sexta-feira, 2 de maio de 2008

Vamos nos decidir

Fico constrangida ao ver gente que eu admiro, como Lucia Hippolito e Guilherme Fiuza aceitando a hipótese de um terceiro mandato para Lula com base no precedente aberto em 1997, que instituiu a reeleição. E fico constrangida porque estes mesmos articulistas dão a entender que houve um erro em 1997 - que Fernando Henrique não poderia ter se beneficiado da mudança.

Pessoal, vamos nos decidir sobre este tema: houve ou não houve erro em 1997?

Se não houve erro, tudo bem. Mas se houve, não há popularidade que justifique a reincidência. A menos que a ótica petista - aquela em que os erros passados são prerrogativa e álibi para as lastimáveis atitudes do presente - tenha sido assimilada por completo.

Ps.:aos que não sabem separar crítica de ofensa pessoal, aviso que serei duplamente rigorosa com a moderação de comentários.

10 comentários:

Steve disse...

Cara Nariz,

Ando a trabalho pelos 'confins do judas' do Acampamento Banânia.

Não raro, mas contumaz, ouço pessoas humildes(não gosto deste verbete), sem qualquer escolaridade, fazerem elogios ao noço guia - deles, é claro.

Bem, mas quando vemos pessoas como a Lúcia Hippolitom Guilherme Fiúza e muitos outros, aí não dá... É demais.

O mesmo acorreu quando a Miriam Leitão, em pleno Bom dia Brasil, colocou que Cuba perderia as Conquistas Sociais, na Educação e Saúde, quando do anúncio da aposentadoria do Coma Andante.

É um Direito deles. Mas que é lastimável, o é.

Como diz o Reinaldão:

"A Democracia só pode ser melhorada com mais Democracia."

That's what I think!

Jorge Nobre disse...

Houve erro da parte de FHC, sim. Usam os erros de FHC para justificar os erros ainda maiores de Lula.

Eu não me importaria tanto, se não fosse eu a pagar pelos erros deles.

Paulo Araújo disse...

Nessas ocasiões eu lembro sempre da história do Hegel sobre a desonesta velhinha vendedora de ovos. Ela foge dos fatos (ovos podres ou não podres) e ataca a mocinha que lhe comprou os ovos com o conhecidíssimo hit "quem é você para...".

Como você bem apontou, o que está em discussão é o terceiro mandato de Lula. A justificativa com o argumento de que FHC fez algo semelhante (quem é voce para...), é sofisma.

Melhor seria defender a bestialidade como a expressão do bom, do belo e do justo na política brasileira.

Reginaldo Almeida disse...

Infelizmente FHC, qua na minhaopinião foi um excelente presidente, cometeu um erro que possivelmente venha a cobrar todos os avanços democráticos e institucionais que já tivemos desde a constituinte de 1988, e o erro foi abrir a caixa de pandora do casuísmo, ao aprovar para ele mesmo a re-eleição (antes tivesse sido para o seguinte eleito).

Até penso que a re-eleição possa ser um instituto legítimo e razoável, fôssemos nós um país de gente culta e honesta, e fôssemos nós um país de instituições fortes, mas como na verdade somos um rebanho (ou matilha ou alcatéia, não sei qual é o coletivo) de hienas, melhor nem ter re-eleição, porque como se diz, "o diabo está nos detalhes".

Para ser coerente, em lugar de afirmar que o terceiro mandato é legítimo, melhor defender que o segundo não o é. A democracia é uma dama a espera de ser violada, a sua própria pureza é a sua fraqueza. Vejamos a Venezuela, que pouco-a-pouco caminha para uma ditadura pelas vias democráticas.

Ary disse...

Olha só essas palavras de FHC,sobre terceiro mandato:"Quem fica três(mandatos),fica dez.Mandato indefinido é abrir as portas para o autoritarismo,o personalismo,não tem cabimento.Fere o princípio da democracia."
Mas se quem fica três,fica dez,e quem fica dois?
Sra. Nariz,e se essa pergunta que a sra. faz,fosse feita para o próprio FHC? Talvez a resposta seria bem interessante,sobretudo depois de ele ter falado tudo o que falou acêrca de um terceiro mandato.

(N.G.: eu não bebo água nas orelhas de Fernando Henrique Cardoso. Não tenho o menor problema em dizer que ele cagou nesta questão. Logo, estou pouco me lixando para como ele responderia a esta pergunta. Neste assunto, aliás, eu acho que ele prestaria um grande serviço à nação se calasse a boca.)

Cristal disse...

Para Lúcia Hipólito, Fiúza e os etc's...

Não quero saber, não me interessa e já não agüento mais Lulla/ FHC. Só me intereesa uma cosita, CONSTA TERCEIRO MANDATO NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA, ELA PERMITE? NÃAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAO.

PORTANTO O RESTO É TUDO TROLOLÓ.

TERCEIRO MANDATO É GOLPE.


Beijão para você,Nariz!

PS: desculpe a caixa alta, mas esse assunto me irrita profundamente.

Brainiac disse...

NG,
Não tenho aparecido muito por aqui, mas sou assíduo no blógue do Coronel. Assim, fica tudo em família, né?


Indo direto ao ponto do post, a questão me parece simples: se popularidade alta justificasse extensão do mandato, então popularidade baixa justificaria deposição. Que poderia inclusive ser via golpe de estado, na falta de um motivo para impeachment...


Mas este raciocínio é típico da mentalidade golpista - de um lado e de outro. Até porque popularidade não é sinônimo de bom governo - haja visto as realizações do Supremo Apedeuta...

Entre uma coisa e outra, fico com Dwight Eisenhower (um general), que quando se elegeu presidente dos States fez logo o que tinha que fazer: reduziu a possibilidade de reeleição para uma, e apenas uma. E fez isso da forma mais elegante possível: disse que não estava fazendo a coisa que interessava a ele, e sim ao país.

Quanto ao FHC, ele fez o que tinha que fazer na época. Pense no contexto: democracia mal consolidada, estabilidade da economia mal consolidada - e o PT bem consolidado, se opondo às duas coisas. Se hoje temos instituições sólidas (apesar do PT e de Lulla) e economia estável (idem), devemos isso a FHC. Portanto, não vamos exagerar no xingatório ao homem, pois se compararmos ele e sua corte a tudo que temos hoje, vamos concluir que éramos felizes e não sabíamos...

Abraços.

Antonio disse...

O q mais me impressiona é o fato desse governo investir deliberadamente na divisão do país. Sudeste/ Nordeste, brancos/ negros, ricos/ pobres, produtores/ sem-terras, proprietários/ quilombolas, brasileiros/ índios - e agora, legalistas/continuístas. Nao se passa um mês sem que apareça uma notícia que seja expressão de velhas - ou pior: novas - divisões. Reparem...

Flavio Dessandre disse...

Esse grupelho, que usa de tudo para provar o que quiser, é a única coisa que me mantém com a consciência de que estou no lado certo.
Explico. Eu não sei exatamente o que é certo. Em quem eu votaria. Em quem eu confiaria. Enfim, não tenho um Norte. Mas graças aos nossos "cumpanheiros" eu sei exatamente quem é o SUL. E sigo sempre pelo oposto deles.

Luis Hamilton disse...

Nariz,

A Constituição prevê os requisitos para sua própria reforma. Reformá-la atendendo a estes requisitos NÃO É ATENTADO contra a democracia. Portanto, deste ponto de vista, nem o FHC errou nem o Lula erraria, se quisesse (e conseguisse, o que eu duvido) fazer a reforma (isso desconsiderando as denúncias de que votos de deputados foram comprados, o que isso sim contraria a democracia).

Por outro lado, se não são atentados, a promoção de qualquer mudança institucional é um erro político, que prejudica a estabilidade política de um país - mais ainda de um como o nosso que ainda não pode dizer-se estável. Neste aspecto, FHC errou e Lula erraria também.

Um outro comentarista critica a técnica do "quem é vc para...". Ele tem razão. Mas é um problema de princípios. Criticar hoje o que se fez ontem é um problema sim. Porque tira credibilidade da crítica. Passa a impressão de mais um casuísmo. Não dá nenhuma segurança de que, amanhã, eles não vão fazer de novo o que já fizeram no passado e que só criticam hoje porque quem quer fazer é do outro time. Esse parágrafo está confuso propositadamente: é para vocês verem como fica bagunçada a impressão que a oposição passa para o público.

No final, essa gritaria depõe contra a oposição mesma. Parte do princípio que o povo é idiota e alguns chavões são capazes de cegá-lo. O que pode ser verdade em alguns momentos, mas não o é sempre.

A propósito, eu sou a favor de uma reeleição, com desincompatibilização do governante alguns meses antes. Melhor ainda se depois de cumpridos os dois mandatos, o sujeito não pudesse se candidatar mais. Mas não estou falando só do Lula.

Para deixar claro: sou contra a possibilidade de três mandatos para QUALQUER UM. É um princípio POLÍTICO para mim. Eu simplesmente acho que 8 anos está de bom tamanho tanto para a pessoa implementar um bom plano de governo como para preparar um sucessor se for o caso. E que, apenas por este motivo, POLÍTICO, é que devemos lutar contra esta proposta.

Abraço.