Algumas notícias falam em 2.000. Outras, em 6.500 pessoas. Importa é que a manifestação em homenagem às vítimas de acidentes aéreos e aos bombeiros que trabalharam no resgate da TAM reuniu bastante gente.
Ponto, pois, para os organizadores - a saber, a Associação Brasileira de Parentes de Vítimas de Acidentes Aéreos, a CRIA Brasil (Cidadão, Responsável, Informado e Atuante), Campanha Rir para não Chorar, Casa do Zezinho, Fundação SOS Mata Atlântica, Instituto Brasil Verdade, Instituto Rukha e Movimento Nossa São Paulo: Outra Cidade.
Lá estavam, também, os manifestantes contra Renan Calheiros e o governo Lula. O presidente, Marta Suplicy e Marco Aurélio Garcia foram os alvos preferenciais das faixas, cartazes e palavras de ordem. O último foi lembrado pelo músico Seu Jorge que, em discurso, comentou os obscenos gestos do assessor presidencial, recentemente exibidos pela Rede Globo.
Considerando os acanhados protestos do ano passado, o número não deixa de ser impressionante. Mas é bom lembrar que tratava-se de um misto de protesto com homenagem aos mortos. Esta, me parece, foi a sua força. Resta cuidar para que não se transforme numa fraqueza dos próximos atos que estão programados. E eles não são poucos.
Há aquele "Fora Lula", em São Paulo, no dia 4 - pelo menos, não me consta que tenha sido cancelado -, sobre o qual já falei anteriormente. Há, também, o minuto de silêncio no próximo dia 17, promovido pela campanha "Cansei". Finalmente, há o "Dia do pé no chão", que pretende parar os aeroportos em 18 de agosto.
Quem está me acompanhando há mais dias sabe que este último é o que considero mais importante. Primeiro, há uma coerência entre objeto e a ação em si que é fundamental em qualquer protesto que pretenda chamar a atenção: reclama-se contra o caos aéreo parando os aeroportos. Segundo: ao provocar prejuízo para as companhias aéreas, nós as estaremos atingindo na única coisa com a qual elas parecem se importar. Terceiro: se o governo não tem vergonha na cara - e não tem - não adianta protestar contra ele; é melhor pressionar as companhias para que elas parem de fazer o jogo governamental. Por fim, as chances de sucesso de um boicote desta natureza são grandes: para ser um sucesso, ele só precisa mobilizar uma camada da população que é majoritariamente bem informada.
Queiram me desculpar os mais sensíveis: dizer simplesmente "estou cansado" e pedir um mísero minuto de silêncio não vai mudar nada. Reunir 60.000 nas ruas gritando "Fora Lula" também não vai mudar nada - será sempre uma minoria, contrastada com os votos que reelegeram Lula ou com as providencias pesquistas de opinião que o governo arruma nessas horas. Mas dêem um dia de prejuízo para as companhias aéreas, sugerindo que isto pode voltar a acontecer mais vezes, que elas mesmas vão dar conta de nos entregar todas as governamentais cabeças - e, o que é melhor, passarão a nos respeitar enquanto consumidores.
Por esta razão, penso que tanto o pessoal que pretende gritar simplesmente "Fora Lula" quanto a organização da campanha "Cansei" deveriam usar seu tempo e energia - bem como os espaços que venham a conquistar na mídia - para apoiar o boicote do dia 18. É o que esta blog pretende fazer - assim que descobrir uma forma de contato com quem está a frente deste movimento pois, até agora, só li a respeito nas notícias de jornais.
5 comentários:
Nariz Gelado
Será um orgulho contar com o seu apoio.
Por favor, visite o site http://www.noflyday.com.br/17_de_julho_de_2007/noflyday.html
Um outra movimento seria para a classe média parar de comprar jornais como a Folha de São paulo e a Estadão. Adoraria ver essas jornalistas petralhas na sarjeta.
(N.G.: que "jornalistas"? Na Folha até se encontra alguns petistas. No Estadão não me ocorre ninguém. Vale lembrar, porém, Janet, que a sua proposta é perigosa e, queira me perdoar, quase petista: discurso único, partido único , etc..costumam ser reivindicações das esquerdas totalitárias. São elas que não gosta de ler opiniões contrárias nos jornais. Um abraço.).
NG, acho que vocês estão completamente equivocados ao dizer que o prejuízo seria a única coisa com a qual elas parecem se importar e que elas seriam cúmplices do governo. Ora, nenhuma companhia aérea quer atrasar vôos e obrigar seus pilotos a usarem infra-estrutura precária, e menos ainda se envolver em acidentes ou deixar seus clientes aborrecidos.
Um avião parado é prejuízo de tempo, de planejamento, de recursos humanos e de combustível. As companhias operam sob uma miríade de restrições e qualquer bagunça provocada pelo controle de tráfego e más condições dos aeroportos prejudica ainda mais. Por exemplo, sabia que alguns pilotos são obrigados a voar em círculos para gastar combustível porque um determinado aeroporto para o qual foram redirecionados pelo CTA só está homologado para um certo limite de peso? Muitas vezes os CTAs não permitem um piloto ocupar determinados gates mesmo estando eles vazios e mais próximos. Outras vezes os pilotos são obrigados pelos CTAs a voarem em círculos até mesmo após a *decolagem*, tal é a confusão.
Não faz o menor sentido deixar de protestar contra o governo ("não adianta protestar contra ele") e protestar contra uma das várias vítimas dele: as companhias. Companhia aérea nenhuma faz o tal jogo governamental. Elas são tão reféns do mau governo quanto o resto da população que não votou no atual presidente.
O único motivo que existiria para um boicote desse é que praticamente não dá para boicotar os aeroportos e o controle de tráfego sem boicotar as companhias aéreas por tabela.
(N.G.: desculpe, mas discordo. Que as relações entre companhias aéreas e órgãos governamentais que deveriam fiscalizá-las são promíscuas já está claro. Pilotos anônimos vivem declarando que nao podem denunciar abertamente a sobrecarga e os riscos a que sao expostos porque seriam demitidos; passageiros estão sendo tratados sem a menor consideração e não têm a quem recorrer. Boicote, sim! Pode ser que assim as cias avaliem o "custo-benefício" e quebrem esta rede de pormiscuidade - ou, pelo menos, que dispensem melhor tratamento a quem lhes garante lucros. )
É com dor no coração que eu concordo com você. Infelizmente nós classe média alta somos poucos, eles votantes de Lula estão em grande numeros. Viu a pesquisa no Paulo Henrique Amorim? A imagem de Lula vai bem obrigado! Nem um arranhão!
Pois eu apóio qualquer iniciativa. Desde o "Fora Lula!", até o afetado "Cansei", passando, naturalmente pelo boicote às companhias aéreas. Antes tarde do que nunca, Nariz. Um abraço.
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