segunda-feira, 29 de junho de 2009

Curtas e desbocadas

*A situação em Honduras pede cautela. Parece que o presidente - agora deposto - agia à revelia da lei. E, o que é mais grave: Manuel Zelaya teria chamado venezuelanos e nicaraguenses para apoiá-lo na realização de um referendum considerado ilegal pelo Superior Tribunal hondurenho. A interferência externa teria, alegam os golpistas, precipitado as coisas. Pelo sim ou pelo não, até que tudo esteja esclarecido governos que não são tocados por lambe-botas chavistas deveriam se abster de opinar.

*Nenhuma novidade na entrevista do presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, publicada no Estadão. Gabrielli seguiu à risca o manual da sua turma: reputou as suspeitas que recaem sobre a estatal a uma armação da mídia e fez ameaças veladas. O roteiro chega a enojar de tão repetitivo.'Neztepaís', de Sarney a Protógenes de Queiroz, todo mundo que sente a merda bater na bunda se diz vítima da imprensa.

*Por falar em Sarney, os twitteiros andam tentando emplacar duas tags. Uma, já destacada pela imprensa, é a #forasarney. A outra, surgida ontem, é a #chupasarney. Fiquei com a segunda. Acho que está mais de acordo com o nível da política nacional.

4 comentários:

Gladstone disse...

Todo modo, no mínimo curiosa a ameaça do Chávez de que os golpistas hondurenhos estarão declarando guerra CASO algum tipo de represália seja tomada contra a representação diplomática da Venezuela no país.

paulo araújo disse...

NG

O golpe foi um ato politicamente burro, para dizer o mínimo.

Golpistas ali são todos, situação e oposição.

Está evidente que a destituição era a melhor saída para Chávez e Zelaya, simplesmente porque eles não tinham outra. Como mostram os fatos, Zelaya claramente apostava no aprofundamento da crise e forçou assim a sua destituição. Eu penso que equivocadamente (ou oportunisticamente) a oposição embarcou nessa canoa furada do golpe. Isso deu ao Zelaya um ganho político considerável: passou de golpista a vítima de golpistas. Melhor seria mantê-lo como presidente e continuar trabalhando no sentido de aprofundar o seu isolamento político, tocando esse barco até as eleições de novembro.


Havia ainda o recurso da oposição acionar os organismos latino-americanos e isolar ainda mais Zelaya na sua pretensão de golpear, ao estilo chavista, a Constituição. Mas preferiram o golpe.


Por outro lado, Zelaya já cometeu um erro político grave. O esperado era que ele acionasse o Sistema de Integración Centroaméricana (O Brasil participa como observador), o Grupo do Rio, a OEA, como lembrou um articulista do La nación (Costa Rica). Mas ele optou por acionar os amigos da ALBA. Se a oposição for hábil, ela destaca as tintas ideológicas desse ato, parte para cima do Cháves e tenta isolar Zelaya por via diplomática. O melhor seria promover a sua volta à presidência com o compromisso de que ele cesse os ataques à Constituição. Fazer isso com apoio da OEA, isolando os "albanos".


O golpe não se justifica em nenhuma hipótese. Do ponto de vista bem pragmático, foi burrice e/ou oportunismo. Zelaya estava politicamente isolado. O bolivarianismo tem expressão política mínima em Honduras.


Seu partido (Liberal) já havia indicado candidato para as eleições de novembro (ex-vice de Zelaya). A tal "encuesta" foi amplamente rechaçada em Honduras:


Sobre a golpista "encuesta" ao estilo chavista:

Corte Suprema de Justicia la declaró contraria a la Constitución; el Tribunal Supremo Electoral (TSE) se opone frontalmente, porque vulnera sus competencias; la Conferencia Episcopal ha advertido de los riesgos que encierra; la Confraternidad Evangélica ha sido aún más severa en sus críticas; el Colegio de Abogados de Honduras calificó la “encuesta” de ilegal, y el martes en la noche el Congreso aprobó un reglamento que impide la realización de cualquier referendo o consulta electoral 180 días antes o después de las elecciones nacionales. El más reciente y dramático hecho fue la negativa de las Fuerzas Armadas, a pedido del TSE, de negarse a repartir el material para la “encuesta”, a pesar de la orden del Presidente. Por este motivo, Zelaya destituyó al jefe del Estado Mayor, general Romeo Vásquez, quien, sin embargo, fue restituido ayer en su cargo, tras un amparo de la Fiscalía, por la Corte Suprema de Justicia. El Ministro de Defensa renunció en solidaridad con Vásquez, y han surgido rumores de un posible (aunque improbable) golpe de Estado.

http://www.nacion.com/ln_ee/2009/junio/26/opinion2007986.html

Com toda essa oposição o correto seria continuar levando a luta política pela via institucional. Com certeza o golpe rachou a oposição, o que deve ter deixado o golpista mór na Venezuela felicíssimo.

O resultado imediato é que os golpistas (como sempre) deram sobrevida política a um presidente fraco e dependente de Cháves. Mas a tentação da via rápida falou mais alto.

Claudio disse...

Não estou acompanhando de perto o caso, mas também acho que eles tinham que tentar resolver as coisas com o apoio da comunidade internacional e usar apenas mecanismos pacíficos. Aí sim as coisas se resolveriam com paz e respeito aos preceitos democráticos. Como na Venezuela.

Lucia Maria disse...

Ninguém vai comentar sobre as medidas do Temporão em relação a gripe suina?



Só os casos graves tomarão o Tamiflu e farão o exame. Resultado: Não vai adiantar mais nada,o Tamiflu tem que ser tomado nas primeiras 48 horas. Esperar ficar grave para tomar o remedio?



O Chile tem 7.342 casos confirmados gripe suína, comparativamente a 1.587 para a Argentina, mas apenas 15 mortes, em parte porque o Chile tinha mais antivirais estocados e foi capaz de uma resposta mais proativa. A Argentina já enfrenta um enormes casos de pneumonia e não tem ventiladores suficientes para tratar todos.



Em que situação nos enquadramos? Chile ou Argentina? E fácil a resposta.

Nós somos a Argentina amanhã, sem antivirais e respiradores para a população.



Que Deus nos ajude!