segunda-feira, 22 de março de 2004

Abrindo os portões do inferno.

A abertura dos portões do inferno foi anunciada ontem, por radicais islâmicos, em resposta ao assassinato de Ahmed Yassin.

Mas eu pergunto: que inferno?

Seria aquele, talvez, onde ninguém se sentisse plenamente seguro de tomar um trem ou avião? Aquele em que homens, mulheres e crianças são convocados a se tornarem bombas humanas? Ou, ainda, aquele em que as nações ocidentais são invadidas, e seus civis chacinados, sem que qualquer declaração formal de guerra tenha sido feita?

As portas deste inferno, caro leitor, já foram abertas há muito tempo.

É bem provável que esteja se aproximando a hora em que elas serão definitivamente fechadas.

De fato, o radicalismo islâmico parece não ter compreendido a magnitude dos últimos atentados que cometeu contra o Ocidente. Enquanto ameaça amplamente vociferada, o terrorismo tinha muito poder de barganha. Enquanto realidade concreta, poderá perder, em prazo bastante curto, esta força.

Alguns irão apontar o pleito eleitoral espanhol como refutação a este meu argumento.

Pois eu digo que, em breve, a Espanha se dará conta de que colocar-se numa posição de refém do terror não foi uma estratégia muito inteligente.

Na lei de forças inerente ao terrorismo, há dois princípios básicos: o primeiro, é que a ameaça é sempre maior vindo de quem nada tem a perder. O segundo, é que uma ameaça realizada corre o risco de ver sua potência enfraquecida.

O radicalismo islâmico parece não entender esta lógica, posto que continua anunciando a chegada de um inferno que já está, há muito, estabelecido entre nós. Assim como não entende que suas ações vêm, paulatinamente, colocando o Ocidente na posição de quem não tem nada a perder.

O assassinato de Ahmed Yassin é um sinal de que esta lógica já está posta em movimento.

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