quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Lula e a pirâmide (II)

Alguns comentários no post abaixo merecem destaque:

Do leitor que se assina "Minancora"


Tem um furo no texto. Se a classe média não forma opinião “em volume suficiente para causar impacto nas urnas” como é que ela ajudou o Lula a se eleger em 2002?

Primeiro, em 2002 havia um marqueteiro no meio do caminho. Ele transformou, com muita competência, o discurso da classe média em campanha - uma campanha vitoriosa. E lembre-se de que este discurso, esta idéia do presidente-operário,  vinha sendo  martelado há 13 anos.

Em 1989 o discurso não fora  forte o suficiente para combater uma outra idéia: a de um presidente jovem e dinâmico que prometia acabar com os marajás e colocar o país no caminho da modernidade. Note que Fernando Collor não contava com o apoio dos intelectuais - a maioria deles estava, já, com Lula. Mas seus marqueteiros souberam captar e amplificar o espírito do momento - exatamente como Duda faria, com Lula, anos depois.

Uma campanha bem sucedida  é aquela que capta o espírito do momento e o devolve ao eleitor na forma de discurso político. O erro está em se buscar este espírito do momento nas fontes erradas. Em 2002 ele esteve, pela última vez, com a classe média. Já não está mais. Talvez no futuro volte para as nossas mãos. Hoje não.

Quer ter um bom exemplo desta dinâmica? Então tente descobrir porque o truculento e polêmico Marcelo Dourado, execrado do BBB em 2004, é, no momento, o favorito para levar o prêmio. Mudou Marcelo, mudou o espírito do momento ou mudaram ambos? (Ah, desculpe, você é daqueles que torcem o nariz para o BBB? É dos que não conseguem abstrair o aspecto da  exposição humana para ver ali um simulador excelente de construção e desconstrução de auto-imagem? Então desculpe: você pode entender muito de política. Mas de campanha política você não entende. É provável que não goste o suficiente do tema para realmente compreendê-lo).

Do leitor que se assina Vladimir:

Nariz,

Ok, talvez você esteja correta. Mas, você pode, por favor, indicar qual é a tão óbvia rachadura?

Me fizeram a mesma pergunta também via Twitter hoje cedo. Não posso. Não no momento. Apontar a rachadura agora seria entregar o ouro ao bandido - antecipar uma estratégia que, talvez, já esteja em plena gestação. Deste tema, em público, eu só falo no final da primeira semana da campanha - para comemorar o acerto ou reclamar o erro.

19 comentários:

@EduVieira_ disse...

NG, vc ta me dando um nó nos miolos. Vc trata do tema como se fosse muito óbvio, mas juro que me esforçando, ainda não consegui compreender nem a tal rachadura e nem o tal clima do momento...

A rachadura vc ja disse que nao vai relevar... ponto.

Mas o clima do momento que faz vc relacionao o Dourado do BBB com a estratégia política tb não ficou clara pra mim.
O que vejo no Dourado do BBB é que ele está se dando bem pq, é alguem que teve uma segunda chance, no primeiro momento foi discriminado, foi fiel ao seu estilo e acabou conquistando a simpatia de alguns dentro da casa. Fora dela acho que as pessoas gostaram do seu jeito autêntico, sincero, direto e sério. Apesar de grosseirão, muitas vezes, ele ainda se mostra alguem honesto.
Sinceramente, não identifiquei a partir daí o tal clima a ser explorado.

Me alumiaaa... hehehe.

Fernando disse...

Alckmin deu um tiro no pé quando escondeu os feitos do governo FHC e qualquer um que entre pra ganhar, vai ter que entrar decidido a dar um chega pra lá na Dilma. Serra pode fazer isso tranquilamente.

Também acho que na largada o Serra já deve entrar dizendo que vai dobrar o valor do bolsa-família, no primeiro dia de seu mandato; pra calar o PT e a cambada que vem fazer terrorismo. Serra tem credibilidade.

O PNDH3 lançado em dezembro foi um tiro no topo da pirâmide e deve tirar o sono até de alguns companheiros de legenda. O que adianta roubar e não poder carregar ?

Bigodudos que estão ali só pelas verdinhas, não devem estar muito confortáveis com essa estória de guinada à esquerda anunciada por Top-top Garcia. Prometer ganhos e estabilidade institucional é FUNDAMENTAL pra se conquistar o topo da pirâmide.

Alguém aí vai querer plantar laranja, tendo que negociar com o MST e movimentos sociais a desocupação de fazenda? Tributação sobre grandes fortunas? Controle da mídia? Da Tv a cabo? Uhm...

Cris disse...

Gosto de ler seu blog. Em minha opinião, o espírito do momento está numa classe C e D, digamos , emergente, e esse espírito chama-se "melhora da auto-estima"... O povo quer mais, quer comprar coisas que antes só a classe média comprava, quer viajar para lugares que antes só os ricos conheciam, querem poder... Bjs.

narizgelado disse...

Pois é Edu... O clima do momento tem a ver com a rachadura. rsrsrs Estão bem relacionados. Não há como falar de um sem falar de outro.

Mas o Dourado não tem nada a ver com o clima do momento do ponto de vista eleitoral. Usei ele como um exemplo de que o clima do momento muda rapidamente. E quem souber sacar isso, beber das fontes certas, pode se dar bem. Dourador mudou muito pouco. Está um tantinho mais malandro no trato com o público (andou até chorando quando se sentiu isolado na primeira semana). Mas continua tão truculento e polêmico como era antes. Só que o clima agora mudou. Em 2004, a justificada pressão para que o homossexualismo fosse aceito e respeitado era o clima do momento - tanto que na edição seguinte o vencedor foi um homossexual assumido. Hoje, quando o Dia do Orgulho Gay é uma festa em todo o país, selinho virou moda e projetos de lei que reconhecem os direitos dos homossexuais tramitam no Congresso, o clima já acalmou. Homossexualismo não é mais uma causa. É uma realidade como qualquer outra. E aí, "aceitar o diferente" pode ser, também, aceitar a dificuldade que um lutador, gestado em um ambiente machista e retrógrado, enfrenta, em pleno século XXI, para conviver com homossexuais. As posturas do Dourado que, em 2004, foram tachadadas pura e simplesmente como preconceito, hoje são encaradas como o que de fato são: dificuldades, assumidas francamente por ele. O que antes era motivo para protestos, hoje arranca até risadas do público (exceto para meia-dúzia de histéricos, que ainda não perceberam a mudança). O clima do momento mudou: ao invés de condenar Dourado, o público olha para ele como olharia para um homem da pré-história - com curiosidade e compaixão. A novidade do BBB não são os gays que lá estão. A novidade é aquele machão ultrapassado, esperneando e sofrendo ao tentar conviver normalmente com eles. Este é o drama do momento - seja para rir dele, se identificar ou se enfurecer com ele . E o povo que vê BBB quer drama (às vezes romântico, às vezs tragicômico, mas sempre drama).
Voltando ao meu post: Dourado buscou nas "fontes certas" o clima do momento. Quando soube que o público, por votação, lhe dera o poder de mudar qualquer voto da casa, entendeu que aquele estilo "olha, estou tentando aceitar vocês, mas é difícil para mim", pegou bem aqui fora. E passou a explorar isso. O resultado é que ele lidera todas as enquetes para ganhar o jogo. Resta saber se vai conseguir se manter no caminho certo, porque é uma linha perigosa. No geral, a imagem criada lá dentro é frágil - basta um deslize e ela pode quebrar. E ele está sendo levado ao limite pela produção - se não conduzir a situação na ponta dos dedos, Dourado pode, sim, descambar para o preconceito e acabar melando tudo.
Pois bem: o Bolsa Família não é mais uma causa. É realidade posta. Basta dizer que será mantido, ampliado e pronto. Então, qual é a novidade do jogo eleitoral? Qual é o clima do momento? O que o eleitor quer ouvir agora?

João Marcos disse...

Sei lá.. me parece que o clima do momento é, já que o BF é uma realidade dada, reviver o antigo lema do caçador de marajas.

Bem ou mal, todo o mundo (?) ficou escandalizado com as falcatruas dos aloprados, dos mensaleiros, do rei do gado, do bigodão e porrai vai.

narizgelado disse...

Acho que não, João Marcos. Ética não é tema de campanha. Só para a classe média - como alguém já disse abaixo. E a classe média está fora deste jogo.

Raphael disse...

Na casa em que moro há uma parede com uma rachadura tão óbvia que parece parte da decoração. É enorme, mas a gente nem a percebe.

Mas essa eu não vi ainda...

Nariz, sou seu fã!
@RaphaRB

paulo araújo disse...

Oi, NG

Acho que a rachadura é a Dilma. Tem que enfiar a cunha aí e mandar porrada. Quem manda é o João Santana. O resto é figuração. Então tem que enfiar a cunha nas rachaduras que o João Santana não tem como esconder ou disfarçar.

Lula hoje reclamou dos ataques de FHC a Dilma. Ele disse que FHC "não pode falar de quem não conhece" ou algo assim. Foi no mesmo tom do meu dileto amigo blogueiro Alon em seu post de hoje sobre Dilma.

Acreditam os chefões do petismo que podem proteger Dilma de si mesma com o discurso da polarização LulaXFHC. Por isso eu acho que a rachadura é Dilma. Alon, embora penda para o outro lado, tem um faro político apuradíssimo. O candidato da oposição tem que polarizar com Dilma e polarizar sobre o futuro. Sem essa bobagem de cair na tentação de falar do passado. O que interessa é o que vem e não o que foi.

Seja quem for o candidato das oposições ele deve mostrar tanto as realizações dos governos estaduais, com vistas a expandi-los para o futuro do Brasil, como também partir firme para dentro da rachadura. O como fazer é lá entre os que pensam a campanha. Se vão fazer ou não, eu não sei.

Dilma "dama de ferro" que enfrenta Agripino é mito. Dilma é puro fruto da contingência. Subiu no vazio do mensalão e do caso do "simples caseiro". Está onde está por vontade de Lula. Ela é mais uma prova de que a história é contingente.

Abs.

Sharp Random disse...

E se os pobres de direita se organizarem... brincadeira, heim.

Troco uma escola de qualidade para meus filhos se puder financiar um automóvel novo. Não esquento a cabeça com o SUS se puder encher a geladeira todo mês e comprar remédio barato.
Convivo bem com a insegurança se me prometerem uma casinha que seja minha. Não me incomodo de ir prô trabalho socado em quantos coletivos forem desde que pague uma passagem só. Se eu quiser consumir algo mais, aceito sub-emprego ou ficar sem registro em carteira desde que não me tirem as bolsas do governo, se não, fico remediado no Bolsa que assim já tá bem melhor que antes.

E assim vai. Provisoriamente.

A Erra Lulla incutiu na mente do povo o esquema de substituição de valores que formata uma sociedade tendente à socialização dos meios de produção e blá blá blá, o comunismo.

O desafio, que pode ser encampado pelo eleitorado jovem, é provar por A mais B que auto-estima tem a ver com mérito. Com o destacar-se na multidão. Ser único. Ter potencial para disputar e ser melhor em todos os sentidos.

Acendida a chama do BRIO de ser "brasileiro evoluído" pode-se pegar o eleitor pela mão é ir com ele constatar os efeitos da mentira de Governo no suporte a que ele tem direito para fazer a si e aos seus, cidadãos aceitos em qualquer parte do mundo, cidadãos evoluídos.

Se há consenso sobre a manutenção do subsídio estatal já é hora de mostrar ao povo que para a etapa seguinte é preciso
mudar o time pois esse aí não sabe marcar o adversário que se vai encarar pela frente nos jogos da primeira divisão.

Divertido. Sem dúvida. Estratégia política nacional requer entrosamento. Aí, já bate uma ansiedade, daquelas.

Bira disse...

Conheço pessoalmente uma centena de pessoas da classe média que até hoje "acham" Lula o cara.
A classe média tupiniquim dificilmente adota o hábito de sair as ruas, afinal, é comodo ver alguém dar dinheiro aos pobres sem pesar no bolso dela, por enquanto.

Cavallieri disse...

Dilma x Serra. Dilma não é Lulla, Serra não é FHC, por isso não achei errado FHC sair pra dançar, ele foi dançar com Lulla e liberou Serra, que ficou sentadinho deixando Dilma sózinha no salão.
Dilma não é lider, é apenas reflexo de um lider; este é o sinal, ao meu ver está certo.
A primeira obrigação de um Petista é a traição, Dilma está com Dirceu, que está com MAGn e Delubio et...,é o retorno do que Lulla (simbolicamente) excluiu. Traidores retornam.

Oliver disse...

QUERIDA
Fiz muita campanha política na vida pra te afirmar que um bom editor de imagens trabalhando com material do youtube mesmo desconstruiria a imagem do imbecil com seu próprio discurso, comparando-o apenas consigo mesmo. O problema aqui é sabermos o quanto as oposições estão dispostas a se posicionar contra o atual modelo de se fazer política. Ninguém arrisca um discurso de oposição ao que vivemos porque lulas e arrudas são literalmente os dois lados da mesma moeda podre. Se completam. Tudo para não perderem a boquinha. O petismo é uma espécie de evangelização de um cristinanismo decadente, que se recusa a modernizar seus métodos, rever conceitos e acabam fazendo uma legião de órfãos ressentidos, dispostos mais a abraçar as bombas que os livros. São incultos, mas eficientes. Vivemos um época em que poucos estão dispostos a defender a democracia, mas todos estão dispostos a defender o capitalismo; de preferência o "capitalismo no capital dos outros e nas nossas cuecas", se é que me entendem. Uma simples eleição não vai reverter esse quadro, especialmente se o discurso for literalmente o mesmo. Não entendo muito de rachaduras, mas confio em sua análise e ela deve fazer sentido. O que vejo com o "umbigo no balcão", para usar um surrado jargão publicitário, é uma imensa insatisfação com este estado de coisas. Insatisfação que elegeria o primeiro aventureiro disposto a roubar aquela cadeira. Uma insatisfação perigosa. O cara é um iraniano. Fala mais que a boca. Poderia ser atropelado por insituições democráticas VERDADEIRAS. É a inexistência ou a inoperância delas que me assunta. Que ninguém está gostando do vermelho, isto já é fato. Qual a cor que representa a alternativa que é o verddeiro desafio. Outro beijo.

Chesterton disse...

A única chave que Serra tem para essa "fechadura" é a segurança. Mas será?

gabriel disse...

o que seriam "instituições democráticas verdadeiras"? Vocês dizem que "ética" está fora de campanha. Mas segregação social é ética? Governar apenas para a classe média é "ética"? Seria isto "democracia"?

Democracia de verdade é feita pelo povo, não pela classe média.

João disse...

Classes média e média-alta têm boa parte dos votos do PT.
O que aconteceu é que Lula (e não exatamente o partido) conquistou o eleitorado pobre, sobretudo no Nordeste, que antes optava pelo coroné local.
Conseguiu isso ao monopoizar em seu governo as políticas assistencialistas (ou a propaganda delas, visto que muitas têm participação de verba estadual) e plantando em cada discursos e inauguração de obra inacabada, o molde do culto à sua personalidade.
Então, ele conseguiu os eleitores do cabresto ao monopolizar o mesmo cabresto. Não é por outro motivo que a data-limite para recadastramentos no bolsa-família coincide com a eleição. O que antes era "esmola" ou "indústria da seca", hoje virou "solidariedade" ou "fim da miséria de 30 milhões" (quanto a essa mentira em particular, recomendo matéria de Sérgio Torres, na Folha, sobre uma família não-miserável, segundo o governo, cujas crianças não têm sapatos e só come carne uma vez por semana, a menos de 100 km do Rio).
Vale lembrar que, no mesmo ano em que lula se elegeu pela primeira vez, 2002, a candidata dele no Rio, benedita da silva, que assumira o governo em março, no lugar de anthony garotinho também candidato ao Planalto - só venceu Rosinha, mulher de seu antecessor, na Zona Sul, na Barra, na Tijuca e no Méier. Justamente, as áreas nobres e os bairros relativamente mais ricos da Zona Norte. Em um ônibus, na época, ouvi que "só a mulher do garotinho se preocupa com os pobres". O governo da família, então, dustribuía o cheque-cidadão, no qual o pt metia o malho e que, à exceção de concentrar sua entrega a igrejas, em praticamente nada diferia do bolsa-família.
Qualquer semelhança não é mera coincidência.

B.F. Carvalho disse...

"Apontar a rachadura agora seria entregar o ouro ao bandido"

Hein?

Fernando disse...

Se a ética e a moral estão fora, como é que PT e aliados a estão usando com maestria e atropelando tudo no casos do mensalão do DEM e da cassação do Kassab ?

De Arruda se tinha um filme pegando R$ 50mil, quando nem era governador e de PO não se tinha nada; mesmo assim com ajuda dos estudantes apalhaçados, de militantes do PSTU, da OAB, do PGU e da grande mídia um esta na cadeia e outro se afastou ontem, sem impeachment, sem cassação, sem julgamento, sem nada.

Kassab foi "cassado" em Primeira Instância por juiz que interpreta a lei como quer e mesmo "descassado" vai sofrer muito para tirar a pecha de ser igual aos petistas.

Se o PT esta sabendo usar e tirar proveito, por que a oposição não faz o mesmo ? Só a compra do dôssie pelo "aloprados do Berzoini" movimentou 20 vezes mais dinheiro. Zé Dirceu esta aí livre, leve e solto participando da campanha da Dilma e temos mais um escandalo desse senhor no caso da Telebrás, que deve entrar na mídia logo, logo.

Não falta justamente a nossa frota de apalhaçados nas ruas ? Nossas bandeiras ? Nossa turba gritante ?

narizgelado disse...

Fernando, se Arruda pudesse se candidatar a qualquer cargo em outubro, com campanha certa, ele venceria. Um pouco mais difícil, é verdade, já que há uma cena ( pouco importa de quando) do cara embolsando dinheiro em condições suspeitas - coisa que não se tinha de nenhum candidato petista em 2006. Mas ainda assim, com a campanha certa, Arruda se elegeria. É disso que eu estou falando: com as provas certas e apressão dos grupos ditos 'politizados', a falta de ética pode levar o cara para a cadeia ou fazer com que ele perca o mandato. Mas se isto não acontece pelas vias legais, não vai ser na campanha que fará diferença.
Palocci é um ótimo exemplo: diante de indícios de que teria violado a conta do caseiro, perdeu o cargo e o prestígio que detinha junto à 'opinião pública'. Agora me diga: perdeu a eleição? Lula era outro que tinha fortes indícios estar a par de toda a bandalheira do mensalão. Lula não foi reeleito? E Paulo Maluf? Não está sempre voltando das cinzas?

Você parece alegar que essa gente passou incólume pelas urnas porque suas falcatruas não foram bem exploradas por aqueles que lhes fizeram oposição. Eu estou dizendo que eles passam incólumes porque a grande maiora dos eleitores não liga para ética - e, sim, para o que tem a ganhar votando neste ou naquele candidato. No caso de Kassab, por exemplo: o estrago provocado pelas chuvas em SP é um milhão de vezes mais preocupante do que o episódio da cassação. Para este, Kassab sempre pode responder que foi um tentativa do PT de ganhar a eleição "no tapetão". Para as chuvas, no entanto, o furo é mais embaixo: por mais que se alegue que foram volumes incomuns e que nenhuma cidade resistiria bem a tal coisa, é difícil diluir a sensação concreta de incompetência que fica na cabeça do eleitor quando barracos estão caindo e pessoas morrendo.

Note: não estou falando de como as coisas 'deveriam ser' - ou de como eu gostaria que elas fossem. Estou falando de como elas são.

Fernando disse...

Infelizmente, você esta ABSOLUTAMENTE certa, o brasileiro sabe, que também roubaria se tivesse oportunidade e as sociedades no geral aceitam com mais facilidade desvios de dinheiro por políticos, mas como não sou de morrer sem atirar coloco o seguinte:

Lula foi eleito, por que o mensalão passou ao largo, mas as eleiçoes, acabaram vencidas apenas no segundo e isso, não tem haver com a compra de dossiê pelos "aloprados" ?

Maluf, assim como a Angela "dança da pizza" Guadagnin, o Quércia e outros podem até ser eleito vez ou outra, mas nunca para cargos majoritários.

Podem voltar como deputado ou vereador, mas não emplacam como presidente, governador, prefeito e senador.