segunda-feira, 8 de agosto de 2005

Como chegamos aqui?

Não pense o leitor que chegamos assim, sem mais nem menos, nesta coisa "dazelite".

Nada disso.

Muito antes de o torneiro mecânico chegar aos pícaros do poder nacional...Muito antes do Domingão do Faustão, da Caras ou da Daslu, reinava solitária ela, a Academia.

Nasceu tímida, quase minguada, a tadinha. Mas, sob os auspícios de papai Marxismo e mamãe Ditadura, tornou-se robusta a moçoila. Puxou à mãe na estrutura - grandalhona e dada a hierarquias. Mas o coração é do pai, sempre e eternamente dele.

Já grandinha, Academia colecionou amantes parecidos com papai: trotskistas, leninistas, anarquistas - um sem fim de sujeitinhos mal barbeados, que insistiam em arrastá-la aos botecos mais fétidos, onde a cerveja era gelada e o pastel duvidoso.

Jamais deu qualquer chance a quem ousasse contrapor as convicções de seu coração. "Ah não, isso é elitismo!" - exclamava fazendo beicinho.

Balançou um pouco, é verdade, quando um tal Feyerabend atirou-lhe na cara a irracionalidade de seus ritos e o comprometimento de suas inexatas certezas. Mas ela, que a tudo distorce em favor de papai, não agiu diferente com Feye: quando não conseguiu ignorá-lo, tomou seu anarquismo científico por político. Faria algo parecido com Foucault a quem, não podendo refutar, atribuiu um antimarxismo de ocasião, dirigido especificamente à vertente stalinista do Partido Comunista Francês.

Já balzaquiana, nossa Academia jamais abandonou o discurso da luta de classes, a saga do proletariado, a odisséia dos vencidos. Jamais deixou de vociferar contra a Elite - esta meretriz maldita, que vive num castelo de ouro em cujas escadarias escorre o sangue de todos os explorados pelo sistema.

Até hoje, quem quiser dialogar com Academia, terá que submeter-se aos seus medíocres caprichos. Abençoados são os que estudam as prostitutas de Pindobaçu na década 40. Execrados, todos aqueles que não se propuserem a falar de um grupo qualquer de excluídos.

É assim, amigos, que chegamos aqui. Por força e obra de nossa Academia.

A mesma que colocou o torneiro mecânico lá - e o ensinou, embora com problemas de dicção, a odiar as elites. A mesma cretina Academia que agora vai, atarantada, aos programas de TV para tentar explicar a burrada que fez.

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