quinta-feira, 2 de abril de 2009

Como perder a razão II

Quando eu, tentando dar o nome certo às coisas, digo que Dilma não era uma "menina" ao ser torturada - porque, aos 19 aninhos, era uma guerrilheira experiente, que sabia usar armas de fogo, fabricar bombas e planejar assaltos - a esquerda lê que estou legitimando todas as ações dos militares, inclusive a tortura. A direita lê da mesma forma e, é claro, concorda com aquilo que eu não disse.

Quando eu, tentando dar o nome certo às coisas, digo que em 64 tivemos um golpe ditatorial e não uma "revolução democrática" - porque o Congresso Nacional foi fechado e os partidos dissolvidos sem que qualquer mudança social, econômica ou cultural ocorresse - a direita lê que estou legitimando todas as ações da esquerda, inclusive a luta armada. A esquerda lê da mesma forma e, é claro, concorda com aquilo que eu não disse.

E é assim, sustentando pacotões fechados, que vamos engolindo os mitos construídos de ambos os lados, num jogo discursivo binário que explica muito sobre o nosso atual estado de calamidade política.

Ps.: como eu não estou a fim de ler interpretações tortas sobre o que foi dito neste post, fechei os comentários. É uma medida ditatorial, nada bonita, cujas conseqüências estou disposta a assumir porque acho que é necessária. No futuro, eu não lhe darei outro nome - seguirá sendo uma medida ditatorial. Porque se há alguma "coragem" ou "heroísmo" a ser reconhecido nesta medida, é o fato de ela ser extremamente antipática e ditatorial e, ainda assim, ter sido tomada - o que serve de ilustração para o post de ontem.

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