalão

sexta-feira, 26 de setembro de 2003

Dois pesos, duas medidas

Pressionado para interceder junto a Fidel Castro em prol dos presos políticos, Lula acaba de declarar que "Não é boa política um chefe de Estado se meter em assuntos internos de outro país. Vou tratar dos interesses do Brasil. Não vou dar palpite em política interna de outro país".

Vamos ser puristas e deixar de lado as inúmeras vezes em que Lula emitiu opiniões sobre a política norteamericana contra o terror - mesmo quando poderíamos argumentar que o terror, desde os atentados de 11 de setembro, é assunto interno para os EUA. Fiquemos, pois, apenas com o exemplo da Colômbia.

A menos de uma semana atrás, Lula foi à Colômbia para "dizer ao companheiro Uribe que ele não precisa dos Estados Unidos". Sem contar naquela tentativa de colocar-se como mediador entre as FARC e a ONU - que deixou o presidente colombiano fulo da vida.

Este é o tipo de situação que demonstra bem a dualidade que vem permeando as atitudes do governo Lula.

Qualquer criança percebe que, do ponto de vista da política interna, este governo não está fazendo mais do que uma versão incompetente do governo FHC. No que respeita à política externa, porém, Lula e seus ministros têm apresentado uma conduta anti-americanista, sempre do agrado da esquerda nacional: criticam a politica bélica dos EUA, estendem a mão para as FARC e garantem apoio a Fidel Castro.

Basta ser medianamente inteligente para perceber o objetivo primeiro desta dicotomia discursiva: garantir, através de uma política externa afinada com o senso comum esquerdista, o apoio das diversas corrente do PT - evitando, assim, que as mesmas se revoltem contra a política interna.

O mais grave é que esta estratégia conta com os elementos essenciais para se tornar um grande sucesso: um governo que não se constrange em contradizer-se constantemente e uma massa de manobra que delira ante qualquer desaforo que se faça aos EUA.

segunda-feira, 15 de setembro de 2003

A quem serve o desarmamento civil?

A passeata da Globo parece ter sido um sucesso. Digo "parece" porque há muitas coisas a serem consideradas. Primeiro, que o Fantástico de ontem mostrou apenas uma única imagem de helicóptero, privilegiando os planos fechado. Mais do que a predileção do editor, esta opção parece ter sido a única forma de nos fazer acreditar que havia mesmo 40.000 pessoas lá.

Digamos, porém, que havia. Neste caso, deve-se considerar, ainda, a vocação do Rio para promoções e eventos de qualquer espécie. Abençoado com uma natureza privilegiada, o carioca vive na rua - daí a interromper o jogging, a praia ou a caminhada para " ver que ajuntamento de gente é aquele ali na esquina " é só um passo. Se o evento contar com participação de atores globais, então, nem se fala!

Deve-se considerar também aquela esperança, sempre acalentada pelos cariocas - e amplamente explorada nos dias que antecederam à passeata -, de aparecer na novela das oito.

Imbecilidades deste tipo podem nos custar caro

Todo este barulho em torno do desarmamento não responde a uma questão crucial: quem vai desarmar os marginais?

Fique claro que o desarmamento não vai fazer a polícia subir os morros e tomar as armas aos traficantes - que constituem o real problema dos cariocas. Se uma ação desta monta não é possível com a legislação vigente, não o será com novas leis.

O fato é que o propagado desarmamento teria efeito somente sobre o cidadão civil - que se tornaria totalmente indefeso ante uma criminalidade que o estado não consegue controlar.

Logo, devemos começar a nos perguntara a quem serve esta campanha de desarmamento. Devemos, principalmente, relevar as opiniões advindas de parentes de vítimas. Fragilizadas, sem condições de avaliar racionalmente a questão, estas pessoas estão sendo usadas para defender um projeto cujos objetivos se mantém obscuros.

sábado, 13 de setembro de 2003

Vaidade Perigosa

Do jeito que o governo Lula tem se mostrado ansioso por conquistar alguma projeção mundial - hoje apostando,

inclusive, na remota hipótese de que o Lula venha a ser contemplado com o Nobel da Paz- , provavelmente

vão oferecer asilo a Arafat.

Sugiro às pessoas sensatas que comecem a sondar amigos, parentes e conhecidos para realizarmos uma grande passeata

nacional de repúdio a esta iniciativa.

Não podemos permitir que, pela evidente insensatez do atual governo, nosso país se transforme em foco deste

conflito. E nem que a América Latina siga com a péssima fama de abrigar figuras políticas nada recomendáveis, como já ocorreu no caso dos nazistas.

quinta-feira, 11 de setembro de 2003

11 de setembro, dois anos depois.

Dois anos depois, o pior ataque de terrorista da história ocidental continua suscitando inúmeras discussões. E, por incrível que pareça, não falta quem busque "justificativas" para o ocorrido - uma postura pseudo-esclarecida que oculta, na verdade, um anti-americanismo ignorante.

Muitos falam que foi uma "resposta" à política externa dos EUA, sempre bedelhuda. Estes esquecem que, naquele momento,

os EUA estavam visivelmente numa política de voltar-se totalmente para si mesmos: estavam reintegrando suas tropas

aos território americano e negociando a desativação de muitas bases no exterior. Do que se conclui que se "resposta" houve, foi

uma "resposta" ante à "não ação" por parte dos EUA.

Daí se deprende que os EUA têm, como ocorre a todos os líderes, uma espada sobre sua cabeça: se agir, é mal visto..se não agir também é. Como dizia a máxima: é impossível agradar a gregos e troianos.

Por outro lado, não faltam aqueles que, no calor da dicussão, perguntam por qual motivo este ataque não teve por alvo uma potência européia. Esta é fácil de responder: desde o final da II Guerra Mundial a Europa permitiu que os EUA se tornassem a "polícia do mundo", reservando para si mesma um perfil mais "humanista". Tal atitude teve um motivo bem prático,

de ordem geopolítica: os EUA estão, estrategicamente, mais longe...em outro continente. A Europa está muito

próxima aos "flancos" orientais - e, para a visão da época, era muito mais suscetível a um ataque nuclear por parte

da Rússia.

Pensemos um pouco: será que países poderosos como a França, a Alemanha e a Inglaterra, após se recuperarem da II Guerra - o que ocorreu rapidamente - permitiriam que os EUA se tornassem uma potência se isto não servisse à Europa?

Logo, a resposta é simples: a Europa não foi o alvo de um atentado nas proporções do 11 de setembro porque vem sustentando, nas últimas cinco décadas, uma política de tolerância - política esta, viável apenas porque outro país assumiu a posição de "polícia".

Provavelmente foi isto o que Bush cobrou de Blair no dia 12 de setembro de 2001 - "hora de sair da maciota, amigo". Isto explica o fato de Blair, mesmo sob pena de acabar com sua carreira política, ter comprado a briga também.

Qualquer meio-entendedor sabe olhar para um quadro destes e perceber que se trata de "briga de cachorro grande"

- e que nós, não tínhamos - como não temos até agora - nada a ganhar emitindo opiniões oficiais sobre este tema.

Muito menos para fomentar um anti-americanismo hipócrita, que só serve como plataforma

eleitoral para convencer a sempre mal-informada massa de manobra.

Às vezes, a geografia é também destino.

Ser vizinhos dos EUA nos garantiu, logo após a proclamação de nossa independência, a defesa contra a Restauração - movimento dos países europeus para retomar suas colônias no continente americano.

Depois nos impôs uma série de dependências, é verdade.

Mas jamais devemos esquecer que a roda da história gira, por vezes, em velocidade vertiginosa.

O nosso "irmão do norte" é sim bastante bedelhudo e bélico. Mas não hesitaria em vir em nossa defesa, caso

precisássemos. O que, em virtude das naturais riquezas brasileiras - e da forma insidiosa como hoje trabalham, através de suas ONGS, algumas potenciais européias - é bastante tranqüilizador..

Aos que ainda não se renderam, resta fazer uma última pergunta: o que Bin Laden faria se tivesse o poder de Bush?

sexta-feira, 5 de setembro de 2003

A nau tem comandante!

O aviso do Lula me fez estremecer. Naus e comandantes não são, exatamente, uma referência de sucesso para este país. Apesar de ainda se discutir muito o caso, parece o Brasil deve sua descoberta à jocosa inépcia de um comandante - também ele inexperiente - a bordo de uma nau. Foi quase um vaticínio: quinhentos anos depois, lá estava ela - a nau! - pronta a naufragar. O que ninguém ainda parece ter entendido é que não basta ter comandante...é preciso saber onde está o leme

quarta-feira, 2 de julho de 2003

H.H.

Depois de quatro meses afastada, volto a escrever.

Juro que não queria voltar com ela na pauta, mas...fazer o quê? Heloisa Helena está amaeçada de ser expelida do PT.

Sinceramente, eu prefiro que não façam isso.

Nada a ver com política - ou com o fato do PT estar promovendo uma inquisição digna da antiga ARENA. Acontece que a decisão vai render muito pano-pra-manga....e aquele estilo crente-cabelão vai continuar freqüentando a mídia.

segunda-feira, 17 de março de 2003

Nobel para Saddam

Tio Saddam está deixando de realizar uma cartada de mestre: a renúncia poderia ser seu grande tapa de luva...Sua forma elegante, irônica e humanitária de desmantelar o bilionário plano bélico de Bush. De quebra, Tio Saddam seria sério candidato ao Nobel do ano que vem.

Se não renuncia, é porque faz parte daquele raro grupo de homens que preferem a carnificina de seus semelhantes à perda do amor-próprio. Dá prioridade ao orgulho muçulmano em detrimento da vida de milhares de homens, mulheres e crianças iraquianas. Nem pensar em ter sua honra "manchada" pelo estigma da desistência. Prefere, antes, sacrificar seus inocentes conterrâneos.

Alguém deveria tomar providências contra homens deste tipo.

Um momento...telefone.

Um amigo ligou para avisar que Estados Unidos e Iglaterra estão justamente tentando tomar as devidas providências. Acontece que estão sendo impedidos por outros candidatos ao Nobel da Paz.

Fazer o quê?

São ossos da vaidade.

sexta-feira, 14 de março de 2003

Atrás do escudo

Do ponto de vista psicológico, não sei se existe muita diferença entre os "homens-bomba" e este pessoal que está indo ao Iraque servir de "escudo humano". Para falar a verdade, acho que os últimos são mais sadomasoquistas que os primeiros. O "homem-bomba" decide "quando" e "onde". Já o "escudo humano" se dispõe à ficar em suspenso, aguardando uma bomba que ele não sabe se cai - ou quando cai.

É claro que os "escudos" estão lá para defender vidas - e não tirá-las. De fato, daria até para desenvolver uma teoria metafísica, a partir da qual defenderíamos a geração espontânea dos "escudos" com base na lei da polaridade: a existência de suicidas no "lado escuro da força" acabou impulsionando o surgimento de sua contraparte pacífica.

E não há dúvidas de que o princípio que move estas duas polaridades é o mesmo: a crença de que vale à pena morrer por uma boa causa. Não morrer anonimamente, como parte de um numeroso exército mas - repare, leitor - morrer com direito à glórias e recompensas.

É de conhecimento público que as famílias dos "homens-bomba" são generosamente recompensadas. Já ninguém parece estar prestando muita atenção na quantidade de políticos, assessores de políticos e jornalistas no contingente de "escudos". Ninguém parece ter reparado que este pessoal sempre dá um jeitinho de avisar a imprensa de sua partida ao Iraque. Isto tem garantido alguns louros antecipados, que incluem tanto as entrevistas às vésperas da viagem como a certeza de que no mínimo a mídia paroquial vai acompanhar a saga do sujeito em terras de "Tio Saddam".

Obviamente - e ao contrário do que ocorre com o terrorista - o "escudo" só receberá sua recompensa se sobreviver: jornalistas anônimos serão transformados, do dia para a noite, em "correspondentes de guerra"; políticos receberão votos; assessores de políticos poderão almejar uma candidatura baseada na fama súbita. Se a recompensa ao terrorista está diretamente ligada ao êxito operação, aos "escudos" não importa muito o resultado da coisa: rolando ou não a guerra, eles só precisam sobreviver para desfrutar do prêmio.

Em ambos os casos, a conclusão é que não se trata uma atitude altruísta, impulsionada por amor a uma causa. A suposta causa é apenas o meio pelo qual se atinge alguns fins de ordem bem pessoal. E é fato que a História deu um nome para homens que, diante de uma situação bélica, arriscavam a vida em prol de garantir benefícios pessoais. Chamava-os mercenários.