terça-feira, 13 de setembro de 2005

E, agora, pasarán a sacolinha.

Na reunião de ontem, realizada no Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, Tarso Genro passou um saco plástico para arrecadar donativos. Em princípio, o montante arrecadado seria utilizado para pagar a locação do espaço - mas acabou sendo embolsado para cobrir contas futuras, já que o sindicato abriu mão do aluguel.

A cena que a minha TV mostrou se parecia muito com aquelas que se sepetem, todos os dias, em diversas igrejas ao redor do mundo. O saquinho passando entre fiéis que, ligeiramente constrangidos, apertam o donativo entre os dedos e afundam a mão na sacola a fim de que ninguém lhes adivinhe a avareza.

Finalmente, vemos o PT assumindo sua verdadeira vocação.

Fosse pela cegueira fanática de sua militância, pela cuidadosa construção de seus mitos ou pela pretensa pureza atribuida a seus adeptos, o Partido dos Trabalhadores sempre esteve muito próximo de uma seita. Até mesmo na forma como enfrenta a atual crise, a legenda comporta-se como uma instituição de caráter religioso: alega-se perseguida e advoga o direito de exercer dogmaticamente sua punições internas.

E não pense, leitor, que o PT carece de santos. Em outubro de 2003, em sua crônica para o jornal O Dia, Frei Betto escreveu uma carta endereçada a Che Guevara. Nela, Frei Betto exclamava: De onde estás, Che, abençoes todos nós que comungamos teus ideais e tuas esperanças. Na época, dissemos que o Frei estava canonizando Guevara.

Passar a sacolinha, então, soa como o ato final de um partido que parece condenado a tornar-se uma seita menor - dessas que, vez por outra, chegam às páginas dos jornais por sua esquisitice.

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