Desde a noite de quinta-feira, os americanos avisavam que se tratava de um furacão de categoria 1 - capaz de produzir ventos entre 119 e 153 quilômetros por hora. E, coisa inédita desde a década de sessenta - quando se começou a monitorar tais fenômenos - este havia se formado no Atlântico sul.
Então os institutos brasileiros, do alto de sua falta de experiência, explicaram que não se tratava de um furacão: afinal de contas, ele não era quente no núcleo, como um furacão deve ser...também não girava em dois sentidos diferentes, como deve girar um furacão.
O americanos avisaram novamente: a coisa tinha forma, ritmo e velocidade de furacão. Humildes, reconheceram que, por se tratar de um fenômeno inédito, talvez fosse um furacão com características também inéditas. Mas viria com a força de um furacão... ah viria.
Porém, o fundamentalismo acadêmico - desta vez, personificado nos meios meteorológicos brasileiros - mandou o seu costumeiro recado: o que é bom para os EUA não é bom para o Brasil. Ponham suas violas no saco, yankees...de ciclone brasileiro entendem os brasileiros!
Ocorre que esta que vos escreve estava em rota de colisão com o fenômeno. Por isso, passou a noite de sábado para domingo em claro, aguardando a tragédia e - a fim de não se sentir tão impotente - acompanhando, em um fórum da internet, as análises de especialistas canadenses e americanos. Todos eram unânimes em dizer que se tratava de um furacão. Unânimes em afirmar que marcaria entre 119 e 153 quilômetros por hora. Estavam, também, em franco desespero, em virtude do descaso dos meteorologistas brasileiros.
O resultado todos conhecem: ventos de 150 quilômetros por hora. E a tremenda cara de pau dos especialistas brasileiros, que não se envergonham de declarar - somente agora - , que não tinham os instrumentos necessários para realizar uma análise acurada.
Posso lhes garantir que em Arroio do Silva ninguém tem dúvidas: foi furacão.
O resto é fundamentalismo meteorológico.
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