terça-feira, 14 de novembro de 2006

Com cara de bobo em Carabobo

Ontem, após criticar a imprensa brasileira em evento com Hugo Chávez, Lula se ressentiu do fato de os repórteres não o terem acompanhado no segundo compromisso do dia na Venezuela. Segundo leio na coluna Painel da Folha de São Paulo, ao chegar a um campo de pretróleo em Carabobo , Lula reclamou:"Poxa, não tem ninguém da imprensa brasileira aqui?"

Ou seja, o trocadilho é inevitável:: em Carabobo Lula ficou com cara de bobo.

O episódio, jocoso como quase tudo o que acontece sempre que Lula toma um microfone, nos remete a outra discussão.

Ao longo do primeiro mandato, Lula foi o presidente brasileiro que mais recebeu exposição da mídia - muito além daquela dispensada à simples cobertura dos atos presidenciais. Nos dois primeiros anos de governo, quando viveu uma verdadeira lua de mel com a imprensa, esta exposição se devia, obviamente, ao deslumbramento de boa parte da mídia com a figura do presidente-operário. A partir de 2004, porém, quando estourou o escândalo de Waldomiro Diniz e depois, em 2005, com o mensalão - a imprensa seguia Lula por conta dos escândalos produzidos por seu governo.

Importa é que o presidente continuou, exaustivamente, na mídia. Característica do populismo, esta exposição fez com que a imagem de Lula parecesse sempre maior do que a qualquer questão de seu governo - fosse ela positiva ou negativa. Somada aos muitos " não sei, não vi e fui traído", foi a força desta imagem que garantiu, sob muitos aspectos, a reeleição.

Lula sempre soube da importância de sua imagem. Os que com ele convivem, dizem que ele se "energiza" em contato com o povo - e que é por isso que adora um palanque. Bobagem. Sua decepção em Carabobo demonstra bem que ele quer é exposição na mídia.

Eu espero que este episódio de ontem não tenha sido um ato casual e isolado. Espero que a imprensa, que tem sido tão maltratada - por vezes até perseguida -, desde o fim do processo eleitoral, comece a punir Lula naquilo que lhe é mais caro: o espaço enorme que ele sempre ocupou na mídia. Espero que a imprensa se limite a lhe dar aquela atenção mínima, indispensável ao bem informar. Quando menos, para não mais colaborar com a manutenção de uma farsa.

9 comentários:

Cristal disse...

Muitíssimo bem colocado Nariz!!!!!!!!!

Santa disse...

Nariz,

Excelente o seu texto!! Bom feriado. Bjs

maria helena rubinato rodrigues de sousa disse...

Espero que a ausência da Imprensa em Carabobo não tenha sido fortuita e sim prova de vergonha na cara. Depois de 'construir' o Lula, levar aquela carraspana injusta e num palanque em terras estrangeiras, foi um acinte!
Como cidadã brasileira, fiquei ofendida com o presidente: falar mal do Brasil e dos brasileiros lá fora, foi deselegante, injusto, e abre um precedente extremamente grave. Qualquer hora teremos esse venezuelano e aquele boliviano falando mal da gente.
Era o que nos faltava ter um presidente sem filtro!

pentefino disse...

Matou a borduna,Índia !

jml disse...

Se não teve ninguém nem da Carta Capital nem da Radiobrás, o negócio foi feio...

Ou

Vai ver que a imprensa cumpriu à risca a propaganda do PT: "deixa o homem falar". Enquanto isto, foram fazer o que realmente é importante: tomar uma cervejinha...

Tambosi disse...

A mídia, de fato, tem sido muito condescendente com um governo que não faz mais do que atacá-la depois de reeleito. O lulismo quer unanimidade. E tudo fará para obtê-la, se a mídia não reagir. Até agora, as relações têm sido, no máximo, pálidas.

Abs.

Paulo disse...

Seria interessante se a mídia começasse a se referir ao presidente apenas como "presidente" ou "presidente da república"...

E a pergunta que NÃO PODE MORRER: de onde veio o dinheiro do dossiê???

Claudia Nathan-SP disse...

Concordo, e apoio totalmente. Chega de rastejarem atrás dele. Quero ver o que ele fará... Ai, ia ser tão bom...

Juca Pirama disse...

Penso isso mesmo. Quem criou e alimentou essas cobras (Lula e o PT) foi a imprensa. Precisa agora trabalhar para não ser devorada por elas.