Davi e Golias: em eleição, tamanho não garante simpatia. |
Raramente bairrismos e regionalismos são boas estratégias
eleitorais. E o mais importante: nas raras situações em que funcionam é em
associação com a estratégia do underdog: quando, no melhor estilo Davi e
Golias, se consegue angariar simpatias justamente porque o candidato é um Davi –
alguém vindo de um colégio eleitoral considerado menos importante, ou que, por
razões diversas, tem menos chance de vencer.
Assim, o bairrismo/regionalismo eleitoral pode funcionar
quando você declara, por exemplo, “chega de eleger governadores da capital; é
hora do interior mostrar sua força”; ou quando diz “chega de eleger presidentes
do sudeste, é hora de um represente do ... (insira aqui qualquer outra região
do país)”.
Quando, porém, um Golias adota o discurso de que representa “o maior colégio
eleitoral”, “a maior economia”, etc e tal, a coisa pode trabalhar mais contra do
que a favor. Grandes cidades, grandes estados, grandes centros de um modo
geral, costumam ser vistos como arrogantes pelos demais – sensação que um discurso sobre “grandezas” de qualquer espécie só reforça. E arrogância,
amigos, nunca foi uma boa matéria prima em política.
Por isso, sempre que eu leio e ouço sobre São Paulo ser “o
maior colégio eleitoral do Brasil” – e sobre o seu peso na decisão de pleitos
presidenciais, eu fico pensando em como algumas pessoas não tem, realmente,
qualquer noção sobre o que importa ou não em uma campanha eleitoral. Pior: não
têm noção sobre como alguns discursos, aparentemente geniais, podem se revelar
verdadeiros ovos de serpentes.
Ser o oriundo do maior colégio eleitoral do Brasil não
garantiu a eleição do paulista Alckmin em 2006. Também não foi suficiente
para garantir a vitória – ou impedir o massacre – do paulista José Serra na
presidencial de 2010. Acho que isto dá bem a medida da importância da coisa para
fins eleitorais.
É verdade que, se lembro bem, nenhum dos dois usou o
tamanho do colégio eleitoral - ou o poderio econômico de São Paulo - em suas campanhas. Mas a militância, principalmente
na internet, usava muito. E já vi, aqui e ali, que estão começando a usar novamente
para discutir candidaturas e pré-candidaturas.
Meu conselho é: muita cautela antes de embarcar nesta disputa juvenil de “o meu colégio eleitoral é maior que o seu”. Em 2014 teremos
alguns underdogs no páreo. Vocês podem tomar uma invertida.
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