quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Verdade e decência

Há cerca de três anos vi, às portas de uma delegacia carioca, um pai visivelmente destruído.

Seu filho, um rapaz de classe média-alta, fora acusado de espancar quase até a morte uma empregada doméstica em uma parada de ônibus - o caso é famoso.

E o que disse este pai à imprensa que se acotovelava em torno dele?

"Como pai eu sou suspeito, mas meu filho estudava e trabalhava, ia e voltava do trabalho comigo, é um garoto bom", declarou ele, contando que o rapaz afirmava não ter participado do espancamento porque estava alcoolizado e sem condições de descer do carro. "Se ele não participou, tenho medo que sua vida fique marcada por esse episódio, mas se espancou essa moça e a Justiça provar isso, então ele vai ter que pagar"

Foi uma das coisas mais tristes que já vi na televisão: o olhar desamparado de um pai diante da possibilidade de que seu filho tenha cometido um crime. Mas foi, também, uma das coisas mais decentes que já vi - na TV ou fora dela.

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