sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Pequeno e Letal

Todo mundo sabe que, às vezes, num conjunto de grandes denúncias, as mais definitivas podem vir acondicionadas em pequenos frascos.

Quase perdido em meio ao tsunami de valores espetaculares, o empréstimo de Paulo Okamoto ao presidente Lula poderia parecer, aos marinheiros de primeira viagem, como algo insignificante. Mas alguns - talvez lembrando de um fatídico Fiat Elba - não se deixaram iludir: a CPI dos Bingos acabou chamando Paulo Okamoto para depor.

Diante do depoimento - considerado insatisfatório pela maioria daqueles o presenciaram -, era de se esperar que fosse encaminhada a quebra do sigilo bancário de Okamoto. No mínimo porque a origem de 29,4 mil reais não é algo difícil de ser identificado em uma conta pessoal. Logo, é um pouco incompreensível que não se tenha solicitado tal coisa. Aliás, é curioso que próprio Okamoto não tenha se apressado em abrir, espontaneamente, seu sigilo bancário - o que o livraria, de imediato, de qualquer suspeita.

Contudo, parece que a ordem do dia em relação a este caso é embaralhar as peças do jogo. Pelo menos é isso que eu deduzo quando leio, no Painel da Folha, que alguém no Supremo recomendou a Okamoto que peça para que seu depoimento seja desconsiderado, sob a alegação de que ele foge ao objeto de investigação daquela CPI.

Se emplacar, a estratégia acabará por deixar a CPI dos Bingos de mãos amarradas em relação a outros depoentes importantes como, por exemplo Gilberto Carvalho.

Mas, seja ou não vitoriosa, a manobra evidencia que há algo de muito letal no pequeno frasco de Okamoto.

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