sexta-feira, 7 de maio de 2004

Não me torturem.

Estou me sentido torturada com o sensacionalismo barato que estão fazendo sobre a tortura nas prisões iraquianas.

E se digo que é sensacionalismo - e que é barato - deve-se a algumas questões bem pontuais.

Primeiramente porque - mal feita a denúncia - as instituições americanas trataram de tomar rapidamente as devidas providências.

O que assistimos hoje é uma aula de democracia a fazer os mais incautos anti-americanistas roerem os cotovelos: a imprensa não está abafando - nem é convidada a fazê-lo por parte do governo. O Congresso exige explicações e o exército não se furta a se apresentar para prestá-las. A sociedade encontra canais hábeis para externar sua repulsa e reivindicar a defesa dos valores fundacionais da nação. E o presidente - comumente apresentado como um ditador por parte de seus adversários - vem à público admitir o erro.

Chegamos, então, a um quadro que deve desesperar os críticos do sistema norte-americano. Porque demonstra como funciona uma nação verdadeiramente democrática.

O poder erra? É claro que sim! Mas a correção de rota se faz de forma rápida e transparente.

Mas, de modo geral, o que se vê na imprensa - e nas mesas de botecos do Brasil - é uma apologia do erro norteamericano. Como se não devêssemos, ao contrário, olhar para a lição que as conseqüências deste mesmo erro nos ensinam: que os EUA são uma democracia de fato e de direito; que a imprensa lá é realmente livre - e menos manipulável que a nossa; e que aquela nação não é auto-indulgente com seus problemas. Resolve-os rapidamente.

Um quadro totalmente diferente do que aconteceu no Brasil , onde foi preciso esperar trinta anos para se contar os mortos pela ditadura - e onde a tortura é fato corriqueiro nas instituições de caráter penal.

Igualmente, hoje a tortura come solta - e impune - nas prisões da China, da Coréia do Norte e da Cuba castrista - onde os Direitos Humanos são proibidos de entrar.

Então eu pergunto: acaso a imprensa brasileira dá algum destaque para os atos vis praticados nos cárceres destes países?

Claro que não, leitor.

E esta é a maior prova de que não há qualquer preocupação em relação à tortura contra presos.

Nossa imprensa é, antes de tudo, anti-americanista.

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