Por vias dolorosas, a perda da “joia da coroa” vai obrigar o PSDB a uma imensa renovação. Que já deveria ter sido operada quando José Serra perdeu para Lula, em 2002 – e não foi. Que já deveria ter sido operada quando Geraldo Alckmin perdeu para Lula, em 2006 – e não foi. Que já deveria ter sido operada quando Serra perdeu para Dilma, em 2010 – e não foi.
Agora, o PSDB se renova ou morre.
Logo, a tragédia que se desenha para São Paulo poderá ser a
oportunidade da década para o país. A crise
que permitirá surgir, enfim, uma oposição com condições de ganhar eleições
presidenciais. Sem insistir nos mesmos candidatos, no mesmo marqueteiro, na
mesma leitura errônea das pesquisas, na mesma tendência mórbida de entregar a
agenda da campanha nas mãos dos adversários.
Não se enganem: a competência do “Pense Novo” gestado por
João Santana tinha menos a ver com a idade de Serra e Haddad e mais, muito
mais, com a fadiga material da imagem de José Serra. É óbvio que as qualis que antecederam o planejamento das
campanhas apontaram isso – tanto para o PT quanto para o PSDB.
Santana usou a informação com primor. O fato de Haddad ser
jovem e, mais importante, uma cara nova para as urnas, foi fundamental. Mas a
propaganda, começando pelo site e culminando com a linguagem dos programas,
exalava o conceito do “novo”.
No PSDB, decidiram não dar atenção ao aviso. Com a arrogância
de sempre, subestimaram o adversário. Acharam que suas velhas e carcomidas fórmulas
de marketing dariam conta do recado – mesmo quando a base delas, “a entrega”, a
gestão de Gilberto Kassab, apresentava índices alarmantes de insatisfação.
O resultado se viu hoje. Péssimo para São Paulo. Promissor
para país.
Talvez, num futuro próximo, estejamos comemorando o fim das
candidaturas decididas à mesa do Fasano. O fim do enredo de sempre, no qual um
partido que deveria ser nacional impõem sempre os mesmos candidatos paulistas à
presidência simplesmente porque é incapaz de fazer germinar lideranças em
qualquer outro canto do país. Nenhuma delas, nos últimos anos, teve força contra
os projetos pessoais do alto tucanato paulista.
Pergunte a Eduardo Paes. Pergunte a Gustavo Fruet. Ou,
melhor ainda, aponte uma notável e promissora liderança nacional do PSDB na
faixa dos 40 anos.
15 comentários:
Concordo. É como a mãe que diz ao filho teimoso que vá em frente, bata com a cabeça na parede para aprender. Espero que funcione, porque se não funcionar, temos outras opções, hoje já não tão aliadas ao petismo, como o governador de Pernambuco. O tempo dirá.
Faz tempo que penso exatamente o mesmo. O PSDB deixou um legado modernizador para o país, principalmente no governo FHC. E estupidamente se acanhou e deixou o PT levar tudo de arrasto.
Contra um partido absolutista como o PT, a luta tem que ser diária e incessante, pois eles são determinados e jamais vão desistir de controlar o país e seus cidadãos.
O Serra acabou para mim no exato momento em que, adversário da Dilma na eleição passada, tentou apresentar-se aos eleitores como se fosse próximo de Lula.
Nariz Gelado, a situação do PSDB é semelhante à política de nosso país.
Toda vez que são eleitos deputados, senadores e presidente da República, vem a tona a questão da reforma política, quase todo mundo sabe que isso é importante, mas a quem cabe conduzir a reforma? Aos que foram eleitos sob o velho sistema.
Da mesma forma, quem controla o PSDB são esse pessoal que já deveria estar aposentado da política. Enquanto eles continuarem dando as cartas no PSDB, não haverá nenhuma renovação.
Enquanto isso o PT avança: destrói as instituições, aparelha a máquina governamental e lança ameaças à liberdade de imprensa, sem esquecer os ataques ao Judiciário.
Enfim, a oposição tem um grande papel, mas ao não se renovar, acaba abrindo mão de tudo isso.
Os 44 milhões de brasileiros de 2010 continuam atrás de uma liderança.
Nada mais claro que isso.
Agora, o PSDB é coluna informal do PT. Disso não há dúvida.
Enquanto isso, o país está sendo adquirido e repartido por dúzia, ou mais, de países investidores estrangeiros.
O que interessa mesmo é a arrecadação tributária e sua divisão política.
E entre estas lideranças "novas", sufocadas, não podemos esquecer Álvaroi Dias e Arthur Virgilio Neto. Perfeito, Nariz Gelhado.
Talvez Lula, na sua esperteza de apedeuta, tenha concluído e colocado em prática, pois já elegeu dois postes em dois dos tres maiores PIBs do País, que é muito mais fácil partir dos índices de rejeição do candidato para fins de elegê-lo. Brecou figurões de seu partido, estes já com elevados indices de popularidade, mas com rejeição consideravelmente alta. Marta foi sua última vitima, tinha quase 30% de rejeição dos eleitores da capital paulista. Foi guilhotinada. E surge o novo, que arrebatou a eleição, ganhando a confiança daqueles que preferem dar chance ao novo a insistir com o conhecido de imagem desgastada. Assim age a oposição, e vai perdendo seus rincões mais poderosos, o próximo é o segundo PIB do Brasil. Se insistir nos velhos desgastados e bolorentos, altamente rejeitados, vão tomar nova piaba onde quer que insistam nesse mecanismo viciado e anacrônico. O povo prefere enxergar com bons olhos os novos valores que surgem, e a lhe dar a confiança caso ele os convença que assim o merece. Londrina foi um exemplo disso.
Um primor de artigo.
O Fato de vc citar o eduardo paes demonstra que a distancia entre o rj e sua base influem na analise. EDUARDO PAES , de "novo" só tem a idade , pois seu modo de fazer politica remete ao coronelismo do passado, populista, fanfarrão e mentiroso. Mas , como carioca , perdoamos o fato de que a distancia impoe certas dificuldades de analise.Lamentavelmente não temos ninguém "novo" com a "pegada" de um mario covas , por exemplo.Tá feia a coisa , em amteria de politicos no brasil.
Concordo, em termos.
Acho que a renovação acaba virando um fetiche - o ideal é termos políticos bons, experientes e honestos. A idade, se dentro dos 40 ou far, não devia fazer diferença. Se fizesse, deveria ser ao contrário: a maturidade é uma vantagem, para a política.
Além disso, às vezes tenho a impressão de que há uma lamentação que diz, sem dizer, que o PSDB devia fazer o mesmo que o PT, usar as mesmas armas do PT, se quiser ganhar.
Mas, ora, se o PSDB fizer tudo o que faz o PT, melhor será que não ganhe, mesmo.
Mais uma vez, perfeita análise NG! Não consigo entender como o PSDB teima em manter o Gonzales, a mesma equipe de marqueteiros que já perdeu nem sei mais quantas eleições. Já passou da hora de renovar, mudar a cara do partido, cultivar novos líderes e, mais do que tudo, parar a luta fratricida entre os próprios tucanos. Se não pararem de se bicar uns aos outros, vão morrer abraçadinhos. Afinal, elles lá fazem ordem unida e vão juntos.
Quer mais do que a Marta? Foi tratorada por elle, fez bicão, fez mimimi, ganhou seu bom ministério e aderiu abanando o rabinho e feliz da vida. Quando que se vê isso no PSDB? Quando os inimigos se apoiam fazem para cumprir tabela, de evidente má vontade. Ou se unem, e buscam alianças, sem salto alto, sem chororô, ou finito, cabô, móórreu.
Você colocou com precisão cirúrgica: as novas lideranças que poderíamos ter foram dizimadas pelos caciques e procuraram outro pouso. É isso, NG. Parabéns. Beijos!
Até parece que nos últimos 10 anos aconteceu uma caça as bruxas no PSDB, onde a liderança sufucou a juventude promissora do partido. Sonhar é bom e não custa nada. Que junventude cara pálida? A eleição foi perdida porque
60% da população da cidade de São Paulo votou no partido dos quadrilheiros ou se absteve de votar contra.
A última grande renovação da política brasileira ocorreu nos anos 80, quando surgiu o PT, o PMDB trocou suas lideranças, o PSDB nasceu do PMDB, etc. Por quê? Porque nas duas ou três décadas precedentes o Brasil havia passado por uma profunda renovação : crescimento econômico acelerado, industrialização, urbanização, acesso de milhões de pessoas à educação em todos os níveis, etc. Esse fenômeno nunca mais se repetiu. A única novidade que ocorreu nas últimas décadas se deu no campo da religião, com o notável crescimento das denominações evangélicas. Talvez Russomano tenha sido uma expressão dessa novidade, muito débil, no entanto, para vencer a união da esquerda fascista (lulopetismo) com a esquerda "civilizada" (PSDB, Serra, FHC, etc.). A renovação, se vier, terá os traços desse Brasil que ainda não conseguimos identificar. Como escreveu hoje um colega seu: "Não criem esperanças..."
Concordo com tudo que vc falou sobre o péssimo mkt de campanha, que não vem de hj. Porém, essa nova liderança na faixa dos 40 já nos mostrou ser tão corrompido, oportunista e egocentrico qto os líderes paulistas. Espero que realmente venha um novo NOVO, senão é Dilma 14, Lula 18, Lula 22....
Fora o Eduardo Campos, quem seria a "outra notável e promissora liderança nacional na faixa dos 40 anos." ? Eu não enxergo isso nem PSDB, nem no PT.
Nariz Gelado, José Roberto Martins, de Santa Catarina, ainda não é nacional, mas logo será.
Postar um comentário