terça-feira, 5 de junho de 2007

Um Vavá não faz verão.

Bastou a declaração do ministro Tarso Genro que eu começasse a desconfiar das reais intenções desta investigação envolvendo Vavá: "Num processo republicano não existe irmão, parente, graduação. Cumpre-se o mandado, e foi cumprido rigorosamente dentro da lei. Isso é um cumprimento que prestigia o Estado democrático de Direito e prestigia o próprio presidente da República", declarou Genro.

Mentira minha. Na verdade, tão logo ouvi a notícia já antevi o quadro todo. Ocorre, apenas, que a declaração do Ministro da Justiça foi quase um ato falho. A pressa em apontar o prestígio que tal ação confere a imagem presidencial foi denunciadora de um governo que afasta apenas momentaneamente os companheiros aloprados mas que jamais os pune.

Inegável é que tanto o PT quanto a instância executiva mais alta que o partido ocupa são condescendentes com a corrupção. Ao invés de serem punidos, todos os parlamentares petistas envolvidos no escândalo do mensalão foram premiados com a sua manutenção na legenda - na linguagem do partido e de seu lider máximo, eles foram deixados para serem "julgados pelas urnas". Aconteceu o mesmo com o ex-ministro Antônio Palocci, afastado do governo no episódio do caseiro mas acolhido pelo partido e eleito deputado. Idem para José Dirceu, que continua prestigiado na legenda e, a considerar os rumores, também no Planalto.

Não podemos esquecer, ainda, a turma do dossiê. Ninguém se complicou com a justiça. Ninguém. Aliás, creio que seria muito ilustrativo se a imprensa procurasse saber onde estão - e do que vivem - hoje Jorge Lorenzetti, Gedimar Passos, Freud Godoy e Hamilton Lacerda.

O leitor sempre poderá alegar, é claro, que as investigações destes casos foram inconclusivas - ou que ainda estão em curso os trâmites legais. Se já tiver saído do jardim de infância, contudo, ele, o leitor, terá que admitir que aquela denúncia do Procurador Geral da República vai caducar antes que renda qualquer punição aos envolvidos - e que "investigações inconclusivas" são um paraíso a que só têm direito aqueles que, tal qual Palocci, podem contar com um dublê de ministro da Justiça e conselheiro, ou seja: os petistas em geral.

Prestígio o presidente teria se sua ruidosa Polícia Federal fosse menos afoita e mais capaz de produzir provas conclusivas. A Polícia Federal de Bastos e Genro, porém, tem feito é muito barulho por nada. Esta miríade de operações pode até dar a sensação de que "este é um país em que tudo se investiga"- mas será preciso bem mais para que se conclua que este é um pais onde os criminosos são punidos. Logo, não me venham com Vavá porque um só Vavá não faz verão.

5 comentários:

HUGO AGOGO disse...

Usar o próprio irmão para faturar politicamente ... non credevo ... mesmo Lulla ...

Julia disse...

Que mais se poderia esperar de alguém que nem ao menos sabe como se escreve MORAL?

Peregrino disse...

NG,

O que o Tarso Genro (espertamente, eu acho!) deixou de dizer é que não foi avisado da ação da PF na casa do Primeiro Irmão. Isso sugere a ação republicana de uma PF nem tão republicana assim: parece que há uma luta intestina a corroê-la. O que isso sugere? Não quero nem pensar.

(N.G.: bem... mas, então, queira me desculpar o excesso de franqueza, este grupo que prendeu o Vavá é muito burro. Só um idiota não veria que tal coisa favorece aos "não republicanos")

Peregrino disse...

Pois é, NG!

A piada, no comentário, é o significado do termo REPUBLICANO.

Marcio Gouveia disse...

Faça, por favor, um paralelo com o CASO AZEREDO, onde não se viu, também, nenhuma ação por parte do PT, em insistir na investigação e punição, creio eu.