Era previsível que Hugo Chávez e Rafael Correa se apressariam em alegar que o ataque da Colômbia ao acampamento das FARC - e a morte da segunda celebrity do narcoterrorismo - frustrou a libertação de Ingrid Betancourt e de outros tantos reféns da guerrilha, que deveria ocorrer em breve.
Não faltam, agora, os mais alarmistas - e, por que não dizer?, safados pois brincam com os reféns e suas famílias ao sabor de suas ambições bolivarianas - que apostam que o assassinato de Betancourt será a resposta das FARC ao ataque que resultou na morte de Reyes.
É claro que quando se lida com cachorros loucos, ninguém pode ter certeza de nada. Mas também é certo que terroristas experientes não costumam abrir mão de seus trunfos. E Betancourt é um trunfo e tanto - talvez o único refém de projeção internacional que permanece em mãos dos narcoterroristas. Afinal de contas, manter Betancourt viva significa manter Sarkozy lambendo as botas de gente como Hugo Chávez. Que comuno-terrorista abriria mão de tal garantia?
Digno de nota, porém, é o temperamento combativo que Ingrid Betancourt, segundo o próprio Raúl Reyes, mantém no cárcere - diametralmente oposto, aliás, àquelas imagens liberadas recentemente para pressionar familiares e líderes políticos. Conclui-se que, mesmo debilitada, a franco-colombiana encontra forças para provocar seus algozes: "Até onde sei, essa senhora é de um temperamento vulcânico, é grosseira e provocadora com os guerrilheiros encarregados de cuidar dela", declarou Reyes numa troca de e-mails com o Secretariado das Farc.
Mulher admirável essa. Mantida refém há mais de seis anos, Ingrid Betancourt se recusa a baixar a cabeça para os narco-comunistas das FARC. A considerar as declarações de Reyes, ela parece não se importar com o que venha a lhe acontecer - talvez porque tenha perdido a esperança; talvez porque, mais do que ninguém, saiba que está em meio a uma guerra. Se fosse possível ouví-la - mas ouví-la sem que um terrorista estivesse lhe apontando uma arma por trás das câmeras -, provavelmente a opinião pública, Sarkozy e os próprios familiares de Ingrid Betancourt ficariam surpresos com o que ela diria a respeito da morte de Raúl Reyes.
4 comentários:
Mulher admirável, sim. a única coisa que me ocorre é que não sei como me comportaria, se fosse eu no lugar dela.
o que hugo chavez faz é o que os ditadores interessados em aumentar o poder (territorial inclusive) fazem. vai cutucar até alguém lhe puxar o tapete e pisar-lhe na cabeça.
dizem que o Brasil vai intermediar a crise. com o pessoal envolvido, é colocar o lobo para pastorear as ovelhas.
e ainda digo: chamem o exército israelense para acabar com as farc e libertar os refens.
Pensei o mesmo. Enquanto se luta se está lúcido.
Belíssima figura para inspirar as indefectíveis homenagens no Dia Internacional da Mulher. Não como apologia do papel da mulher vítima. Ao contrário, de força.
(N.G.: oi, querida. É vero. Saudades, viu?
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