terça-feira, 22 de dezembro de 2009

PIG? Onde?

Os governistas incluem todos os veículos das Organizações Globo naquilo que eles chamam de PIG - Partido da mídia Golpista. O termo é uma criação de Paulo Henrique Amorim, ex-funcionário da Globo que - depois de ser demitido, é claro - adotou o velho clichê de cuspir no prato em que esteve se banqueteando.

E aí o Sport TV produz uma peça que é puro culto à personalidade. Para Roberto Marinho? Não. Para Lula mesmo.

Aqui.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Enfim, um homem moderno

Isso mesmo: moderno - e não pós-moderno. Enfim, um homem livre da insuportável  nostalgia rousseauniana que anda infestando os corações e mentes deste século XXI.

Falo de Bjorn Lomborg, o cientista político dinamarquês entrevistado para a última edição da Veja.

Como eu, Lomborg acredita que a ciêcia é o único caminho possível - inclusive para resolver problemas criados pela própria ciência desde que suas conquistas desaguaram naquilo que conhecemos como Revolução Industrial. Ele não nega o aquecimento global. Nega a importância que se atribui ao fato - e critica a  indústria que se criou em torno desta bandeira.

Vale a pena destacar alguns trechos:

"A maioria das coisas que se veem por aí é marketing. É o chamado banho verde. Estão fazendo economia de energia como sempre fizeram, desde o início do século XIX, de quando datam as estatísticas. Todas as empresas, em todos os lugares, inclusive nos Estados Unidos e na Europa, vêm reduzindo o desperdício de energia. (...) Cada vez que conseguem essa redução, anunciam que estão economizando CO2. Mas é óbvio que o que estão economizando são dólares. Não há nada de errado nisso. Só não devemos achar que elas estão salvando o planeta."

"Nos últimos 150 anos, o nível do mar subiu 30 centímetros. Pergunte a uma pessoa muito idosa quais as coisas mais importantes que aconteceram no século XX. Ela vai mencionar as guerras mundiais, ou talvez a revolução tecnológica. Sua resposta não vai ser que o nível do mar subiu."

"Resumindo: organizações verdes querem mudar a natureza humana, dizendo que não se deve querer ter ou gastar mais. É muito difícil mudar a natureza humana. Prefiro mudar a tecnologia. Assim, poderemos fazer o que quisermos, mesmo emitindo CO2. "

"Fala-se muito em aquecimento global. Mas as pessoas de verdade  têm problemas mais urgentes. A maioria das pessoas nos países em desenvolvimento, ou três quartos da população mundial, quer saber como sobreviver até a semana que vem."

Pragmatismo, racionalismo e fé na ciência. Bjorn Lomborg é  um sujeito que ama a nossa civilização - e respeita os caminhos que nos trouxeram até aqui. Sim, ele vai para o trabalho de bicicleta. Mas, parodiando Voltaire,  não quer volta a andar de quatro ou viver em árvores.  Gostei do cara.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Direção perigosa

Duas coisas muito preocupantes ao longo desta semana.

Primeiro, a decisão do Supremo Tribunal Federal que manteve a  censura ao jornal “O Estado de São Paulo” e deu ganho de causa à família Sarney.  A decisão fere o  2º parágrafo do artigo 220 da Constituição Federal, que diz: “É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.” E é apavorante que a mais alta corte do país descosidere um artigo da magna carta.

A segunda coisa preocupante está em curso: se o TSE fizer corpo mole para aquele programa apresentado pelo PT ontem à noite, a eleição de 2010 vai ser um festival de irregularidades. Foi antecipação de campanha presidencial na maior cara dura. E, diante da condescendência do TSE com o evidente palanquismo governista dos últimos meses, não dá nem para dizer que é apavorante - é até  previsível que nada será feito para enquadrar o PT na legislação.

Mas o que realmente apavora é o conjunto da obra:  chegar às vésperas de uma eleição presidencial com um Supremo que  aprova o retorno da censura à imprensa  e um TSE  que pemite tudo ao partido do governo.

O nome disso é direção perigosa, amigos.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Só mais um pouco

O blog, juntamente com todo o portal A Postos, está migrando de ferramenta. Notem que não são poucos blogs: dezoito - alguns deles com seis anos ou mais de produção. Portanto, estivemos nisso ao longo de novembro.

Para aqueles que, como eu, optaram por manter o layout antigo, esta mudança não acarretará qualquer alteração visível para os leitores. Exceto que - e esta era uma reivindicação antiga por aqui - a ferramenta de comentários deve melhorar.

Neste período de migração, a partir de determinado momento, o mais prudente foi parar de postar - e eu não cheguei a avisar porque a previsão de retorno era um pouco mais rápida do que aquela que, de fato, acabou se concretizando.

A boa notícia é que estamos, agora, na reta final. Mas isto também significa que, ao longo desta semana, pode haver alguma dificuldade de acesso - como endereço não encontrado, por exemplo. Se acontecer, não se preocupem. É normal.

Dentro de alguns dias, o blog retorna ao ritmo normal - inclusive para pedir o impeachment do governador José Roberto Arruda.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Tirando o pó da bodega

Rapidinhas pois o tempo está curto:

1. Não é porque Caetano Veloso anda colocando Lula em seu devido lugar que vou deixar de perceber a nova paixão míope do baiano: Marina SIlva. "Ao menos estaremos certos de que ela não será hipócrita", ele declarou, em carta, ao Estadão. Como ele tem esta certeza? Não faço a menor idéia. Mas já está grandinho demais para arroubos adolescentes.

2. O vestidinho da UNIBAN já virou rap? Prevejo algo assim no fim do túnel. Me incomodam: o fascismo dos estudantes, o fato da moça aceitar cobrir-se com um avental e a expulsão - felizmente já revertida. Não sei de vocês, mas acho que está faltando sexo para todos os envolvidos.

3. E a oposição decidiu abandonar a CPI da Petrobras. Os oposicionistas dizem que não querem participar do teatro por lá armado. Sinceramente, eu ando cheia desta pseudo-ingenuidade. Com apenas três senadores da oposição, esta CPI já nasceu morta. Tinha alguma chance em emplacar na mídia. Mas nem isso os caras conseguiram fazer.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A fórmula da perseguição

Dilma está seguindo a fórmula direitinho.

Agora alega que é alvo de representações judiciais contra antecipação de campanha porque é mulher.

Nenhuma novidade. Nos últimos seis anos, toda e qualquer crítica ao governo Lula foi amortecida sob a alegação de que se tratava de preconceito contra o presidente-operário-nordestino.

Não sei se no caso da companheira em armas de José Dirceu essa bobagem vai pegar. Mas é fato que política no Brasil se faz assim - e quanto mais rasteira e burra for a alegação, mais o povo do Bolsa Família entende e gosta.

Portanto, ao invés de perder tempo ironizando a declaração da ministra, os estrategistas da oposição deveriam estar se perguntando: "como podemos aplicar a fórmula da perseguição ao nosso candidato?"

sábado, 24 de outubro de 2009

Qual é o jogo? (2)

Na terça-feira, escrevi:

"Mas anotem aí: se o PSDB repetir o quadro da última eleição - se conceder a candidatura ao tucano menos favorecido pelas pesquisas - é porque seus caciques estarão convencidos, como estavam em 2006, de que ninguém ganha essa do PT. E, então, eles vão oferecer a vice-presidência ao DEM e tratar de garantir a reeleição de Serra em São Paulo."

Na Veja de hoje, Lauro Jardim informa:

"Aécio Neves, no jantar que teve com FHC e Sérgio Guerra para discutir 2010, pôs as cartas na mesa: o PSDB tem de decidir seu candidato em janeiro, e não em março, como quer José Serra. Preocupa Aécio a hipótese de março chegar e só então Serra decidir que não quer disputar a Presidência. A leitura seria que Serra, convencido da impossibilidade de derrotar Dilma Rousseff, teria desistido - e Aécio, nesse caso, já entraria na corrida presidencial com um selo de azarão."

Já volto. Vou ali fazer uma plaquinha para o blog: "Curso intensivo de dinâmica partidária. Tratar aqui".

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Direto do Twitter

Uma das coisas mais divertidas do Twitter é possibilidade de jogar um balde de água fria na turma. Ali, em cima do lance:

mercadanteTW.jpg

respostatw.jpg

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Qual é o jogo?

Da Folha de S. Paulo de hoje:

"O governador de Minas, Aécio Neves, desembarcou ontem em São Paulo decidido a dar um ultimato ao PSDB. Fortalecido por recentes manifestações de simpatia do DEM, Aécio viajou até São Paulo para oficializar sua disposição de concorrer à Presidência e rechaçar a vice numa chapa com o governador de São Paulo, José Serra."

De acordo com a última pesquisa CNI/Ibope, Aécio tem 12% dos votos. José Serra tem 34%. Um quadro que não deixa dúvidas sobre quem é o melhor candidato - ao mesmo tempo em que sugere uma situação confortável para uma inédita 'chapa pura'. O DEM virá de qualquer maneira - muito mais ante a hipótese de ganhar o governo de São Paulo.

Mas anotem aí: se o PSDB repetir o quadro da última eleição - se conceder a candidatura ao tucano menos favorecido pelas pesquisas - é porque seus caciques estarão convencidos, como estavam em 2006, de que ninguém ganha essa do PT. E, então, eles vão oferecer a vice-presidência ao DEM e tratar de garantir a reeleição de Serra em São Paulo.

O jogo é esse.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Desencalhou

Hoje, no Senadinho - tradicional café no centro de Florianópolis - o assunto era o casamento da senadora Ideli Salvatti. A data, garantem as boas e más linguas, já está marcada para novembro.

Parece que Ideli não quer enfrentar a briga pelo governo de Santa Catarina solteira.

sábado, 17 de outubro de 2009

2010: a biruta louca

Ao sabor da sanha eleitoral, o cenário político anda parecendo uma biruta louca.

De um lado, Lula e a sua "caravana da transposição" - o presidente inaugurou os discursos, falando que torce por um confronto entre Serra e Dilma. Ele, como sempre - embora tenha gente de memória curta que se diz supresa com a atitude - subiu o tom do discurso, falando que quer o "nós contra eles". Bobagem se escandalizar com isso. Todos os discursos de Lula ao longo de 2006 são neste mesmo tom. Ele faz o que quer - e não há TSE para enquandrá-lo. Ponto.

Do outro lado, a relutância do PSDB em definir se o candidato é Serra ou Aécio. Mas também é verdade que o acaso acabou trabalhando para que, na mesma semana em que Lula subiu o tom, o marqueteiro predileto de José Serra ganhasse destaque na imprensa. Palestrante do seminário "O Efeito Obama", promovido pela Universidade George Washington em São Paulo, Luiz Gonzales foi quem melhor bateu na pré-candidata petista - "a mulher que ninguém sabe de onde veio", foi sua boa definição para uma candididata cuja biografia quando não é obscura é pouco recomendável. (González fez outras boas declarações que, se der tempo, quero comentar hoje ou amanhã). O fato é que, o tal seminário conspirou para tirar o marqueteiro tucano de sua elogiável discrição e colocá-lo na linha de frente. E ele fez melhor que qualquer medalhão do PSDB.

No meio-campo da indefinição tucana, aparece o DEM. E aparece rachado. Segundo a Folha de S. Paulo de hoje, Bornhausen e Kassab apoiam Serra, enquanto ACM Neto e Agripino Maia apoiam Aécio. Não é grave. Eles acabam de entendendo. O Dr. Jorge Bornhausen passando por cima do episódio Roseana Sarney/2002 para apoiar José Serra não me deixa mentir: na hora certa, eles pulam para dentro do projeto - qualquer que seja o projeto.

Na esfera estadual a coisa não está diferente - é a mesma biruta girando, louca, ao sabor de todas as vaidades. Pelo menos por aqui, onde o DEM, PSDB e PMDB parecem a um triz de lançar candidaturas independentes da Tríplice Aliança que elegeu Luiz Henrique em 2002 e 2006. O próprio governador parece estar se lixando para a dita cuja. Foi para a Rússia e deixou o moribundo eleitoral, e presidente do PMDB, dono de portentosos 6% na última pesquisa, delirando com uma aliança petista que o conduza ao Palácio da Agronômica (o equivalente nacional seria Sergio Guerra insistir em ser o candidato tucano à presidência só porque tem o comando do partido).

De minha parte, acho que muita água vai passar sob essa ponte - tanto lá quanto cá. O que hoje parece, amanhã não será.

Na ala governista, não acredito que vão ser infantis a ponto de desprezar uma lógica simples: Dilma precisa de um vice forte no sul e sudeste. Cone de trânsito, ela não tem qualquer identificação com sua região de origem mas tende a herdar boa parte do desempenho de Lula no norte e nordeste do país. A aprovação do presidente segue bem alta, o que indica uma eleição de continuidade, principalmente nos estados onde ele imperou, absoluto, em 2006. Penso que, quando o jogo for para valer, Lula vai buscar um nome que possa garantir mais votos ao sul.

Já os tucanos só não decidem a eleição hoje porque não querem. Uma chapa com Serra presidente e Aécio vice garantiria os votos mineiros e cariocas - que tanta falta fizeram em 2006. A eleição seria decidida no sul e sudeste. Passo seguinte, ignorar Dilma, Lula, PT ou qualquer discurso sobre ética - ninguém liga mesmo - e apresentar propostas concretas para melhorar a vida dos brasileiros. Não é preciso muito, não. Basta garantir a continuidade da bolsa esmola e da política econômica que agrada aos banqueiros. Depois, apresentar um projeto revolucionário para a saúde - este bem de satisfação infinita, preocupação primeira do eleitor brasileiro, que o governo Lula esqueceu e no qual Serra tem um excelente histórico. Mais fácil que tirar pirulito de criança.

O que os tucanos estão esperando? Não sei. Talvez que Aécio passeie um pouco mais com Lula, pegando carona em sua popularidade, antes de virar-lhe as costas. Ou, quem sabe, estejam apenas se deixando levar pelo vento que sacode a biruta.

domingo, 11 de outubro de 2009

Magro Velho, Baixinho e Bombinha, flagrados a serviço da Madre Superiora

Os Sarney estão novamene na mídia.

Desta vez porque a PF teria reunido evidências de que Fernando, filho mais velho de José Sarney, decide o que o Edison Lobão, ministro das Minas e Energia do governo Lula, faz ou deixa de fazer. Leia aqui.

Nada de novo sob o céu, portanto. Depois do apoio irrestrito de Lula para manter José Sarney na presidência do Senado, todo mundo já imagina como se dão as relações entre o clã maranhense e os atuais ocupantes do Palácio do Planalto.


Novidade, mesmo, só os codinomes que os envolvidos utilizam ao telefone: Edison Lobão é o "Magro Velho". Fernando Sarney é "Bomba", "Bombinha" ou "Madre". Silas Rondeau, ex-ministro da pasta, é o "Baixinho". E José Sarney, é claro, é a "Madre Superiora". Não são uma beleza?

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Surpresa na aldeia

Com um quadro ainda muito imprevisível - no cenário onde o percentual de indecisos é menor, eles estão na casa dos 23 % - a pesquisa do Instituto Mapa o governo de Santa Catarina, publicada no DC de hoje, trás uma ameaça e uma certeza.


A ameaça: Ideli Salvatti vai muitíssimo bem - o que nos mostra que, conforme já avisei inúmeras vezes por aqui, ética não é tema de campanha. E isto, o bom desempenho da senadora não me deixa mentir, é verdade também nos lugares onde o índice de escolaridade é mais alto. A situação confortável de Ideli Salvatti por essas bandas é, antes de mais nada, um sinalizador para disputa pelo o Governo Federal - arrumem outra arma para atingir o PT porque ética, meus filhos, não cola.

A certeza: o PMDB vai acabar perdendo a possibilidade de ser cabeça-de-chapa da tríplice aliança - equação meritosa do atual governador, que reuniu PSDB, DEM e PMDB para derrotar o PP dos Amin em 2002. E vai perder esta possibilidade simplesmente porque sua ala mais antiga insistiu em fazer de Eduardo (quem?) Pinho o pré-candidato preferencial da sigla. Durante o primeiro semestre, o partido queimou todo o seu espaço em televisão para tentar alavancar a candidatura de Eduardo (quem?) Pinho. Deixou, com isso, de reforçar a imagem de Dário Berger - prefeito de Florianópolis e especialista em abater aquela esquisitíssima coligação regional formada pelos Amin e o PT. O tamanho do erro se mostra agora: mesmo com toda a mídia, Eduardo (quem?) Pinho tem menos musculatura que Berger.


Bem mais espertos, DEM e PSDB não perderam tempo com azarões. Trataram de utlizar seu espaço na TV para popularizar o tucano Leonel Pavan e o democrata Raimundo Colombo. Potencializaram, portanto, nomes que estão em evidência - Pavan é o vice-governador; Colombo está no Senado. Nenhuma das duas siglas insistiu em ressuscitar moribundos - e é por isso que ambas aparecem, agora, muito bem colocadas. Se terão condições de levar o pleito para o segundo turno é que são elas.

A força da deputada Angela Amin - que, muito provavelmente, virá abraçada com Ideli Salvatti - é, no entanto, indiscutível . A menos que a tríplice aliança queira entregar a chave do Palácio da Agronômica para os Amin, é bom avaliar bem as possibilidades. Separados no primeiro turno, os componentes da triplice têm condições de levar a disputa para o segundo? Eu acho que não. E aí, o que hoje parece uma situação aparentemente confortável, de três bons candidatos, vai resultar numa derrota acachapante: veremos o PT, com Ideli Salvatti vice de Angela Amin, chegar ao governo de Santa Catarina.

domingo, 4 de outubro de 2009

Yes we créu!

Para toda e qualquer ocorrência, a única coisa realmente positiva neste país é o nosso talento para o besteirol. Aquele "yes we créu" dominando os Trending Topics do Twitter foi maravilhoso. Até eu, que estava bem contrariada com a decisão do COI, dei boas risadas. Somos o Zorra-Total do planeta - ninguém pode negar.

Dito isto, resta a certeza de que aqueles 28 bilhões a serem investidos no Rio de Janeiro vão duplicar ao sabor das maracutaias. E se querem saber quão melhor estará a cidade depois da Olimpíada, basta ver quão melhor ficou depois do Pan 2007.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Apertem os cintos, Lula assumiu

Penso ser desnecessário ficar repetindo aqui no blog aquilo que ontem, mais uma vez, as notícias evidenciaram: a política externa no governo Lula é um vexame.

Não sei se vai ser possível investigar o episódio em Honduras. Mas a verdade é que só um idiota pode acreditar que Zelaya aportaria na embaixada brasileira sem uma combinação prévia com o próprio Lula.

Novidade nenhuma.

Já nos pediram para acreditar em absurdos outros: que os pugilistas cubanos pediram para voltar a Cuba, que Cesare Battisti é perseguido político do governo Italiano, que as FARC não são terroristas, que Hugo Chavez é um democrata - e por a vai. Sempre, é claro, com aquela fingida inocência: Lula, que nunca soube do mensalão, ontem também não sabia dos planos de Zelaya.

É mais do mesmo. Com a diferença, talvez, de que agora aquele discurso de "não interferência" - que eu já apontava falso lá em 2003 - tem tudo para trombar com a realidade. Honduras é um caminhão desgovernado, sem freios. E a sábia política de Celso Amorim acabou por colocar Lula ao volante.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Empurrando com a barriga

pancinhalouca.jpg

As denúncias envolvendo a nora, a Newfield Consulting e a Eletrosul, presidida por seu ex-marido, não comprometeram o humor da Senadora Ideli Salvatti.

No domingo, Ideli, o namorado Peixoto e os amigos Alexandre e João Furtado se divertiram a valer na Feijoada do Negão, em Palhoça.

A foto foi publicada na coluna de hoje de Cacau Menezes para o Diário Catarinense.

domingo, 20 de setembro de 2009

Quatro fatos

1) Deve ter gente bem mais preparada - e menos enrolada com a Justiça - que José Antonio Dias Toffoli para Lula indicar ao STF.

2) José Antonio Dias Toffoli só emplaca se os senadores forem coniventes com sua indicação. O voto é secreto.

3) O Senado TODO será julgado pelo RESULTADO desta indicação. Depois de feita a merda, não adianta vir com papinho de que votou contra.

4) É Senador? É contra a indicação do Toffoli? Então tire o rabo da cadeira e vá arrumar outros que votem com você.

sábado, 19 de setembro de 2009

Próxima parada: século XX

Era de se esperar que os nossos ilibados parlamentares agarrassem, com unhas e dentes, qualquer oportunidade para tentar acabar com o anonimato na blogosfera política.


Impressiona é o número de jornalistas e articulistas comemorando o fato - ainda que alguns, como Fernando Rodrigues, em artigo de hoje para a Folha de S. Paulo, dêem tratos ao porongo para apontar a inviabiliade da coisa.

Daí que eu, quase sete anos de blog, fico aqui pensando de onde vem este problema dos jornalistas com o anonimato na blogosfera. Porque o problema - embora agora, por força das circunstâncias, esteja em evidência - não é novo.

Só para refrescar a memória: em novembro de 2005, Ricardo Noblat me convidou para ser articulista em seu blog - à época, hospedado no Estadão. Duas semanas depois, o jornalista Luiz Cláudio Cunha fez um artigo para o mesmo blog reclamando do meu anonimato. Noblat, então, deu razão à Cunha: ou eu me identificava, ou estava desconvidada. Desconvidei-me - com alguma seriedade e uma piada .

O episódio é emblemático do que agora, ao embalo de "reforma eleitoral", se volta a discutir. Porque me parece que boa parte da questão "jornalistas x anonimato na web" se explica pela sabedoria popular: eles, a grande maioria dos jornalistas e articulistas da política nacional, pegaram o trem com atraso e estão, até hoje, tentando descobrir qual é o destino.

A blogosfera política nasceu longe das redações dos grandes jornais. Foi só muito depois, quando os blogs tocados por anônimos já bombavam, que os jornalistas da área começaram a apostar na ferramenta. No Brasil não foi diferente. Quando Ricardo Noblat inaugurou seu blog, em 2004, a blogosfera política nacional já era uma realidade. Este blog, por exemplo, já existia. Assim como existiam o Lassaiz Fair, o Contra-Ilusão, O Indivíduo e todos os Wunderblogs - muitos deles discutindo política. A maioria optava pelo uso de pseudônimos. Verdade seja dita: muitos blogueiros eram jornalistas das mais diversas áreas que mantinham blogs sobre música, literatura cinema e política pelo simples prazer de escrever sem as amarras e o formalismo das redações.

Desempregado, Ricardo Noblat entrou, ele mesmo conta, intuitivamente nesta onda. E foi assim, intuitivamente, descobrindo aos poucos as particularidades do ambiente em que se metera, que construiu o primeiro grande blog de política assinado por um jornalista de renome do país. Até o episódio envolvendo a minha participação como articulista, Noblat jamais brigou com o anonimato. Defendeu o direito ao pseudônimo - e ainda o defende ao acolher, diariamente, comentaristas identificados tão somente por um apelido. Mas é inegável que sucumbiu à patrulha daqueles que, como Luiz Cláudio Cunha, chegaram depois e se sentiram incomodados com a realidade posta.

Uma revolução

Parece que a tal da "realidade posta" era nova demais e, porque incontrolável, perigosa demais. Quem era aquela gente anônima que escrevia, investigava, opinava, publicava, e ainda por cima, era lida?! Quem era aquela gente, que escrevia sem responder a patrão, editor ou patrocinador? Quem era aquela gente livre de amarras, que não queria fama ou grana, mas queria somente opinar?

Que me desculpe a classe mas é este ressentimento, fruto de uma descoberta tardia, de ter que correr muito para alcançar um fenômento, e da frustração de conviver em um ambiente onde as velhas regras das redações não podem ser aplicadas, que percebo em alguns artigos e comentários. Artigos como os de Clóvis Rossi, de Fernando Rodrigues e Reinaldo Azevedo que, a despeito do indiscutível sucesso alcançado na web - prova de que chegar mais tarde não condena o vivente ao fracasso - jamais escondeu seu incômodo com o uso de pseudônimos.

Há, também, aqueles que se mostram ressentidos com o anonimato na web porque, justificam eles, são diariamente achincalhados, ofendidos, agredidos verbalmente, por pseudônimos - contra os quais, alegam, "nada pode ser feito". Mais uma vez: a turma chegou tarde e tem dificuldades para entender o ambiente.

Blog, meus caros - e principalmente blog de política - não é coisa para quem tem pele fina. É preciso ter pele grossa. Pele grossa para ser achincalhado em praça pública. Ou pele grossa para fazer moderação, não deixar que caluniem você ou terceiros, e agüentar a fama de ditador. Podem escolher. É uma coisa ou outra.

Agora, se você não quer apanhar em praça pública, não quer correr o risco de ser processado por calúnias a terceiros, mas também não quer - por princípios ou dificuldades operacionais - moderar comentários, melhor saltar deste trem e voltar para o conforto e a segurança das redações. Lá, no século XX, onde nada se publica sem RG e CPF, é o seu lugar.

Não se preocupem, ninguém vai reparar. E depois, é melhor fazer isso do que se aliar aos piores tipos que a política nacional já elegeu para tentar, luta inglória, parar este trem.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Ideli em dia de Chaui

Diante das últimas denúncias - leia aqui - a senadora Ideli Salvatti seguiu à risca o conselho que Marilena Chaui deu aos colegas intelectuais quando o escândalo do mensalão veio à tona: fechou-se em silêncio.

Não, Ideli não é uma intelectual. Mas aproveita a dica mesmo assim - talvez porque precise de tempo para montar uma história convincente - favor dar ênfase no "t" para ficar em sintonia com o senatorial sotaque.

E com tudo isso ainda há quem sugira que Ideli tem alguma chance - ou possa ser uma aliada poderosa - no pleito estadual do ano que vem.

Bebem, né?

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Uma bula para o Lula

Quanto mais eu ouço a Voz do Brasil, mais penso que a ANVISA está virando o braço legal do estado totalitário que o lulopetismo resolveu implantar, sutil e lentamente, por estas bandas. Um estado burro a exercer tutela sobre um povo pra lá de passivo.

Depois do projeto para regular a publicidade (e as fórmulas) dos alimentos infantis, e daquele outro para controlar as gôndolas das farmácias, vem aí um projeto para regular as bulas de medicamentos. As principais mudanças, pelo que ouvi, serão: o aumento do corpo das letras e a adoção de uma linguagem popular - aquela linguagem 'científica' (sic), mais própria a 'profissionais da saúde' (sic), será substituída por outra que o consumidor 'possa entender' (sic).

Eu até posso imaginar a origem do projeto: Lula, dia desses, tentando ler a bula de algum medicamento para azia. Os óculos vencidos e a carência de diploma atrapalhando a tarefa a ponto do 'timoneiro' irritar-se e ligar para alguém na ANVISA.

Resultado: dentro de nove meses, teremos bulas de acordo com o nível de analfabetismo funcional do povo brasileiro. Porque no país de Lula, meus queridos, ao invés de melhorar a educação, pioram as bulas.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

De papo com Delúbio

Descobri, no sábado, que o Delúbio Soares está no Twitter. Na verdade, ele está por lá desde o final de abril - eu é que não estava sabendo de tão ilustre presença por aquelas bandas.

Figura de destaque no hall of fame do mensalão, o ex-tesoureiro do PT quer candidatar-se a deputado no ano que vem. Réu por gestão fraudulenta no Supremo Tribunal Federal e acusado de movimentar milhões de reais em "recursos não contabilizados" para financiar as campanhas petistas, Delúbio parece mesmo bem disposto a utilizar a nova rede de relacionamentos para angariar votos. E se você quer ler o que ele tem a dizer, basta acessar o perfil @comdelubio.


De minha parte, prefiro ler, antes, os silêncios de Delúbio - todos eles registrados em seu depoimento na CPMI dos Correios. Se você já esqueceu, o depoimento do ex-tesoureiro petista foi um festival de "prefiro me reservar o direito de não falar", "prefiro não responder" e "me reservo o direito de não responder". O que, vamos combinar, transforma este documento numa verdadeira fonte de inspiração para um bom 'bate-papo' com Delúbio via Twitter.

Ele não quer falar, se expressar, tuitar? Pois vamos dar uma forcinha.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Fracasso que mata

O Brasil é, hoje, o país com o maior número de mortes por gripe A no mundo.

Vou repetir: o Brasil é o país com o maior número de mortes por gripe A no mundo.

E nem adianta torturar os algarismos para apresentar o percentual de óbitos em relação à população de cada país porque isto não muda o fato de que, veja só!, o Brasil é o país com o maior número de mortes por gripe A no mundo.

É uma demonstração clara de que a política de combate à doença adotada pelo governo Lula fracassou. Fracasso que, só para deixar claro, permite que a gripe A mate mais no Brasil do que em qualquer outro lugar do mundo.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Também tenho um cartão vermelho

redcard22.jpg

O meu vai para o cinismo do Eduardo Suplicy, que ficou quietinho ao longo dos últimos meses, enquanto o seu PT, a mando do seu amigão e companheiro Lula, tratavam de salvar José Sarney. O nome do que Suplicy fez ontem é oportunismo eleitoreiro - do pior tipo.

Por isso, tenho um cartão vermelho também para qualquer um que elogie a atitude de Eduardo Suplicy. Só tolos ou safados podem dar qualquer crédito àquele teatro.

O terceiro cartão vermelho vai para esta turma demissionária da Receita Federal que, pelo jeito, ficou três anos sem ler jornais, não é mesmo? Em 2006 o Ministro da Fazenda chafurdou as contas do caseiro Francenildo - o caso vai ser julgado amanhã pelo STF - e só agora, quando rola a cabeça da chefe petista Lina Vieira, este pessoal "descobre" que o governo Lula está promovendo um "recuo no processo de fortalecimento das instituições de Estado do Brasil".

De minha parte, eles que enfiem este pseudo patriotismo lá - naquele lugarzinho fétido e escuro, onde ocorrem as guerras intestinas do PT.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Oposição transparente

O PT chegou tão longe porque tem militância. E uma militância volumosa, capaz de abrir mão de qualquer senso crítico para defender a permanência do partido no poder - coisa que PSDB e DEM jamais tiveram. Isto explica porque quando Lula finge ignorar tudo, Pallocci chafurda na conta do caseiro e Dilma apresenta diplomas que não possui, a numerosa militância prefere xingar a mídia ao invés de fazer uma mea-culpa. Pois já não inventaram até o termo PIG, Partido da Imprensa Golpista, para responder a essas e a todas as outras acusações que puderem recair sobre o governo Lula?

Sim, há militantes do PSDB e do DEM tão capazes de abrir mão do senso crítico quanto os petistas. Mas eles são minoria. Porque a grande maioria dos cidadãos que hoje se auto-denominam "oposição" - e que, por isso mesmo, estão fragilmente alinhados com os partidos que se encontram na oposição - não compactuaram com a absolvição de Eduardo Azeredo e Roberto Brant. Eles também não compactuam com a relação de bate-e-assopra que Aécio Neves e José Serra mantém com o PT. Não chamam a mídia de golpista quando surgem notícias de que os atos secretos do Senado já ocorriam antes de 2002 - no governo Fernando Henrique, portanto - e jamais negaram que Antônio Carlos Magalhães era um velho coronel, no pior sentido do termo.

E porque não é coesa, porque discorda em várias questões, porque não consegue se unir para defender a honra de um safado qualquer - ou para abraçar idéias lançadas por jornalistas decadentes, como a existência de um PIG ou de um 'dossiê da Veja' - esta grande maioria oposicionista perde força e parece não existir. É uma espécie de oposição transparente - não pela lisura, mas por sua invisibilidade, que advém do fato de que seus componentes não servem nem aos partidos que se dizem de oposição, nem ao apetite da mídia por perfis caricatos.

Mas é fato que eles existem - e que, provavelmente, não se sentirão vitoriosos em 2010 porque não se sentem representados por nenhuma das opções apresentadas. Se parece - e apenas parece - que não existem é simplesmente porque ignorá-los é muito mais cômodo. Reforça o discurso de que todos - oposição e petismo - são iguais. Um discurso que, acho que eu nem preciso dizer, é petista - ainda que petista envergonhado.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A soma de todos os erros

Estes são dias difíceis para Ideli Salvatti.

Na terça foi aquela metáfora feia, sobre "fazer canja com a unha da galinha", para tentar desmoralizar Lina Vieira. Ontem, o voto pela absolvição de Sarney.

Resultado: todo mundo apostando que, com tal desempenho, Ideli não se elege mais nem para síndica.

Pode ser. Acho mesmo que aqui, em Santa Catarina, vai levar um certo tempo para que os políticos locais queiram aparecer ao seu lado. Os tais 'papagaios de pirata', que não perdem a chance de posar ao lado da senadora predileta de Lula, vão bater em revoada. Por um bom tempo, ninguém vai querer ser visto com Ideli Salvatti.

Mas estas coisas passam e os papagaios sempre voltam. Principalmente para quem, como Ideli, está tão perto do poder.

Porque a verdade é que, ao longo dos últimos anos, Ideli Salvatti protagonizou episódios lastimáveis - certa vez, furiosa que estava, chegou a rodopiar feito um tornado em plena CPI. Boa parte destes episódios - provavelmente a maioria - foi registrada por este blog. Clique aqui para ter acesso a este "belíssimo" histórico.

É certo que Ideli não enfrentou as urnas desde então. Mas, mesmo com este lastimável currículo, nas eleições de 2006 e 2008 ela foi convidada a subir em palanques regionais. E revelou-se um azarão. O que pode significar que, se alguns políticos do estado não têm juízo - e se deixam encantar pela intimidade da senadora com o Governo Federal -, a maioria do eleitores catarinense tem boa memória.


Resta saber se em 2010, diante de tantos erros, alguém vai ser louco o suficiente para arriscar o pescoço e subir num palanque com Ideli Salvatti.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Insisto

Lina Vieira não me convence.

Primeiro porque é petista. Segundo, porque parece que armou um circo por muito pouco.

Explico: a hipótese de que um ministro interfira, sob quaquer pretexto, em investigações da Receita Federal é grave. Em países sérios. Não no Brasil.

Mesmo que ela pudesse provar - coisa que parece que não pode - a reunião e o pedido de Dilma, o resultado prático disso seria nulo.

Alguém lembra como terminou o episódio do caseiro Francenildo?

Pois é: deu em nada. O que significa que este outro caso vai dar em nada também. Ou melhor: vai dar munição para Dilma dizer que foi perseguida pela oposição - que vive a 'inventar' acusações que não podem ser comprovadas.

É por isso que, ontem, assistindo ao depoimento de Lina Vieira, não pude deixar de pensar que ela, como petista assumida que é, estava prestando um grande favor à candidatura de Dilma Roussef.

domingo, 16 de agosto de 2009

Outro sonho, outra burrada.

É claro que Marina Silva tem menos chances em 2010 do que Lula tinha em 1989. Mas é inegável que boa parte do articulismo nacional já se deslumbrou com a hipótese de sua candidatura. E quando o articulismo nacional se deslumbra com algo, podem apostar que vem muita água sob aquela pedra que - mais dia, menos dia - acaba furando.

Foi assim com Lula.

Deslumbrada com a hipótese de um "presidente-operário", a quase totalidade da imprensa nacional aderiu à causa sem se perguntar sobre a real ética por trás do discurso petista ou do quanto o tributarismo do partido aos métodos totalitários esquerdistas e o sindicalismo viciado do próprio Lula poderiam ser danosos para uma democracia recém conquistada. Nada disso. Fruto do esforço militante - mas também, em boa parte, do encantamento da imprensa nacional com a possibilidade de um operário ocupar a presidência -, passados treze anos desde sua primeira candidatura, Lula subiu a rampa do Palácio do Planalto.

Está acontecendo novamente. Agora, a figura a assanhar o imaginário do articulismo e da imprensa nacional é uma mulher, ecologista. Ela, é claro, tem origens humildes e uma história de superação pessoal. Estas coisas que são rastilho de pólvora nos corações de uma categoria profissional que não raro alimenta um certo sentimento de culpa por ser classe média em um país de grandes contrastes sociais - quando não tem, em casos mais extremos, por ápice de sua formação humanista ícones da auto-ajuda esquerdista como Leonardo Boff.

Como já vi que há articulistas respeitáveis entrando nessa, só posso recomendar cautela. Porque só falta a imprensa nacional , ou boa parte dela, que pariu Lula ao alimentar o seu capital simbólico enquanto "representante das massas operárias" e fechar os olhos para todo o resto - resto que, é bom lembrar, já mostrava a ponta do rabo nas prefeituras administradas, à época, pelo petismo - agora sustentar cegamente o mito da mulher de origem humilde, a menina que 'veio da selva', defensora ardorosa da natureza que 'não se deixou corromper pelo poder'.

Só falta a imprensa nacional incensar Marina Silva, tal qual incensou Lula uma vez, fechando os olhos para o seu autismo em relação à economia, seu apego a 'modos de produção" que não passam de utopias mal-acabadas e seu despreparo geral para ocupar a presidência de um país como o Brasil. Só falta a imprensa se fazer de cega, inclusive, para a obviedade de que Marina Silva seguiu no PT mesmo quando o discurso ético do partido se revelou o maior estelionato eleitoral que já se viu por essas terras - exatamente aquilo que a assemelha a um Pedro Simon, grudado há décadas em um PMDB que diz não reconhecer.

É provável que tal cruzada só venha a render frutos em quinze anos - talvez menos, considerando que as novas tecnologias de informação aceleram todos os processos. Mas dá medo. Porque o Brasil já perdeu tempo - e recursos - demais com aventuras utópicas. Não precisávamos de um operário fajuto, representante de uma ética do "não sei, não vi" tanto quanto não precisamos - hoje ou daqui a uma década - de uma ecochata filha da mesma ética.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Não durou um dia

Ela não tem testemunhas, chegou pela garagem, entrou sem identificação, conversou e foi embora.

Ainda assim, 'sem ter qualquer prova', resolveu acusar a ministra mais poderosa do governo Lula de ter lhe pedido um arrego em prol da Sarney's Family.

Quem pode acreditar em tamanha ingenuidade, burrice e incompetência?

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Eu não me iludo

Como funcionária pública, a ex-secretária da Receita Federal, Lina Maria Vieira, tinha a obrigação de denunciar o suposto pedido de Dilma Rousseff para que o órgão "agilizasse" as investigações contra José Sarney. E tinha a obrigação de fazê-lo em dezembro, tão logo a suposta reunião ocorreu. Mas, lá em dezembro, Lina preferiu ficar quieta. Denunciou o ocorrido somente agora - depois de ser demitida.

É claro que a postura da ex-secretária da Receita Federal não invalida a denúncia ou ameniza a gravidade do fato. Parece, contudo, colocar Lina Vieira na mesma posição de um Protógenes ou de um Silvinho Pereira surtado, que só falaram - melhor dizendo, 'ameaçaram falar', sem jamais fornecer dados suficientes - quando perceberam que estavam na frigideira. E este, meus amigos, é o tipo de situação da qual o governo Lula sabe sair sem maiores dificuldades. É só negociar.

domingo, 9 de agosto de 2009

Mais do que mil palavras

Saudades, Gringo.

pai1B.jpg

Em Tramandaí, aprendendo a pescar.

pai2b.jpg

No Carnaval, começando a namorar a mami.

pai3b.jpg

Nós quatro - eu no colo dele - em um Natal qualquer.

Fico devendo uma, com a camisa do Grêmio Esportivo Renner, pois as de futebol estão todas na casa da mãe.

Quem sabe no ano que vem?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

O PMDB não brinca em serviço

O poder do PMDB se explica muito por aquele antigo ditado sobre o diabo: o partido não é safo porque é o PMDB - é safo porque é velho.

Por isso, quando leio que o presidente do Conselho de "Ética", senador Paulo Duque, já decidiu o que fazer a respeito dos 11 pedidos de investigação contra José Sarney - decisão que manterá em segredo até a reunião de amanhã - , não dou as favas por contadas.

Sim, eu sei, trata-se de Paulo Duque. Sim, eu sei, ele foi indicado ao cargo pela tropa de choque de José Sarney.

Mas, veja bem - nada é mais pemedebista que um "veja bem" - , o que está em jogo neste momento é a eleição de 2010.

A decisão de Paulo Duque, portanto, será no sentido de tentar minimizar o desgaste que o "Sarneygate" possa vir a causar ao partido no pleito do ano que vem.

O que afeta menos as aspirações do PMDB nas eleições de 2010? Sangrar Sarney em uma investigação promovida - e controlada - pelo próprio Senado ou deixar o barco correr sem que ninguém possa ter certeza de qual será a denúncia a estampar os jornais do dia seguinte?

Minha aposta: na tentativa de acalmar a opinião pública, o Conselho de "Ética" vai abrir algum processo contra Sarney. Depois, caso germine um processo de cassação, caberá a Lula, e ao próprio investigado, buscar os votos que possam absolver Sarney. O que, vamos combinar, não é difícil.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

O fim do Senado - again

Plataforma da corrente petista "Mensagem ao Partido", liderada pelo ministro Tarso Genro, volta a pregar o fim do Senado Federal.

O assunto não é novo e já foi tratado aqui diversas vezes.


Nem mesmo o roteiro da coisa sofre qualquer alteração: sempre que o Congresso Nacional chafurda na lama, Lula sai em defesa dos suspeitos, aprofundando e prolongando a crise - postura totalmente inversa daquela que se espera de um presidente da república. Ato contínuo, parte do PT pede uma reforma constitucional.

Clique no link abaixo para ler um post sobre o tema, publicado em 2007. Basta acrescentar a absolvição de Renan Calheiros e o atual apoio a Sarney para que o post fique atualizado:


Tudo conforme o esperado.

Note, também, que ele reedita um post anterior, de 2006. E perceba que nada evidencia mais a falta de renovação no cenário político nacional do que o fato de que tudo o que é assunto hoje pode ser simplesmente remetido a algum post que escrevi ao longo destes seis anos de blog.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Danos morais

obamma.png

Fico só imaginando a cara do Obama.

Ontem à noite, durante o lançamento do Vale-Cultura, Lula relatou alguns episódios de sua vida ligados à área.


Dentre eles, um se destaca: o presidente brasileiro teria recomendado a Barack Obama que assistisse ao filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, "para ver como a máquina tritura o ser humano".

Se isto realmente for verdade - Lula tende a delirar diante de microfones -, se ele realmente teve a pachorra de recomendar um clássico do cinema americano ao presidente americano, eu acho que os brasileiros estão autorizados a processar Lula por danos morais.

Nunca, na história deste país, um presidente nos envergonhou tanto.

domingo, 19 de julho de 2009

Sobre cães e gatos

Não, este não é um post sobre os nossos políticos.

Não sei se notaram, mas ando sem saco para a coisa. E um pouco sem tempo também. Ultimamente, minha disposição para comentar política cabe em 140 carateres.

O Senado está aquela vergonha de sempre, Lula e séquito seguem falando e fazendo o que bem entendem e a oposição... Bem, exceto pela boa iniciativa tucana de criar um blog para a CPI da Petrobrás, a oposição segue na pasmaceira - e sem muita moral para denunciar qualquer coisa. Mas até isso, a CPI, pode esperar, pois só esquenta - se é que vai esquentar - depois do recesso.

Voltemos, portanto, aos cães e gatos não metafóricos, que são matéria de capa da Veja.

Eu gosto muito de animais - e de cães em especial. Fico prá morrer quando vejo aquele comercial de ração que mostra os "melhores amigos" abandonados ("eu sei sentar", etc e tal...). Chego a mudar de canal. Sou assim desde muito pequena: queria levar todos os animais abandonados para casa. Somente com muitas reprimendas é que aprendi a me policiar.

Quando pequena, aliás, tive um fox, que morreu de forma trágica e deixou a família um tanto traumatizada com essa coisa de bicho de estimação. E se não tenho um cãozinho hoje, quando há um jardim amplo o suficiente para vários deles, é simplesmente em respeito à minha velhota siamesa que, com quase 18 anos, não merece disputar território e atenção com um filhotinho fofo e sapeca.

Mas é inegável: apesar de mencionar a existência de "gatos neuróticos", a Veja não encontrou um só exemplo para ilustrar a matéria. Isto, é claro, não significa que eles não existam. Mas que é mais difícil encontrá-los. Hipótese um: os gatos, por serem mais independentes, não esquecem que são gatos - o que evita neuroses maiores. Hipótese dois: os gatos são tão dominadores que seus donos nem mesmo se dão conta de que

o bichano se tornou um transtorno.

Para derrubar a hipótese dois, vai o meu depoimento: em 18 anos, Madona jamais fez qualquer coisa fora da caixinha. Mesmo no ano passado, em meio a um tratamento pesado para a leucemia, ela ía cambaleando até a caixa de areia sintética. Madona também não arranha os móveis e nem sobe na pia para roubar um naco de carne - embora possa, idosa bem conservada, saltar do chão até o alto de um armário.

É certo que a danada tem lá suas manias - e, mais adiante, vai ficar claro porque ela as tem. Quando chego em casa, por exemplo, ela quer colo. Pode ser um colo de dez segundos - pegá-la, afagá-la e dizer um "oi" é o que basta. Se eu não fizer isso - porque estou com as mãos ocupadas com, digamos, sacolas de supermercado - ela sobe em um móvel e simplesmente se joga no meu colo. Madona também tem hora para dormir. Melhor dizendo: para todos na casa irem dormir. Quando passamos da hora usual, ela vai até o meio da escada que leva aos quartos e começa a miar - é um chamado bem autoritário, senhores. Mas se perceber que não colou - ou seja, se ninguém der trela-, ela acaba desistindo.

O relato pode parecer milagroso para alguns donos de gatos. Mas somente parte dele é milagre. Gatos são naturalmente asseados e não é preciso ensinar nada: basta apresentar a caixinha ao filhote que ele vai saber o que fazer. Eu disse: ao filhote. E isto explica a parte do relato que não é milagre.

Muita gente acha que é impossível adestrar gatos. Não é. O que ocorre é que a maioria das pessoas desconhece como fazê-lo. Por isso, embalada pela matéria da Veja, resolvi listar algumas dicas para quem está pensando em adotar um bichano. São coisas que aprendi com a prática, as visitas ao veterinário e alguma leitura.

Se é verdade que estas dicas pouco farão por aqueles que já "estragaram" seus velhinhos, podem apostar que são preciosas para aqueles que acabam de receber um filhote.

1. Gatos são sistemáticos - e têm uma memória e uma curiosa noção de tempo que são de lascar. Eles tendem a fazer as mesmas coisas, nos mesmos horários. E isto explica porque Madona quer colo quando chego e tem hora para dormir. A questão é: quanto mais velho o gato, mais difícil fica o adestramento. Por isso, a caixa de areia sintética, o arranhador e o filhote devem chegar na sua casa juntos. Não adianta apresentar o arranhador depois que o bichano já começou a afiar as unhas - uma necessidade, viu? - no sofá da sala.

2. Portanto, se você permitir algo uma vez, vai ser complicado convencê-lo do contrário depois. Isto vale para tudo. Repreenda imediatamente.

3. Para repreender um gato, use a mesma técnica que a mamãe-gato utiliza com os pequenos - principalmente para os que insistem em se afastar da ninhada. Da primeira vez, um miado forte como advertência. Se ele insistir, mamãe gato abocanha o filhote pela sobra de pele da cervical , dá uma sacudidela, e mia forte depois de soltá-lo. Se, ainda assim, a pestinha não se emendar, a sacudidela é acompanhada por uma patada, de leve, no focinho do malcriado - e seguida do tal miado forte.

4. Não, você não vai precisar miar. Vai dizer "não!" - e apenas "não", sem o nome do bichano, ok? Retomando: na primeira, "não!". Se ele insistir, pegue-o pela sobra de pele da cervical, sacuda levemente e diga "não". Se ele não se emendar, nova sacudidela, agora com uma batidinha (suave, pelo amor de deus!) do seu indicador no focinho do filhote, acompanhada do sonoro "não!".

5. Não pule etapas. Os diferentes graus de reprimenda são importantes. Com o tempo, ele vai entender o significado de "não" - e você não precisará mais de sacudidelas ou tapinhas no focinho.

6. Não subestime seu gato. Use comandos curtos, como faria com um cão - "vem", "sai", "aqui", etc - e chame-os pelo nome. Se você fizer isso sempre, ele vai se habituar a atender. Deixe o "pssi, pssi, pssi" para gatos de rua. E deleite-se ao ver a cara dos leigos quando eles percebem que o seu gato atende a comandos - segundo eles, "como se fosse um cachorro".

7. Mesmo que o seu gato tenha pelagem curta, escove-o uma vez por semana. Além de evitar que ele, ao banhar-se, engula pêlos em excesso, estudos já demonstraram que a escovação parece influir na noção de autoridade do bichano, fazendo-o identificar quem manda. Isto pode ter a ver com o início de vida - quando é a mamãe gato, cuja língua é áspera como uma escova, quem faz a higiene do filhote.

8. Não é comum. Mas um gato mais temperamental pode se mostrar agressivo com o dono. Isto pode acontecer por diversas razões: mudança de ambiente, aumento da família (leia: "ciúmes"), presença de outros animais e pessoas estranhas na casa. Se o seu gato dobrar de tamanho e fizer 'fuuuuuu" para você (para você), não se acanhe: abra os braços - para "crescer" - encare-o de frente e faça um belo "fuuuu" para ele. Este som, que antecede as brigas dos gatos, é uma disputa pela liderança do território - e ele só vai entender o seu recado se você falar a mesma língua.

9. Gatos caçam. E trazem a caça para quem os alimenta. Se você xingá-lo por isso ele vai ficar confuso, pois acredita que uma de suas funções é manter a casa livre de intrusos. E um gato confuso pode ter problemas de comportamento. Aprenda a reagir normalmente diante dos pequenos cadáveres - basta um "muito bem", seguido de um afago. Depois, recolha o defunto e jogue fora - de preferência, longe dos olhos do bichano. Alguns donos colocam guiso na coleira para facilitar a fuga dos pássaros. Eu não. Exceto no caso dos ninhos - que tento proteger - costumo deixar a natureza seguir seu curso.

10. Você sabe que o veterinário entende de gatos quando, no primeiro encontro, ele acaricia as bochechas do bichano. Nas bochechas, estão localizadas glândulas que exalam odor e, ao mesmo tempo, "gravam" o cheiro de outros animais, pessoas e objetos. Se você acariciar um gato nas bochechas, ele nunca mais vai esquecer o seu cheiro. Esta é, também, uma boa forma de entabular amizade com eles. Dizem que quando um gato esfrega as bochechas em você - normalmente, nos seus pés - está falando : "gostei de você e não quero lhe esquecer".

11. Pode reparar: não é raro o seu gato saltar no colo de uma visita que não gosta de bichanos. Há uma explicação cientifica para isso: normalmente, quem não gosta de gatos desvia o olhar tão logo eles se aproximem - os humanos desviam o olhar daquilo que os desagrada. Acontece que, entre os gatos, desviar o olhar é um convite, um sinal de aceitação para um novo indivíduo no grupo - olhar diretamenta é um desafio. Avise as visitas - as alégicas, principalmente - e use a descoberta durante o adestramento: quando o estiver repreendendo, olhe bem na cara dele.


12. Gatos têm ótima visão noturna. Mas mudanças bruscas de luminosidade provocam um atordoamento momentâneo - é por isso que muitos bichanos morrem atropelados, enfeitiçados que estavam com os faróis de um carro no meio da rua. A dica é boa para uma situação em que um gato, machucado e assustado, não permite a aproximação de ninguém: jogue um cobertor sobre ele e aproveite os breves momentos de atordoamento para apanhá-lo. Mas seja rápido porque ele também recupera a visão rapidamente.

13. Gatos são mesmo bichos territoriais. Ao contrário do que dizem os leigos, isto não significa que não gostem dos donos. Há muitos relatos de gatos que, mesmo mantidos na casa, entraram em depressão com o afastamento de um membro da família. Mas mudanças de ambiente são sempre traumáticas para os nossos amigos, podendo causar problemas de comportamento. Não há comprovação científica, mas a prática mostrou que a melhor maneira de lidar com uma mudança é manter o gato preso na nova residência por uma semana - tempo que ele levará para espalhar seu cheiro pela casa. Depois disso, mesmo que saia para explorar a vizinhança, ele saberá voltar.

14. Fêmeas demarcam território esfregando partes do corpo - pescoço e laterais - nos cantos da casa, muros e móveis. Machos fazem a mesma coisa urinando. Portanto, gato macho, em apartamento, só castrado. E, aqui, vale o que vale para tudo: não adianta castrar depois que ele já começou a demarcar território com urina porque ele seguirá fazendo o mesmo. Castre quando é filhote, antes que o problema comece.

15. Aliás, a menos que você tenha um gatil, castre machos e fêmeas. Converse com qualquer veterinário: a castração, realizada antes da maturidade sexual, previne doenças e aumenta a expectativa de vida do seu amigo.

16. Regra de ouro: se vai permitir que seu gato saia à rua, coloque coleira, com nome e telefone para contato, e não apare as unhas do coitado, ok? Ele vai precisar delas para se defender. Atualmente há todo um apelo para que os donos não permitam que seus gatos perambulem livremente. Não concordo. Com as vacinas em dia - e uma portinhola por onde ele possa entrar e sair - deixe o bichano curtir a liberdade. Madona não sai mais do nosso jardim por conta da idade. Mas, enquanto foi rápida e ágil, permiti que ela reinasse, absoluta, em nossa rua - e não tinha cachorro que encarasse.

17. No quesito saúde, fique atento a um sinal: o banho. Gatos dedicam 1/3 do seu tempo para se manterem limpos. Mas quando estão doentes ou com dor eles simplesmente não se banham. Mais do que eventuais diarréias e vômitos - gatos vomitam para se livrar do excesso de pêlo ingerido - a falta de banho é um sintoma certeiro de que algo está muito errado.

18. Uma dica que pode salvar a vida do seu amigo: em caso de doença ou acidente, a temperatura deles pode cair muito, levando-os a entrar em choque. Enrole o gato num cobertor e mantenha-o aquecido até que ele receba atendimento.

19. Finalmente, gatos resistem melhor que cães à solidão. Por isso, são pets ideais para quem passa o dia fora - basta deixar água, comida, a caixinha de areia limpa e alguns brinquedos (experimente bolinhas de papel laminado! ) para que ele passe o dia bem. Mas se você não estiver disposto a dar um pouco de carinho quando chegar em casa, ou se não gostar da idéia de dividir o sofá com uma bolinha de pêlos, melhor comprar um peixe. Ou uma samambaia.

caesegatos.jpg

Madona: 18 anos, algumas manias, zero de neurose.

sábado, 11 de julho de 2009

Aos amigos dos "amigos do presidente Lula"

Perdi as contas de quantas vezes blogueiros e comentaristas da oposição tentaram alertar partidos e imprensa sobre esta pessoal do blog "Amigos do Presidente Lula".

Não foram poucas as vezes em que dissemos que era um braço, provavelmente muito bem remunerado, do lulopetismo na web - braço que se prestava a divulgar coisas que oficialmente o governo não poderia assumir (vide lista de Furnas, etc e tal).

Jamais a imprensa ou os partidos olharam para o caso com a necessária seriedade - sempre preferiram associar as denúncias a 'guerrinhas de blogs menores'.

Chegou a ser cômico dia desses, por ocasião do lançamento do Blog da Dilma, ver o Estadão apresentar uma das mais antigas, manjada e feroz, cyber-ativista desta turma como se fosse uma "enfermeirinha voluntária", totalmente desinteressada, debutando na web.

Agora taí: este pessoalzinho acaba de divulgar a movimentação fiscal de um senador .

Bem feito.

Foram avisados. Muito bem avisados. Agora entubem.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Sarney e Petrobras: tudo a ver

Fim daquele dilema desavergonhado "cabeça de Sarney ou CPI da Petrobras?".

Vão os dois para o trono dos réus.

Isto, é claro, se o país fosse sério.

Como não é, ninguém - nem senador, nem direção da Petrobras - precisam perder o sono.

Acho que não preciso perder um tempo - que eu realmente não posso perder - para lhes explicar que caberia à Petrobras fiscalizar o uso das verbas que libera.

domingo, 5 de julho de 2009

Enquanto isso...

Paris está em chamas.

Não se sabe ao certo se é uma apaixonada reconciliação ou uma esposa ciumenta prestes a incendiar um quarto de hotel.

Será?

Em Brasília, 15:49H

Por enquanto, parece que Zelaya ruma para Tegucigalpa.

Foi o que ele declarou à Telesur TV, há pouco, já dentro de um avião.

Como o governo hondurenho avisou que não vai dar autorização para pouso, fica a dúvida: Zelaya vai peitar ou rumará para outro lugar?

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Curtas e desbocadas

*A situação em Honduras pede cautela. Parece que o presidente - agora deposto - agia à revelia da lei. E, o que é mais grave: Manuel Zelaya teria chamado venezuelanos e nicaraguenses para apoiá-lo na realização de um referendum considerado ilegal pelo Superior Tribunal hondurenho. A interferência externa teria, alegam os golpistas, precipitado as coisas. Pelo sim ou pelo não, até que tudo esteja esclarecido governos que não são tocados por lambe-botas chavistas deveriam se abster de opinar.

*Nenhuma novidade na entrevista do presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, publicada no Estadão. Gabrielli seguiu à risca o manual da sua turma: reputou as suspeitas que recaem sobre a estatal a uma armação da mídia e fez ameaças veladas. O roteiro chega a enojar de tão repetitivo.'Neztepaís', de Sarney a Protógenes de Queiroz, todo mundo que sente a merda bater na bunda se diz vítima da imprensa.

*Por falar em Sarney, os twitteiros andam tentando emplacar duas tags. Uma, já destacada pela imprensa, é a #forasarney. A outra, surgida ontem, é a #chupasarney. Fiquei com a segunda. Acho que está mais de acordo com o nível da política nacional.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Futurologia

"A minha solidariedade é porque o presidente Sarney já foi presidente da República. E alguém que foi presidente da República tem muita responsabilidade, tem um passado que lhe garante muitas coisas nesse país. "

Este foi Lula, ontem, em entrevista para a Rádio Capital, de São Paulo.

Já viram né? Este negócio de "alguém que foi presidente da República" ter " um passado que lhe garante muitas coisas neste país" é uma defesa por antecipação.


domingo, 21 de junho de 2009

O retrato da nação

popuzada.jpg

Clique aqui para ampliar.

Alertada pela Tia Cris, descobri que a funkeira Valesca Popozuda posou para a Playboy do mês com o presidente - não exatamete "com ele", mas com a foto dele.

O resultado é uma definição simplesmente perfeita da lucidez política nacional.

A considerar as últimas pesquisas de popularidade, esta é a posição de 80% dos brasileiros em relação a Lula.


sábado, 20 de junho de 2009

Vamos deixar de frescura...

Só duas categorias de brasileiros podem se dizer surpresos com as últimas notícias vindas do Senado Federal: os recém-nascidos e os que saíram do coma.


Quem não se encaixa nesta categoria, favor deixar de frescura e lembrar que, outro dia, os senadores tiveram a chance de resgatar um pouco da honra perdida e preferiram absolver Renan Calheiros. O episódio pode parecer muito pontual - porque não é o único -, mas ilustra bem a nossa inércia política. Calheiros negociou a presidência do Senado por sua absolvição e... ponto. Do lado de cá, nada. Artigos e comentários indignados na imprensa, claro. Mas palavras escritas, já sabemos, têm alcance reduzido neste grande acampamento que alguns insistem em chamar de país.

Sem contar aquela meia-dúzia que, posando de esclarecida e pró-ativa, sempre arrisca um discurso "Senado prá quê? Vamu fechá aquela bosta!". Ou seja: quando não conseguimos fazer com que uma instituição democrática funcione corretamente, nossos cidadãos supostamente mais 'politizados' - ou mais afeitos a mobilizações, como queiram - cogitam fechá-la. Por analfabetismo ou preguiça, a maioria segue silenciosa, trabalhando para pagar os impostos que sustentam esta farra sem fim.


Com tamanha malemolência, é de se admirar que aqueles a quem, repetidas vezes, temos conferido poder ainda nos deixem dizer o que pensamos. O que é uma grande bênção porque, salve-salve!, amanhã é domingo - dia de desopilar o fígado xingando a mãe do juiz.

E, já me antecipando aos que até aqui virão para apontar o quanto é clichê essa história de "futebol, ópio do povo", deixo outro, berrado por um maluco que passou por mim na rua ontem: " Droga só faz mal para quem não tem caráter".

sábado, 13 de junho de 2009

Matéria lisérgica

Eu vou colar a matéria do Estadão na íntegra, conforme ela está no momento em que preparo este post, porque imagino que ela vai ser reeditada.

É que do jeito que está não faz sentido algum.

Acompanhem:

FHC diz que PT só queria escândalo

Depoimento do ex-presidente à Justiça, como testemunha de Jefferson na ação do mensalão, ganhou viés político

Fausto Macedo

"É inegável que o governo do presidente Lula, em muitas matérias, criticou o que se fazia e, quando encontrou a realidade, aceitou que era melhor o que nós estávamos fazendo antes. Então isso aconteceu, para o bem do Brasil", declarou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) em depoimento à Justiça Federal.

Ele depôs dia 4, como testemunha de defesa do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), um dos 40 réus do processo do mensalão, suposto esquema de propinas a parlamentares da base aliada do governo.

A audiência foi conduzida pelo juiz Marcio Catapani, da 2ª Vara Criminal Federal em São Paulo. O termo de declarações, em 7 páginas, foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde tramita a ação do mensalão.

O ex-presidente elogiou Jefferson, a quem chamou de "batalhador", mas seu relato não se restringiu ao histórico do acusado. Quando provocado pela defesa ou pelo Ministério Público Federal, ele apontou para seu sucessor e o PT. Mais que uma audiência criminal, a sessão ganhou viés político.

"Em termos de ética e de postura, com relação ao combate à corrupção, qual foi exatamente a postura do PT com relação a esses assuntos?", perguntou a Procuradoria da República. "Transformar em escândalo qualquer caso, muitas vezes sem ter sido apurado", respondeu Fernando Henrique.

A procuradoria indagou sobre a conduta de outros dois réus, o deputado José Genoino (PT-SP) e o ex-ministro José Dirceu. A defesa se opôs, mas o juiz dirigiu-se ao ex-presidente. "O senhor disse que o PT tinha por hábito transformar em escândalo qualquer fato mesmo antes de investigado. Os acusados José Genoino e José Dirceu faziam parte dessa postura? Acho que é uma questão de postura. Só para saber se objetivamente eles assumiam essa postura."

Fernando Henrique: "Eu não posso dizer com precisão se, especificamente, cada um deles, qual é a ação que desenvolveu nesse sentido. Conheço Genoino há muito tempo. Agora, seguramente eles são responsáveis também, porque um era o presidente do partido e o outro tinha posição de destaque, de liderança, sempre foi um deputado, o Genoino, muito ativo. Não posso dizer que eles pessoalmente tenham feito tal coisa no sentido de transformar em escândalo, mas certamente eram pessoas que conduziam o partido, entre outros, naturalmente."

A defesa abordou a transição. "Entre o seu governo e o do presidente Lula foi um período em que o risco Brasil realmente explodiu..." O ex-presidente respondeu: "A sensação que o mercado teria é a de que eventualmente o governo Lula queria modificar aquilo que vinha sendo feito até então, essa era a sensação dos mercados."

As reformas da Previdência e tributária foram questionadas. "No seu governo, qual foi o comportamento do PT em relação às reformas?" Fernando Henrique retrucou: "Em geral, contrário. Na previdenciária votou praticamente contra tudo, e foi aprovada."

(Fonte: Estadão)

Muito bem...

Eu acho que há um problema de redação na matéria. Porque não fica claro se, ao declarar que o PT só fez "transformar em escândalo qualquer caso, muitas vezes sem ter sido apurado", Fernando Henrique se referia ao período dos seus dois mandatos ou ao escândalo do mensalão.

Se for a primeira hipótese, é de se estranhar o clima de palanque com o qual foi conduzido o interrogatório - a declaração não ajuda a elucidar nada além da cara-de-pau petista. Se for a segunda - se ele realmente acha que, quando o mensalão veio à tona, o PT fez escândalo sem apurar - aí danou-se. Porque, se eu bem me lembro, o PT fez de tudo para abafar o escândalo.

Ou será que o ex-presidente falava do momento em que as investigações do mensalão chegaram ao nome de Eduardo Azeredo?

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Covardia ou malandragem?

Casa, banho, jantar e a minha poltrona predileta... Gata de um lado, laptop do outro, eu estava louca para saber mais sobre este fenômeno da mídia surgido na última semana - o blog da Petrobras.


Mas a coisa ficou confusa. Qual dos blogs? - foi a primeira pergunta que me fiz. Porque surgiram pelo menos três nos últimos dias.

Tem o Petrobras Fatos e Dados que, dizem, é oficial - embora não exista, no blog, o nome de quem se responsabiliza pela "cria". Aquela coisa de petista: onde todos são responsáveis, ninguém pode ser responsabilizado; todo mundo mete o pé na jaca e ninguém vai preso, etc e tal. Há, também, o Fatos e Dados, que se diz uma paródia do primeiro - e é, em qualidade de texto, muito superior. Por último, descobri o Petroperguntas, que, segundo o Noblat, "é um espaço para que os jornalistas postem as perguntas que encaminharam à Petrobras e que ela se recusou a responder". Embora a idéia seja boa, só tem um post lá - parece que a revanche não vai vingar.

A esta altura, o assunto já parecendo velho, pensei em deixar passar. Blog é isso mesmo: uma ferramenta democrática. Qualquer idiota pode ter o seu. E se a Petrobras quer peitar a "grande imprensa" e contratar o maluco do megafone como assessor de comunicação, problema dela - e dos seus acionistas.

Mas uma coisa está me incomodando. Se o blog - e a idéia que seus criadores afirmam animá-lo, de "passar as informações na íntegra, sem a edição jornalística" - foi assumido pela direção da empresa como oficial, por que não deixá-lo no portal oficial? Por que mantê-lo no wordpress, como se fosse um apêndice, ainda que com link na página principal? Mais: por que cargas d'água o conteúdo que se publica no Petrobras Fatos e Dados não pode estar na seção Agência Petrobras de Notícias?

Seria por que o tal blog Petrobras Fatos e Dados não passa de uma grande malandragem pré-cpi - incompatível, portanto, com a imagem de seriedade que uma empresa como a Petrobras deve, obrigatoriamente, cultivar?

Se a resposta for afirmativa, o blog é inadequado. Se for negativa - ou seja, se o blog não é uma malandragem pré-cpi mas, sim, uma "grande inovação" nas relações da empresa com a mídia - faltou coragem a Gabrielli e equipe para integrar a novíssima prática ao site oficial.

Ao fim e ao cabo o que fica é a impressão de que a área de comunicação de Petrobras meteu os pés pelas mãos e acabou entrando numa fria: se não paga de malandra, paga de covarde.

sábado, 6 de junho de 2009

Dilma é homenageada em almoço na casa de Marta Suplicy

chá de bofe.jpg

Na foto acima, você vê a a ministra-chefe da casa Civil, Dilma Roussef, confraternizando com aquela "burguesia muito má, minoria branca muito perversa" do Claudio Lembo. (Leia os detalhes aqui)

O paraíso da "classe operária" que nos governa é a capa da Caras.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Um elogio a dignidade

Não sei como foi a conversa do vice-presidente com os parentes das vítimas do vôo AF 447.

Mas a entrevista que José Alencar concedeu na saída do encontro foi exemplar.

Sereno, sem fazer palanque de um situação tão dolorosa, o presidente em exercício desempenhou muito bem seu papel: garantiu que não faltará apoio do governo aos parentes das vítimas, não descartou a hipótese, remota, de se encontrar sobreviventes - algo fundamental, enquanto as buscas não forem encerradas -, pontuou a importância da parceria com o governo Francês e ainda trouxe - com cautela - a informação, àquela altura nova, sobre o possível avistamento de destroços por parte da tripulação de um vôo Tam Paris-RJ.

"Dignidade" foi a palavra que me ocorreu ao assistir à entrevista.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Tristeza que não acaba mais

Que segunda-feira triste.

Não bastasse a tragédia do acidente, os familiares e amigos dos passageiros do vôo Air France ainda são alvo do despreparo das nossas "autoridades".

Lula peca pelo mutismo. Deveria espelhar-se em Sarkozy e voltar de El Salvador para dar uma palavrinha com os familiares dos passageiros - cidadãos que, neste momento, estão vivendo horas muito angustiantes; talvez as mais angustiantes de suas vidas. Mas Lula sempre some nas tragédias - desconfio que ele teme associar-se a coisas ruins porque acredita que elas possam abalar sua alardeada popularidade. Lula só vai nas boas.

Na outra ponta, na ponta dos afobados, temos Sergio Cabral pecando por antecipação: o governador do Rio já declarou, em total desrespeito ao protocolo da situação, luto oficial de três dias.

Eu não sei quem orienta essa gente nestes momento. Mas os assessores deveriam ser demitidos.

Qualquer menino de 12 anos que goste de cinema - ou de séries de TV - sabe como um presidente e um governador devem se comportar num momento como esse.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Focinho de porco

Em homenagem a Haroldo Ribeiro Gomes, Cássio, João Paulo Rodrigues e DKCR, segue matéria publicada na Folha de S. Paulo de hoje.

Se quiserem saber quem são os quatro homenageados, cliquem aqui.

Importa é que eles sabem quem são. E que hoje, em especial, devem estar com um pouquinho de vergonha do que são.

*****

PF vê ligação de libanês com a Al Qaeda

Investigação indica que sua função não estava ligada ao braço armado da organização; advogado aponta "precipitação" da polícia


Segundo as interceptações, homem detido no mês passado dizia ser integrante da Al Qaeda; FBI alertou brasileiros em fevereiro

LUCAS FERRAZ

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Investigações da Polícia Federal sobre a atividade do libanês K. chegaram à conclusão de que ele tem ligações com a organização terrorista Al Qaeda. K., acredita-se, é o responsável mundial pelo "Jihad Media Battalion", uma organização virtual que é usada como uma espécie de relações públicas on-line da Al Qaeda, propagando pela internet, em árabe, ideais extremistas e incitando o povo muçulmano a combater países como os EUA e Israel. Para a PF, K. não é membro da alta hierarquia da Al Qaeda.

De São Paulo, sempre segundo a avaliação da cúpula da PF, o libanês mantinha contato com pessoas ligadas à organização terrorista em pelo menos quatro países, um deles da Ásia. Sua função não estava ligada ao braço armado da organização, mas a PF suspeita de que ele tenha tratado, em discussões pelo fórum, de alvos potenciais de atentados, chegando a distribuir tarefas a outros membros da organização. Segundo as investigações, K. agia só, o que descarta, portanto, para as autoridades, a participação de algum brasileiro.

Nas intercepções feitas pela PF, o libanês foi flagrado dizendo ser integrante da Al Qaeda, que tem como líder máximo Osama bin Laden, o terrorista mais procurado do planeta. As autoridades brasileiras foram informadas da atuação do libanês em fevereiro, em informações repassadas pelo FBI, o equivalente norte-americano da PF. Na ocasião, o FBI já tinha a identificação do IP do computador de onde o libanês coordenava a rede.

O advogado do libanês, Mehry Daychoum, diz que houve "confusão" e "precipitação" da PF e nega relação de seu cliente com qualquer organização "paramilitar ou terrorista": "Ele cometeu a infelicidade de emitir comentários na internet, jamais imaginando que isso pudesse ser crime no Brasil".

Na edição de terça, o colunista da Folha Janio de Freitas informou que um integrante da alta hierarquia da Al Qaeda tinha sido preso no Brasil. Para preservar o sigilo da operação, escreveu o jornalista, a PF atribuiu a prisão a uma investigação sobre células nazistas.

O ministro Tarso Genro (Justiça) disse que o governo não trabalhava com a hipótese de K. ter relações com a Al Qaeda. O presidente Lula demonstrou irritação ao falar do caso.

Segundo disseram à Folha autoridades brasileiras, o governo queria manter sob sigilo a suspeita da ligação de K. com a Al Qaeda, principalmente por causa da pressão internacional. Por isso sua prisão foi divulgada como consequência de uma suposta "propagação de mensagens com conteúdo racista pela internet", segundo a nota da PF. O libanês foi indiciado por crime de racismo.

Autoridades americanas têm pressionado o Brasil por não haver em lei a tipificação do crime de terrorismo. Para Tarso, não é preciso mudar a legislação, pois atos terroristas podem ser enquadrados nas leis comuns. O debate já chegou a ser travado no Ministério da Justiça. Mas a preocupação do governo é que a criação de uma lei desse tipo possa criminalizar movimentos sociais.

K. vive no Brasil com a mulher e filha, ambas brasileiras. Detido em 25 de abril, ele passou 21 dias preso por ordem do juiz da 4ª Vara Federal Criminal, Alexandre Cassettari. Agora, mesmo em liberdade, o libanês segue sendo monitorado.

Em nota, a assessoria da Justiça Federal disse que a investigação da PF apontou indícios de que K. atuava como membro da "organização extremista" Jihad Media Battalion, além de ter ligações "com outros grupos". Segundo a Justiça, "as diligências policiais constataram, também, a associação de aproximadamente 34 membros cadastrados, o que caracterizaria a formação de quadrilha". O Ministério Público ainda não decidiu se oferecerá denúncia contra K.

Ontem, a Comissão de Segurança Pública da Câmara aprovou requerimento que convida representantes da PF e da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para discutir a prisão de K -com data a ser definida.

Direto da aldeia

A partir das 19 horas de hoje, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retoma o julgamento do processo de cassação do governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB).

Luiz Henrique não é acusado de compra de votos ou de fraude eleitoral. De acordo com um <a href="encarte publicado pelo Diário Catarinense, pesam sobre o governador as seguinte acusações:

1) Propaganda eleitoral ilegal e promoção pessoal – entre o segundo semestre de 2004 e junho de 2006, foi veiculado em rádio e TV a campanha publicitária institucional Santa Catarina em Ação, divulgando obras estaduais.

2) Abuso de poder político – no segundo turno, o governador em exercício Eduardo Pinho Moreira enviou à Assembléia projeto isentando do IPVA proprietários de motos com até 200 cc. Esperidião Amin, candidato à época, havia feito a mesma proposta no programa eleitoral cinco dias antes.

3) Propaganda eleitoral ilegal - Dezenas de jornais do interior publicaram no primeiro semestre de 2006 um caderno especial de balanço do primeiro mandato de LHS.

Não conheço os mínimos detalhes do caso - caberá ao TSE julgar a coisa. Mas, como já disse outro dia, não vejo com bons olhos esta mania dos Amin de sempre - pelo menos nestes sete anos em que estou morando aqui - contestarem, na Justiça, o resultado das urnas. Toda vez que alguém da família perde uma eleição é a mesma coisa. Na minha opinião, esta constância - acrescida do fato de que jamais conseguiram ganhar uma - desmoraliza a causa.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Continuo confusa

Leia, primeiro, o post anterior, que traz a matéria da Folha de S. Paulo sobre a prisão de um suposto membro da rede Al Qaeda.

Depois, volte e confira estes trechos da nota emitida pelo Ministério Público Federal - cujo link foi postado aqui no blog ontem à noite:

1) A Polícia Federal recebeu informações do FBI sobre a existência

de um fórum fechado da internet, publicado em língua árabe, com mensagens discriminatórias e anti-americanas. A PF tinha a informação de que parte dos conteúdos eram postados a partir do Brasil;

2) Após a quebra de sigilo telemático, foi confirmado que um

cidadão de origem árabe, residente no Brasil, era o moderador do fórum e que este poderia estar ligado a algum grupo terrorista;

(...)

8) A investigação apontou que o fórum era organizado e possuía

estatuto e que nada era publicado sem autorização do homem preso, entretanto não há indício de que esse grupo integre ou tenha praticado qualquer ato de uma organização terrorista. Não foram apreendidas armas, documentos secretos, planos, etc;

9) O MPF entende como deplorável o material publicado pelos

integrantes do fórum e, por meio do Grupo de Combate a Crimes Cibernéticos, atua há anos contra crimes contra os Direitos Humanos na internet, como os crimes de ódio. Tais mensagens de incitação à violência, ódio a americanos e intolerância religiosa, continuam sob análise do Ministério Público Federal, de forma serena, em busca da verdade real dos fatos e da correta aplicação dos pressupostos de um Estado Democrático de Direito.

Me parece que este caso - talvez pelo sigilo imposto - está bastante confuso.

Pois se, como afirma o MPF, "após a quebra de sigilo telemático,foi confirmado que um cidadão de origem árabe, residente no Brasil, era o moderador do fórum" e se "a investigação apontou que o fórum era organizado e possuía estatuto e que nada era publicado sem autorização do homem preso" - conteúdo que, notem bem, o MPF qualifica como "discriminatório" e "deplorável" - pode-se concluir que a dúvida reside quanto ao suposto envolvimento com a Al Qaeda, mas não quanto ao caráter discriminatório do conteúdo e ao nível de responsabilidade do preso sobre o mesmo, certo?

Tanto é assim que, segundo a matéria da Folha de S. Paulo, a PF de Brasília emitiu nota informando que o homem preso foi "indiciado no artigo 20, parágrafo segundo, da Lei 7.716/89 (crime de racismo)".

O próprio advogado do preso parece não discordar da coisa ao declarar, à Folha de S. Paulo: "O meu cliente não tem qualquer vínculo com qualquer organização paramilitar ou terrorista. Ele [cliente] cometeu a infelicidade de emitir comentários na internet,jamais imaginando que isso pudesse ser crime no Brasil"

Agora, peço a ajuda dos senhores juristas para entender o seguinte: racismo não é crime inafiançável? Mesmo diante de um indiciamento, a pessoa pode ser liberada?

Já se vê que não entendo lhufas de leis. Por isso pergunto. Porque, a grosso modo, me parece que o homem em questão poderia ser liberado após os 20 dias porque, como afirma o juiz Alexandre Cassetaria, à FSP, "não pode a prisão deste feito ser mantida somente para sustentar ou auxiliar investigações estrangeiras". Pergunto é se ele, diante de um indiciamento por racismo não deveria permanecer detido.

Notem que estou a fazer peguntas. É que gostaria de entender o motivo de toda esta confusão. Porque a confusão é visível, queridos. Ou não haveria sigilo, notas desencontradas e um Lula furioso com o vazamento do caso.

Tomada

Segue, abaixo, matéria da Folha De São Paulo de hoje sobre a suposta prisão de um suposto membro da Al Qaeda, anunciada, ontem, na mesma Folha, pelo colunista Jânio de Freitas. Os grifos são meus.

Daqui a pouco eu comento.

PF investiga estrangeiro por racismo na internet

A Polícia Federal manteve preso por 21 dias o libanês K., comerciante de equipamentos de informática que mora em São Paulo, sob suspeita de que ele propagava na internet material com conteúdo racista.

Na edição de ontem da Folha, o colunista Janio de Freitas informou que um integrante da alta hierarquia da Al Qaeda tinha sido preso no Brasil.

O jornalista escreveu que, para preservar o sigilo, a PF atribuiu a prisão, inclusive internamente, a uma investigação sobre células de neonazistas.

O comerciante nasceu no Vale do Bekaa, no Líbano, é considerado "estrangeiro permanente" no Brasil e tem mulher e filha brasileiras. Ele foi preso em 25 de abril por ordem do juiz da 4ª Vara Federal Criminal, Alexandre Cassettari.

A ordem de soltura foi dada pelo mesmo juiz no último dia 18, por entender que a prorrogação da prisão já não era mais necessária para o andamento das investigações no Brasil.

Em nota divulgada ontem, a procuradora federal Ana Letícia Absy informou que as investigações "não comprovaram que o preso em São Paulo é membro da Al Qaeda".

A procuradora relatou, na nota, que o libanês foi alvo de um inquérito aberto pela PF com base em informações do FBI, o equivalente norte-americano da PF, "sobre a existência de um fórum fechado da internet, publicado em língua árabe, com mensagens discriminatórias e anti-americanas".

Em decisão contrária a um habeas corpus impetrado por K., o desembargador do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região Baptista Pereira citou, de modo genérico, que as investigações da PF vinculavam esse fórum da internet a "grupos como Al Qaeda".

"Consta dos autos que o paciente está sendo investigado pela Polícia Federal, na denominada Operação Imperador, originada de interceptações telefônicas, com a finalidade de investigar a existência de suposta organização denominada "Jihad Media Battalion", que propagaria material de cunho racista e de intolerância e discriminação religiosa pela rede mundial de computadores, internet, visando à incitação do ódio aos ocidentais e o fomento de ideologia antissemita, colaborando com grupos como Al-Qaeda", escreveu Pereira.

O advogado do investigado, Mehry Daychoum, disse que houve "uma completa confusão da Polícia Federal" e uma "precipitação". "O meu cliente não tem qualquer vínculo com qualquer organização paramilitar ou terrorista", disse.

"Ele [cliente] cometeu a infelicidade de emitir comentários na internet, jamais imaginando que isso pudesse ser crime no Brasil", disse Daychoum. Segundo seu advogado, K. "mora nos fundos de uma casa", tem um pequeno comércio e conserta aparelhos de informática.

Outros países

Na decisão que libertou K., o juiz Cassettari informou que o caso interessa a "autoridades estrangeiras". Ele fez crítica indireta à demora desses países em se manifestar no processo.

"Mesmo considerando que investigações feitas em outros países podem ainda estar em andamento (o que está totalmente demonstrado nestes autos), não pode a prisão deste feito ser mantida somente para sustentar ou auxiliar investigações estrangeiras, já tendo as autoridades estrangeiras 20 dias desde a prisão do investigado para as providências cabíveis", escreveu o juiz.

Em nota, a PF em Brasília informou que o libanês foi preso por suposta "propagação de mensagens com conteúdo racista pela internet. O estrangeiro foi indiciado no artigo 20, parágrafo segundo, da Lei 7.716/89 (crime de racismo). A PF não se manifestará sobre a investigação, que corre sob segredo de Justiça".

A PF pretendia mantê-lo preso por mais tempo, para aprofundar a investigação e conhecer o alcance de seus eventuais contatos estrangeiros.

No Brasil, não existe o crime de terrorismo. Assim, ainda que se comprove a ligação de um investigado com grupos extremistas, só poderá ser preso se praticar algum crime previsto na legislação nacional ou mediante algum pedido de extradição encaminhado por um país estrangeiro ao STF (Supremo Tribunal Federal).

A ideia da PF era expulsar K. do país, prática legal permitida quando um estrangeiro comete crime dentro do território nacional. Mas isso não foi possível porque ele é casado com uma brasileira, situação que proíbe a expulsão. (RUBENS VALENTE, ANDREA MICHAEL e LUCAS FERRAZ)


terça-feira, 26 de maio de 2009

Focinho de porco ou tomada?

Há pouco, o Ministério Público emitiu uma nota dizendo que não há indício de que o homem preso integre ou tenha praticado qualquer ato de uma organização terrorista.

Meus anjinhos da guarda também estão agitados. Um me diz que a Globo São Paulo está numa correria maluca, tentando apurar a confusão - e que matéria, provavelmente, só vai rolar no Jornal da Globo. Outro, que focinho de porco não é tomada - e que eu fique de olho na Folha de S. Paulo de amanhã.

Ambos recomendam calma (pô, gente, eu sou calma!) e afirmam que o assunto é complicado. O que me faz concluir que, se não for focinho de porco, alguém vai tomar choque.

"Direspeitoso"

Enquanto as informações são desencontradas - o Estadão afirma que o AL Qaeda segue preso -, você assiste ao vídeo abaixo.

Lula com este papo de que está ofendido... E de que "nada foi provado ainda"?

Humm... Macacos me mordam se este AL Qaeda não for companheiro.

http://storage.mais.uol.com.br/embed_reduzido.swf?path=/3/72/79/&id=229867&host=http://storage.mais.uol.com.br&mediaId=229867&codProfile=1575mnadmj5c&hash=lula-critica-anuncio-de-prisao-de-membro-da-al-qaeda-no-pais-0402376CE0C92346&start_loading=false&start_paused=true

Mão na moleira, birutas!

Quando, logo depois dos atentados de 11 de setembro, o governo americano mostrou-se preocupado com a ação de grupos terroristas na America Latina - em especial na Tríplice Fronteira - houve choro e ranger de dentes.


Uns - e o ex-ministro Justiça José Gregori, estava entre eles - diziam que o EUA estavam pressionando para que se achasse um terrorista no Brasil. Já o ministro de Justiça de então, Paulo de Tarso Ramos Ribeiro, cogitou uma tentativa de demonização da América do Sul. E, ainda em 2001, quando a CNN apresentou um programa apontando indícios de terrorismo na região, Fernando Henrique Cardoso foi à Casa Branca para dizer que a Tríplice Fronteira era mais segura do que Londres.

Houve, também, delírios moderados: alguns atribuíram o tema à necessidade de Bush encontrar uma pauta para a campanha de reeleição em 2004 ou a uma conspiração para perseguir, deliberadamente, os muçulmanos estabelecidos em Foz do Iguaçu. E não faltaram - cedo ou tarde, eles sempre se apresentam - os grandes delírios: que tudo não passava de uma desculpa esfarrapada a justificar uma futura invasão yankee na América Latina para, claro, solapar o petróleo venezuelano e a água (isso mesmo!) brasileira - o Aqüifero Gurani dava o toque de realidade à lenda.

Pois me parece que hoje todos estes delírios, grandes e pequenos, devem calar diante do artigo de Jânio de Freitas para a Folha de S. Paulo. Porque ele dá conta de que foi preso, em São Paulo, um integrante da alta hierarquia da Al Qaeda.

Segundo Freitas, não consta que o sujeito estivesse planejando ações terroristas no Brasil. Mas a coisa toda - inclusive a prisão - corre em segredo porque "a importância do preso se revela no grau de sua responsabilidade operacional: o setor de comunicações internacionais da Al Qaeda". Ele também observa que "tal atividade sugere provável relação entre recentes êxitos do FBI e a prisão aparentemente anterior feita em São Paulo. Há cinco dias, o FBI prendeu por antecipação os incumbidos de vários atentados iminentes nos Estados Unidos, inclusive em Nova York". (assinantes podem ler a matéria completa aqui).

É provável, mesmo, que o integrante-da-alta-hierarquia-da-Al-Qaeda estivesse por aqui de passagem - e não para planejar um atentado. Talvez, ciente de que o FBI estava em seu encalço, tenha resolvido dar um tempo por aqui - aquela coisa de esperar a poeira baixar. Quem sabe não estava atrás de um novo passaporte?

O Brasil, como se sabe - e como o pessoal que ficou fulo da vida com aquela campanha do Burger King teima em negar - é o refúgio ideal para bandidos internacionais. E isto é assim desde que os nazistas vinham até aqui para se esconder. E é assim por motivos vários, que vão desde a malemolência das nossas autoridades, passando pelo total abandono das nossas fronteiras e culminando com a nossa alardeada diversidade étnica - o que permite que qualquer criatura, sem levantar a mínima suspeita, possa se passar por brasileiro. E o Bush, vejam só!, não tem culpa de que assim seja.

Só isto já deveria ter servido para que, nos últimos oito anos, políticos, profetas e outros birutas tivessem colocado a mão na consciência antes de dizer tanta bobagem. Quem sabe agora o façam?


Atualização, às 17h:26min: só agora fiquei sabendo que, enquanto eu redigia este post, os portais de notícias avisavam que o fato ocorreu há dois meses e que o tal integrante-da-alta-hierarquia-da-Al-Qaeda já foi solto e não será extraditado porque, dentre outras coisas, é casado com uma brasileira. Obra do Ministério da Justiça, do sr. Tarso Genro, que adora acolher um terrorista com desculpas esfarrapadas. Vai ver a mulher do sr. Al Qaeda tambem trabalha no governo Lula, tal qual a esposa do terrorista colombiano Olivério Medina. Esqueçam, portanto, a moleira. Melhor esta gente toda colocar a mão lá - lá mesmo, onde vocês estão pensando. Porque agora vamos ver quem é o Obama.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Aliás...

Por falar no Protógenes, está rolando um bate-boca virtual entre ele e o colunista Roberto Azevedo, do Diário Catarinense.

Na sexta-feira, Azevedo informou que Protógenes assinara ficha com o PDT.

Ontem, o delegado desmentiu.

Hoje, Azevedo bate o pé: diz que Protógenes assinou uma ficha simbólica no PDT e que pretende oficializar a filiação, em breve, em um grande ato nacional.

Eu não tenho motivos para duvidar do Azevedo. Mas acho que ele está sendo vítima do espírito "empreendedor" do Protógenes que, ao que tudo indica, agora anda negociando o passe para ver quem dá mais - o PSOL ou o PDT.