Uma nova chance: 2010 e a política do feijão com pinga.

A operação Navalha está oferecendo uma nova chance para a oposição.

Para além do provável envolvimento de um ministro de Lula em crime de corrupção - se não me engano, é o oitavo -, a investigação da PF está atingindo também tucanos e democratas. E tem gente graúda na lista, como o governador tucano Téo Vilela e o deputado Paulo Magalhães, sobrinho do senador Antonio Carlos Magalhães.

Seria, pois, a oportunidade ideal para que a oposição fizesse aquilo que se negou a fazer quando, em meio aos escândalos do mensalão, se empenhou para livrar a cara de Brant e Azeredo: uma faxina. Uma faxina daquelas em que a gente sai mais pobre - porém mais limpinho.

Há muita água a rolar sob esta ponte chamada "sucessão". Mas qualquer seja o candidato oposicionista a emergir nos próximos anos, seria maravilho se, juntamente com os partidos que o apoiarão, ele pudesse se mostrar afastado desta fétida lama que cobre hoje a política nacional.

A operação Navalha seria, então, a oportunidade ideal para que todo aquele blá-blá-blá com o qual Fernando Henrique Cardoso nos presenteia seguidamente, através dos principais jornais do país, se transformasse em ação por parte dos tucanos. Seria a chance de ouro para o novo DEM mostrar que sua renovação não é só balela discursiva.

Seria. Mas eu estou inclinada a acreditar que não será. E sabem por que?

Fundamentalmente porque não compensa. Porque a camada da sociedade que se preocupa com corrupção - aquela, que paga a maior parte da conta mediante impostos - não elege presidentes. Já a grande maioria do povo - que paga a menor fatia da conta - mostrou que está se lixando para corrupção quando reelegeu Lula. E é para eles - esta gente ignorante, que não se importa de ser roubada desde que o feijão e a pinga estejam garantidos - que se faz política neste país.

Adoraria esta errada. Comemoria se nos próximos dias os fatos viessem a me desmentir. Mas acho que a possibilidade é remotíssima. O mais provável é que, ao invés de fazer uma faxina, nossos políticos vão é cuidar para que, em 2010, nada possa atrabalhar a politica do feijão com pinga. A bem da verdade, eles já estão cuidando disso.