sábado, 20 de junho de 2009

Vamos deixar de frescura...

Só duas categorias de brasileiros podem se dizer surpresos com as últimas notícias vindas do Senado Federal: os recém-nascidos e os que saíram do coma.


Quem não se encaixa nesta categoria, favor deixar de frescura e lembrar que, outro dia, os senadores tiveram a chance de resgatar um pouco da honra perdida e preferiram absolver Renan Calheiros. O episódio pode parecer muito pontual - porque não é o único -, mas ilustra bem a nossa inércia política. Calheiros negociou a presidência do Senado por sua absolvição e... ponto. Do lado de cá, nada. Artigos e comentários indignados na imprensa, claro. Mas palavras escritas, já sabemos, têm alcance reduzido neste grande acampamento que alguns insistem em chamar de país.

Sem contar aquela meia-dúzia que, posando de esclarecida e pró-ativa, sempre arrisca um discurso "Senado prá quê? Vamu fechá aquela bosta!". Ou seja: quando não conseguimos fazer com que uma instituição democrática funcione corretamente, nossos cidadãos supostamente mais 'politizados' - ou mais afeitos a mobilizações, como queiram - cogitam fechá-la. Por analfabetismo ou preguiça, a maioria segue silenciosa, trabalhando para pagar os impostos que sustentam esta farra sem fim.


Com tamanha malemolência, é de se admirar que aqueles a quem, repetidas vezes, temos conferido poder ainda nos deixem dizer o que pensamos. O que é uma grande bênção porque, salve-salve!, amanhã é domingo - dia de desopilar o fígado xingando a mãe do juiz.

E, já me antecipando aos que até aqui virão para apontar o quanto é clichê essa história de "futebol, ópio do povo", deixo outro, berrado por um maluco que passou por mim na rua ontem: " Droga só faz mal para quem não tem caráter".

5 comentários:

Gonzaga Britto disse...

Sempre que leio seus textos imagino você com certo (delicioso) ar blasé, ironizando tudo & todos, como convém a toda dama digna. Concordo e discordo com/de você - como acontece nas melhores familias de seres que se amam e se odeiam - mas aqui, naturalmente, não é espaço para elaboradas discussões filopolíticasociais até porque não estou com saco para isso. Quero apenas dizer que admiro sua persistência nos pontos de vista que você expõe com a clareza de um chute no saco mas sinto falta de alguma proposição mais sólida para, digamos assim, tentar pelo menos afastar de nós, cidadãos, essa bosta toda que nos envolve. Bom restinho de sábado, excelente domingo, saúde e paz.

aluizio amorim disse...

Nariz:
sua análise, como sempre, está perfeita. Tenha uma excelente final de semana. Bjs do aluízio amorim

paschoal disse...

Pior, Nariz, ano que vem, muitos desses "homens não comuns" (sic) serão reeleitos porque os treze milhões de bolsa família (que na realidade significam 39 milhões de votos) de algum modo temerão perder a mamata pois, todos sabemos, que o mote das campanhas será que a oposição (hahaha) irá acabar com essa famigerada esmola!

Sharp Random disse...

Somos reféns dquele ditado estúpido:
Ruim com eles, pior sem eles.

marie tourvel disse...

Nariz, insistem em chamar essa terra de país.
E luz no final do túnel é trem que vem nos atropelar. E voz clamando pelo fim do Senado, pode crer, é de gente que anda com dinheiro até na cueca. Como sempre, texto maravilhoso. Bom domingo pra você e um beijo.