segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Perda de tempo

Ontem à noite ficou explícito, pela milionésima vez, que as redes de televisão deveriam desistir de realizar debates no primeiro turno. Não há tempo suficiente para que o debate possa, de fato, ocorrer. E quando a seriedade não encontra lugar, a coisa vira circo.

No caso em questão, os dois candidatos que dizem representar o novo, a inovação, etc e tal - Cesar Júnior (DEM) e Ângela Albino (PC do B) - seguiram com a estratégia infantil de cobrir o vácuo deixado pela falta de propostas com discussões sobre a campanha em si. Uma postura digna de representantes de grêmio estudantil. E olha que talvez eu esteja sendo injusta e nem nos grêmios estudantis se apele mais para este tipo de coisa).

Atual prefeito e franco favorito à reeleição, Dário Berger (PMDB) pecou por falta de presença de espírito e excesso de autoconfiança: deixou escapar respostas simples e certeiras contra seus adversários e disse estar prestes a se reeleger em primeiro turno - coisa que as pesquisas, pelo menos até aqui, não nos permitem concluir. E mesmo que permitissem, em eleição - como em qualquer outro assunto - é prudente que a galinha ponha os ovos antes de cacarejar.

O experiente Esperidião Amin (PP), por sua vez, mostrou porque só faz cair desde que a campanha começou. Segundo colocado nas pesquisas - com 16 pontos percentuais atrás de Berger - ele não consegue se desvenciliar da armadilha que armou para si próprio ao candidatar-se: se foi prefeito em dois mandatos ( e marido-da-prefeita em outros dois), por que já não fez antes tudo o que está prometendo fazer agora?

Já o candidato petista, que amarga míseros 4 pontos percentuais, colocou em cheque as pesquisas. As mesmas que apontam mais de 50% de aprovação para o governo Lula. Nildão Freire (PT) disse, com todas as letras, que a pesquisa Ibope foi fechada na mesa do governador Luiz Henrique. Aposto que não será responsabilizado pelo que disse. Este é o país onde petistas podem, à revelia da Lei, dizer e fazer o que bem entendem.

3 comentários:

Aluizio Amorim disse...

Bravo, Nariz!
Excelente análise. Sobretudo no que diz respeito ao Amin...hehehe...
É fogo nos botocudos e estamos conversados.

O Editor! disse...

NG,

Isso porque vc não viu os debates aqui de São Paulo...

Além da tonelada de mentiras que eles falam, sem que ninguém nem peça direito de resposta (acho isso um absurdo, mas nem vou discutir o tema...), ainda você tem os seguintes tipos de candidato:

aquele que só fala que os outros fizeram/fazem coisas boas, mas que precisa melhorar;

aquele que fala que tem que trocar o projeto, não o gerente do projeto (e obviamente não apresenta qual o novo projeto pelo qual devemos trocar o antigo)

aquele que fala que fez mais do que os outros (fez mesmo, é verdade, mas essa resposta ele usa até quando o mediador fala 'boa noite' pra ele...)

aquele que fala que 24 horas depois de assumir a prefeitura estará tudo funcionando perfeitamente (é a variação local do velho 'falta vontade política')

aquele que fala pra votar nele pq não tem dinheiro, como os outros, que tem campanhas milionárias (e isso é motivo pra votar em alguém?!?!?!)

e aquele que não consegue nem falar, se engasga todo e não fala duas frases que tenham relação entre si (e que também não são nem remotamente ligadas à pergunta).

É um show de horrores. E isso sem nem mencionar os que estão na frente. Pra esses precisaria de um tratado específico.

Parafraseando Tim Maia, toda vez que vejo duas horas de debate, percebo que tudo o que consegui foi perder duas horas da minha vida.

Beijos,

O Editor.

P.S.: NG, o que acontece?? Está tudo bem?? às vezes passam alguns dias sem que tenhamos notícias suas... Espero que seja apenas muito trabalho.

(N.G.: é isso mesmo, amigo. Muito trabalho. Beijos pra você também)

Jorge Nobre disse...

Aqui em Brasilia não há eleições para prefeito.

Sorte nossa.