"As pessoas escrevem o que querem e depois ouvem o que não querem. Essa é a liberdade de imprensa que nós queremos."
Este foi Lula, ontem, defendendo os fiéis da Igreja Universal que estão fazendo uso da mais nova forma de coerção da imprensa: a injustificada multiplicação de processos, juridicamente conhecida como litigância de má-fé - para o caso em questão, litigância de má-fé "em massa".
A defesa de Lula faz sentido se lembrarmos que, salvo engano, este tipo de estratégia praticamente estreou no Brasil tendo por alvo dois tradicionais críticos do esquerdismo e, mais especificamente, de Lula: Olavo de Carvalho e, em seguida, Diogo Mainardi. É claro que ambos jamais foram processados diretamente por Lula. Mas sofreram e sofrem, até hoje, ataques judiciais desta ordem empreendidos, na sua maioria, por simpatizantes das esquerdas - e, em alguns casos, de gente ligada diretamente a Lula. Basta uma expressão mal colocada, para que eles - Mainardi em especial - sofram uma avalanche de ações.
Não fosse por isso, a defesa que Lula faz deste milagre da multiplicação de ações judiciais contra veículos de comunicação também é coerente com o milagre da multiplicação de ataques à imprensa, constantemente desferidos por Lula, membros graduados de seu governo e militantes petistas.
Recordemos apenas alguns exemplos.
Governo Lula cancela o visto de jornalista do NYT (11 de maio de 2004) Aqui.... Contra a vontade de Lula, governo é obrigado a recuar. (12 de maio de 2004) Aqui.
"Para Lula, jornalista que não defende Conselho de Jornalismo é "covarde". (17 de agosto de 2004) Aqui.
José Dirceu emite nota criticando a imprensa (23 de julho de 2005) Aqui.
Relações tensas com a imprensa: "Lula reclama de má educação de repórteres". ( 2 de novembro de 2005) Aqui
"Depois de ver Lula, petistas agridem jornalistas no Alvorada". (30 de outubro de 2006) Aqui.
Senadora Ideli Salvatti ataca a imprensa. (22 de novembro de 2006) Aqui
Franklin Martins critica a imprensa ( 24 de março de 2007) Aqui
Ministra Matilde Ribeiro (ela mesma!) acusa a BBC de descontextualizar sua infeliz declaração. (27 de março de 2007) Aqui.
Enquanto vocês relembram os episódios acima, vou almoçar com o meu advogado. Como leitora e assinante da Folha de S. Paulo estou me sentindo assim, sei lá, meio perseguida pela Igreja Universal, entendem? De uma hora para outra, fui acometida pela estranha sensação de que IURD está ameaçando o meu sagrado e constitucional direito à informação. De modo que quero verificar, com o meu advogado, se há algo que eu possa fazer em defesa dos meus direitos.
Aliás, se mais alguém está se sentindo assim, sugiro que façam o mesmo. Como disse o Lula, "é da democracia".
4 comentários:
Humpft. Quando se pensa que a Igreja Universal chegou ao nível mais baixo possível, Lula vem e desce mais um pouquinho.
Dá-lhe, Nariz.
Também acho que a turma do Edir precisa sentir o gosto do próprio veneno.
A medida é muito boa e eu até gostaria de aderir. Mas meu nariz não é suficientemente gelado.
O fato mais pitoresco que aconteceu com Mainardi foi o processo em massa que sofreu dos acreanos -é assim que se escreve? Lembro bem quando ele fez uma piadinha sobre a devolução do Acre para a Bolívia e alguns petistas oportunistas resolveram processá-lo. Ele ganhou, claro. Afinal, nenhum juiz em sã consciência o condenaria -apesar de termos muitos doentes por aí. Agora é a IURD do Macedinho e seus fiéis que processam a Folha. Acho melhor seguir seu conselho mesmo. Virão pra cima dos blogues. Dá de pegarmos um desses juízes doentes... alguém vai ter de levar balas Juquinha pra gente. Beijo
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