quarta-feira, 31 de agosto de 2005

Oh, céus...fui observada.

Dizem por aí que eu sou conservadora.

Quem me dera.

Nas últimas décadas, a vida dos conservadores que vivem abaixo da linha do Equador tem sido um mar de rosas. Basta que o sujeito trabalhe pela manutenção do pensamento hegemônico de esquerda para garantir um lugarzinho ao sol. Das bolsas de fomento nas universidades, passando por cobiçados espaços jornalísticos - e incluindo postos tão pomposos quanto o de conselheiro presidencial - os conservadores do pensamento socialista só se dão bem.

Também não é ruim a situação dos revolucionários de direita. Embora contem com menos apoio por parte dos mass midia, alguns deles conseguem furar o bloqueio ideológico, conquistando modestos espaços onde podem dar voz aos seus mais acalentados desejos - a saber, a quebra do monolítico discurso de esquerda, que tornou-se hegemônico desde a queda das ditaduras na América Latina.

E é através desta dicotômica lente que nossa afoita e observadora imprensa analisa o embate - embora, é claro, sem jamais arriscar-se a desafiar o establishment para redefenir os papeis de cada jogador no tabuleiro, como nós aqui ousamos fazer.

Difícil mesmo, nos dias de hoje, é ser um cão sem coleira. Complicado é sustentar um discurso que não se encaixe nos modelões propostos por quem domina o cenário intelectual. Perigoso é aprovar determinadas idéias sem importar-se com a origem das mesmas - mas na convicção sincera de que elas são boas.

Quando não é condenado ao ostracismo, quem assim age acaba ganhando um rótulo que atenda à essa linguagem binária - que satisfaça o apetite de um discurso fácil e polarizado, passível de ser digerido pelo vulgo letrado.

Não me espanta, pois, que digam por aí que eu sou conservadora.

Me espanta mais é que não tenham qualquer constrangimento em expor assim, sem cerimônia, suas próprias limitações.

terça-feira, 30 de agosto de 2005

Militância petista: mais corrupta que a cúpula?

Estou, há uns dois meses, esperando que a militância petista vá às ruas exigir uma limpeza ética no partido que ajudou a construir. Não ouso nem mesmo falar de governo e mensalão. Fiquemos apenas na esfera partidária: para quem é sério, os crimes confessos de Silvio Pereira, Delúbio Soares e José Genoíno são suficientes para embrulhar o estômago. Deveriam ser suficientes para que a militância exigisse rapidez na punição dos envolvidos.

Se a militância petista fosse séria, neste exato momento, os diretórios do PT seriam alvo de manifestações e protestos. Se fossem pessoas íntegras, os militantes do Partido dos Trabalhadores, estariam fazendo muito barulho às portas dos diretórios, exigindo que as normas partidárias fossem desconsideradas em prol de uma verdadeira faxina naquela legenda.

Mas o que estamos assistindo é a total apatia. Nada parecido com a paixão política que os levava às ruas, empunhando a bandeira do PT, para induzir o eleitor indeciso a votar no "único partido ético deste país". Não encontrei, ainda, um único militante petista indignado com o seu partido. Até agora, só vi militantes petistas dirigindo sua energia para desqualificar indícios, acusações e testemunhas. E, a grande maioria dos que encontro, continua pedindo "provas" - como se o afastamento voluntário da alta cúpula não fosse, por si só, a confirmação de que algo muito podre está acontecendo.

Depois de 25 anos, a militância petista está nu em praça pública. E é assim, com as vergonhas à mostra, que revela aquilo que os mais esclarecidos já adivinhavam: é uma militância alienada, desprovida de qualquer senso crítico, e que mantém uma humilhante relação de servidão para com o partido.

Por conta desta falta de integridade política, a militância petista acaba de perder o bonde de história.

A sociedade civil, sem bandeira partidária, começa a organizar passeatas - as primeiras, a serem realizadas em 07 de setembro.

Pedimos, por gentileza, que os petistas não compareçam.

Este é um movimento para quem tem vergonha na cara.

segunda-feira, 29 de agosto de 2005

O Emir que o Brasil dispensa.

"Obrigado por realimentar no povo

e na esquerda o ódio à burguesia."

(Emir Sader)

Príncipe do discurso maniqueísta, sempre à postos para defender o PT - não importando qual seja o caso ou a corrupção do dia -, Emir Sader desferiu um dos golpes mais baixos que já se viu no colunismo brasileiro. Em seu último artigo à Carta Maior, o filósofo predileto da cleptocracia instalada no governo federal, isola uma declaração do senador Jorge Bornhausen a fim de contextualizá-la ao sabor de seus objetivos mais espúrios.

E o objetivo de Emir Sader é claro, amigos: quer desencadear aquela acalentada luta de classes. Aquela luta de classes raivosa, que jamais encontrou ambiência no Brasil - e que agora, na visão do nosso mais sádico emir, deve ser desencadeada a fim de que a quadrilha petista seja mantida no poder.

Vendo nas atuais denúncias de corrupção aquilo que todo o brasileiro meramente esclarecido vê - que o PT e seu desgoverno estão politicamente acabados -, o senador Bornhausen declarou: "A gente vai se ver livre desta raça por, pelo menos, 30 anos".

"Desta raça".

Força de expressão absolutamente comum, absolutamente compreensível para aqueles que não estejam empenhados em desencadear o ódio e a convulsão social. "Esta raça",enquanto grupo de pessoas que se dedica à mesma atividade - a "raça dos bombeiros", como tão bem exemplifica o Houaiss. "Desta raça" - tratemos de traduzir para o nosso raso filósofo - significa apenas: "esta raça de ladrões"..."esta raça esquerdista, que levou os piores vícios do sindicalismo corrupto aos corredores do Palácio do Planalto.

Qualquer criança entende isso. E Emir Sader também entendeu.

Contudo, em franco desespero, desprovido de argumentos que lhe sirvam para defender àqueles a quem sempre empenhou sua paixão política - e incapaz da silenciosa humildade intelectual sugerida por Marilena Chauí -, Sader meteu os pés pelas mãos.

Por conta deste destempero, Bornhausen é chamado de "banqueiro racista". Pefelistas e tucanos são acusado de compor a "casa grande da política brasileira". São, aliás, como os "amigos de FHC", todos de direita. E a totalidade dos que não estiverem a favor do atual governo será, em breve "colocada no lugar que merece - a famosa lata de lixo da história". Declarando que odeia Jorge Bornhausen - e que acredita não estar sozinho nisso - , Sader se despede com uma frase que envergonha toda a história da filosofia ocidental: Obrigado por realimentar no povo e na esquerda o ódio à burguesia.

Maniqueísmo barato, descontextualização de um discurso para manipulação política e preconceito social elevado à última potência. Nada de novo quando se trata do malabarismo ideológico de esquerda que viceja no meio político estudantil. A novidade é que um professor universitário, filósofo renomado, não tenha vergonha de assumir publicamente tão pueril discurso.

Sr. Sader...Vá ao dicionário do Houaiss e consulte o verbete "raça". Estou certa de que o sr. encontrará ali algum esclarecimento.

Em seguida, escreva um novo artigo. Comece pedindo desculpas pela sua ignorância. O Brasil não precisa dela. O Brasil, aliás, não precisa de Emir Sader.

sexta-feira, 26 de agosto de 2005

E como vamos?

O Banco do Brasil está dificultando a vida da CPI dos correios - pelo menos é o que o Delcídio Amaral vai reclamar ao Palocci, em reunião agendada para a manhã de hoje. Estaria o Banco do Brasil facilitando a vida do Bando do Brasil?

Mas a principal pergunta, nesta manhã de sexta-feira, é se vão cassar só o Roberto Jefferson. Se for assim, sugiro o povo na rua. Todos de cueca vermelha por cima das calças. Só uma mensagem visual desta natureza pode nos garantir que a imprensa não irá desvirtuar o motivo da mobilização: protesto enfático e definitivo contra a ClePTocracia instaurada neste país.

E se eu fosse você, iria correndo lá no Carrasco para ler uma entrevista do torneiro messiânico à finada revista O Cruzeiro. Creio que nunca, na hiftória defte paíf, se viu uma coleção tão admirável de mentiras.

quarta-feira, 24 de agosto de 2005

Heloisa Helena fará comício na Daslu.

Pelo menos é isso que o Carl Amorim constatou a partir da última pesquisa Ibope. Segundo o Carl, a grande maioria que ajuda a senadora a aparecer com 5% na campanha presidencial tem estudo superior, renda acima de 10 salários mínimos e vive nas capitais do Sudeste brasileiro. Portanto, nada dos famosos "excluídos".

terça-feira, 23 de agosto de 2005

Roda-Morta

Triste espetáculo a entrevista de Tarso Genro no Roda-Viva de ontem.

Durante os dois primeiros blocos, o atual presidente do PT se dedicou a criticar a atual política econômica. Disse que, na sua opinião, o governo deverá fazer - nos próximos meses ou "após a reeleição de 2006" - uma correção de rota que permita maior crescimento e distribuição de renda.

E os jornalistas alí, boquiabertos com o fato do presidente do PT achar que tem moral para planejar um próximo governo Lula.

E se preparem, viu? Se preparem porque, quando questionado sobre os efeitos da atual crise sobre os destinos do partido, Genro disse que a situação do PT não era diferente daquela pela qual passara o PSOE espanhol.

Para quem não lembra: o PSOE, após quase 14 anos de governo, enxovalhado por inúmeras denúncias de corrupção, foi defenestrado do poder em 1996. Perdeu feio também em 2000. E perderia em 2004, se o atentado terrorista de 11 de março não tivesse mudado radicalmente o cenário político espanhol.

segunda-feira, 22 de agosto de 2005

paloma.jpg

"Eu procurei o pessoal do Lula e pedi para vir aqui fazer esse depoimento. Para dizer o quanto eu estou chocada com o uso do terrorismo, com o uso do medo numa campanha para presidente da República do meu país."

(Paloma Duarte - Outubro de 2002)

E agora, pombinha? Você virá a público dizer que está chocada com a quadrilha que ajudou a eleger? Pedirá desculpas ao povo brasileiro por tê-lo induzido a votar mal?

domingo, 21 de agosto de 2005

Esclarecendo algumas coisas.

Os últimos posts suscitaram uma série de comentários e e-mails que sugerem que estou apoiando uma provável candidatura de José Serra em 2006.

Não se apressem, crianças.

Nem Serra já é candidato, nem eu entrei em ritmo de campanha presidencial.

Se eu vivesse em São Paulo, também não gostaria de perder um prefeito como José Serra. Mas, se ele se mostrar o melhor candidato para derrotar Lula eu, como brasileira, apoio sua saída de lá. E podem me chamar de louca, desinformada ou coisa que o valha: até segunda ordem, continuo pensando que a melhor chapa incluiria Serra e Ackmin. Aliás, na sexta já havia um zum-zum-zum em Brasília que vai ao encontro do que penso: PFL e PMDB estariam articulando uma chapa própria.

Não quero fazer jornalismo ( viu, Noblat?). Não tenho vontade nem talento para tanto. Meu objetivo sempre foi comentar o que acontece no mundo e no país, trocando idéias com pessoas que se interessam pelos mesmo temas. O fato é que, por motivos que me escapam totalmente, este blog caiu nas graças de pessoas atuantes no cenário político nacional. Embora não comentem aqui, estas pessoas têm prestigiado o Nariz Gelado com algumas informações confiáveis. Se porventura surgirem notícias de outros partidos e tendências, elas serão igualmente publicadas por este blog - que é, antes de tudo, um espaço democrático.

Defendo algumas bandeiras, sim. É só dar uma olhada nos links aí ao lado para perceber que sou a favor da democracia, do capitalismo e da liberdade de expressão. Sou contra o anti-americanismo e o desarmamento. Sou absolutamente conservadora quando de trata de recuperar o ensino nacional e combater o terrorismo - mas posso ser liberal com relação a muitos outros temas como, por exemplo, o aborto. Sou, acima de qualquer coisa, um ser em evolução. Daí minha complexidade. Daí porque, muitas vezes, fica complicado me encaixar em estereótipos de esquerda ou de direita. Encontro boas idéias em ambos os lados da moeda. E me dou ao direito de fazer a minha própria "ópera da italiana doida".

sexta-feira, 19 de agosto de 2005

Não sei como é que foi, só sei que foi assim.

Em nota publicada na manhã de hoje, com o título "Serra Topa Tudo", Ricardo Noblat sugeriu que José Serra teria se oferecido a Teotônio Vilela Filho para subtituir Fernando Henrique Cardoso em uma palestra que o ex-presidente cancelou, de última hora, em Maceió.

Pessoa próximas ao prefeito de São Paulo nos garantiram, agora há pouco, que houve o convite para uma palestra, de fato, mas que a data não chegou a ser agendada. Nem houve, pelo lado de José Serra, a oferta de substituir FH.

Tragédia Histórica

Desde o início da manhã, um incêncio está destruindo o belíssimo mercado público de Florianópolis. Até agora não há notícia de vítimas.Mas a estrutura corre risco de desabamento e explosões. É tocante o choro dos cidadãos que assistem as chamas consumindo parte importante da história da cidade - e ganha-pão de muitos pequenos comerciantes.

quinta-feira, 18 de agosto de 2005

Ao Delúbio, com carinho.

"Quem perde a honestidade não tem mais nada a perder".

John Lyly

"Marx escrevendo sobre dinheiro é como padre falando sobre sexo."

Paulo Francis

"Só pude salvar meu dinheiro quando acusei meus melhores amigos, os outros Beatles".

Paul McCartney

"Chega de homenagens! Eu quero o dinheiro."

Adoniran Barbosa

quarta-feira, 17 de agosto de 2005

Receita Cubana

Os participantes da manifestação de ontem receberam almoço da Churrascaria do Lago - um rodízio de classe média alta. Questionados sobre quem estava pagando a festa, os responsáveis informaram, primeiramente, que era "o partido". Devidamente apertados, disseram que "achavam que era o MST". Mais apertados, falaram que era "uma tal de Verusca do Rio e um Elmo de Brasília. " Leia a nota original lá no Vizinho do Jefferson.

A receita não é nova. Lá na ilha onde o tempo parou as manifestações são todas movidas a lanches. A novidade aqui é o luxo - totalmente em sintonia, vamos combinar, com as cifras que o partido governista movimenta em paraísos fiscais.

terça-feira, 16 de agosto de 2005

Pesquisa Corpo a Corpo

Visitando a ilha em função de um encontro do Instituto Teotônio Vilela, presidenciáveis aproveitaram um momento de descanso para um cafezinho no Shopping Beira-Mar. Sempre à postos, nosso Capitão tratou de flagrar momentos exclusivos de pura descontração. A considerar a animação da moçada com a presença dos dois tucanos mais cotados, 2006 tá no papo.

capitao02.jpg capitao03.jpg

Fotos: Capitão

segunda-feira, 15 de agosto de 2005

Sindicato dos Ladrões

entreatos.jpg

Clique na imagem acima e veja a quadrilha se esmerando no planejamento. Imperdível é o trecho em que il capo troca impressões com o cara da Land Rover.

Só não vomite a pipoca.

O brasileiro não resiste a um defunto.

Com todo o respeito à família de Miguel Arraes, taí uma coisa que deve ser dita.

Não sei se eu já tinho lido esta frase em algum lugar, mas ela insistiu em martelar meu cérebro durante todo o dia ontem, enquanto a imprensa fazia sua costumeira homenagem ao ilustre pernambucano.

Porque o fato inegável é que, nem bem se acomodou o cadáver no caixão, o brasileiro já se encontra a postos para realizar uma grande catarse coletiva. Do piloto de Fórmula 1 ao político, todos têm direito a esta demonstração nacional de dor que deixa em suspenso, por um bom par de dias, qualquer traço mais feio de humanidade que porventura se pudesse apontar no falecido.

O que me leva a outra frase incômoda: toda a solidariedade é desprovida de senso crítico.

Não estou falando de Miguel Arraes. Mesmo que eu não conhecesse a sua trajetória, fica impossível não gostar de alguém que nos legou Guel e Fafá de Belém. Estou falando de todos os defuntos célebres deste país - e do poder oculto, quase místico, que eles exercem sobre a memória nacional. Estou falando de defuntos ainda não totalmente consumados - como aquele que foi aplaudido no velório de ontem. Estou falando de defuntos ressuscitados - como aquele outro, que apareceu no Fantástico para nos assombrar.

domingo, 14 de agosto de 2005

Mormaço.

Mormaço.

Finais de semana costumam ser politicamente mais calmos - principalmente agora que as grandes revistas circulam, na internet, desde a madrugada de sábado. Mas este esteve estranhamente calmo. Talvez seja a ressaca de uma semana absolutamente maluca. Vai ver estão todos tomando fôlego.

Dentre os temas mais significativos a animar o nosso sábado, temos a matéria da Veja sobre Toninho da Barcelona. Dentre os mais intrigantes, uma entrevista no Fantástico com Fernando Collor - que promete revelar mistérios a respeito de uma determinada "cena". Nada, porém, que lembre a agitação das últimas 72 horas.

Contudo, é uma calmaria densa essa de hoje. Está mais para aquele mormaço que antecede as grandes tempestades.

Como se diz lá na minha terra, "o ar está tão pesado que dá pra cortar com a faca".

sábado, 13 de agosto de 2005

Para meninas

carlossampaio.jpg

Nem o suposto "charme pantaneiro" de Delcídio Amaral - seja lá o que for isso -, nem o jeito mauricinho de Toninho Malvadeza Neto.

Indo na contramão da grande mídia, elegemos o deputado Carlos Sampaio como a cocadinha da CPMI dos Correios. Cocada, meninas, tem que ter consistência e crocância. Coisa que o promotor, hoje deputado, tem de sobra: não se desmancha em discursos pífios...e sempre, sempre pergunta objetivamente.

sexta-feira, 12 de agosto de 2005

Manhã Agitada

A manhã foi agitada na casa do publicitário Marcos Valério. Pouco antes das 11 horas, um número considerável de visitantes foi chegando, aos poucos, à residência que Renilda disse preservar "só para a família". Muitos vieram em grupos, outros sozinhos - dentre eles, estavam a diretora financeira Simone Vasconcelos e seu esposo. Cerca de uma hora depois o grupo - em torno de umas vinte pessoas -, retirou-se em comboio.

Do Coronel

Nesta manhã, enquanto passava geléia no pão, Pernas de Fogo - vulgo Coronel -, vaticinou:

- Lula jamais aceitará uma acareação.
- Por que?
- Ué..vai dizer que acaba de concluir um tratamento dentário!

Entre erros e lágrimas.

Não era teaser. Duda Mendonça chutou mesmo o balde. Não inovou no estilo, já que lágrimas e voz embargada têm sido a marca desta crise. Mas, ao que tudo indica, abriu as janelas para uma boa lufada de sinceridade. Se eu tivesse a veia investigativa do Spyk, saberia que uma matéria publicada no Estado de Minas estava obrigando o publicitário a posicionar-se com urgência.

Não está errado, pois, o truculento deputado Arnaldo Faria de Sá, quando atribui a iniciativa de Duda a uma estratégia de marketing pessoal. Não significa dizer que Duda mentiu - e sim reconhecer que, enquanto especialista da área, ele identificou o momento exato de falar. Se mentiu ou omitiu, logo saberemos.

Reconheço, sem lágrimas, meu erro de cálculo. Não se pode dizer o mesmo da senadora Ideli, que foi vista choramingando pelos corredores da câmara ontem à tarde. Diferentemente dos prantos demagógicos que temos assistido, o dela era sincero. A fidelidade canina com que vinha defendendo o governo e o partido vai lhe custar caro.

Em casa com Valério.

A manhã foi agitada na casa do publicitário Marcos Valério. Pouco antes das 11 horas, um número considerável de visitantes foi chegando, aos poucos, à residência que Renilda disse preservar "só para a família". Muitos vieram em grupos, outros sozinhos - dentre eles, estavam a diretora financeira Simone Vasconcelos e seu esposo. Cerca de uma hora depois o grupo - em torno de umas vinte pessoas - retirou-se em comboio.

Entre erros e lágrimas.

Não era teaser. Duda Mendonça chutou mesmo o balde. Não inovou no estilo, já que lágrimas e voz embargada têm sido a marca desta crise. Mas, ao que tudo indica, abriu as janelas para uma boa lufada de sinceridade. Se eu tivesse a veia investigativa do Spyk, saberia que uma matéria publicada no Estado de Minas estava obrigando o publicitário a posicionar-se com urgência.

Não está errado, pois, o truculento deputado Arnaldo Faria de Sá, quando atribui a iniciativa de Duda a uma estratégia de marketing pessoal. Não significa dizer que Duda mentiu - e sim reconhecer que, enquanto especialista da área, ele identificou o momento exato de falar. Se mentiu ou omitiu, logo saberemos.

Reconheço pois, sem lágrimas, meu erro de cálculo.

Não se pode dizer o mesmo da senadora Ideli, que foi vista choramingando pelos corredores da câmara ontem à tarde. Diferentemente dos prantos demagógicos que temos assistido, o dela era sincero. A fidelidade canina com que vinha defendendo o governo e o partido vai lhe custar caro.

quinta-feira, 11 de agosto de 2005

Teaser

Li, aqui e aqui, que Duda Mendonça ameaça aparecer no depoimento de sua sócia, Zilmar Fernandes da Silveira, para contar tudo o que fez com o dinheiro recebido das empresas de Marcos Valério.

A notícia começou a rolar ontem à noite, enquanto o arauto maior do governo Lula prestava depoimento na Polícia Federal. Eu não conheço o Duda Mendonça. Mas conheço alguns publicitários. E posso até apostar que ele não vai aparecer.

A notinha - propositalmente plantada por sua assessoria de imprensa - não passa de um teaser. Um teaser, como bem sabem os publicitários, é um anunciozinho relâmpago, que antecipa o lançamento de um produto sem nada dizer especificamente - mas causando uma expectativa considerável. O teaser do Duda é claro, e tem um público alvo bem definido: é uma última ameaça a quem, ele presume, poderia tirá-lo de maiores embaraços.

Saberemos, dentro das próximas doze ou quatorze horas, se estou enganada.

Teaser

Li, aqui e aqui, que Duda Mendonça ameaça aparecer no depoimento de sua sócia, Zilmar Fernandes da Silveira, para contar tudo o que fez com o dinheiro recebido das empresas de Marcos Valério.

A notícia começou a rolar ontem à noite, enquanto o arauto maior do governo Lula prestava depoimento na Polícia Federal.

Eu não conheço o Duda Mendonça.

Mas conheço alguns publicitários. E posso até apostar que ele não vai aparecer.

A notinha - propositalmente plantada por sua assessoria de imprensa - não passa de um teaser. Um teaser, como bem sabem os publicitários, é um anunciozinho relâmpago, que antecipa o lançamento de um produto sem nada dizer especificamente - mas causando uma expectativa considerável.

O teaser do Duda é claro, e tem um público alvo bem definido: é uma última ameaça a quem, ele presume, poderia tirá-lo de maiores embaraços.

Saberemos, dentro das próximas doze ou quatorze horas, se estou enganada.

segunda-feira, 8 de agosto de 2005

Como Chegamos Aqui?

Não pense o leitor que chegamos assim, sem mais nem menos, nesta coisa "dazelite". Nada disso. Muito antes de o torneiro mecânico chegar aos pícaros do poder nacional...Muito antes do Domingão do Faustão, da Caras ou da Daslu, reinava solitária ela, a Academia.

Nasceu tímida, quase minguada, a tadinha. Mas, sob os auspícios de papai Marxismo e mamãe Ditadura, tornou-se robusta a moçoila. Puxou à mãe na estrutura - grandalhona e dada a hierarquias. Mas o coração é do pai, sempre e eternamente dele.

Já grandinha, Academia colecionou amantes parecidos com papai: trotskistas, leninistas, anarquistas - um sem fim de sujeitinhos mal barbeados, que insistiam em arrastá-la aos botecos mais fétidos, onde a cerveja era gelada e o pastel duvidoso. Jamais deu qualquer chance a quem ousasse contrapor as convicções de seu coração. "Ah não, isso é elitismo!" - exclamava fazendo beicinho.

Balançou um pouco, é verdade, quando um tal Feyerabend atirou-lhe na cara a irracionalidade de seus ritos e o comprometimento de suas inexatas certezas. Mas ela, que a tudo distorce em favor de papai, não agiu diferente com Feye: quando não conseguiu ignorá-lo, tomou seu anarquismo científico por político. Faria algo parecido com Foucault a quem, não podendo refutar, atribuiu um antimarxismo de ocasião, dirigido especificamente à vertente stalinista do Partido Comunista Francês.

Já balzaquiana, nossa Academia jamais abandonou o discurso da luta de classes, a saga do proletariado, a odisséia dos vencidos. Jamais deixou de vociferar contra a Elite - esta meretriz maldita, que vive num castelo de ouro em cujas escadarias escorre o sangue de todos os explorados pelo sistema.

Até hoje, quem quiser dialogar com Academia, terá que submeter-se aos seus medíocres caprichos. Abençoados são os que estudam as prostitutas de Pindobaçu na década 40. Execrados, todos aqueles que não se propuserem a falar de um grupo qualquer de excluídos.

É assim, amigos, que chegamos aqui. Por força e obra de nossa Academia. A mesma que colocou o torneiro mecânico lá - e o ensinou, embora com problemas de dicção, a odiar as elites. A mesma cretina Academia que agora vai, atarantada, aos programas de TV para tentar explicar a burrada que fez.

Como chegamos aqui?

Não pense o leitor que chegamos assim, sem mais nem menos, nesta coisa "dazelite".

Nada disso.

Muito antes de o torneiro mecânico chegar aos pícaros do poder nacional...Muito antes do Domingão do Faustão, da Caras ou da Daslu, reinava solitária ela, a Academia.

Nasceu tímida, quase minguada, a tadinha. Mas, sob os auspícios de papai Marxismo e mamãe Ditadura, tornou-se robusta a moçoila. Puxou à mãe na estrutura - grandalhona e dada a hierarquias. Mas o coração é do pai, sempre e eternamente dele.

Já grandinha, Academia colecionou amantes parecidos com papai: trotskistas, leninistas, anarquistas - um sem fim de sujeitinhos mal barbeados, que insistiam em arrastá-la aos botecos mais fétidos, onde a cerveja era gelada e o pastel duvidoso.

Jamais deu qualquer chance a quem ousasse contrapor as convicções de seu coração. "Ah não, isso é elitismo!" - exclamava fazendo beicinho.

Balançou um pouco, é verdade, quando um tal Feyerabend atirou-lhe na cara a irracionalidade de seus ritos e o comprometimento de suas inexatas certezas. Mas ela, que a tudo distorce em favor de papai, não agiu diferente com Feye: quando não conseguiu ignorá-lo, tomou seu anarquismo científico por político. Faria algo parecido com Foucault a quem, não podendo refutar, atribuiu um antimarxismo de ocasião, dirigido especificamente à vertente stalinista do Partido Comunista Francês.

Já balzaquiana, nossa Academia jamais abandonou o discurso da luta de classes, a saga do proletariado, a odisséia dos vencidos. Jamais deixou de vociferar contra a Elite - esta meretriz maldita, que vive num castelo de ouro em cujas escadarias escorre o sangue de todos os explorados pelo sistema.

Até hoje, quem quiser dialogar com Academia, terá que submeter-se aos seus medíocres caprichos. Abençoados são os que estudam as prostitutas de Pindobaçu na década 40. Execrados, todos aqueles que não se propuserem a falar de um grupo qualquer de excluídos.

É assim, amigos, que chegamos aqui. Por força e obra de nossa Academia.

A mesma que colocou o torneiro mecânico lá - e o ensinou, embora com problemas de dicção, a odiar as elites. A mesma cretina Academia que agora vai, atarantada, aos programas de TV para tentar explicar a burrada que fez.

sábado, 6 de agosto de 2005

Anda louco para ir à Brasília distribuir bofetadas?

Vá virtualmente.

Participe da Caminhada Virtual Rumo a Brasília - campanha que pretende mostrar ao planalto central como anda o humor dos internautas. São necessárias 506 mil pessoas cadastradas para chegar lá.

Ontem eu pensei que a idéia era do Carrasco. Mas ele avisou que não é.

Então, não sei quem é o autor da coisa...mas gosto dela mesmo assim.

Anda louco para ir à Brasília distribuir bofetadas?

Vá virtualmente. Participe da Caminhada Virtual Rumo a Brasília - campanha que pretende mostrar ao planalto central como anda o humor dos internautas. São necessárias 506 mil pessoas cadastradas para chegar lá. Ontem eu pensei que a idéia era do Carrasco. Mas ele avisou que não é. Então, não sei quem é o autor da coisa...mas gosto dela mesmo assim.

Antes do século XIX...

"(...) o idiota era apenas o idiota e como tal se comportava. E o primeiro a saber-se idiota era o próprio idiota. Não tinha ilusões. Julgando-se um inepto nato e hereditário, jamais se atreveu a mover uma palha, ou a tirar uma cadeira do lugar. Em 50, 100 ou 200 mil anos, nunca um idiota ousou questionar os valores da vida. Simplesmente, não pensava. Os 'melhores' pensavam por ele, sentiam por ele, decidiam por ele. Deve-se a Marx o formidável despertar dos idiotas. Estes descobriram que são em maior número e sentiram a embriaguez da onipotência numérica. E, então, aquele sujeito que, há 500 mil anos, limitava-se a babar na gravata, passou a existir socialmente, economicamente, politicamente, culturalmente etc. Houve, em toda parte, a explosão triunfal dos idiotas."

Nélson Rodrigues, Flor de obsessão

Antes do século XIX...

"(...) o idiota era apenas o idiota e como tal se comportava. E o primeiro a saber-se idiota era o próprio idiota. Não tinha ilusões. Julgando-se um inepto nato e hereditário, jamais se atreveu a mover uma palha, ou a tirar uma cadeira do lugar.

Em 50, 100 ou 200 mil anos, nunca um idiota ousou questionar os valores da vida. Simplesmente, não pensava. Os 'melhores' pensavam por ele, sentiam por ele, decidiam por ele.

Deve-se a Marx o formidável despertar dos idiotas. Estes descobriram que são em maior número e sentiram a embriaguez da onipotência numérica. E, então, aquele sujeito que, há 500 mil anos, limitava-se a babar na gravata, passou a existir socialmente, economicamente, politicamente, culturalmente etc. Houve, em toda parte, a explosão triunfal dos idiotas."

Nélson Rodrigues, Flor de obsessão

sexta-feira, 5 de agosto de 2005

Blog de Primeiro Mundo

Estou de olho no Blog do Spyk desde que inaugurou.

Alguma coisa me dizia que ali habitava um blogueiro singular. Pois esta sensação - chamem de instinto feminino, se quiserem - foi confirmada hoje. Mostrando que não perde em nada para os seus pares norteamericanos, Spike acabou furando a grande imprensa: vá até lá e leia a agenda da visita de Zé Dirceu à Portugal.

Fato inconteste: Zé Maligno participou de jantar com os presidentes do Banco Espírito e da Portugal Telecom.

quinta-feira, 4 de agosto de 2005

Noblat Voltou

Os comments do Noblat voltaram a funcionar plenamente.

Como bem lembrou o Sombra, corra e garanta seu nick.

quarta-feira, 3 de agosto de 2005

De volta à Portugal.


Se confirmada a notícia do jornal Expresso, de que o ministro de Obras Públicas português recebeu Marcos Valério como representante do governo Brasileiro, um círculo atávico e secular terá chegado ao fim.

Não é novidade que a confusão entre o público e o privado - tão característica da política brasileira - é uma herança lusitana.

Antes que o leitor comece a se ofender, vou adiantando que isso é largamente aceito pelos historiadores brasileiros: a corrida naval portuguesa - que resultaria, dentre inúmeras conseqüências, na descoberta do Brasil - é, até hoje, um grande mistério em termos da natureza de seu investimento. Não se sabe, até hoje, quem foi o investidor majoritário: se o Estado ou a iniciativa privada.

Nada mais natural, portanto, que a atual crise acabasse, num movimento circular histórico, nos levando de volta a Portugal. Vale lembrar que esta crise traz em sua essência uma relação promíscua entre Estado, partidos políticos e interesses privados - e é a quebra de limites entre essas instâncias o que mais escandaliza.

Logo, se for comprovado que Marcos Valério apresentou-se em Portugal como representante do governo brasileiro, Renato Russo será elevado à categoria de um profeta incerto. Incerto porque errou o alvo, acreditando que nossa miséria moral tinha origem nos EUA. Mas ainda assim profeta, já que previu o dia em que devolveríamos esta miséria à sua origem: Mas agora chegou nossa vez, vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês - cantava ele, em meados dos anos 80.

O Duelo que não aconteceu

Eu avisei que Zé Maligno não gosta de - e não sabe - falar. Mas imaginei que, tendo se afastado do governo para "peparar sua defesa", nos ofereceria alguma diversão. O que vimos, contudo, foi um mentiroso comum, desprovido de qualquer charme ou brilhantismo. Sem adversário à altura, Roberto Jefferson apagou-se.

terça-feira, 2 de agosto de 2005

"Portanto, vamos deixar bem claro: todo mundo que votou em Costa Neto pode até ser inocente, mas está sob suspeição."

Clovis Rossi, na Folha de São Paulo hoje.

segunda-feira, 1 de agosto de 2005

A voz e a palavra.

O frisson pelo duelo entre Homem Bomba e Zé Maligno está levando para o segundo plano as expectativas de que o depoimento do segundo possa resultar em alguma revelação surpreendente. Povo e imprensa parecem hipnotizados ante a possibilidade de ver nervos de aço esmagando a falta de articulação.

Porque eu sempre achei o Zé Dirceu mal articulado. Toda a vez que eu o vejo falar tenho a sensação de estar diante de alguém que se contém - que tenta, desesperadamente, domar uma agressividade explosiva. Depois que ele virou governo, então, a coisa me pareceu mais evidente.

Palavras elegantes, termos democráticos, expressões cordatas...tudo parece mal colocado na boca de Zé Dirceu. Parece sair dalí aos trancos...como se tivesse que driblar, no caminho entre a laringe e os lábios, uma milhão de impropérios. Às vezes sua voz embarga de um jeito estranho - como se ele não visse a hora de terminar o discurso. Nas poucas vezes em que teve de prestar contas à nação, dava a impressão de não ver a menor legitimidade naquela atitude. Revelava, na postura e na voz, o tédio de quem cumpre uma tarefa menor, supérfula - e para qual não pretende dedicar um minuto a mais do que o estritamente necessário.

Jefferson é o oposto. Se dele se esperava alguma coisa, certamente não era uma boa coisa. Mas, para pasmo e delírio de todos, a velha águia abriu o bico e cantou feito um roxinol. Senhor de sua própria agressividade, ele brinca com ela...deixa-a vir à tona na hora e medida certas. Doze, quatorze, quinze horas de depoimento e ele alí, mostrando que não gostaria de estar em nenhum outro lugar. Se diverte falando, esse nosso Jefferson. E adora - absolutamente adora - dar explicações. Não entenderam? Ele explica de novo, em tom professoral, como um mestre que ganha por hora-aula.

Façam as apostas, senhores. Mas eu acho que vai dar Homem-bomba na cabeça