quinta-feira, 28 de maio de 2009

Focinho de porco

Em homenagem a Haroldo Ribeiro Gomes, Cássio, João Paulo Rodrigues e DKCR, segue matéria publicada na Folha de S. Paulo de hoje.

Se quiserem saber quem são os quatro homenageados, cliquem aqui.

Importa é que eles sabem quem são. E que hoje, em especial, devem estar com um pouquinho de vergonha do que são.

*****

PF vê ligação de libanês com a Al Qaeda

Investigação indica que sua função não estava ligada ao braço armado da organização; advogado aponta "precipitação" da polícia


Segundo as interceptações, homem detido no mês passado dizia ser integrante da Al Qaeda; FBI alertou brasileiros em fevereiro

LUCAS FERRAZ

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Investigações da Polícia Federal sobre a atividade do libanês K. chegaram à conclusão de que ele tem ligações com a organização terrorista Al Qaeda. K., acredita-se, é o responsável mundial pelo "Jihad Media Battalion", uma organização virtual que é usada como uma espécie de relações públicas on-line da Al Qaeda, propagando pela internet, em árabe, ideais extremistas e incitando o povo muçulmano a combater países como os EUA e Israel. Para a PF, K. não é membro da alta hierarquia da Al Qaeda.

De São Paulo, sempre segundo a avaliação da cúpula da PF, o libanês mantinha contato com pessoas ligadas à organização terrorista em pelo menos quatro países, um deles da Ásia. Sua função não estava ligada ao braço armado da organização, mas a PF suspeita de que ele tenha tratado, em discussões pelo fórum, de alvos potenciais de atentados, chegando a distribuir tarefas a outros membros da organização. Segundo as investigações, K. agia só, o que descarta, portanto, para as autoridades, a participação de algum brasileiro.

Nas intercepções feitas pela PF, o libanês foi flagrado dizendo ser integrante da Al Qaeda, que tem como líder máximo Osama bin Laden, o terrorista mais procurado do planeta. As autoridades brasileiras foram informadas da atuação do libanês em fevereiro, em informações repassadas pelo FBI, o equivalente norte-americano da PF. Na ocasião, o FBI já tinha a identificação do IP do computador de onde o libanês coordenava a rede.

O advogado do libanês, Mehry Daychoum, diz que houve "confusão" e "precipitação" da PF e nega relação de seu cliente com qualquer organização "paramilitar ou terrorista": "Ele cometeu a infelicidade de emitir comentários na internet, jamais imaginando que isso pudesse ser crime no Brasil".

Na edição de terça, o colunista da Folha Janio de Freitas informou que um integrante da alta hierarquia da Al Qaeda tinha sido preso no Brasil. Para preservar o sigilo da operação, escreveu o jornalista, a PF atribuiu a prisão a uma investigação sobre células nazistas.

O ministro Tarso Genro (Justiça) disse que o governo não trabalhava com a hipótese de K. ter relações com a Al Qaeda. O presidente Lula demonstrou irritação ao falar do caso.

Segundo disseram à Folha autoridades brasileiras, o governo queria manter sob sigilo a suspeita da ligação de K. com a Al Qaeda, principalmente por causa da pressão internacional. Por isso sua prisão foi divulgada como consequência de uma suposta "propagação de mensagens com conteúdo racista pela internet", segundo a nota da PF. O libanês foi indiciado por crime de racismo.

Autoridades americanas têm pressionado o Brasil por não haver em lei a tipificação do crime de terrorismo. Para Tarso, não é preciso mudar a legislação, pois atos terroristas podem ser enquadrados nas leis comuns. O debate já chegou a ser travado no Ministério da Justiça. Mas a preocupação do governo é que a criação de uma lei desse tipo possa criminalizar movimentos sociais.

K. vive no Brasil com a mulher e filha, ambas brasileiras. Detido em 25 de abril, ele passou 21 dias preso por ordem do juiz da 4ª Vara Federal Criminal, Alexandre Cassettari. Agora, mesmo em liberdade, o libanês segue sendo monitorado.

Em nota, a assessoria da Justiça Federal disse que a investigação da PF apontou indícios de que K. atuava como membro da "organização extremista" Jihad Media Battalion, além de ter ligações "com outros grupos". Segundo a Justiça, "as diligências policiais constataram, também, a associação de aproximadamente 34 membros cadastrados, o que caracterizaria a formação de quadrilha". O Ministério Público ainda não decidiu se oferecerá denúncia contra K.

Ontem, a Comissão de Segurança Pública da Câmara aprovou requerimento que convida representantes da PF e da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para discutir a prisão de K -com data a ser definida.

Direto da aldeia

A partir das 19 horas de hoje, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retoma o julgamento do processo de cassação do governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB).

Luiz Henrique não é acusado de compra de votos ou de fraude eleitoral. De acordo com um <a href="encarte publicado pelo Diário Catarinense, pesam sobre o governador as seguinte acusações:

1) Propaganda eleitoral ilegal e promoção pessoal – entre o segundo semestre de 2004 e junho de 2006, foi veiculado em rádio e TV a campanha publicitária institucional Santa Catarina em Ação, divulgando obras estaduais.

2) Abuso de poder político – no segundo turno, o governador em exercício Eduardo Pinho Moreira enviou à Assembléia projeto isentando do IPVA proprietários de motos com até 200 cc. Esperidião Amin, candidato à época, havia feito a mesma proposta no programa eleitoral cinco dias antes.

3) Propaganda eleitoral ilegal - Dezenas de jornais do interior publicaram no primeiro semestre de 2006 um caderno especial de balanço do primeiro mandato de LHS.

Não conheço os mínimos detalhes do caso - caberá ao TSE julgar a coisa. Mas, como já disse outro dia, não vejo com bons olhos esta mania dos Amin de sempre - pelo menos nestes sete anos em que estou morando aqui - contestarem, na Justiça, o resultado das urnas. Toda vez que alguém da família perde uma eleição é a mesma coisa. Na minha opinião, esta constância - acrescida do fato de que jamais conseguiram ganhar uma - desmoraliza a causa.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Continuo confusa

Leia, primeiro, o post anterior, que traz a matéria da Folha de S. Paulo sobre a prisão de um suposto membro da rede Al Qaeda.

Depois, volte e confira estes trechos da nota emitida pelo Ministério Público Federal - cujo link foi postado aqui no blog ontem à noite:

1) A Polícia Federal recebeu informações do FBI sobre a existência

de um fórum fechado da internet, publicado em língua árabe, com mensagens discriminatórias e anti-americanas. A PF tinha a informação de que parte dos conteúdos eram postados a partir do Brasil;

2) Após a quebra de sigilo telemático, foi confirmado que um

cidadão de origem árabe, residente no Brasil, era o moderador do fórum e que este poderia estar ligado a algum grupo terrorista;

(...)

8) A investigação apontou que o fórum era organizado e possuía

estatuto e que nada era publicado sem autorização do homem preso, entretanto não há indício de que esse grupo integre ou tenha praticado qualquer ato de uma organização terrorista. Não foram apreendidas armas, documentos secretos, planos, etc;

9) O MPF entende como deplorável o material publicado pelos

integrantes do fórum e, por meio do Grupo de Combate a Crimes Cibernéticos, atua há anos contra crimes contra os Direitos Humanos na internet, como os crimes de ódio. Tais mensagens de incitação à violência, ódio a americanos e intolerância religiosa, continuam sob análise do Ministério Público Federal, de forma serena, em busca da verdade real dos fatos e da correta aplicação dos pressupostos de um Estado Democrático de Direito.

Me parece que este caso - talvez pelo sigilo imposto - está bastante confuso.

Pois se, como afirma o MPF, "após a quebra de sigilo telemático,foi confirmado que um cidadão de origem árabe, residente no Brasil, era o moderador do fórum" e se "a investigação apontou que o fórum era organizado e possuía estatuto e que nada era publicado sem autorização do homem preso" - conteúdo que, notem bem, o MPF qualifica como "discriminatório" e "deplorável" - pode-se concluir que a dúvida reside quanto ao suposto envolvimento com a Al Qaeda, mas não quanto ao caráter discriminatório do conteúdo e ao nível de responsabilidade do preso sobre o mesmo, certo?

Tanto é assim que, segundo a matéria da Folha de S. Paulo, a PF de Brasília emitiu nota informando que o homem preso foi "indiciado no artigo 20, parágrafo segundo, da Lei 7.716/89 (crime de racismo)".

O próprio advogado do preso parece não discordar da coisa ao declarar, à Folha de S. Paulo: "O meu cliente não tem qualquer vínculo com qualquer organização paramilitar ou terrorista. Ele [cliente] cometeu a infelicidade de emitir comentários na internet,jamais imaginando que isso pudesse ser crime no Brasil"

Agora, peço a ajuda dos senhores juristas para entender o seguinte: racismo não é crime inafiançável? Mesmo diante de um indiciamento, a pessoa pode ser liberada?

Já se vê que não entendo lhufas de leis. Por isso pergunto. Porque, a grosso modo, me parece que o homem em questão poderia ser liberado após os 20 dias porque, como afirma o juiz Alexandre Cassetaria, à FSP, "não pode a prisão deste feito ser mantida somente para sustentar ou auxiliar investigações estrangeiras". Pergunto é se ele, diante de um indiciamento por racismo não deveria permanecer detido.

Notem que estou a fazer peguntas. É que gostaria de entender o motivo de toda esta confusão. Porque a confusão é visível, queridos. Ou não haveria sigilo, notas desencontradas e um Lula furioso com o vazamento do caso.

Tomada

Segue, abaixo, matéria da Folha De São Paulo de hoje sobre a suposta prisão de um suposto membro da Al Qaeda, anunciada, ontem, na mesma Folha, pelo colunista Jânio de Freitas. Os grifos são meus.

Daqui a pouco eu comento.

PF investiga estrangeiro por racismo na internet

A Polícia Federal manteve preso por 21 dias o libanês K., comerciante de equipamentos de informática que mora em São Paulo, sob suspeita de que ele propagava na internet material com conteúdo racista.

Na edição de ontem da Folha, o colunista Janio de Freitas informou que um integrante da alta hierarquia da Al Qaeda tinha sido preso no Brasil.

O jornalista escreveu que, para preservar o sigilo, a PF atribuiu a prisão, inclusive internamente, a uma investigação sobre células de neonazistas.

O comerciante nasceu no Vale do Bekaa, no Líbano, é considerado "estrangeiro permanente" no Brasil e tem mulher e filha brasileiras. Ele foi preso em 25 de abril por ordem do juiz da 4ª Vara Federal Criminal, Alexandre Cassettari.

A ordem de soltura foi dada pelo mesmo juiz no último dia 18, por entender que a prorrogação da prisão já não era mais necessária para o andamento das investigações no Brasil.

Em nota divulgada ontem, a procuradora federal Ana Letícia Absy informou que as investigações "não comprovaram que o preso em São Paulo é membro da Al Qaeda".

A procuradora relatou, na nota, que o libanês foi alvo de um inquérito aberto pela PF com base em informações do FBI, o equivalente norte-americano da PF, "sobre a existência de um fórum fechado da internet, publicado em língua árabe, com mensagens discriminatórias e anti-americanas".

Em decisão contrária a um habeas corpus impetrado por K., o desembargador do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região Baptista Pereira citou, de modo genérico, que as investigações da PF vinculavam esse fórum da internet a "grupos como Al Qaeda".

"Consta dos autos que o paciente está sendo investigado pela Polícia Federal, na denominada Operação Imperador, originada de interceptações telefônicas, com a finalidade de investigar a existência de suposta organização denominada "Jihad Media Battalion", que propagaria material de cunho racista e de intolerância e discriminação religiosa pela rede mundial de computadores, internet, visando à incitação do ódio aos ocidentais e o fomento de ideologia antissemita, colaborando com grupos como Al-Qaeda", escreveu Pereira.

O advogado do investigado, Mehry Daychoum, disse que houve "uma completa confusão da Polícia Federal" e uma "precipitação". "O meu cliente não tem qualquer vínculo com qualquer organização paramilitar ou terrorista", disse.

"Ele [cliente] cometeu a infelicidade de emitir comentários na internet, jamais imaginando que isso pudesse ser crime no Brasil", disse Daychoum. Segundo seu advogado, K. "mora nos fundos de uma casa", tem um pequeno comércio e conserta aparelhos de informática.

Outros países

Na decisão que libertou K., o juiz Cassettari informou que o caso interessa a "autoridades estrangeiras". Ele fez crítica indireta à demora desses países em se manifestar no processo.

"Mesmo considerando que investigações feitas em outros países podem ainda estar em andamento (o que está totalmente demonstrado nestes autos), não pode a prisão deste feito ser mantida somente para sustentar ou auxiliar investigações estrangeiras, já tendo as autoridades estrangeiras 20 dias desde a prisão do investigado para as providências cabíveis", escreveu o juiz.

Em nota, a PF em Brasília informou que o libanês foi preso por suposta "propagação de mensagens com conteúdo racista pela internet. O estrangeiro foi indiciado no artigo 20, parágrafo segundo, da Lei 7.716/89 (crime de racismo). A PF não se manifestará sobre a investigação, que corre sob segredo de Justiça".

A PF pretendia mantê-lo preso por mais tempo, para aprofundar a investigação e conhecer o alcance de seus eventuais contatos estrangeiros.

No Brasil, não existe o crime de terrorismo. Assim, ainda que se comprove a ligação de um investigado com grupos extremistas, só poderá ser preso se praticar algum crime previsto na legislação nacional ou mediante algum pedido de extradição encaminhado por um país estrangeiro ao STF (Supremo Tribunal Federal).

A ideia da PF era expulsar K. do país, prática legal permitida quando um estrangeiro comete crime dentro do território nacional. Mas isso não foi possível porque ele é casado com uma brasileira, situação que proíbe a expulsão. (RUBENS VALENTE, ANDREA MICHAEL e LUCAS FERRAZ)


terça-feira, 26 de maio de 2009

Focinho de porco ou tomada?

Há pouco, o Ministério Público emitiu uma nota dizendo que não há indício de que o homem preso integre ou tenha praticado qualquer ato de uma organização terrorista.

Meus anjinhos da guarda também estão agitados. Um me diz que a Globo São Paulo está numa correria maluca, tentando apurar a confusão - e que matéria, provavelmente, só vai rolar no Jornal da Globo. Outro, que focinho de porco não é tomada - e que eu fique de olho na Folha de S. Paulo de amanhã.

Ambos recomendam calma (pô, gente, eu sou calma!) e afirmam que o assunto é complicado. O que me faz concluir que, se não for focinho de porco, alguém vai tomar choque.

"Direspeitoso"

Enquanto as informações são desencontradas - o Estadão afirma que o AL Qaeda segue preso -, você assiste ao vídeo abaixo.

Lula com este papo de que está ofendido... E de que "nada foi provado ainda"?

Humm... Macacos me mordam se este AL Qaeda não for companheiro.

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Mão na moleira, birutas!

Quando, logo depois dos atentados de 11 de setembro, o governo americano mostrou-se preocupado com a ação de grupos terroristas na America Latina - em especial na Tríplice Fronteira - houve choro e ranger de dentes.


Uns - e o ex-ministro Justiça José Gregori, estava entre eles - diziam que o EUA estavam pressionando para que se achasse um terrorista no Brasil. Já o ministro de Justiça de então, Paulo de Tarso Ramos Ribeiro, cogitou uma tentativa de demonização da América do Sul. E, ainda em 2001, quando a CNN apresentou um programa apontando indícios de terrorismo na região, Fernando Henrique Cardoso foi à Casa Branca para dizer que a Tríplice Fronteira era mais segura do que Londres.

Houve, também, delírios moderados: alguns atribuíram o tema à necessidade de Bush encontrar uma pauta para a campanha de reeleição em 2004 ou a uma conspiração para perseguir, deliberadamente, os muçulmanos estabelecidos em Foz do Iguaçu. E não faltaram - cedo ou tarde, eles sempre se apresentam - os grandes delírios: que tudo não passava de uma desculpa esfarrapada a justificar uma futura invasão yankee na América Latina para, claro, solapar o petróleo venezuelano e a água (isso mesmo!) brasileira - o Aqüifero Gurani dava o toque de realidade à lenda.

Pois me parece que hoje todos estes delírios, grandes e pequenos, devem calar diante do artigo de Jânio de Freitas para a Folha de S. Paulo. Porque ele dá conta de que foi preso, em São Paulo, um integrante da alta hierarquia da Al Qaeda.

Segundo Freitas, não consta que o sujeito estivesse planejando ações terroristas no Brasil. Mas a coisa toda - inclusive a prisão - corre em segredo porque "a importância do preso se revela no grau de sua responsabilidade operacional: o setor de comunicações internacionais da Al Qaeda". Ele também observa que "tal atividade sugere provável relação entre recentes êxitos do FBI e a prisão aparentemente anterior feita em São Paulo. Há cinco dias, o FBI prendeu por antecipação os incumbidos de vários atentados iminentes nos Estados Unidos, inclusive em Nova York". (assinantes podem ler a matéria completa aqui).

É provável, mesmo, que o integrante-da-alta-hierarquia-da-Al-Qaeda estivesse por aqui de passagem - e não para planejar um atentado. Talvez, ciente de que o FBI estava em seu encalço, tenha resolvido dar um tempo por aqui - aquela coisa de esperar a poeira baixar. Quem sabe não estava atrás de um novo passaporte?

O Brasil, como se sabe - e como o pessoal que ficou fulo da vida com aquela campanha do Burger King teima em negar - é o refúgio ideal para bandidos internacionais. E isto é assim desde que os nazistas vinham até aqui para se esconder. E é assim por motivos vários, que vão desde a malemolência das nossas autoridades, passando pelo total abandono das nossas fronteiras e culminando com a nossa alardeada diversidade étnica - o que permite que qualquer criatura, sem levantar a mínima suspeita, possa se passar por brasileiro. E o Bush, vejam só!, não tem culpa de que assim seja.

Só isto já deveria ter servido para que, nos últimos oito anos, políticos, profetas e outros birutas tivessem colocado a mão na consciência antes de dizer tanta bobagem. Quem sabe agora o façam?


Atualização, às 17h:26min: só agora fiquei sabendo que, enquanto eu redigia este post, os portais de notícias avisavam que o fato ocorreu há dois meses e que o tal integrante-da-alta-hierarquia-da-Al-Qaeda já foi solto e não será extraditado porque, dentre outras coisas, é casado com uma brasileira. Obra do Ministério da Justiça, do sr. Tarso Genro, que adora acolher um terrorista com desculpas esfarrapadas. Vai ver a mulher do sr. Al Qaeda tambem trabalha no governo Lula, tal qual a esposa do terrorista colombiano Olivério Medina. Esqueçam, portanto, a moleira. Melhor esta gente toda colocar a mão lá - lá mesmo, onde vocês estão pensando. Porque agora vamos ver quem é o Obama.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Aliás...

Por falar no Protógenes, está rolando um bate-boca virtual entre ele e o colunista Roberto Azevedo, do Diário Catarinense.

Na sexta-feira, Azevedo informou que Protógenes assinara ficha com o PDT.

Ontem, o delegado desmentiu.

Hoje, Azevedo bate o pé: diz que Protógenes assinou uma ficha simbólica no PDT e que pretende oficializar a filiação, em breve, em um grande ato nacional.

Eu não tenho motivos para duvidar do Azevedo. Mas acho que ele está sendo vítima do espírito "empreendedor" do Protógenes que, ao que tudo indica, agora anda negociando o passe para ver quem dá mais - o PSOL ou o PDT.

Protógenes, Paulo Henrique Amorim e Demarco. Que trio, hein?

Segundo matéria do site Consultor Jurídico, acabam de chegar ao Brasil mais de 470 mil páginas produzidas pela Procuradoria de Milão na investigação da Telecom Itália.

Dentre outras coisas, os papéis dariam conta da estreita relação entre Paulo Henrique Amorim, Protógenes de Queiroz e Luís Roberto Demarco - o criador das lojinhas virtuais do PT.

Clique aqui para le a matéria do Consultor Jurídico.


Atualização às 19h58min:incrível como tudo o que envolve Dantas e esta turma é sempre muito esquisito. Só agora vi como é endereço da matéria: http://www.conjur.com.br/2009-mai-25/luis-roberto-demarco-suspeito-ventriloquo-protogenes. O termo "ventríloquo"- bastante agressivo - não foi utilizado na matéria. Pode ter sido o título original que alguém decidiu mudar ( no meu sistema, por exemplo, mesmo que eu mude o título de um post, o endereço segue com o título antigo). Ou pode apenas ter sido uma cutucada extra - vai se saber.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Aqui jaz...

Não lembro de ter visto, em qualquer lugar do mundo, manifestação dos chamados "movimentos sociais" contra a investigação de uma empresa - fosse ela estatal, privada ou mista - que estivesse sob suspeita de corrupção. Não lembro. Se não me falha a memória, a pelegada que costuma animar estas agremiações gosta de ver gente investigada. E quando os investigados são seus, eles tendem a fingir que apoiam - ou, no mínimo, mantém um silêncio conveniente sobre o tema.

A decadência moral explícita dos que organizaram - e daqueles cerca de 3 mil que compareceram - a tal "Marcha Contra a CPI da Petrobrás" já seria suficiente para ilustrar que o país está na lona: o lulopetismo, como tantas vezes eu disse que aconteceria, conseguiu acabar de vez com a vergonha na cara.

Mas não foi só isso.

Também me escapa quando e onde uma associação nacional de imprensa - que, notem bem, congrega profissionais que têm na investigação uma de suas principais ferramentas - se colocou contra um processo dessa natureza.

O apoio da Associação Brasileira de Imprensa à tal marcha dos sem-vergonha funciona, na minha opinião, como a lápide a anunciar a morte de um dos poucos valores que ainda nos restavam - a saber, uma imprensa livre a crítica. E aqui pouco importa se a ABI representa, de fato, os anseios da classe. Vale para ela o que boa parte da imprensa aplica ao Congresso Nacional: mesmo quem vota nulo ou não comparece às urnas é responsável pelo nível dos que lá estão - ou não é isso o que lemos nos jornais quase todos os dias?


Portanto, senhores jornalistas, se a cúpula da ABI não os representa, tratem de derrubá-la. Como? Não sei. Problema de vocês. Mas tratem de fazê-lo porque ela está falando e agindo em vosso nome. E o que ela faz e diz, meus caros, fede feito um cadáver insepulto. Um cadáver chamado "imprensa livre".

terça-feira, 19 de maio de 2009

Roda a saia, freirinha

Não assisti toda a entrevista do senador Álvaro Dias no Roda Viva de ontem - adormeci antes do fim. Mas acho que vi o suficiente.

É que meu estômago anda frágil para algumas coisas. No caso em questão, a descabida e insana inocência com a qual o tucano declarou que a emenda constitucional em prol de um terceiro mandato consecutivo para Lula não passará no Senado porque - vejam só! - senadores petistas assim garantiram. É isso mesmo: os senadores petistas disseram a Álvaro Dias que são contra um terceiro mandato para Lula. E Álvaro Dias acreditou.


Eu ainda aguardei alguns minutos, na esperança de que Chico Caruso nos surpreendesse - coisa que ele, me desculpem os fãs, nunca faz - com uma charge do senador metido num hábito carmelita. A charge não veio e eu adormeci - não sem, antes, fazer uma oração. Porque, se estamos pela palavra dos petistas, meus caros, orar é tudo o que nos resta.

É esperar para ver. Tão logo fique (mais) claro que Dilma não está em condições de encarar uma campanha presidencial, a emenda do deputado Jackson Barreto (PMDB-SE) ganhará força. E a freirinha que o Roda Viva entrevistou ontem vai dançar.

sábado, 16 de maio de 2009

O Piantella é aqui?

forte2.jpg

A Praia do Forte, Floripa, by Fotonato

"Morri e estou às portas do inferno" - foi o que eu pensei, há pouco, ao olhar para a mesa ao lado e me dar conta de que aquela figura atarracada, metida numa baby-look rosa, era Ideli Salvatti.

Estávamos praticamente em casa: no Pescador Lobo, aqui ao lado, na Praia do Forte, onde vamos quase todos os finais de semana para rodadas de anchovas, tainhas ou camarões. Aliás, uma raridade, eu nem tinha pedido lula empanada para estar enxergando idelis. Mas lá estava ela acompanhada, imagino, do namorado.

Levei uns dez minutos para avisar ao Coronel porque ele, definitivamente, não sabe ser discreto - e nós estávamos sentados quase no colo da senadora.


Pode parecer espantoso que, morando em Florianópolis, jamais tivéssemos encontrado essa senhora. E devo dizer - mesmo sabendo que alguns de vocês, e a Kika em especial, vão me puxar as orelhas por toda a eternidade- que assim, à beira-mar, vista de perto, a senadora até parece gente.

Mas a tarde - ou o almoço, como queiram - estava só começando. Ideli ainda estava pela área quando notamos, em outra mesa, o Dr. Jorge Bornhausen e família. A esta altura, Coronel inquietou-se na cadeira - quis pediir um aparte, abrir os trabalhos ou qualquer coisa assim. "Isso aqui, agora, vai virar o Piantella?", perguntou.

Acalmei o homem, lembrando que, provavelmente, a Praia do Forte seguirá sendo um bom refúgio das coisas profanas - e que todo este pessoal está na cidade por conta do show que Roberto Carlos fará logo mais, às 21:00h, em comemoração aos trinta anos da RBS em Santa Catarina. Com certeza, a tribuna V.I.P vai estar recheada de políticos e pessoas influentes - o que, com licença, inclui nós dois.

Voltei

Estivemos fora do ar por falta de saco - na verdade, foi mais porque fui ao RS ver a mami e acabei esticando a estada para rever amigos. Mas a alegada falta de saco tem lá a sua razão de ser já que, na volta, encontrei trabalho acumulado e um carro morto, que segue em chek-up - o que transformou a quinta e a sexta, meus dias usualmente mais corridos, em um verdadeiro inferno.

Sei que há um milhão de assuntos pendentes - ficando só na superfície, já temos a CPI da Petrobrás e a Veja enquadrando o senador Efraim Morais (uma daquelas ocasiões em que os petistas gostam da, e acreditam na, "revista da mídia reacionária e golpista").

De modo que daqui a pouco eu resolvo sobre o que falar e a gente manda brasa, mora? (sim, Roberto Carlos está na cidade).

Por ora, quero apenas agradecer à Martha Colmenares por ter indicado este blog para o Prêmio 11 de Abril, que é conferido aos blogs que defendem a democracia venezuelana. Sei que, como premiada, devo indicar outros blogs - e prometo fazê-lo tão logo tenha tirado as teias de aranha aqui da bodega. Mas não poderia deixar de falar que, muito mais do que o prêmio em si, me orgulha que a indicação tenha vindo da Marha - incansável e corajosa guerreira na luta contra a ditadura chavista. Obrigada, querida.

Até já.

sábado, 9 de maio de 2009

Mais um item para a sacola das decepções

Se 1/5 do que a Veja desta semana está trazendo sobre Yeda Crusius for verdade, minha decepção vai ser enorme. E o pior é que eu não tenho qualquer motivo para duvidar da Veja ou da ex-namorada de Marcelo Cavalcante.

A decepção não se dá por conta da governadora ser tucana - quem acompanha este blog sabe que, desde a preservação de Eduardo Azeredo naquele episódio de caixa dois em Minas, não tenho ilusões a respeito daquelas aves. Meu desencanto está na mesma medida da minha vibração à época em que Yeda Crusius, a primeira mulher a ocupar o governo do Rio Grande do Sul, assumiu o cargo.

Não que o simples fato de ser mulher represente qualquer garantia com relação à ética. Mas era de se esperar que, ao ocupar e um cargo desta envergadura, a mulher se esforçasse - se não para se manter limpinha e cheirosa, pelo menos para não chafurdar na lama.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Jesus, Maria José e o burrico!

Eu fico off-line uns dias e, quando volto, dou de cara com o quê?

Com uma cena digna de algum vilarejo da Romênia, nos idos de 1800: cerca de duzentas almas, empunhando velas, exigem que o ministro Gilmar Mendes renuncie à presidência do Supremo Tribunal Federal.

O motivo? Gilmar Mendes não estaria julgando como eles gostariam.

Nem vou entrar no ridículo da causa. Porque se tem uma coisa que me desce atravessado é um amontoado de gente portando fogo.

Quem acredita em reencarnação vai dizer que fui queimada viva em um evento qualquer. Pode até ser - boa chance para os desafetos me chamarem de bruxa com alguma propriedade. Mas, por ora, fico com o alerta de Elias Canetti : o fogo - e a noção de que depois de um incêndio, nada volta a ser como antes - exerce verdadeiro fascínio sobre as massas.

O ministro que trate de reforçar a segurança.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Herança maldita

"Eu não sei o que vocês veem de novidade no que acontece na Câmara. Qual é a novidade que vocês descobriram? Que um deputado utiliza passagem? Isso é utilizado desde que o Congresso é Congresso, gente. Qual o país que não tem um problema? É preciso parar com a mania de achar que somente no Brasil é tem determinadas coisas".

Este foi o Lula, ontem, em entrevista coletiva no Copacabana Palace.

Esta postura, tantas vezes repetida, de um presidente da República que pensa que a corrupção é um tema menor, será a maior herança de Lula para o país. Herança cujos danos serão profundos e duradouros porque nos é legada por um presidente que apresenta índices inéditos de popularidade.


O partido usou caixa 2? Todos mundo usa. O companheiro ministro formou quadrilha? Ainda não foi condenado. O companheiro ministro quebrou, ilegalmente, o sigilo bancário de um cidadão? Deixa pra lá. O companheiro foi pego com quase 2 milhões de dólares, gelados, para compar um dossiê? Não há provas! O irmão foi pego fazendo tráfico de influência? Ele é só um lambari! , etc, etc, etc... Dá até para parodiar o presidente, dizendo que não há qualquer novidade em sua atitude - e que sua leniência com corruptos existe desde que Lula é Lula.

Para os que o apoiam, contudo, o importante é o número de cidadãos que saíram da miséria. O fundamental é, como diz o próprio Lula, que o governo está fazendo chegar mais comida na mesa do povo. Todo o restante, alegam os defensores do leniente, são detalhes que ficam pequenos diante de tamanho 'avanço social' Porque, dizem eles, basta olhar para o passado para perceber que Lula fez, nesta área, mais do que qualquer outro.

Essa é, de fato, uma argumentação quase imbatívell. Porque, desconsideradas as apropriações de programas anteriores e um quadro econômico para lá de favorável, é bem provável que ela seja verdadeira. O que pode nos ajudar compreender a dependência que os defensores de Lula desenvolveram em relação ao passado e o baixo nível de expectativas que decorre desta postura: Fernando Henrique Carodos é seu norte; é tudo aquilo que eles esperam superar. Nada abaixo de Fernando Henrique. Nada além dele.

Tanto isto é verdade que poucos são os que conseguem argumentar pautados no presente. E mais raros, ainda, aqueles que se aventuram a construir qualquer argumento olhando para frente. Vai ver é porque não gostam do que vêem quando se arriscam a vislumbrar o futuro. Quem pode condená-los? Uma nação de canalhas bem nutridos não é, de fato, uma coisa bonita de se ver.