quarta-feira, 5 de março de 2008

Tenham dó.

Proibir que embriões, que iriam para o lixo de qualquer maneira, sejam doados para a pesquisa científica, com a devida autorização dos pais?

Pensei que já tínhamos resolvido esta questão no século passado.

Afinal de contas, basta a autorização da família para que órgãos vitais, que seriam enterrados de qualquer maneira, sejam doados.

11 comentários:

Ranzinza disse...

NG

Muito bom o seu exemplo.

humberto sisley disse...

a questão é não abrir o precedente....
daí para de formarem embriões só para serem utilizados em pesquisa é um passo.

(N.G.: pois é, Humberto. Assim como a doação de órgãos, "abriria um precendente para que se fizesse a eutanásia de pacientes terminais a fim de lhes roubar os órgãos". Deveríamos ter aberto mão da doação de órgãos por isso? Todas as boas idéias podem tomar um viés criminoso. Basta fiscalização e a punição podem impedir tal coisa. )

Naiá disse...

Que tal todos não se referirem aos doadores ou geradores (sei lá)como pais? Pai denota filho, que denota família, e aí damos o mote para os adversários chamarem a prática de aborto...

Abraços,

Jotaele disse...

O erro nesta história, está em se descartar os embriões não utilizados. Só deveria ser permitido, a produção e implantação de um embrião por vez (na Alemanha são permitidos três). Vingou, ótimo. Não vingou tenta de novo. Vai sair caro? Vai. O SUS devia pagar pelo procedimento. Eu não me importaria se a grana dos meus impostos fosse gasta nisso.

Jorge Nobre disse...

Eu também não consigo entender porque tanta briga, Nariz. Tenho muitos amigos virtuais, você sabe, e entre eles muitos bem religiosos, e todos eles ficaram contra as pesquisas com embriões. Por isso eu me abstive de comentar esse assunto (além da chatura dele, também). Mas na verdade eu estou com você. O pessoal da direita religiosa (como os olavestes e os conservadores americanos) pode ser muito bom em muitas coisas, mas nesse caso está errado.

Sharp Random disse...

Jurava que havia aqui um comentário sobre as escolas da bioética.

justiceiro disse...

nariz, desculpe, mas só se doa órgãos de quem já morreu, enquanto que um embrião ainda pode nascer.
a comparação é falha.

(N.G.: desculpe, justiceiro. Mas a lei aoturiza a pesquisa somente com embriões que jamais irão "viver" - posto que já completaram três anos, não servem para a fertilização em vitro e serão colocados na lata do lixo. A comparação, portanto, procede. No caso dos orgãos a questão é " ao pó ou a quem precisa? No caso dos embriões " ao lixo ou a quem precisa?")

P.C.L disse...

Quem imaginaria, ao final dos anos 80, que em 2008 ainda estaríamos discutindo sobre isso?!

Ana Luiza disse...

Embora com atraso, não posso deixar de enviar-lhes a notícia da folha on line (11-03-2208)a respeito do assunto, só para desfazer (mais) essa mentira a respeito da viabilidade de embriões congelados há mais de três anos que "iriam para o lixo mesmo":

CLÁUDIA COLLUCCI
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Mirassol

Aos seis meses de idade, Vinícius é um bebê que adora papinha de mamão, já tenta sair sozinho do carrinho e dá sonoras gargalhadas durante o banho. O menino foi gerado a partir de um embrião congelado durante oito anos, um recorde no país. Pelos critérios da Lei de Biossegurança, seria um embrião indicado para pesquisas com células-tronco embrionárias. "Meu filho venceu oito anos de congelamento e a prematuridade. Imagine se eu tivesse desistido dele e doado o embrião para pesquisa? Acredito sim que há vida [nos embriões], o Vinícius é a prova disso", diz Maria Roseli, católica praticante. Ela afirma ser favorável às pesquisas com células-tronco embrionárias, mas "não teria coragem" de doar seus embriões para esse fim.
...
O ginecologista José Gonçalves Franco Júnior, detentor do maior banco de criopreservação do país, onde os embriões de Maria Roseli ficaram, também aposta na viabilidade dos congelados. Sua clínica já obteve 402 nascimentos de bebês a partir de embriões criopreservados, a maioria acima de três anos de congelamento.

"É uma loucura falarem que embrião congelado há mais de três anos é inviável. E isso não tem nada a ver com religião. A viabilidade é um fato e ponto. Os maiores centros de reprodução na Europa defendem o congelamento de embriões como forma de evitar a gravidez múltipla", afirma o médico.

E aí, como é que fica?

Ana Luiza

(N.G.: fica, como sempre, na ciência a la carte: você aceita estes pareceres porque eles vão ao encontro das suas convicções religiosas; eu prefiro que nenhuma religião predomine sobre as decisões de Estado - e aceito pareceres científicos que me auxiliem nisso. Ou seja: não faça inseminação artificial se a sua religião não permite, Ana Luiza. No futuro, você não terá que decidir se doará ou não seus embriões para pesquisa. Mas não tente determinar sobre embriões que seus vizinhos por ventura venham a gerar. Você e a sua fé não têm direito sobre eles - assim como as Testemunhas de Jeová não têm o direito de impedir a transfusão de sangue alheia. Não deve ser tão complicado assim de entender que não se pode impôr nossa convicção religiosa a terceiros)

justiceiro disse...

nariz, a ciência ainda não sabe determinar quais embriões vão viver e quais não vão. 3 anos é um paradigma atual, assim como o da terra plana também foi um dia.
por outro lado, a aceitação de pareceres científicos que apóiam este ponto de vista é tão plausível quanto a sua rejeição aos que não o apóiam: em ambos os casos, cada qual está escolhendo os fatos científicos que lhe agradam - o que demonstra que a ciência está longe de ter definido a questão.

(N.G.: Como eu disse abaixo, ciência a la carte. Ovo faz mal ou bem? Cada um acredita no parecer científico que melhor lhe prouver. É a tal da modernidade líquida. Só que, nestas condições, é mais seguro que tudo se exponha e nada se imponha.)

justiceiro disse...

exatamente. que nenhum lado imponha, princpalmente se a ciência ainda não elucidou a questão definitivamente.