segunda-feira, 10 de maio de 2004

Pilequinho

Se é que bebe, Lula não o faz só. Talvez a nação inteira esteja embriagada.

A maior prova disso são as declarações que estão surgindo na imprensa desde domingo último.

Fala-se em processar o New York Times por calúnia e difamação. Já determinou-se, inclusive, que o fórum desta ação terá que ser o Brasil. E o episódio serviu para unir governistas e opositores de uma maneira jamais vista em quinhentos dias de governo.

Talvez eu devesse beber umas e outras para entender o caso.

Porque, uma vez sóbria, leio e releio a matéria do New York Times e chego sempre à mesma conclusão: o jornal norteamericano não fez mais que publicar as opiniões de Diogo Mainardi, Leonel Brizola e Cláudio Humberto - além de citar uma matéria da Folha de São Paulo e uma carta de um leitor da Veja. Feito isso, listou gafes realmente cometidas pelo presidente.

Logo, as questões de primeira ordem são: porque que não pensaram em processar Brizola, Mainardi ou Humberto quando estes emitiram suas opiniões? Porque não taxaram de "caluniosas" as opiniões do leitor da Veja e aquelas emitidas pela Folha de São Paulo, quando estas vieram à público?

Fico tentando encontrar um motivo para que informações que vinham sendo veiculadas na imprensa nacional - sem receberem qualquer atenção por parte dos assessores e ministros presidenciais - tornem-se calúnias no instante exato em que vão parar nas páginas de um jornal yankee.

Basta fazer continhas para perceber que se trata de um esforço populista, que tem por fim último desviar as atenções da evidente crise governamental e promover uma espécie de união patriótica em torno da fragilizada figura do presidente.

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