Bastou a declaração do ministro Tarso Genro que eu começasse a desconfiar das reais intenções desta investigação envolvendo Vavá: "Num processo republicano não existe irmão, parente, graduação. Cumpre-se o mandado, e foi cumprido rigorosamente dentro da lei. Isso é um cumprimento que prestigia o Estado democrático de Direito e prestigia o próprio presidente da República", declarou Genro.
Mentira minha. Na verdade, tão logo ouvi a notícia já antevi o quadro todo. Ocorre, apenas, que a declaração do Ministro da Justiça foi quase um ato falho. A pressa em apontar o prestígio que tal ação confere a imagem presidencial foi denunciadora de um governo que afasta apenas momentaneamente os companheiros aloprados mas que jamais os pune.
Inegável é que tanto o PT quanto a instância executiva mais alta que o partido ocupa são condescendentes com a corrupção. Ao invés de serem punidos, todos os parlamentares petistas envolvidos no escândalo do mensalão foram premiados com a sua manutenção na legenda - na linguagem do partido e de seu lider máximo, eles foram deixados para serem "julgados pelas urnas". Aconteceu o mesmo com o ex-ministro Antônio Palocci, afastado do governo no episódio do caseiro mas acolhido pelo partido e eleito deputado. Idem para José Dirceu, que continua prestigiado na legenda e, a considerar os rumores, também no Planalto.
Não podemos esquecer, ainda, a turma do dossiê. Ninguém se complicou com a justiça. Ninguém. Aliás, creio que seria muito ilustrativo se a imprensa procurasse saber onde estão - e do que vivem - hoje Jorge Lorenzetti, Gedimar Passos, Freud Godoy e Hamilton Lacerda.
O leitor sempre poderá alegar, é claro, que as investigações destes casos foram inconclusivas - ou que ainda estão em curso os trâmites legais. Se já tiver saído do jardim de infância, contudo, ele, o leitor, terá que admitir que aquela denúncia do Procurador Geral da República vai caducar antes que renda qualquer punição aos envolvidos - e que "investigações inconclusivas" são um paraíso a que só têm direito aqueles que, tal qual Palocci, podem contar com um dublê de ministro da Justiça e conselheiro, ou seja: os petistas em geral.
Prestígio o presidente teria se sua ruidosa Polícia Federal fosse menos afoita e mais capaz de produzir provas conclusivas. A Polícia Federal de Bastos e Genro, porém, tem feito é muito barulho por nada. Esta miríade de operações pode até dar a sensação de que "este é um país em que tudo se investiga"- mas será preciso bem mais para que se conclua que este é um pais onde os criminosos são punidos. Logo, não me venham com Vavá porque um só Vavá não faz verão.
5 comentários:
Usar o próprio irmão para faturar politicamente ... non credevo ... mesmo Lulla ...
Que mais se poderia esperar de alguém que nem ao menos sabe como se escreve MORAL?
NG,
O que o Tarso Genro (espertamente, eu acho!) deixou de dizer é que não foi avisado da ação da PF na casa do Primeiro Irmão. Isso sugere a ação republicana de uma PF nem tão republicana assim: parece que há uma luta intestina a corroê-la. O que isso sugere? Não quero nem pensar.
(N.G.: bem... mas, então, queira me desculpar o excesso de franqueza, este grupo que prendeu o Vavá é muito burro. Só um idiota não veria que tal coisa favorece aos "não republicanos")
Pois é, NG!
A piada, no comentário, é o significado do termo REPUBLICANO.
Faça, por favor, um paralelo com o CASO AZEREDO, onde não se viu, também, nenhuma ação por parte do PT, em insistir na investigação e punição, creio eu.
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