quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Dentro da casinha... Fora do armário.

O leitor mais desavisado, diante do discurso presidencial de ontem, pode estar pensando que as recentes manifestações de repúdio tiraram Lula e seus asseclas da casinha.

Ledo engano.

Na verdade, a reação da sociedade civil está servindo para colocar as coisas nos eixos. Finalmente, aquela fina e falsa camada de democracia que revestia o lulopetismo rachou, deixando a mostra quais são as reais tendências dessa gente e o que eles entendem por "democracia" - um pé de cabra, que lhes serve para arrombar o cofre e eternizar-se no poder.

Comecemos pelo básico: Lula ameaçando que, a continuarem as manifestações que lhes são constrárias, ele vai mostrar que ninguém mais do que ele consegue colocar povo na rua. Eu não duvido. Sabemos que Lula pode contar com um verdadeiro exército de baderneiros, gordamente sustentados com verbas públicas, e que estão apenas esperando um sinal para agir. É gente como aquela do MST, que invade e destrói instalações de pesquisa -ou como sua variante comandanda pelo companheiro petista Bruno Maranhão, que destruiu dependências do Congresso Nacional no ano passado. Lula pode, ainda, contar com a UNE e a CUT que têm recebido verbas a mais não poder para se manter alinhadas com o governo federal, fazendo vistas grossas para todos os escândalos da elite vermelha e corrupta.

Mas a coisa vai além da simples ameaça de colocar o "bloco na rua"...Vocês sabem: das declarações de Valdir Pires ao deixar o Ministério da Defesa, passando pelas deslavadas desculpas de Marco Aurélio Top-top Garcia, o governo está, paulatinamente, construindo um discurso de tentativa de golpe - um "terceiro turno eleitoral", expressão sugerida por ambos.

Acuados pela conjuntura - quis o destino que a vaia no Marcanã fosse seguida de um acidente aéreo sem proporções e as naturais reações civis advindas dele - eles agora estão prontos para abandonar o papo suave de terceiro turno e alegar um "golpe" no estilo daquele de 1964.

Já na segunda-feira, Marilena Chauí - aquela que calou diante do mensalão - publicou um misto de entrevista e artigo no site do chapa-branca Paulo Henrique Amorim, onde diz, sem constrangimento algum, que a crise aérea, esta que se arrasta há dez meses, é uma invenção da mídia para desestabilizar o governo Lula. E mais: diz a pseudo-filósofa lulopetista que, diante do acidente da TAM, "a grande mídia foi montando, primeiro, um cenário de guerra e, depois, de golpe de Estado".

Engana-se quem pensa que tamanha cegueira e cara-de-pau pseudo-filosóficas são fruto de desespero. Trata-se de um método primorosamente forjado, que busca criar aqui o simulacro de um golpe no estilo venezuelano. Há tempos que gente como Marilena Chauí, José Dirceu e Marco Aurélio Garcia trabalham para, como é que Chauí diz mesmo?, "montar um cenário de golpe" que permita a Lula agir como agiu Hugo Chávez: promover um contra-golpe e eternizar-se no poder. Do processo de desmoralização do Congresso Nacional, passando pelas agressões à imprensa, temos denunciado a estratégia com alguma freqüencia.

Se ela, a estratégia, está parecendo um pouco atabalhoada agora é porque eles foram pegos de calças-curtas pela conjuntura. O acidente da TAM, e as naturais reações populares que a ele se seguiram, precipitou um pouco as coisas. Mas não, definitivamente, eles não saíram da casinha. Saíram foi do armário - e estão a mostrar quem realmente são e quais suas verdadeiras intenções.

5 comentários:

jml disse...

Um primor.

sergio disse...

Mais uma vez, na minha opinião,você acertar corretamente: eles querem apenas o pretexto para mostrar o que são e para onde querem ir. De democratas não tem nada! São falsos e dissimulados. Maniqueístas! Querem o poder e não admitem nenhuma oposição. A sociedade deve se preparar para um embate duro, muito duro. Eles vão fazer de tudo para se manter no poder. Não vai ser fácil retirá-los, mesmo que legitimamente, democraticamente.

Joaquim Mitchel disse...

Cara menina NG
Suas palavras ferinas tem todo meu apoio.
At
JM

Ligia disse...

Nariz
Prá cada 'um' que ele colocar na rua têm mais três ou quatro em casa indignado. Quem eles tentam enganar?
Por que não fazem uma CPI nos órgãos de pesquisa e naquelas urnas eletrônicas?
Abraços

O Editor! disse...

Lígia,

Esse é o problema. Os três ou quatro indignados continuam em casa, enquanto o "um sozinho" vai às ruas lutar e reivindicar.

É por isso que vivemos na ditadura das minorias organizadas.

Um abraço,

O Editor!