Ontem à noite ficou explícito, pela milionésima vez, que as redes de televisão deveriam desistir de realizar debates no primeiro turno. Não há tempo suficiente para que o debate possa, de fato, ocorrer. E quando a seriedade não encontra lugar, a coisa vira circo.
No caso em questão, os dois candidatos que dizem representar o novo, a inovação, etc e tal - Cesar Júnior (DEM) e Ângela Albino (PC do B) - seguiram com a estratégia infantil de cobrir o vácuo deixado pela falta de propostas com discussões sobre a campanha em si. Uma postura digna de representantes de grêmio estudantil. E olha que talvez eu esteja sendo injusta e nem nos grêmios estudantis se apele mais para este tipo de coisa).
Atual prefeito e franco favorito à reeleição, Dário Berger (PMDB) pecou por falta de presença de espírito e excesso de autoconfiança: deixou escapar respostas simples e certeiras contra seus adversários e disse estar prestes a se reeleger em primeiro turno - coisa que as pesquisas, pelo menos até aqui, não nos permitem concluir. E mesmo que permitissem, em eleição - como em qualquer outro assunto - é prudente que a galinha ponha os ovos antes de cacarejar.
O experiente Esperidião Amin (PP), por sua vez, mostrou porque só faz cair desde que a campanha começou. Segundo colocado nas pesquisas - com 16 pontos percentuais atrás de Berger - ele não consegue se desvenciliar da armadilha que armou para si próprio ao candidatar-se: se foi prefeito em dois mandatos ( e marido-da-prefeita em outros dois), por que já não fez antes tudo o que está prometendo fazer agora?
Já o candidato petista, que amarga míseros 4 pontos percentuais, colocou em cheque as pesquisas. As mesmas que apontam mais de 50% de aprovação para o governo Lula. Nildão Freire (PT) disse, com todas as letras, que a pesquisa Ibope foi fechada na mesa do governador Luiz Henrique. Aposto que não será responsabilizado pelo que disse. Este é o país onde petistas podem, à revelia da Lei, dizer e fazer o que bem entendem.