segunda-feira, 23 de abril de 2007

Das prioridades

Na madrugada de sábado, quando deixei o cyber mundo, o assunto da vez era a liminar concedida pelo juiz Sérgio Jorge Domingos, da 22ª Vara Cível de Curitiba, impedindo a circulação da última edição da Revista IstoÉ. A solicitação partira do deputado federal paranaense, Cássio Taniguchi - um suposto "democrata", já que pertence às fileiras do DEM.

Não que a liminar tenha conseguido abafar a informação. Emitida com atraso, ela não impediu que a revista chegasse aos assinantes. A matéria que motivou a liminar - a entrevista com a empresária Silvia Pfeiffer -, por sua vez, foi publicada pelo site Consultor Jurídico.

Mas eu confesso que me espanta um pouco o silêncio geral a respeito do assunto - principalmente de alguns medalhões da blogosfera política, que preferiram se engalfinhar por Kennedy Alencar e Diogo Mainardi ao invés de protestar contra a censura prévia envolvendo a IstoÉ. Embora não seja desprezível a questiúncula entre ambos, ela é - até porque corre a céu aberto - bem menos grave do que a decisão de um juiz de Curitiba que, em pleno estado democrático de direito, quer - ou pelo menos tenta - determinar o que eu posso ou não ler no final de semana.

Logo: a sentença contra Mainardi e a Veja, antecipada por Alencar, vendeu mais porque era fresquinha ou era fresquinha porque vendeu mais? Sei lá. Não me interessa. De Mainardi a Alencar, de Azevedo a Noblat, os envolvidos e seus "defensores" são bem grandinhos e contam com excelentes advogados. Além disso, estão ligados a veículos de comunicação poderosos, através dos quais poderão dar visibilidade às suas reivindicações.

Estou mais preocupada é comigo e com você, leitor, que fomos atingidos pelo desejo de censura de um deputado. Estou me perguntando é se o DEM vai ficar quietinho diantes das denúncias contra um deputado seu. E, pior do que isso, se o DEM aprova o uso da censura para evitar que venham a tona sérias denúncias contra o governo Lula, só para que um membro de suas fileiras seja preservado. Se assim for, voltamos àquele pesadelo de meados de 2005, quando muitos mensaleiros foram salvos para que Brant e Azeredo fossem preservados. Com um agravante: parece que agora eles estão dispostos a negociar até a democracia.

Como vocês podem ver, não preciso de um jornalista para chamar de meu. Preciso, e urgente, é de uma oposição que eu não tenha vergonha de chamar de minha.

14 comentários:

Ângelo da C.I.A. disse...

Sinceramente, não tomei conhecimento de tal decisão da Justiça e não estou a par dos desdobramentos. Só sei que vi normalmente a tal revista nas bancas este final-de-semana
Ainda assim, acho que o caso Mainardi x F.Martins é sim gravíssimo, o bastante para merecer o destaque que tem tido. O que se deu contra Mainardi é sinal dos tempos. Se foi ele a vítima, e quem sabe a primeira, é porque ele é a figura oposicionista mais visível no Brasil ( Pode esquecer o PSDB; quanto ao DEM, não sabemos até quando resistirá! Oposição no Brasil só a jornalística ). De onde partem as mais graves denúncias, quem não se importa em revelar segredos de bastidores de Brasília, quem recebe de bandeja inúmeros documentos e denúncias de falcatruas do governo Lula? Mainardi!

Se a vítima foi Mainardi e não um blogueiro como você e tantos outros é simplesmente porque as repercussões e o estrago que ele é capaz de causar é muito maior.
VocÊ escreveu: "Estou mais preocupada é comigo e com você, leitor, que fomos atingidos pelo desejo de censura de um deputado."
Ainda mais como blogueira, você deve ficar TAMBÉM preocupada e atenta quanto ao desejo de condenação prévia e à promiscuidade entre Justiça e um Ministro de estado.

Por fim, mais uma dúvida daquelas: Afinal de contas, a IstoÉ foi ou não comprada por Daniel Dantas? As duas últimas edições apresentam golpes fortíssimos contra o Governo Lula. O tal Tanure dificilmente os permitiria ocorrer.

(N.G.: obrigada, Ângelo. O fato de que você não sabia desta liminar antes de ler este blog não só ilustra bem este post, como justifica que estou certa em priorizar um assunto que está sendo jogado para baixo do tapete. Um abraço.)

Ruy disse...

Nariz, você está absolutamente errada em menosprezar o "caso Mainardi" (e o Ângelo está certo). Ele é gravíssimo e merece todo o destaque que tem tido. Se foi mesmo o caso de uma sentença definida antes da defesa, qualquer um de nós -eu, você, seus leitores- pode ser vítima; não é uma "questiúncula", portanto. O fato de que outro caso muito grave -como é sem dúvida o da "IstoÉ"- não esteja tendo o destaque que merece não anula, de maneira nenhuma, a gravidade do primeiro.

Um beijo.

Marcos V disse...

Está certo, NG.

Parece que ninguém deu importância para a censura da Isto É. Porque será que estão todos se atirando no mesmo osso? Falta de visão? Necessidade de aumentar as vendas, a audiência, essas coisas? Ou eles gostam é de é teatro (Kennedy x Mainardi)para fazer de conta que há oposição?

o.tambosi@uol.com.br disse...

Entendo sua indignação e compartilho. Mas se a coisa passou quase em branco, é porque ninguém mais confia na IstoEra. Fez tantas que hoje quase mais ninguém dá bola para o que ela publica. Mesmo que seja, como no caso, um fato relevante. E ainda mais relevante a censura do juíz, que avançam cada vez mais sobre a liberdade de imprensa.

Bj

Lefebvre disse...

Mas essa história já é um tanto velha, essa da denúncia da AeroMidia. Onde foi que eu li? Na Veja, Estado? Esqueci.

Acho que o imbrólio pode ser semelhante ao do Kennedy-Franklin. Sentenças sob suspeita. Essas coisas.

Eu queria era ver os motivos da liminar, isso sim.

Do resto, Nariz, acho que não tão cedo poderemos ter uma oposição para chamarmos de nossa.

hugo a-go-go disse...

NG - concordo. A matéria e suas implicações passaram batidas. O assunto foi abafado pela operação Hurricane e pela alopração de Kennedy Alencar. O Brasil é assim. Um escândalo por semana. Um abafando o outro. Uma lástima. Só discordo quando vc afirma ser desejo de censura recorrer ao judiciário para impedir um ato que se configure ofensivo a honra. Considero a atitude do Japonês do DEM uma rematada burrice, uma medida inócua, mas recorrer ao Judiciário é sempre o melhor caminho e um direito de qualquer cidadão. Cumpre ao Juiz decidir se a medida é correta ou não. Acredite, existem centenas de outras denúncias que não chegam as bancas devido a pressões bem menos republicanas.

Luis Hamilton disse...

É, NG... O PFL muda de nome, mas a prática é a mesma de sempre... "Democratas"... Como diria Romeu: "O que há num nome?".

A propósito, olha esta que saiu no "Painel" da Folha de hoje:

"Mais manso 3. A aprovação, na semana passada, da medida provisória que destina R$ 20 milhões para auxiliar a reforma agrária na Bolívia contou com a providencial ajuda do líder da bancada do DEM no Senado. O aguerrido José Agripino (RN) resolveu dar uma forcinha ao governo porque seu irmão, Oto Agripino Maia, é embaixador do Brasil no país vizinho."

Abraço.

Cristal disse...

Os dois casos são gravíssimos,mas nesse país de merda,manda quem pode e obedece quem tem juízo.
A democracia começa a dar sinais de que vai pro brejo.
Quero ver quando a ditatura lulista chegar.

j disse...

Cristal, a ditadura lulista já chegou. E, Nariz, hoje é Mainardi, amanhã, pode ser você, eu, Noblat, Kennedy, Reinaldo, e tantos outros, não é mesmo? Isso é grave, muito grave, gravíssimo. Estou com o Ângelo e com o Ruy.

Renato U Souza disse...

NG, não concordo com você. O que acontece com o Mainardi é importante sim. Se tiverem sucesso em destruírem ele, todos terão medo, e a imprensa será ainda mais chapa-branca do que já é.

Adriana disse...

Pois é Nariz, nao concordo com vc e acho que vc exagerou no tom da queixa, principalmente se considerar que vc mesma perde tempo em comentar tolices no site do Noblat(como a ultima sobre o livro do Eros Graus). A questão é muito importante sim e apesar de sabermos que mil e outros escândalos rolam e pululam, apoio em 100% que medalhoes da blogosfera discutam em publico esse assunto em especial.
Espero que vc entenda a crítica à sua crítica aqui
Adriana

(N.G.: Adriana, se o ssunto é tão importante, porque será que a Folha de S. Paulo está quietinha e não se pronunciou sobre ele? Quanto à sua crítica a respeito de como eu ocupo o meu tempo livre - e não de como eu, note bem, levo este blog - , não se preocupe: estou certa de que ela vem de alguém que não se diverte e dedica 100% de seu tempo aos problemas do país. Qual o endereço do seu blog? )

adriana disse...

Nariz,
Não tenho blog porque não tenho tempo para dedicar a essa atividade mas gosto de eventualmente comentar naqueles com que me identifico mais, como é o caso do seu. Infelizmente a sua resposta demonstra que vc não entendeu o tom ou se entendeu ficou "magoada". Acho que depois de tanto tempo participando do tiroteio livre no blog do Noblat e mesmo no seu (e talvez em outros) vc adquiriu maus hábitos da galera que defende o lado "delles" e prefere sugerir que não "me dedico ao país" e que ataco o que vc faz no seu tempo livre ( o que é de sua total conta)...táticas diversionistas, minha cara. Seu tempo livre é da sua conta, e o tempo dos medalhoes é da conta deles mas vc pode criticar-los pela superexposição de um assunto e eu não posso comentar que vc comenta tolices em público , vá lá, no seu tempo livre?..Quanto à Folha, desde quando a ética e a isenção dela são inquestionáveis? Já esqueceu quantas vezes eles contaram meias verdades ( e continuam contando)? Como aliás muitos outros?
Nariz, não perca seu tempo e munição comigo não...queremos a mesma coisa só que eu ando sem tempo livre.
Adriana

(N.G.: Adriana, meu problema não é você ter discordado de mim - quantos comentários há, abaixo, discordando de mim, neste mesmo post, e que nem por isso receberam resposta ríspida? O problema é que você foi inconveniente, entrona e mal-educada, ao misturar a análise do meu post com meu comportamento como comentarista em outro blog - e, o que é pior, num momento raro de descontração. Depois tem gente que ainda me pergunta porque eu não me identifico. Para quê? Para que as Adrianas vasculhem minha vida a fim de misturar fatos dela em argumentações políticas? Menina, você pisou na bola e, se tudo isto não passou de um engano, você me deve desculpas. )

j disse...

Você pergunta por que a Folha calou-se sobre um assunto tão importante, Nariz? Por cumplicidade? Por corporativismo? Por companheirismo? O fato da Adriana não ter blog e eu também não possuir um, não desmerece nossa opinião. É opção. Simples assim. Considero você uma das melhores blogueiras, tanto que se tivesse eu um blog, gostaria de escrever como você, mas apenas comento. Gosto de ler coisas boas e ruins para formar opiniões e poder sempre mudá-las. Esse foi o ensinamento que meu pai me deixou. Parabéns pelo blog.

(N.G.: J, eu não lhe cobrei um blog, como não cobro de nenhum dos meus leitores - a menos que eles venham até aqui cobrar o que eu faço com o meu tempo livre, como a Adriana fez. Você está tomando a questão para si por solidariedade a Adriana. Entendo, mas não vou lhe dar corda, pois você está equivocado: todas as opiniões contrárias às minha foram publicadas abaixo. O que eu não admito é patrulha.

adriana disse...

Impressionante!!!!Vc definitivamente se descontrolou: incoveniente, entrona, mal educada!??!! E o problema não foi que eu ter discordado de vc e sim mencionado seu comentário descontraído em outro blog? E vc ainda acha que tenho tempo de vasculhar sua vida??!!!Vc participa da discussão de abrobrinhas no Noblat sobre pornografia e eu que tenho de pedir desculpas?
Esperava estar te fazendo um favor, dara um toque , sabe? Chamando a atenção para o fato de que liberdade de opinião e opção de pauta em um blog são da conta de quem os escreve ( vc sabe disso, só esqueceu "um pouco" ao escrever sua nota). Note que eu disse que não concordava com o tom da sua nota no seu blog e não entendia a sua "descontração" ao participar do outro em questões comezinhas. Para mim, isso é contraditório, se vc for lá hoje vai ver que o assunto gerou mais nao sei qtos posts do autor, bastante proveitosos para a situação política que atravessamos. Quanto ao fato dos pseudônimos realmente nao tenho nada contra ou a favor. Apenas não uso porque não gosto para mim, parece que vc está fantasiada mas entendo que se busque usar para proteger a privacidade. Não se preocupe que não vou voltar mais nesse assunto nem mesmo se vc continuar descontrolada ...e obrigada pelo menina- me fez sentir com 20 aninhos.
Adriana
(N.G.: "liberdade de opinião e opção de pauta em um blog são da conta de quem os escreve ". Exato. Inclusive para que eu diga o que penso - no caso, que a liminar contra a IstoÉ é mais importante que a questão Kennedy/Mainardi/Franklin, que foi o que eu disse....
"Vc participa da discussão de abobrinhas no Noblat sobre pornografia e eu que tenho de pedir desculpas?" Você quer que eu me desculpe por ter participado de uma dicussão pública divertidíssima, a respeito de uma obra pornográfica, juntamente com inúmeros outros comentaristas que admiro,muitos deles meus amigos? Não acho isso vergonhoso, Adriana. Desculpas eu teria que pedir se estivesse por aí patrulhando em prol de um falso puritanismo. Aí sim, eu morreria de vergonha." )