quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Da imparcialidade da imprensa

Do leitor que se assina André BH:

"NG, bom dia.

O Problema do jornalismo de hoje é a superficialidade. Ele dança conforme a música.

Quando o Mainard escreveu sobre os supostos petistas na imprensa eu achei que jornalistas com estreitas ligações com a direita também seriam expostos,mas isso não ocorreu.

Podemos chamar Eliane Catanhêde,Merval Pereira e Dora Kramer de imparciais?

Gosto muito do Jânio de Freitas,Alon Feuwerker, Élio Gaspari,Moreno,Fernando Rodrigues e outros que eu sei que você não gosta.

Tenho enorme admiração por jornalistas que são imparciais por natureza,e a minha esperança é que todos tenham blogs de qualidade.

Bom dia, André.

Na minha opinião, a dita imparcialidade jornalística é um mito. Acredito em ética profissional - no caso em questão, do jornalismo, ela se resume em não violentar a notícia. Mas daí a pensar que é possível abstrair por completo o sujeito, a ponto de que suas tendências ideológicas não interfiram no discurso, vai uma longa distância.

Jornalismo, e colunismo em especial, se faz com opinião. Por isso, penso ser muito saudável quando todos assumem claramente o que são e o leitor pode, com conhecimento de causa, escolher o que lê.

Procure na ferramenta de buscas do blog: jamais elogiei um "jornalismo imparcial", pelo simples fato de que eu não acredito na sua existência. Acredito, isto sim, que a luta constante entre o sujeito e aquele firme propósito ético de jamais violentar a notícia pode produzir jornalismo de qualidade - imparcial, jamais. Logo, Tereza e colegas têm não só o direito mas também o dever de se posicionarem claramente, a fim de que quem os lê saiba exatamente como os deve ler.


Isto basta para concluir que, na minha opinião nem Cruvinel, nem Catanhêde, nem Pereira, nem Kramer são imparciais - mas que eu não encaro isto como um problema. O que não aceito é o discurso militante recorrente de que o jornalismo alinhado ao petismo é melhor porque mais imparcial. Tal afirmação é a simples apropriação de um mito para fins políticos.

Numa coisa, contudo, concordamos: há um jornalismo nocivo por aí, que dança conforme a música e tenta se esconder num escudo de pretensa imparcialidade. Eu o chamo de jornalismo situacionista. O exemplo mais claro que me ocorre agora é o do Jornal Nacional. Note bem: não estou falando de todos os veículos das Organizações Globo e nem mesmo de todos os programas jornalísticos da TV Globo. Falo especificamente deste, que é sempre situação até o momento em que percebe o caldo entornando de vez.

O mais interessante, porém, é que este tipo de jornalismo só vai desaparecer - posto que não terá mais como se sustentar - à medida em que for morrendo também este mito da imparcialidade.

4 comentários:

Renato disse...

Nariz

Por favor, comente:

http://vizinhodojefferson.blogger.com.br/2007_09_09_archive.html

André BH disse...

Olá NG.
A responsabilidade é grande,mas vou tentar aprofundar o meu comentário anterior.
Os jornalistas tem ideologias,mas alguns mostram essa ideologia tão claramente que são rotulados disso ou aquilo,e esse rótulo de alguma maneira diminui a credibilidade do trabalho.
Um bom exemplo é o Paulo Henrique Amorim e seu ódio pelo Serra e FHC.
Jornalistas bons de serviço como Janio de Freitas,Moreno e Elio Gaspari não mudam de estilo quando muda o governo.São jornalistas que estão acima de partidos e governos.
Sou contra a venezuelização da imprensa,todo mundo perde com isso.O que eu acho interessante é o oposto,quando a ideologia não interrompe o diálogo.
No programa Roda-viva,perguntaram para o Fankilin Martins se ele aceitaria dirigir a TV pública no governo FHC.E ele respondeu que no primeiro mandado,sim.No segundo,não.
O Alon Feuwerker já trabalhou para o PT e para o PSDB.
O Nassif relatou hoje no blog dele reuniões com prefeitos do PSDB,e futuras reuniões com secretários do Serra e Aécio.
Tereza e colegas sabiam das futuras críticas quando aceitaram trabalhar na TV pública,foi uma escolha profissional.De pedra à vidraça.E você está certa em citicar,é do jogo.
Gostei do seu texto,e concordando em alguns momentos e discordando em outros,o importante é que haja sempre diálogo.

Degauss disse...

"Jornalismo, e colunismo em especial, se faz com opinião. Por isso, penso ser muito saudável quando todos assumem claramente o que são e o leitor pode, com conhecimento de causa, escolher o que lê" (NG).


É isso aí. Na ótica do leitor a melhor forma de imparcialidade é o jornalista revelar sua parcialidade. Podemos até lê-lo, mas saberemos com que fera estamos lidando.

Marcus Carvalho disse...

O que é um jornalista imparcial? Aquele que não emite opinião sobre o assalto aos cofres públicos, por que existe "o outro lado"? Ou sobre a destruição da democracia? O Gaspari é um desses que se escondem atrás de uma falsa imparcialidade para vomitar suas idéias marxistas. Não pode haver imparcialidade no caso no mensalão. Nem no caso do caseiro. Nem do roubo descarado do dinheiro público. Esses jornalistas imparciais tratam essas coisas como apenas prática política, seguindo a mesma linha de pensamento do Pequeno Timoneiro. Quando Lula diz que os membros da quadrilha cometeram erros, ele está dizendo que o erro foi deixar serem pegos.