sábado, 3 de novembro de 2007

Democratas na TV (II)

Só porque eu quero que o DEM dê certo... E porque não adianta falar quando já se está às portas da eleição.

Não tenho acesso às metas traçadas pelo Democratas para a utilização de seu tempo de rádio e televisão. Mas, considerando o que se pode deduzir de fora, por mera observação, o Democratas busca consolidar a imagem de um partido jovem, dinâmico e que atua com extrema competência, sempre que tem a oportunidade de governar. Para além das naturais críticas ao governo federal - pauta obrigatória para qualquer legenda que se diga de oposição hoje em dia - importa mostrar quais são os seus princípios, seus objetivos, e de que forma eles já estão valendo ali, onde o Democratas tem representação.

De um modo geral, o programa exibido na quinta-feira à noite cumpriu com estes objetivos.

A ex-vice-governadora do Pará, Valéria Pires Franco, conseqüêcia direta da antiga carreira, continua bem como apresentadora. Ponto positivo, também, para o uso abusivo do azul. Tanto na direção de arte, quanto no figurino, ele é um recurso visual importante - é o fake na medida certa. Confere uma identidade clara ao partido - e identidade em direta oposição àquele vermelho encarquilhado e velho. Apenas para não parecer uniforme, da próxima vez, lembrem que o mesmo efeito pode ser obtido com estampas diferentes, no mesmo tom de azul em florais, listras, etc...

Infelizmente, destoaram deste azul Gilberto Kassab e Kátia Abreu. De terno marinho ou preto, o prefeito de São Paulo, até pelo próprio estilo de sua aparição - ambientada como uma entrevista, num cenário onde predominava o verde - ficou em desarmonia com o restante do programa. Já a senadora, embora estivesse no cenário azulzinho do diretório, foi prejudicada pelo blazer cinza.

Fiquei aliás, um pouco contrariada com o fato de Kátia Abreu não falar sobre a CPMF. Propaganda - em especial, propaganda política - se faz pela soma de fatores. A senadora tem aparecido na mídia combatendo a CPMF. Sua figura é jovial, firme e agradável. Deveria ter aparecido no programa tratando do mesmo tema. Isto reforçaria a causa e também a imagem de Kátia Abreu- coisa importante para um partido que está lançando novas lideranças.

Não que o tema tenha sido mal tratado... Nada disso: o senador José Agripino fez bonito. Coube a ele o texto de mais força do programa: "Vão nos encontrar pela frente. Os democratas votam contra a prorrogação da cpmf". Já disse, outro dia, que este é o tom de um partido de oposição que pretenda crescer nos próximos anos - e gostaria de ter visto mais afirmações deste tipo ao longo do programa. " Vão nos encontrar pela frente" é maravilhoso. O senador José Agripino, aliás, sabe dar um texto forte como poucos.

Outro ponto muito positivo foi o uso de imagens do Google Earth para os mapas: primeiro porque confere um ar moderno ao programa. Segundo, porque basta vocês conversarem com pessoas das classes desfavorecidas para descobrir que elas não têm conhecimentos mínimos de geografia. Bater nesta tecla, mostrando no mapa onde estão os lugares, é sempre bom.

O problema... Na minha opinão, o maior problema está na trilha sonora. E, acreditem, é um problema grave. Em termos de propaganda política, vale a pena poupar em locação e investir numa boa trilha. Exceto pela vinheta com o lettering do partido - onde uma vozinha esganiçada canta "Democratas" - as demais vinhetas do programa, com efeitos especiais, estão razoáveis. Mas a trilha, em si, não está, não.

Queiram me desculpar... Mas um partido que se pretende jovem não pode colocar musiquinha breguinha no seu programa. A música no final é medrosa: nem balada, nem rock, nem samba, nem sertaneja... E, embora o enredo do menino tenha funcionado bem como fio condutor, a escolha Marcos Henrique foi um erro: o garoto está naquela idade em que os meninos mudam de voz.

Se eu fosse resumir, pois, o que falta para a linha de comunicação do partido ficar ótima, diria que falta perder o medo. Isto mesmo: ninguém constrói identidade tentando agradar a todos. É exatamente o contrário. Construir identidade é dizer: "este sou eu" - e convencer aos outros de que este jeito de ser é o melhor. O último programa mostrou que as coisas estão bem encaminhadas. Faltam, apenas, alguns ajustes importantes.

Daí que eu arrisco sugerir ao Democratas duas medidas de urgência: chamem Paulo Cesar Pereio ou Ferreira Martins para a locução das vinhetas do partido - aquela coisinha cantada não dá. E assumam que vocês têm um ritmo próprio. Um ritmo urbano, dinâmico e que encontra adeptos de norte a sul, dos 16 aos 61... Assumam que vocês são rock'n roll.

9 comentários:

Thiago disse...

uma das coisas mais engraçadas que eu li nos últimos tempos... ahahaha
'brigado pelas risadas, Nariz.
o Arena modernoso. haha... "rock'n'roll"... hahahaha
*enxuga a lágrima*

(N.G.: que bom que você se divertiu, Thiago. Continue rindo.)

Star disse...

NG, muito boa sua análise, assisti o programa e concordo com você, falta ao DEM assumir uma identidade forte, querer agradar a todos demonstra franqueza ou enganação. Precisa chamar os que se identificam e principalmente mostrar ao povão o rumo, o povo vai para onde é guiado, isso o PT faz bem, um partido de oposição precisa oferecer uma alternativa segura, mostrar claro, o caminho é esse.

Marcos V disse...

NG,

Você é mesmo fera.
Como sempre, análise precisa.
O Brasil já tem um partido que por querer agradar a todos acabou ficando sem cara: é o PSDB.
Não precisamos de outro.
Vamos de rock'n roll!!!

ranzinza disse...

Oi NG,

O Democratas sequer tem um ideario definido. Ate' o novo nome do partido e' propositalmente generico. Deixa bem claro que eles proprios nao sabem a que vieram. Nao tenho muitas esperancas nao.

Oliver disse...

ADVOGADO DO DIABO DO DEMO

Eu também quero que tenhamos uma oposição verdadeira a esta quadrilha que está nos assaltando, NG. Os grandes comunicadores sabem, no entanto, que um produto eficiente dispensa requintes de embalagem. Fica evidente que um vídeo bem feitinho, com referências modernas, bem roteirizado e numa linguagem bastante coloquial só não consegue esconder a absoluta falta de carisma de seus postulantes políticos. Que saudade de um Mário Covas, de um doutor Ulysses, que dispensavam vinhetas de apresentação, das quais tive o privilégio e o orgulho de criar algumas. Políticos com "P", que não precisavam se mimetizar com um roteiro publicitário para consolidar suas imagens. Políticos que monopilizavam as reuniões de pauta de seus institucionais e não o contrário. Que sabiam onde punham seus narizes. Políticos com os quais você podia discordar, mas nunca deixar admirar suas determinações e talentos.
Políticos que dispensavam "maquiagem", se é que me faço entender. Nesse video cujas suas observações são bastante pertinentes, a única coisa de que eu senti falta realmente é de políticos. Era uma chamada do seriado "Antonia" ou um teaser dos dois filhos de Francisco ? Faltou você comentar o tamanho palco do megaevento que encerra o programa, he he he. Coisa de principiantes. Na próxima eleição eu vou votar é na IVETE SANGALO.

Marcos V disse...

Mario Covas e Ulysses Guimaraes estão mortos.
Ivete Sangalo não é candidata.
Rasgar o título não é opção de homem.
Então, sem purpurina e malandragens em quem será que o Oliver vota?

CORONEL disse...

Com todo o respeito, mas tanto Mário Covas quanto Ulisses Guimarães eram um porre discursando ou participando de programas eleitorais. Se tivessem vivido o marketing político, hoje, não se elegeriam nem para síndico. São figuras de uma outra era, do clientelismo, do aperto de mão, do covil eleitoral. Nada contra o caráter dos falecidos, mas, hoje, seriam um fracasso total.

Um beijo, Nariz

Daniel Beltran disse...

Para quem desconhece o ideário dos Democratas, e no lugar de procurar prefere espalhar que não existe, segue a referência:

http://www.democratas.org.br/sobre-os-democratas/principios

mano do surf disse...

O sr. Gilberto Kassab, como prefeito de São Paulo, está mostrando um trabalho excelente, inclusive enfrentando certos grupos intocáveis.
Ele tem um jeitão meio desengonçado e nas suas entrevistas ele não enrola, ou seja, vai direto ao ponto, doa a quem doer,
Para mim trata-se de uma ótima revelação.
Aliás, recentemente ele disse no Canal Livre da Band, que não precisa da política e se tiver que deixar a prefeitura não terá qualquer problema.