quarta-feira, 7 de maio de 2008

Bege

Estou bege, até agora, com a estupenda cagada de Sua Excelência, o senador José Agripino, durante o depoimento da ministra Dilma Roussef.

Para ser bem sincera, não me incomodou tanto a falta de tato. Primeiro porque Dilma não é mulher de afrouxar diante de grosseria - e pensar que sim é, de certa forma, desrespeitar sua biografia. Segundo porque, por mais que eu repudie a tortura (e eu repudio, estão me ouvindo?), o quadro romântico pintado hoje pela manhã não me comoveu tanto assim. Vamos combinar que ninguém arrancou a jovem Dilma Roussef da escola ou da aula de piano para jogá-la no cárcere. Consta que ela lá chegou porque já sabia, aos 19 aninhos, usar armas de fogo, fabricar bombas e planejar assaltos.

O que me deixou bege foi, mais vez, a incompetência da oposição. Eles nunca vão aprender que quando o assunto é ditadura não há como ganhar do verossímil vitimismo da esquerda?

14 comentários:

Thiago disse...

NG, pelo amor da santa paçoca: arame na uretra. arame quente, uretra a dentro. choques elétricos. marteladas nas articulações. numa menina de 19 anos.

não importa de que lado se está, isto é inconcebível. por favor, NG.

(N.G.: Thiago, "por favor" digo eu. Eu não afirmei que tortura - de qualquer espécie e com qualquer pessoa - é concebível. Só não gosto de histórias contadas pela metade. Vamos inverter isso? Pelo seu raciocínio, quem lembra o histórico belicista dos EUA está endossando, automaticamente, os ataques de 11 de sembro. Depois daqueles ataques, em nome de santa paçoca, deveríamos esquecer parte da histórica americana. É isso mesmo?

Marcelo disse...

Foi desastrada a interveção do Sen. Agripino Maia. Por que falar de ditadura, tortura, numa reunião onde a ministra poderia ser questionada sobre a falsidade que é este PAC e sobre o dossiê ilegal contra o presidente FHC? Por que levantar esta bola e dar para uma esquerdista o papel que eles mais gostam, o da vítima eterna? A oposição não sabe enfrentar este governo do PT. Não fizeram a liçao de casa. Houve tempo para preparar as questões, levantar dados, combinar tática para a conduta na reunião, para a ordem nas perguntas. Nada disso foi feito!! Foram incompetentes!

medeiros disse...

tá lá no "coturno noturno"....

"Ministra, a senhora pode ter poupado muitas vidas do seu lado, mas causou muitas mortes do outro. Os companheiros que a senhora afirma que supostamente salvou, são os mesmos bandidos terroristas que mataram, assassinaram, explodiram bombas, seqüestraram e cometeram os mais terríveis atentados. Tem orgulho disso, ministra? Deveria ter remorso. Deveria ter vergonha. Não tem nenhum arrependimento das mortes que a sua organização terrorista causou? Gente do povo, servindo ao país, sendo assassinada pelos seus companheiros, pelos seus camaradas. E a senhora ministra, alguma vez teve orgulho de apertar o gatilho e justiçar alguém como os companheiros que supostamente salvou? Quanto cinismo, ministra. Se ainda tem orgulho dos crimes cometidos pelos seus parceiros de guerrilha, não merece ser chamada de brasileira!".

Robbiate disse...

NG,

Oposição?Que oposição está muito mais para "espirito de porco"do que para oposição.
Se esta turma de sindicalistas bandoleiros tivesse mesmo oposição ou estariam na cadeia ou teriam fugido a muito tempo.

marie tourvel disse...

Só levantaram a bola para a Dona Estela cortar... Que preguiça dessa oposição. Glorificar guerrilheiros, na minha modesta opinião, é glamourizar o bandido.

Ary disse...

Ah,mas então a culpa por ser torturada é da própria Dilma,que não cruzou os braços e não ficou nas salas de aula?

(N.G.: quem disse isso, Ary? A sua mãe?

Quer dizer então que Dilma usou armas de fogo e por isso e por isso não era tão inocente assim?Mas então ela deveria enfrentar o regime com pedaços de paus e estilingue?

Ou mesmo de mãos limpas? A ditadura que teve amplo apoio dos Estados Unidos em materiais bélicos deveria então ser enfrentada sem o uso de armas,apenas com a cara e a coragem.Isso é que é ter peito. O resto é conversa.

(N.G.: não, sua anta. A questão é que nenhuma "menina" inocente pensaria em enfrentar o regime. Nem com pedras, nem com armas de fogo. A questão é que se alguma vez Dilma foi uma "menina", foi muito antes da luta armada. A questão é que a ministra quis pintar, ontem, um personagem que não existe. Ela e seus assessores pode fazer isto lá no senado, cagando na cabeça daqueles bananas. Aqui neste blog não.)

Esse sr. Agripino,filhote da ditadura,perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado,isso sim.

(N.G.: você também, Ary)

Luis Hamilton disse...

NG, talvez você censure este comentário, como meu outro sobre o PDT. É direito seu se o fizer, apesar de que minha intenção não é de provocar nada além de um bom debate.

Mas aqui, de novo, não posso deixar de questionar a qualidade ética da oposição. O que me parece é que o Agripino deixou cair uma máscara. Ele apoiava a ditadura, logo, deve achar absurdo que alguém mentise para os representantes da "redentora". E, pelo jeito, não mudou muito de idéia depois destes anos todos.

(N.G.: Hamilton, seu comentário sobre o PDT trazia afirmações pelas quais eu não quero me responsabilizar. Daí não ter sido publicado.)

Kika Albuquerque disse...

Ah, minha santa paçoca!
Quando li (ontem à noite) esse post, NG, eu sabia que alguém viria aqui fazer o que o Thiago fez, a saber: ler e fingir que não entendeu.
Certamente o regime militar foi buscar a piedosíssima Dilma na novena de Sta.Paçoca.
Eu era igualmente jovem, estudei numa escola dita "de vanguarda" do Rio de Janeiro, com grande concentração de "padres de passeata" por metro quadrado, e nunca fui parar num porão do DOPS.
Eu achava que a esquerda iria mudar o mundo? Claro que achava! Eu era uma jovem inconsequente.
Mas não era (e continuo não sendo) burra, e tampouco nasci para dar murro em ponta de facão.
Quem ESCOLHEU dar murro em ponta de facão, que segure sua onda.
Erros aconteceram - e muitos - dos dois lados.
Vitimizar essa gente é, pra dizer o mínimo, ridículo.

Rodrigo disse...

Nariz,

A idéia do piano e da sala de aula é por ai mesmo. Mas foi por isso que o senador ficou calado.

Ela disse com todas a letras: estávamos em lados diferentes e temos um modelo democrático hoje. Nos tempos da ditadura - sugerido pelo senador como semelhante ao atual - o senador que ontem defendia sua posição no senado (também longe do piano) estaria no lugar da Dilma! na tortura!

Ele TEVE que engolir!

(N.G.: que ele teve que engolir, eu sei, Rodrigo - pois não é exatamente o que eu estou afirmando neste post?. Mas não pelas razões que você lista.

AB disse...

NarizG,

Fiquei tão bege qto vc. Só o tempo e muito papel higiênico pra apagar tamanha cagada.
Será exagero agora só esperar que o inesperado aconteça e que nos venha libertar dessa hecatombe ptlulista que assola o país.
A única voz grossa daquela sessão foi a da sen. Kátia Abreu.
Lamentável.

Fabio Tagiavini Neto disse...

Exatamente , faltou Agripino explicar pq Dilma na época conhecida como Estela era uma feroz terrorista que não teria a pachorra de pronunciar a palavra democracia.

Abraços cordiais

Thiago disse...

não, realmente não afirmou que seja concebível, mas segundo o teu raciocínio - concebível ou não - aquela menina de 19 anos que lutou contra o "regime de exceção", como chamou o Senador (pegando em armas, sim; numa luta um tanto injusta, entretanto, dado que o aparato institucional tinha um lado bastante definido e um poderio significativamente maior), pode, por conseqüência de seus atos, ser alvo de métodos bastante persuasivos de convencimento. não é concebível, mas no caso de uma guerrilheira de esquerda, que lutava por mais democracia no país, ok.

(N.G.: "ok"??? Onde você leu que "ok", Thiago??? Aqui não foi. Deixe de ser moleque e pare de colocar palavras na minha boca. Vou desenhar:

1. Tortura - não importa de que tipo ou contra quem - é inadmíssivel

2. Terrorismo - não importa de que tipo, ou contra quem - é inadmissível. .

3- As afirmações acima não invalidam o fato de que depois de torturado um filho da puta segue sendo um filho da puta.

se não é pra contar pela metade, digamos: aqueles senhores - afegãos e árabes -, presos em Guantánamo há anos, acusados sem provas, a quem se imputa culpa sem sequer um julgamento dentro das normas do Direito Internacional, vítimas de torturas, cujas vidas ameaçam terminar em execuções sumárias, decididas unilateralmente, esses senhores, em função do 11/9, figuram como uma dolorosa exceção em sua inversão?

nesse momento, não sou eu que esqueço parte da história dos Estados Unidos. são os próprios norte-americanos que pisam em cima da Carta de Independência que escreveram séculos atrás e da Constituição, que tanto prezam - com toda razão.

(NG: Mas que merda, hein, Thiago? Você não consegue nem aplicar um modelo direito. Se aplicássemos o modelo para o caso em questão veríamos que, por terem sido torturados, aqueles senhores, fossem ou não culpados, já estavam absolvidos por você. Seguinte... não insista,ok? Não tenho o menor saco par discutir com gente burra ou mal intencionada - não sei em qual dos dois casos você se encaixa.Mas também não me interessa.)

AC disse...

É impressionante. Não temos governo nem oposição. Só pra dar uma idéia do estado das coisas, repare o destino que teve o termo "liberal" na política brasileira: sumiu! Não existe nem mais um partido que o assuma.

Luis Hamilton disse...

Nariz,

É meio off-topic, mas só para constar, eu não lembro de ter feito nenhuma "afirmação" que pudesse gerar alguma responsabilização legal. Mas, como disse, antes, aceito o seu critério.

Abraço,

Luis Hamilton.