sábado, 8 de março de 2014

O PMDB, este guardião da democracia

"O PT tem projeto hegemônico, de dominação completa do poder político. 
Por isso, sempre terá candidato a tudo, tenderá a ocupar todos os espaços."
(Eduardo Cunha, líder do PMDB na Câmara dos Deputados, em entrevista à Revista Época)


Em entrevista para a Época que está chegando às bancas neste sábado, Eduardo Cunha solta o verbo contra o PT e evidencia que a crise entre o PMDB e o governo Dilma é séria.

Não é novidade para quem acompanha este blog. Desça a página, ou clique aqui, e leia o post que publiquei no último sábado, avisando que o programa de TV que o PMDB levara ao ar na quinta-feira era um sinal claro da tempestade que se aproximava do Palácio Planalto.

Que tudo se acalme até junho ainda é, obviamente, a aposta mais acertada. Mas também é verdade que,ao longo da última década, a possibilidade de um rompimento entre PT e PMDB nunca se mostrou tão forte.

No post da semana passada, falei de como funciona o jogo do PMDB com o poder. Faltou apenas dizer que, por vias tortas e motivos às vezes pouco louváveis, desde o fim da ditadura o PMDB tem sido um fiel guardião da democracia.

Um peemedebista lhe dirá que isto é assim porque o partido foi fundamental no processo de redemocratização do país - o que é verdade e, certamente, é o genuíno sentimento que alimenta muitos de seus filiados e representantes em diversas instâncias de poder. Mas há também - e, talvez, sobretudo -  algo mais concreto e pragmático que faz com que o PMDB defenda, com unhas e dentes, o sistema democrático: só na democracia ele pode participar do poder com todo o seu fisiologismo.

Não foram poucas as vezes em que vi amigos se espantarem diante da minha declaração de que sempre poderíamos contar com o PMDB para defender a democracia porque ela lhe era, sob diferentes aspectos, mais vantajosa do que qualquer outro sistema político - e que, por este motivo, o PMDB jamais permitiria que os arroubos ditatoriais do PT se concretizassem. Penso que agora, ao lerem a entrevista de Eduardo Cunha - e especialmente a declaração que abre este post - os amigos que espantei começarão a concordar comigo.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Dilma é a estrela principal de vídeo que mostra as atrocidades de Maduro na Venezuela

Vergonha para o Brasil, o vídeo abaixo, postado hoje cedo pelo Reinaldo Azevedo, está se espalhando feito rastilho de pólvora na internet.

Nele, uma estudante venezuelana explica as manifestações que estão ocorrendo naquele país. E, para vergonha nossa, ao final do primeiro minuto, quando a estudante afirma que todo o quadro de repressão, assassinato de manifestantes e censura à imprensa se passa "sob o silêncio cúmplice dos governos da região", a imagem que estoura na tela é a de Dilma Rousseff.


E não há nada de mentiroso no vídeo. Basta ver as últimas declarações do assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, para saber o que Dilma pensa sobre a situação no país vizinho: que há um "exagero" na divulgação das informações, por parte da impressa estrangeira, e que, "se convidado for, o Brasil está disposto a apoiar" o governo ditatorial de Nicolás Maduro.

Recentemente, em artigo para a Folha de S. Paulo, Aécio Neves disse que o mundo anda desconfiado do Brasil porque, na prática, temos dado guarida a governos autoritários. O vídeo abaixo é uma clara e triste demonstração de que o alerta feito pelo senador tucano foi mais do que acertado.   

sábado, 1 de março de 2014

O recado do PMDB na TV: a eleição de 2014 é uma página em branco

A semana foi tão corrida que somente agora pude assistir o programa de televisão que o PMDB levou ao ar nesta quinta-feira. E a mensagem que o partido de Michel Temer decidiu emitir em seu primeiro espaço de propaganda do ano é tão clara que me espantei com as poucas reações surgidas.

Notem que não se trata, aqui, de fazer análise da qualidade do programa e,  muito menos,  de debater que a nova - pouca importa se boa ou não -  linguagem apresentada implique em alguma renovação concreta no partido. Na verdade, a linguagem apresentada nesta semana já tinha sido ensaiada no programa exibido em agosto do ano passado - em pleno calor das manifestações que tomaram as ruas do país.

Quero falar é do tema que foi o eixo discursivo do programa desta quinta-feira: "escolhas". Ao longo de mais de 10 minutos de programa  o PMDB não fez outra coisa a não ser deixar  claro que sua escolha para 2014 ainda não foi feita. Se o partido vai novamente com Dilma ou se vai debandar para a oposição, é "escolha" que será feita mais adiante - em se tratando do PMDB, quando o cenário eleitoral indicar com mais segurança qual decisão tem mais chances de mantê-lo em estreitas relações com o poder.

Bem sei que a postura não é nova. O PMDB é aquele partido que, há décadas, tem se mantido no poder mediante um jogo que inclui o "racha" eleitoral: oficialmente, sempre apoia o governo; informalmente, faz vistas grossas para os membros "rebeldes" que declaram apoio à oposição. Conforme o quadro eleitoral vai ficando mais definido, o partido sempre pode pular para o barco que melhor lhe convier - no mínimo porque, quando a oposição vence, aqueles "rebeldes" serão seus embaixadores junto ao novo governo eleito.  O espólio desta guerra vocês conhecem: são os cargos em ministérios e empresas estatais.

Mas, então, o que há de novo no programa eleitoral levado ao ar na quinta-feira? A inédita institucionalização deste jogo e, por conseqüência, o evidente temor de manter-se, precipitadamente, associado a Dilma Rousseff. Basta clicar aqui  e assistir o programa que o partido levou ao ar nesta mesma época, em 2010, para entender: então, tudo o que o PMDB queria era vincular-se aos programas sociais de Lula, numa clara preparação ao apoio que daria à sua sucessora.

Ao que tudo indica, agora o "maior partido do Brasil" entra em um ano eleitoral sem conseguir enxergar o quadro com tanta clareza. O PMDB tem  dúvidas sobre seguir ou não com Dilma - e quer assegurar o seu direito de fazer outras escolhas. E quando o PMDB, que nunca dá ponto sem nó, manda um recado destes, a oposição pode ter uma certeza: a situação de Dilma não está nada boa.